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Ler livros: desenvolvimento ou embotamento?

1 O LIVRO COMO MEIO

7.5 Ler livros: desenvolvimento ou embotamento?

Ler livros: desenvolvimento ou embotamento?

Para que o objeto literário possa ser apreendido em sua complexidade, é preciso compreender o que se lê, o que significa ser capaz de observar e descrever a obra. A compreensão e a descrição são dependentes uma da outra. Ambas as atividades, por sua vez, não são neutras, dadas a partir de uma “tábula rasa”: o sujeito descreve e compreende o objeto fazendo uso de um conjunto de saberes e experiências anteriores. Daí a impossibilidade de separar descrição, compreensão e crítica. Como sustenta Adorno: “... creio

que não é somente impossível descrever sem compreender, mas que, de modo contrário ao pretendido pela opinião geralmente dominante, não é possível compreender sem o momento da crítica.”132 (in Goldmann,

1975, p.34).

Ainda que estes três momentos da leitura estejam absolutamente encadeados, Adorno afirma que a compreensão de uma obra pode ser arbitrariamente divida em "níveis", que se sobrepõem em uma análise imanente (werkimmanente Betrachtung) do material escrito133. A capacidade de descrever e de compreender a obra comparecem em um

primeiro nível, como a possibilidade de perceber tanto a coerência estrutural da obra quanto aquilo que Adorno denomina seu conteúdo de verdade134. Nesse nível se pode deduzir,

por exemplo, qual a motivação dos personagens, como se encadeiam as ações ao longo da história. Em um segundo nível estaria o significado, ou o que Adorno chama de "intenção do autor" com a criação de certos componentes da trama que permitem desvendar, por exemplo, aspectos do caráter dos personagens em uma obra de natureza mais complexa. O terceiro nível de compreensão envolve apreender a ideia que sustenta a narrativa, como a mentira que permite ao homem existir, mas que ele pretende eliminar, fundando sua vida na verdade e na realidade, buscando conhecer, por exemplo, a culpabilidade dos personagens. O conceito de explicação, por fim, comparece, na sequência da compreensão, em

132 Tradução livre da versão em francês: "... je crois qu'il n‟est pas seulement impossible de décrire sans comprendre, mais que, contrairement à ce que prétend l‟opinion généralement dominante, on ne saurait non plus comprendre sans le moment de la critique.

133 Importante ressaltar que por “análise imanente” Adorno não entende uma leitura que desconsidere os

aspectos subjetivos envolvidos na leitura como na criação, e seus respectivos universos de experiência. É exatamente aquilo que propicia na obra o disparar dessa experiência, e transcender a obra mesma, que ele concebe como análise imanente (op.cit., p.37-38).

134 O conteúdo de verdade é o primeiro critério para a afirmação da qualidade de uma obra artística dentro da

estética adorniana, ponto em que a obra de arte se comunica com a Filosofia. Citando como exemplo a peça

O pato selvagem de Ibsen, o conteúdo de verdade seria expresso por sua representação do mundo burguês

seus três níveis (descrição, compreensão e ideia), como possibilidade de comentar e criticar, articulando todos os seus níveis em uma explicação sobre a obra. Nenhum desses momentos pode ser separado da crítica, que não aparece então como um momento posterior à leitura, mas como parte integrante dela, em todos os seus níveis.

Com base em um conceito tradicional de leitura é possível sustentar que o livro contribui para o desenvolvimento do sujeito, independente do gênero do livro, desde que a capacidade de decodificar os signos escritos, ou mesmo de atribuir-lhes significados, se pensarmos em algumas das concepções da psicolinguística135 e do construtivismo, tendem

sempre a crescer com a prática de leitura. De todo o tipo de leitura.

A partir da formulação de Adorno, o sentido da interpretação de um texto vincula- se inexoravelmente à reflexão sobre o que se lê em todos os seus momentos. A crítica não é mais uma terceira etapa, adicional ou de síntese. A frase “sem pensamento, não há leitura” assume outra conotação, mesmo que a leitura esteja voltada para uma obra literária ou texto lírico, e não para um texto teórico, uma vez que também esta não pode prescindir da crítica para realizar-se como experiência artística. Considerar, assim, de que modo o livro enquanto meio contribui para o desenvolvimento do sujeito implicará pensar simultaneamente de que modo ele contribui para a formação do indivíduo.

Necessário dizer que Adorno, ao expor o modo como compreende a abordagem de um texto literário, não se reportava ao leitor comum, mas falava de um método pertinente à Sociologia da Literatura e seu campo de estudos. É importante ressaltar o contexto destas colocações, não porque Adorno defendesse uma cisão entre a tarefa do especialista e a recepção do homem comum – antes o contrário. É no momento em que a divisão do trabalho faz da crítica tarefa para especialistas, convertendo o pensamento em valor mercantil da personalidade, que o homem comum, semicultivado (Adorno & Horkheimer, 1985, p.182), acaba por fazer das palavras instrumento de uma falsa projeção. Se pensarmos especificamente na leitura do livro, temos um cenário em que o leitor comum torna-se prisioneiro de uma percepção caricatural do que seja tanto sua própria leitura quanto do que seja crítica literária. Daí a preocupação expressa por Jorge Luís Borges (2008), quando trata de uma “ética supersticiosa do leitor”. Para Borges, nossas leituras desatentas e parciais têm nos empurrado para um tipo de apreciação das habilidades do escritor por via de máximas do estilo (como as que obrigam à redação de frases curtas, por exemplo, a certos usos da pontuação etc) que subordinam as emoções à ética. Desse modo, o leitor ingênuo vai se extinguindo para dar lugar a um conjunto de críticos potenciais, mas

não em sentido pleno. Promove-se uma apreensão enviesada do próprio papel da crítica, de modo que a avaliação do leitor acaba por engessar a literatura, ao invés de trazê-la para o encontro com sua experiência. É como se o leitor quisesse compreender os mecanismos da escrita não para melhor conhecer seus efeitos, mas apenas para dizer no que o escritor poderia ter feito de melhor, tecnicamente. A distância entre autor e leitor se encolhe, desvalorizando a palavra escrita.

A pertinência das colocações de Borges nos leva a reiterar a importância de recuperarmos o sentido da crítica adorniana. A ruptura com generalizações e esquemas para a definição do que seja uma obra de maior ou menor valor é tarefa que se faz necessária para uma verdadeira experiência de leitura, em sentido contrário à reprodução de “verdades” produzidas por uma certa élite cultural e deformadas por sua reprodução segmentada como kitsch da crítica.

Se a crítica é inseparável da leitura, e a crítica é dificultada por um contexto cultural que enseja a semiformação, de que maneira então é possível que o livro venha a contribuir para a formação e o desenvolvimento do leitor comum? O livro como meio, hoje, favorece a experiência de leitura? Poderíamos também perguntar: existe livro inútil? Ou ainda, existem livros que promovem a regressão do sujeito ao invés do desenvolvimento?

A preocupação com o papel potencialmente danoso ou benéfico do livro não é recente, desde que as investigações em torno dos efeitos da indústria cultural alcançaram o campo da literatura. Como esperado, estas investigações dirigiram-se logo para o produto primeiro da indústria cultural do livro – o best-seller – a fim de descobrir as consequências de sua ação sobre o sujeito. Se pensarmos à definição de best-seller em função de suas características imanentes, somos levados a discutir o quanto os diferentes conteúdos do livro – o que vale a dizer, o texto – podem representar enquanto diferencial para tornar um livro benéfico ou danoso para a formação e o desenvolvimento do leitor.

Sandra Reimão (1996) sistematiza as posições a respeito do best-seller em três formulações diversas. A primeira delas, defendida no Brasil por José Paulo Paes, poderia ser chamada de “teoria do degrau”, uma vez que concebe a leitura de entretenimento como passo na direção de um nível superior – uma leitura “média” de entretenimento – e assim progressivamente até uma leitura mais elevada. Uma segunda posição, pleiteada por Alfredo Bosi na Dialética da colonização e em outros textos (que coincide em muitos aspectos com o conceito de modernidade reflexiva de Anthony Giddens136), pode ser chamada de

“teoria do filtro”: baseia-se na ideia de que o próprio sujeito, desde que viva plenamente a

cultura popular como a cultura erudita, adquire a capacidade de resistir à influência perniciosa da indústria cultural, filtrando seus elementos negativos. Em terceiro lugar encontra-se a posição de Habermas, segundo quem a literatura de massa, diferente de outros produtos culturais, não deixa rastro, uma vez que não promove experiência estética verdadeira. Nesse sentido, ela concorreria para uma regressão da leitura, não para seu desenvolvimento.

Para Habermas (1984), o processo de construção do best-seller se dá por duas vias: a econômica e a psicológica. Pela via econômica, o editor procura tornar a obra economicamente mais acessível para o leitor barateando seu preço, de modo que o consumidor possa mais facilmente satisfazer suas necessidades de leitura. Assim é que grandes clássicos da literatura assumem a forma de livros de bolso, por exemplo. Um outro modo consiste na facilitação psicológica dos conteúdos do livro a um público mais amplo. Isto é, ante a dificuldade de formar o conjunto da população para que essa possa receber uma literatura de nível mais elevado, promove-se um rebaixamento da cultura literária a um nível imediatamente alcançável por todas as pessoas. É pela via da facilitação psicológica que se operam as transformações na forma do texto que ajudam a promover uma ubiquidade relativa do livro.

A partir dessas considerações, que se somam àquelas que tecemos no capítulo três, temos uma dupla entrada a partir da qual considerar o problema da formação por meio do livro. Buscamos uma posição genérica para o livro enquanto meio, uma vez que o campo maior de polêmicas gira em torno da questão do best-seller, isto é, de um tipo de livro com

conteúdos específicos.

Os dados que obtivemos por meio desta pesquisa, a priori, poderiam nos conduzir tanto para a confirmação quanto para a refutação de todas as três teorias. Quer dizer, existem casos, como o de Mauro, que corroboram a teoria do degrau. O caso de Nádia poderia ser, num primeiro momento, utilizado para subsidiar a teoria de Habermas. Leonor nos traz elementos que reforçam a teoria do filtro.

Um autor como Paulo Coelho, por exemplo, é quase uma unanimidade negativa na voz de nossos leitores. Poucos leram, e quase todos detestam. Apenas Mauro confessa o quão importante foi a participação dO alquimista para o desenvolvimento de seu gosto pela leitura: uma professora de que gostava lia trechos do livro em voz alta, na sala de aula, como uma espécie de “prêmio” para os alunos. O chamariz funcionou para levá-lo a procurar outros livros, tanto com conteúdo de “magia”, como A rainha da tempestade, como também Vidas Secas, São Bernardo, Macunaíma, Dom Casmurro, que acabaram por conduzi-lo

até a graduação em Letras. Leonor afirma ter lido O alquimista de Paulo Coelho na juventude, também oferecido como “prêmio”, por sua aprovação no vestibular. Ela, porém, leu e não gostou, destacando, sem oferecer maiores detalhes, a lembrança negativa deixada pela leitura do livro.

Se por um lado Nádia percebe com clareza a pobreza das metáforas e dos diálogos em Crepúsculo, por outro, não escapa aos apelos genéricos promovidos por Mulheres que

correm com os lobos, livro que escolheu para discutir conosco possivelmente em função do

caráter “científico” assumido pela autora, também psicóloga.

Se a leitura envolve compartilhar um mesmo universo simbólico, é necessário que o sujeito realize ao longo de sua história de leituras um trabalho de construção de conceitos elementares, os quais servirão de base para a compreensão do próprio texto, assim como para sua discussão e relatos posteriores. Isso é particularmente válido no que se refere aos textos filosóficos e científicos: como característica da própria ciência, estes conceitos constituem-se cumulativamente e, visando o geral em detrimento do particular, articulam- se por meio de uma lógica formal, que exige coerência e correção (estilos individuais na escrita científica devem submeter-se às regras desta mesma linguagem). Quer dizer, a linguagem científica envolve um recorte no plano de referência individual que propicie o aparecimento da informação (Granger, 1974, p.32). Isto pode explicar em parte a opção de quase todos os nossos entrevistados por livros de literatura ou entretenimento em detrimento de uma literatura especializada ou filosófica (à exceção de Dirceu, que optou por um livro de Filosofia bastante próximo aos nossos interesses, e de Nádia, cuja intenção aproximava sua escolha do campo da Psicologia). Tais escolhas contribuem, portanto, para aproximar o universo simbólico do leitor com aquele do entrevistador.

O livro de literatura, de modo diverso, baseia-se principalmente em uma condivisão de experiências. Se somos seres humanos, estamos, a princípio, sujeitos a vivenciar as mesmas situações e emoções representadas no livro. A natureza dessas vivências, reportadas por sua vez ao tipo de vida dos leitores, acaba por contribuir para a instituição de um “filtro”, em sentido mais amplo, que participa inclusive nos processos de identificação do leitor em relação à história, como vimos em “Encontrar-se na obra: identificação”.

É falso, porém, pensar que a Literatura não exija, para além da experiência de vida, o compartilhamento de um universo simbólico. Não apenas porque também a Literatura será permeada por um conjunto de conceitos que dão significado à experiência expressa, mas sobretudo porque as formas literárias se transformam ao longo do tempo e durante o

processo de criação, relacionando-se intimamente com um certo modo de expressão e de representação da realidade, que se alteram substancialmente nas diversas culturas e contextos históricos (Auerbach, 2004). A leitura do texto literário, portanto, pede a familiaridade com modos diversos de produção literária, a partir dos quais aquela obra em especial ganha sentido e assume determinados formatos. É essa familiaridade que torna possível, por meio da comparação, iluminar e mesmo compreender o texto literário em sua complexidade.

Nesse sentido, sustentamos que não existe leitura inútil. Todos os livros, a princípio, contribuem para promover não apenas uma familiaridade com certos tipos de conhecimento e formas literárias, por mal construídas que sejam, ou conhecimentos de almanaque de que os livros podem se fazer portadores. É porém verdade que: a) certos tipos de livro nos roubam tempo para tantas leituras importantes e necessárias, as quais por si já seriam capazes de manter sempre viva nossa “fome de ler”; b) nem todo tipo de livro contribui efetivamente para nossa formação, a qual pede a leitura de livros de nível elevado nem sempre acessíveis em ampla escala, mas, de modo contrário, produzidos em baixa quantidade, visto que destinados a grupos reduzidos de leitores; c) a leitura de um livro ruim exige uma poder de crítica ainda maior da parte do leitor, caso contrário, o livro pode, sob certas condições, acabar contribuindo não para a desenvolvimento do leitor, mas para a

regressão e o embotamento de sua capacidade crítica.

A “dupla entrada” a que nos referimos anteriormente diz respeito, então, ao potencial formador do livro e do texto que este veicula, mas também a certas condições necessárias para o aproveitamento do livro, atravessadas pela relação que o leitor vem a estabelecer com seu objeto de leitura. Um aspecto importante dessa relação diz respeito ao posicionamento do leitor perante o texto, a suas identificações, que participam em seu modo de ler e receber a obra. Um outro aspecto refere-se às expectativas e necessidades do leitor em relação ao livro, mas também às condições subjetivas que o leitor apresenta no momento em que ele se dispõe a ler. Tais condições estão relacionadas não apenas à idade e ao estado emocional (se mais alegre ou triste, por exemplo) momentâneo do leitor, mas principalmente à sua suscetibilidade frente a um eventual apelo regressivo do livro.

Em praticamente todos os casos de leitura que analisamos, os leitores entrevistados pareceram, de um modo ou de outro, beneficiados pela leitura que realizaram. Podemos superficialmente dizer que, embora Leonor tenha lido o Bestiario mais rapidamente que o esperado em função da data agendada para nossa entrevista, ainda assim ela parece ter tido a oportunidade de experienciar as histórias de cada um dos contos lidos, incorporando suas

imagens e refletindo a respeito das questões que cada um deles comportava – o tratamento ao diferente em “Ómnibus” e a reação frente ao desconhecido em “Casa Tomada”, por exemplo – para além de sua familiarização com a língua espanhola e com a literatura fantástica. O universo de fantasia do livro é incorporado ao seu imaginário. Se Ivan teve dificuldades inicialmente com a leitura de Vidas Secas, ao discorrer sobre o livro ele pode rever alguns de seus posicionamentos em relação à história que certamente contribuíram para uma reflexão acerca do lugar do personagem e de si mesmo em relação à sociedade: é possível dizer que uma mudança de referencial em relação à história comportou também alguma reflexão em relação à sua própria condição como sujeito de saber. Mauro e Rosa também trouxeram discussões interessantes a respeito dos livros escolhidos, dentre as quais podemos citar brevemente as paixões vividas pelos personagens em relação aos limites sociais e a capacidade da sociedade em responder às ações individuais de forma coerente.

Se do ponto de vista da formação cultural, um livro como Malena é um nome de tango acrescenta pouco a seu leitor137, Helena contudo acabou por apropriar-se da história,

naquilo em que a personagem faz eco aos fatos de sua própria vida, para construir uma espécie de “linha do tempo” da vida de uma mulher e da sua própria. O livro trouxe assim contribuições interessantes para que ela pudesse refletir a respeito de seus dilemas como mulher e adolescente – o que não quer dizer que o livro tenha comportado alguma transformação mais profunda no sentido de uma regressão ou desenvolvimento. Chamou- nos a atenção, em seu caso, o fato de Helena lembrar-se bem da história enquanto ainda estava lendo o livro, mas na ocasião da segunda entrevista, quando já havia concluído sua leitura há algum tempo, que seus comentários ao livro tenham resultado mais superficiais em relação ao primeiro encontro. Faz parecer, como sugere Habermas, que a leitura do livro escolhido não comportou uma experiência efetiva para Helena. Sua avidez em ler, que já a compelira para outros títulos depois daquele, deu sua contribuição adicional para esvanecer aquilo que eventualmente pudesse ter sido registrado então como experiência de leitura.

O caso de Tiago parece “neutro”, sob esse ponto de vista: traz as marcas de uma leitura que, se tecnicamente correta, a partir de critérios escolares, pareceu colocar Tiago em contato com um “retrato” da adolescência deprimida frente à falta de um projeto

137 Sob nosso ponto de vista, o livro não comporta nenhuma complexidade formal, e aproxima-se em grande

medida da receita do best-seller. A ideia de aliar uma saga familiar, provavelmente inspirada na literatura latino americana em espanhol, à tentativa de um “acerto de contas” com o fascismo se enfraquece frente aos previsíveis enlaces amorosos que cercam as personagens de Malena e de sua irmã na trama. Helena não faz maior atenção aos acontecimentos históricos que fornecem pano de fundo para o livro, e em certos momentos mostra-se irritada com a ingenuidade da protagonista frente aos fatos previsíveis do enredo.

coletivo de sociedade, cuja visão realista não contribui exatamente para que ele viesse a refletir a respeito dessa condição, que ele mesmo experimenta. Sua rebeldia acaba voltando- se contra a escola, que ele sente incapaz de formá-lo provendo-o com conteúdos mais sérios e filosóficos. Ele, que se considera um autodidata em tantos sentidos, mostra-se