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1 O LIVRO COMO MEIO

6.4 Tempos da leitura

Tempos da leitura

O tempo para ler é o tempo do trabalho, do lazer ou da espera.

Quando o trabalho ou os estudos exigem, os livros se fazem mais presentes. Caso contrário, precisam competir pelo tempo livre do leitor – independente dos conteúdos que apresentam e das motivações do sujeito para ler. Às vezes colocam-se em posição central, situação em que a atividade principal nesse período será a leitura; outras vezes precisam tomar as brechas de atividades concomitantes. O dia livre – ou a noite – é o paraíso do leitor.

Os hábitos de leitura mudam ao longo da vida. Em um dado momento, o leitor se dá conta de que sua vida não é infinita, e que cada decisão de leitura sua implica uma escolha: um livro lido significa que tantos outros não o serão.

Mauro sempre gostou de ler. Mas a literatura o “ganhou” de verdade no momento em que, já cursando a faculdade de Letras, ele passará também a trabalhar com literatura. Suas leituras se tornam mais sistemáticas, e ele pode aprender um novo modo de ler. As releituras de livros do Romantismo brasileiro adquirem outro aspecto: “Nossa! Isso aqui é que

ler de forma interessante um texto literário!”

Dirceu lia pouco quando adolescente, perdido, como diz, para os meios audiovisuais. Seus hábitos mudam após o ingresso na universidade, mas não de modo automático. É no segundo ano de curso que ele descobre a “leitura séria”, ao mesmo tempo em que descobre “a falta de tempo para leitura séria”. Foi necessário que ele abandonasse o emprego como escrivão, e com esse a estabilidade do emprego público, para aventurar-se como professor contratado em escolas públicas de periferia – função que o permitia conciliar melhor as tarefas de profissional e estudante: “Fiquei dois anos na rede, antes de ser

chutado pelo governador”122. Dirceu não foi o único de nossos entrevistados que relatou

trabalhar como professor para sustentar os seus estudos, também Leonor usou do expediente. Mas o trabalho de professor exerceu impacto inverso nos hábitos de leituras de ambos. Se para Dirceu, representou uma forma de gerir melhor seu tempo de leituras, para Leonor, as dificuldades, sobretudo com transporte e com o impacto emocional diante da calamitosa situação vivenciada nas escolas públicas, tolheram o tempo de leitura de que ela dispunha anteriormente, e que só recuperaria ao mudar de emprego:

122 Na época, era possível que estudantes de graduação assumissem aulas na rede pública estadual de ensino

Na época da faculdade não conseguia ler muito, porque era uma época em que trabalhava na rede pública estadual, dava aula de ciências na periferia, lá na casa do chapéu, no Embu das Artes, um lugar super violento. Naquela época era diferente uma escola de periferia no interior e na capital. Eu não conseguia estudar muito, o baque era muito grande. Tinha de pegar ônibus, às vezes não tinha dinheiro para a passagem, e aquela situação de menina abortando no banheiro, menino jurado de morte... banditismo, mesmo. Ajudou muito nessa época o trabalho na livraria, [...] era uma livraria sossegada, sem movimento nenhum, e tinha livros da área; ou coisas que tinham relação com meu curso ou outras coisas. Acho que me deu uma tranquilidade, não ter que ficar me deslocando [...]. Nessa fase da livraria eu lia bastante.

Hoje, apesar de ler bastante para exercer a função de professor universitário, Dirceu se vê, contudo, obrigado a estudar coisas que não lhe interessam diretamente, problema que hoje dificulta também as escolhas de Mauro em relação a sua pesquisa de doutorado. Leonor, atuando na área da saúde, trouxe suas leituras de interesse para as horas vagas, enquanto no trabalho assusta-se com a má qualidade dos textos de orientação e projetos escritos, ou simplesmente copiados, por seus colegas – e que ela é obrigada a ler e eventualmente revisar.

Dirceu hoje vê seu tempo de leituras distribuir-se de forma “meio caótica”: ... não é disciplinado, não, é quando tenho tempo. Às vezes eu fico um bom tempo sem ler. Às vezes fico duas ou três semanas sem ler. Esse ano está muito conturbado, aí ficam os fins de semana, feriados, que a gente, quando não sai ou não concilia com cinema, fica mais em casa. Aí a gente acaba pegando, sei lá, oito horas direto de leitura; para e come, discute, eu e a Ana123. Faz tempo... esse ano ainda não

consegui ter uma experiência consistente de leitura individual.

Leonor tenta ler à noite, durante a semana, “ao menos um pouquinho todo dia”. Nem sempre consegue avançar muito: “quando chego do trabalho, às vezes estou tão cansada que, lendo

antes de dormir, capoto na primeira frase do parágrafo”. Ivan trabalha durante a noite, e acaba

reservando os finais de semana, sobretudo as noites de sábado e domingo para ler – momentos que também lhe propiciam o silêncio do qual sente necessidade para se concentrar na leitura. Nádia, que se dedica à casa e aos cuidados com a filha em grande parte do seu tempo, procura dividir suas tarefas com os livros. É frequente que suas leituras também aconteçam à noite, antes de dormir.

A noite é preferida por Tiago em função de seu ritmo de sono – ele estuda à noite, e tem o hábito de ir dormir tarde: “Nas férias, eu lia das sete até as quatro da manhã, depois ia um

pouco para o computador. Se vou dormir logo depois de ler, tenho o sono prejudicado porque fico pensando

no livro. Então acabo de ler, tomo um banho, fico no PC, depois vou dormir.” Para Joaquim, de modo

contrário, a leitura chama o sono, fato que não lhe tira, contudo, o prazer de ler antes de se deitar: “adoro ler antes de dormir, mesmo quando vem sono. Tenho prazer de ir para cama para poder

ler.”

Rosa lia para os filhos antes que eles fossem dormir. Hoje o neto vem ler para ela – atividade que ela estimula, para que ele consiga melhorar sua capacidade de leitura. Ela gosta de ler antes de dormir, mas encontra dificuldades para achar uma posição cômoda, e para superar o cansaço do corpo e da vista.

O tempo é inimigo da memória. Assim é que Ivan, além de conservar livros consigo, esforça-se também por manter a recordação daqueles que considera os mais importantes: “Não tenho todo na mente, faz tempo que eu li. Tenho a Bíblia quase toda na cabeça.”

Enquanto trabalhava – hoje é aposentado – Valter conseguia ler à noite e nos finais de semana. Na época, ainda que tivesse predileção por romances, era constrangido a realizar leituras mais técnicas, relacionadas à sua área de atuação. Hoje ele consegue ler os clássicos literários de que gosta, que dividem o tempo de leitura de Valter com as peças teatrais. As leituras de textos mais complexos, como Assim falou Zaratustra, de Nietszche, aconteceram durante o período de internação de Valter, situação em que ele dispos de um longo tempo livre. Curiosamente, Nietszche é um filósofo que participa também do conjunto de leituras de Tiago que fogem ao seu ritmo habitual. Enquanto Tiago consegue ler apenas um romance por vez, a leitura de um livro do filósofo – O anticristo – segue-se paralela às demais: “existe um compartimento só para ele”, brinca.

As leituras voluntárias e para a faculdade competem tanto no caso de Helena quanto no de Tiago. Helena não gosta de ensaios acadêmicos, e às vezes usa a leitura dos romances para “alavancar” a leitura de estudo: “Geralmente é quando tem muita pressão, a

faculdade está muito difícil, um monte de trabalho, aí eu dou uma lida para ver se distraio a cabeça e das coisas que eu tenho que fazer”. Para Tiago, os dois tipos de leitura se invadem mutuamente:

tanto ele carrega livros que gosta para dentro da sala de aula, quanto as leituras necessárias encolhem seu tempo para as leituras que deseja fazer. Parou na metade a leitura de A origem

das espécies, de Darwin, cujo arquivo baixara da internet: “tive que parar para não repetir de ano”.

A leitura de livros compete com a leitura no computador, assim como o computador aparece como apoio à leitura, utilizado como mapa, dicionário, ou para instruções breves. Quando sente dificuldade com termos filosóficos do livro que lê, Tiago recorre a um serviço de buscas na rede. Joaquim utiliza um programa que o permite visualizar o cenário onde se passa a história narrada em seu livro: “várias vezes estava lendo na

cama com o „laptop‟ aberto, ele [o autor] falava nome de rua e eu ia pesquisar, se a rua existia realmente em Londres. Então conseguia ir para o clima a que o autor se referia, usando o „Street View do Google Earth‟. Não é de cima, não, na rua, mesmo, bacana”. Alguns livros, como o título escolhido por

Joaquim para discutir conosco, já incorporam o uso do computador ao texto, que faz referência a sites de vídeo, por exemplo. Além do computador, citado simultaneamente como fonte de colaboração e interferência, outros meios, como a televisão, o rádio, o aparelho de som, o jornal, a revista e o cinema, principalmente, apareceram citados não como meios de apoio, mas em franca disputa pelo tempo do leitor. O livro não assume uma posição favorável nessa briga, como lembra Joaquim: “a literatura perde, infelizmente a

literatura perde muito, porque eu nasci com a imagem. Eu tenho televisão até no celular agora. Gosto muito de telejornal, jornal esportivo”. Ele cita o jornal diário, que assina na versão em papel, e o

próprio hábito de escrever como antagonistas do livro: “Quando estou „surtado‟ para escrever fico

dois ou três dias sem ler nada”.

Helena gosta de usar o computador para acessar redes sociais e para pesquisar imagens. Ela vê pouca televisão, mas gosta de cozinhar, então procura interpor a leitura aos tempos de espera envolvidos na preparação da comida. Helena e Rosa, sempre carregam um livro consigo. Sempre que se veem em uma situação, prevista ou não, na qual tenham que esperar, pegam o livro para ler. Citam a espera da consulta médica, a entrevista de emprego, a aula atrasada, a viagem de ônibus. Também Joaquim lê no ônibus: “... eu consigo

ler dentro de ônibus. Ela [a esposa] passa mal, tem muita gente que não gosta. Quando quero muito terminar o livro, fico rezando para não aparecer ninguém conhecido, para não ter que fechar o livro para bater papo”. Dirceu leu no ônibus o ensaio que discutimos.

Na casa de Leonor, a televisão aparece como uma espécie de anestésico, depois de um dia de trabalho, que ela assiste principalmente para acompanhar o marido:

Eu mesma prefiro ouvir uma música quando chego em casa, mas ele talvez precise de algo mais “alienação passiva”. Então, vemos bastante TV, bobagens americanas, mesmo, nada de documentários, coisas “cabeça”. Enlatado americano, mesmo, tipo Two and a Half Man, Friends, Big Bang Theory. Agora temos visto mais filmes na TV, com esse negócio de TV a cabo, às vezes tem uns filmes interessantes. Mas é difícil encontrar alguma coisa que preste. Aí é isso, mesmo, esquecer os problemas do trabalho, dar um pouco de risada e ir dormir.

Hoje, a relação de Leonor com a leitura mudou bastante em comparação com outros períodos de sua vida, sobretudo em função de sua organização cotidiana, que reduziu o tempo de leituras:

A coisa de dedicação, o tempo que tem para leitura é importante. Num mês de férias eu leio três, quatro livros, num

mês de trabalho a leitura se arrasta, mas por causa do cansaço. Quando viajamos [...] fiquei o tempo todo lendo na beira da piscina. Li o Caim, um monte de revistas, uns quatro livros [...]. Eu continuo com essa capacidade de passar o dia inteiro com um livro na mão, se eu não tiver nada para fazer. O que mudou mais é que agora eu sou uma pessoa ocupada, não posso mais. Tive períodos em que podia passar mais tempo lendo. Eu sempre fui de ler um livro só, agora consigo ler vários ao mesmo tempo. Isso mudou.

Para Valter, a passagem dos anos faz mudar também o critério de escolha dos livros que vai ler:

Com uns vinte e pouco anos, comecei a achar que devia ler só em português, não devia ler mais nada, só quando pudesse ler em língua original, inglês ou francês. Esse foi meu projeto durante muito tempo. Li Camilo Castelo Branco, Machado de Assis, tudo, Eça de Queiróz, Paulo Dantas, todos. Lia tudo o que era escrito em língua portuguesa, porque eu achava que a tradução perdia. Até espanhol, mesmo. Aí não deu. Você tem ambições, né? Não é ser louco, é que eu achava que eu podia mais do que eu podia. E não consegui nunca. Hoje leio tudo. Mudei de ideia, mesmo, já com uns quarenta. Depois dos trinta é que comecei a desanimar e retomar as traduções.

Hoje a ambição de Valter é conseguir ler os clássicos: “eu tenho essa pretensão de ler os

clássicos, porque é muito importante. Li, por exemplo, a „Odisseia‟. Quero ler mais, mais, tenho a sensação de que não vai acabar nunca”.

7

IMAGENS DO LIVRO-TEXTO

7.1

Fome de ler

Para Robert Escarpit, responsável pelo uso do termo “faim de lire”, a fome de leitura surge junto com a escassez do livro, isto é, com uma distribuição desigual de livros pelo mundo e dentro de cada país (Barker & Escarpit, 1975). O termo se consolidou em meio aos estudos da leitura ao designar um tipo de leitura extensiva, em muitos aspectos coincidente com o “furor pela leitura” que se verificava junto aos leitores românticos europeus nos séculos XVIII e XIX (Wittmann, 1995).

Helena gosta muito de ler, e diz ler qualquer coisa, “bula de remédio também. É como

exercício, você precisa ler, sempre. Tudo precisa ler, ler, ler. Já fui acostumada assim. Está fazendo alguma coisa, tem que ler. Está comendo, tem que ler. Toda hora”. Ela não lê o dia todo, nem em todos os

períodos: às vezes se cansa, e passa um tempo longo, três meses sem ler nada. Cansa-se de saber de outros personagens, satura-se de leitura. “Preciso parar, pensar, acho que em mim mesma,

não sei direito. E aí vem essas fases em que eu preciso ler muito para me distrair”. Quando se sente

bem, a vida está boa, lê menos. Quando se sente pressionada pelo excesso de trabalho, a leitura oferece um escape, permite que ela seja levada para outros lugares. No intervalo de aproximadamente três semanas que separou a primeira da segunda entrevista com Helena, ela não só já terminara o livro que escolhera, com suas 518 páginas, como já terminara a leitura de outras duas obras, e começado uma terceira.

Na casa de Helena e de Nádia, a leitura já foi incorporada à identidade de família. Todos leem muito e se consideram bons leitores. Nádia conta que uma vez, há cerca de dois ou três anos atrás, viu uma pesquisa sobre a quantidade de livros que o brasileiro lia

por ano. “Quem lia um por ano já era top, top. O principal era a Bíblia.” Aí resolveram fazer em casa um levantamento mês-a-mês, com o nome de cada um e os livros que estavam lendo. Valeu para o ano inteiro. “A minha média deu cinco livros por mês, da Helena e da Janaína124 deu um

pouco menos. Mas a partir daí virou um vício, porque eu não consigo mais ir para a cama sem pegar um livro e ler.”

Também Nádia passa por fases em que não consegue ler nada, depois de períodos em que, ao contrário, não consegue parar de ler. Nesses períodos, tenta, mas não consegue se desprender do livro. Ao menos uma ou duas páginas por dia, ela lê. É como se fosse um ritual, explica. Diferente de Helena, é quando Nádia não se sente bem, está desanimada ou deprimida, que deixa a leitura de lado. Mas, mesmo assim, tem uma “literatura de banheiro”, de caráter mais ligeiro, que é consumida em todos os períodos, independente de seu estado de ânimo. Aproveita-se o tempo de pausa, a leitura fácil ajuda a relaxar.

Não é apenas no banheiro que se encontram depositadas pilhas de livros. Na mesinha de cabeceira de Nádia, também. Antes, ela via como ridícula a pessoa que lia mais de um livro ao mesmo tempo, “achava que não dá para seguir uma história direito desse jeito”. Hoje ela faz a mesma coisa. Vai mudando seus modos de ler ao longo da vida. Hoje, precisa encontrar uma sincronia entre aquilo que lê e seu estado de espírito. Pode ser que um livro não agrade a princípio, mas depois, sim. Do ponto de vista emocional, as leituras atuais de Nádia são referenciadas nela mesma como leitora, em suas necessidades de momento, mais do que no livro mesmo. Livros espíritas são mais adequados para os momentos de desânimo, os romances são para os momentos de alegria.

Apesar disso, em meio à grande lista de livros que Nádia menciona e descreve, existe uma grande quantidade de livros pelos quais ela diz não se sentir atraída inicialmente,

best-sellers que ela decide ler apenas para saber porque outras pessoas gostam tanto deles. O

livro A cabana, que Nádia cita como um desses muitos exemplos, foi lido e recomendado por pessoas que convivem com ela. Ainda não encontrou resposta para sua pergunta, qual seria a razão para o sucesso desses livros. Em parte, como seu caso mesmo nos mostra, poderíamos dizer-lhe que a razão está exatamente no sucesso que o livro faz.

Quando adolescente, Leonor lia muito para impressionar o professor de Literatura, por quem se apaixonara. Ri:

É verdade! Isso influenciou bastante. Tudo o que ele mandava eu ler eu lia! Era a primeira aluna. Além das leituras obrigatórias, ele aplicava provas sobre as leituras que não eram obrigatórias, para quem quisesse aumentar a nota. Às vezes eu ficava com nota 12. E lia tudo, desde as chatices do José de

Alencar... já achava chato. Imagine adolescente gostar de José de Alencar! Não conheço nenhum. Li Iracema, O guarani,

Senhora, Lucélia125, tudo por causa do professor de Literatura.

Isso foi na época do colégio. Leonor já lia bastante anteriormente, livros que encontrava na biblioteca de casa ou na da escola, que frequentava com assiduidade. Houve épocas em sua vida em que não conseguia ler muito – ao menos não o que gostaria de ler. No tempo em que trabalhava e estudava, por exemplo (dava aulas na rede pública enquanto cursava Odontologia), lia apenas textos para o curso e para as aulas. Em outros, ao contrário, aproveitava para ler tudo o que tinha vontade. Hoje, consegue ler pouco, por causa da jornada extensa de trabalho. Tenta ler ao menos um pouquinho por dia, na hora de dormir, mas os resultados são pequenos.

Dirceu não gosta de ler mais de um livro ao mesmo tempo, mas o faz justamente quando deseja iniciar uma leitura junto com sua esposa, ou quando a falta de tempo o impede de concluir as leituras já iniciadas.

Gosto de ter o livro, manusear, escolher o livro que vou ler. Às vezes leio dois ou três livros ao mesmo tempo, a coisa acaba se arrastando. Mas, geralmente, quando é dois ou três eu prefiro escolher alguma coisa pequena, contos ou poesias, para conseguir acabar, porque eu prefiro me concentrar numa coisa só. Eventualmente não dá. Por exemplo, às vezes eu e minha mulher fazemos leituras conjuntas. [...] E aí a gente lia juntos, foram alguns meses lendo junto. Paralelamente eu já tinha começado “O vermelho e o negro” do Stendhal, eu já estava fascinado também. Isso no começo do ano, um momento em que eu estava tentando relaxar, depois de ter entregado a tese, mas aí tinha a outra leitura, e eu não consegui terminar. Teve a defesa da tese, começaram as aulas [na universidade

onde ensina], aí não dá, toda a hora que eu tento pegar o livro acontece