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Liquidez corrente (Lc)

No documento Planejamento Financeiro.pdf (páginas 184-188)

Outras denominações: liquidez relativa ou comum. Ativo Circulante Passivo Circulante Lc =

Trata-se de uma das medidas mais utilizadas na análise financeira, no processo de avaliação da capacidade de pagamento das empresas. Por essa razão, alguns se referem à medida como convencio- nal ou relativa.

O índice possui restrições que devem ser consideradas na interpretação, a exemplo da estrutura do Ativo Circulante, prazos de recebimento e pagamento e composição dos Passivos. Essas restrições serão apresentadas em detalhes e ajustes serão recomendados.

O Ativo Circulante (Capital de Giro) é composto por caixa, bancos, aplicações financeiras, “contas a re- ceber”, estoques e despesas antecipadas, ou seja, contas com capacidade de conversão em caixa variável.

Interpretação:

A interpretação tradicional é que: “A cada R$1,00 de dívida, a empresa dispões de R$ ___ de Ativos Circulantes para pagamento.”

Quanto maior o índice, tanto melhor será para a empresa desde que os Ativos Circulantes possu- am boa liquidez (capacidade de conversão em dinheiro).

Vasconcelos (2005) adverte que mesmo índices elevados podem sinalizar problemas do giro: Concentração elevada de recebíveis (“contas a receber”) com prazos dilatados.

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Saldos elevados de estoque em função de problemas de mercado (itens não absorvidos pelo

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mercado).

Parte do estoque, em muitas empresas, é mantido por mera segurança (estoque mínimo de

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segurança). O saldo mínimo de segurança é aquele que protege a empresa contra eventual falta de mercadorias. O pedido de compra é disparado não quando o estoque é zerado, mas quando atinge esse estoque mínimo de segurança.Trata-se, portanto, de uma imobili- zação financeira (Capital de Giro empatado). Exemplo: imaginemos que para o produto ‘A’ o estoque mínimo de segurança seja de 30 unidades. Assim, quando o saldo do produto alcança 30 unidades, é feito o suprimento do estoque para aquele item, com o intuito de evitar a falta do produto e suas consequências.

Existência de estoques obsoletos, de títulos atrasados e prescritos, de elevado grau de inadim-

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plência e de itens no Ativo Circulante que não representa ingresso futuro de caixa (adianta- mentos concedidos a terceiros e despesas antecipadas).

Ocorrência de perdas de estoque por conta de quebras e avarias.

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A análise da conta “estoques” exige que sejam avaliados ainda: tendência de preços, existência de contratos, entre outros aspectos não financeiros.

As contas do Ativo Circulante têm timing distintos de realização

Rubrica

Risco

(V A SC O N C EL O S, 2 00 5, p . 7 2)

Disponibilidades Desfalques de caixa.

Estoques

Incerteza de venda (realização);

Possibilidade de perda por fatores diversos (roubo, perda por deterioração, obsolescência tecnológica, retração de mercado).

Contas a receber Possibilidade de inadimplência/existência de títulos podres.

O tempo de realização depende das características do fluxo financeiro (estratégia adotada) e das especificidades do público-alvo (especialmente inadimplência). O tempo de realização dos estoques depende das condições do mercado e do próprio tipo de produto (giro). A conversão em dinheiro fica atrelada, então, ao fluxo financeiro.

Ao calcularmos o índice, admitimos liquidação forçada dos ativos sem considerarmos prazos e a inadimplência. Criamos, então, uma condição ideal.

Acrescente à análise a probabilidade de ocorrência de perdas do valor econômico e apropriações indébitas.

A verificação dos controles internos é fundamental para uma análise mais precisa e, portanto, segura. Por essa razão, é desejável que as demonstrações contábeis sejam auditadas.

Assim, algumas ponderações são necessárias à interpretação do índice de liquidez corrente: aumentos do índice de liquidez corrente podem não significar melhora na capacidade de pa-

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gamento, assim como eventuais reduções não implicam necessariamente em perda da capaci- dade financeira. Em muitos casos são apenas indícios de situações que demandam economia na distribuição de recursos (destinados ao Ativo Permanente para aumento de capacidade) – melhoras efêmeras.

Marion (2001, p. 83) adverte que “[...] uma queda do índice de liquidez corrente (Lc) nem sempre significa perda da capacidade de pagamento; pode significar uma Administração Financeira mais rigo- rosa (o que é louvável) diante, por exemplo, da inflação, do crescimento da empresa etc.”

Os estoques são avaliados pelo custo de aquisição e não pelo valor de mercado, o que mascara

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a potencialidade da medida.

A medida não informa a sincronia entre recebimentos e pagamentos (abordagem estática). A

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O analista externo tem uma dificuldade natural em acessar informações relevantes para análise. Essas limitações, todavia, não invalidam a interpretação da medida porque fornecem uma visão aproxi- mada da realidade.

Seguem algumas recomendações para interpretação do índice:

confronte o índice do período com resultados obtidos em períodos anteriores;

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antes de emitir juízo de valor, faça uma análise vertical do Ativo Circulante (verificação de sua

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composição);

obtenha informações sobre o giro desses ativos.

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A análise do índice de liquidez corrente é amarrada como segue:

Figura 1 – Interpretando a liquidez

Ao longo do tempo

Monitoramento dos preços praticados no mercado e tendências Liquidez corrente Composição dos ativos Sincronia entre prazos Yu m ar a L ú ci a V as co n ce lo s.

O valor informativo da medida cresce quando combinado com informações financeiras e não financeiras, além de outras medidas.

Índices posicionados acima da unidade são considerados geralmente como favoráveis e abaixo da unidade, desfavoráveis (figura 2). Entretanto, temos que analisar as características da atividade. Um índice de 0,80 pode ser inadequado para uma indústria e coerente para outra empresa; pode não ser, por exemplo, preocupante para uma empresa de transporte coletivo que opera com receita à vista (sem grande impacto sobre o fluxo de caixa).

Para Savytzky (1987), desde que as contas a receber e os estoques possuam giro satisfatório, po- de-se, grosso modo, analisar o índice conforme orientação do quadro 3:

Quadro 3 – Interpretando o índice de liquidez

Índice de liquidez corrente

Interpretação geral

(S A V Y TZ K Y, 1 98 7. A d ap ta d o. )

1,8/2,00 ou superior Situação financeira de folga absoluta 1,6 – 1,7 Situação financeira muito boa (folga relativa) 1,4 – 1,5 Bom equilíbrio financeiro, mas não é folga

1,2 –1,3 Situação ainda em equilíbrio, mas já sinalizando aperto financeiro 1,00 – 1,10 Aperto financeiro

Abaixo de 1,00 Situação de extremo aperto financeiro

Figura 2 – Escala de liquidez

Liquidez corrente

Em geral “desfavoravel” 1,00 Em geral “favoravel”

Yu m ar a L ú ci a V as co n ce lo s. Recapitulando...

A depender da atividade, podemos encontrar índices ligeiramente menores que 1 e isso não sig- nificar crise financeira.

As empresas que operam com receitas à vista são exemplos típicos de negócios que suportam operar com liquidez corrente abaixo da unidade sem gerar com isso problemas de caixa (déficit).

Por motivos como esse é que a comparação do comportamento do índice com o de empresas congêneres é fundamental para a análise.

Para empresas que somente vendem à vista ou que mantenham um nível mínimo de estoque (como as fundações, hospitais, representações comerciais e prestadores de serviços), Reis (2003 , p. 177) sugere ajustes no índice de liquidez:

Lc = Ativo Circulante + Receitas provável do exercício seguinte Passivo Circulante + despesa provável do exercício seguinte

Vale lembrá-los que determinadas ações podem “melhorar” o índice de liquidez corrente e tornar sua interpretação enganosa:

pagamento de obrigações com recursos de Longo Prazo;

aporte de capital externo a Longo Prazo;

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aumento de capital em dinheiro (recursos próprios);

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Liquidez corrente ajustada.

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O índice de liquidez corrente pode ser ajustado para melhorar a qualidade da informação. A di- vergência entre os prazos de recebimentos e pagamentos pode afetar a leitura da medida, que pode ser atenuada pelo uso da fórmula:

Lc = Ativo Circulante x Prazo médio de pagamento Passivo Circulante x Prazo médio de recebimento Outros ajustes possíveis:

Lc (2) =Disponível + (Clientes – Inadimplência) + (Estoque – Perdas) Passivo Circulante

Lc (3) = Entradas previstas Saídas programadas

Essa última medida permite que se tenha uma posição de liquidez (real) em qualquer data. Note que os ajustes têm o papel de melhorar a qualidade da informação evidenciada pela medida.

No documento Planejamento Financeiro.pdf (páginas 184-188)