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Orçamento de produção

No documento Planejamento Financeiro.pdf (páginas 79-83)

Depois de concluído o orçamento de vendas, este deve ser encaminhado ao executivo da área de produção para análise, a fim de que elabore um programa de produção apropriado às restrições internas.

A utilidade da elaboração do orçamento de produção se prende à consideração prévia de todas as dificuldades e ne- cessidades com que a área se defrontará no período considerado. O prévio tratamento dos problemas permite decisões mais acuradas não só por se dispor de mais tempo para decisão, mas também porque algumas decisões implicam providências que demoram para serem efetivadas. (SANVICENTE; SANTOS, 1983, p. 59)

Na verdade, o orçamento de vendas deve ser acompanhado pelo executivo da área de produção, para minimizar a necessidade de ajustes estruturais.

“No que diz respeito ao planejamento da produção, defrontamo-nos com a necessidade de pla- nejar um equilíbrio ótimo entre vendas, estoques e produção.” (WELSCH, 1983, p. 128-129).

O não alinhamento entre vendas e produção repercute em várias áreas na organização, especial- mente nos resultados.

A análise realizada por esse profissional demanda conhecimentos específicos tais como processo industrial, capacidade fabril, disponibilidade de matéria-prima, entre outros.

Naturalmente, essa análise contempla as políticas da cúpula diretiva a exemplo do nível de estoque. Pode-se verificar em algumas organizações pressão por parte da equipe de vendas para ma- nutenção de altos níveis de estoque, mas o executivo deve acautelar-se em suas ações, tornando-as coerentes e aderentes às políticas institucionais.

De que forma as organizações estruturam seus recursos (pessoas e ativos tangíveis) no processo produtivo? O orçamento de produção oferece resposta a essa pergunta.

O orçamento de produção consiste essencialmente em um plano de produção para determinado período. Contém as quantidades a serem produzidas em atendimento ao orçamento de vendas (que define o quanto deve ser comercializado).

Ao se elaborar o orçamento de produção, decisões importantes são afloradas, como: contração de mão de obra;

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ativação de turnos extras;

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expansão de planta industrial (unidade fabril);

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terceirização;

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nível ótimo de estocagem.

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A atividade de produção envolve uma complexa rede de serviços, internos e externos. As deci- sões que tomam por base a peça são igualmente complexas e encadeadas.

Imagine a seguinte situação: você recebe como orientação de mercado, produzir 50 000 uni- dades de seu produto. Verificando sua capacidade de produção, identifica que com as restrições atuais somente conseguiria produzir 22 000 unidade. Resta, então, uma questão: o que fazer para atender a parcela restante de mercado?

Dessa questão, surgem outras:

Podemos ativar turnos (colocando as pessoas para trabalharem em turnos extras)? Essa ação

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deve levar em consideração o número de pessoas envolvidas, definição de escala de trabalho e verificação do custo da ativação de turnos. A solução é viável?

Podemos terceirizar? Qual o custo unitário variável da terceirização? Quais os reflexos sobre a

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qualidade do produto? Quais os termos da terceirização?

Podemos expandir a planta? Qual o investimento necessário? A empresa dispõe de recursos

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para esse projeto de expansão de capacidade? Quais as características do negócio (sazonal, variação linear etc.)?

Note que é uma decisão cuja construção envolve diferentes áreas.

O orçamento de produção envolve outros suborçamentos, a exemplo de: orçamento de matéria- -prima, de custo de mão de obra e custos indiretos.

O orçamento de produção corresponde à estimativa dos insumos necessários ao processo produ- tivo para atendimento ao orçamento de vendas e de produção final (figura 1).

A elaboração pode se dar por meio das seguintes etapas:

1.º – obtenha o volume de produção necessário para que os objetivos de venda sejam atingidos; 2.º – calcule o volume de produção possível considerando as restrições internas;

3.º – cheque a posição de mercado e confronte com o histórico de desempenho (giro do produto); 4.º – simule as situações-objeto de orçamento tomando por base dados de períodos anteriores; 5.º – verifique o alinhamento entre a política de estocagem, de capacidade de produção, entre

outras relacionadas. A política de estoques afeta a programação da produção;

A gestão de estoques é um fator importante no preparo do orçamento de produção.

A definição da política de produção deve contemplar estoque mínimo de segurança, giro1 mí-

nimo e máximo, quantidade ótima conforme exigências de mercado, natureza do produto (pereci- vidade, tempo do ciclo do produto), condições de armazenagem e custo de manutenção.

A definição da política de estoque depende de vários elementos, como demanda esperada e sua vulnerabilidade e/ou sazonalidade, prazo de produção, natureza do produto (deteriorável, de moda etc.) e benefício da escala de produção versus custo de estocagem (conceito de lote econômico). (CHING, 2006, p. 164)

Um plano de produção deve considerar ainda a análise de riscos como: perdas, obsolescência, redução dos preços dos produtos acabados, falta de matéria-prima, de mão de obra qualificada e au- mento no custo de matéria-prima.

Vale ressaltar que os estoques são caros para a organização: seguro, custo das instalações, impos- tos, taxas, controle, entre outros.

O controle de estocagem por meio do orçamento é importante porque evita produção exceden- te, enseja a operação com níveis reduzidos de custos, permite o planejamento adequado da quantidade a ser produzida com base na demanda das estações.

Figura 1 – Esquema do orçamento de produção

Qualificação de pessoal

Estrutura logística

Programa de qualidade Custos indiretos, de mão de obra direta e matéria-prima

O processamento adiciona valor aos insumos. São insumos do processo produtivo: recursos materiais, humanos e de capital

Mão de obra – Matéria-prima, entre outros insumos

Processamento Produtos acabados Elaboração do orçamento de vendas Levantamento do nível de estoque de matéria-prima e produtos acabados Orçamento de matéria-prima Orçamento de mão de obra direta Orçamento de custos indi- retos de produção Elaboração do orçamento de produção Yu m ar a L ú ci a V as co n ce lo s.

Na elaboração de um orçamento de produção, uma diversidade de fatores deve ser considerada: Variáveis que afetam a produtividade:

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moral da equipe de trabalho;

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rotação de mão de obra;

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qualificação de mão de obra;

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motivação funcional;

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plano de cargos e salários.

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Variáveis que afetam a utilização de recursos:

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disponibilidade de matéria-prima;

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política e cronograma de compras;

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controle de estoque;

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capacidade de pagamento da entidade.

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Variáveis que afetam a capacidade operacional:

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problemas técnicos;

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acidentes de trabalho.

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Ao elaborar um orçamento, além de impressões de mercado, faz-se necessário conhecer as- pectos da estrutura produtiva.

A capacidade da produção representa a quantidade máxima de trabalho em determinadas condi- ções de operação (estrutura de produção). É expressa numericamente e a unidade de referência depen- de do tipo de produto (m3/hora, l/dia, toneladas, número de assentos etc.). Responde a seguinte indaga-

ção: quantas unidades de produto a estrutura de produção é capaz de disponibilizar ao mercado? O conhecimento da taxa de utilização da capacidade é fundamental para que os orçamentos de produção sejam de fato realistas.

Em geral, os sistemas produtivos operam abaixo dessa capacidade, todavia, pode ocorrer produ- ção com uso de 100% de capacidade.

A informação capacidade de produção incita discussões referentes a: tecnologia; :::: produtividade; :::: qualificação demandada; :::: investimentos em capacitação; :::: novos investimentos; ::::

novas contratações, entre outras.

Afetam ainda o orçamento de produção os seguintes fatores: a dimensão das metas definidas;

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as políticas desenhadas para a gestão de pessoas.

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A política de pessoal é importante porque pode ser um dosador de riscos. Políticas inadequa- das oneram o resultado e geram contingências trabalhistas. Ganha ainda mais relevo em empreendi- mentos sazonais.

No documento Planejamento Financeiro.pdf (páginas 79-83)