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3 A SOCIEDADE COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA E SUA

3.1 Patrimônio líquido das sociedades cooperativas

3.1.4 Lucros ou Prejuízos Acumulados

A conta de lucros ou prejuízos acumulados origina-se na DRE. Pela conceituação, decorre do ato não cooperativo. Quando o resultado for positivo (lucro), após o pagamento do imposto de renda pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido, deverá ser destinado integralmente para a Reserva de Assistência Técnica, Educacional e Social (Rates), não podendo ser objeto de rateio entre os cooperados (BRASIL, 1971).

Quando o resultado for negativo (prejuízo), decorrente de ato não cooperativo, o resultado será absorvido pela reserva legal. Se esta for insuficiente para absorver o prejuízo, a sociedade cooperativa de produção agropecuária poderá utilizar as sobras líquidas, após as destinações obrigatórias (BRASIL, 1971).

No entanto, se forem insuficientes essas compensações, o prejuízo será rateado entre os cooperados, conforme disposições estatutárias e legais, não devendo haver saldo pendente ou acumulado de exercício anterior, registrando tudo contabilmente na conta do ativo: prejuízos contábeis a receber de cooperados.

As disposições da NBCT 10.8 que versam sobre o lucro ou prejuízo têm sido aperfeiçoadas pela doutrina e são informativos relevantes para conhecimento interno e externo da organização cooperativa, como a seguir:

O tratamento disposto na norma para o resultado do ato não cooperativo complementa e esclarece o disposto no artigo 87 da Lei nº 5.764, de 1971. Então, o resultado positivo do ato não cooperativo é creditado integralmente em Reserva de Assistência Técnica, Educacional e Social – RATES. Se as operações do ato não cooperativo resultarem em prejuízos, a norma dispõe que deve ser debitado na conta de Reserva Legal, ou seja, não cabe a compensação (o débito) na conta RATES, mesmo que tenha saldo para absorver a totalidade do resultado negativo, porque a RATES tem finalidade específica, ou seja, os recursos destinados devem ser aplicados em programas de capacitação e promoção social da sociedade, que visa o desenvolvimento das pessoas e ainda dos funcionários colaboradores, se houver essa previsão no estatuto social (MEM, 2006).

Dessa forma, as observações pautadas na norma permitem afirmar que há uma vedação de qualquer possibilidade de compensar entre si os seguintes resultados: perdas líquidas (ato cooperativo) com lucro (ato não cooperativo); prejuízo (ato não cooperativo) diretamente com as sobras líquidas (ato cooperativo); prejuízo (ato não cooperativo) com saldo positivo da conta Rates, de modo que os recursos existentes nessa conta sejam efetivamente aplicados no desenvolvimento do programa de capacitação dos cooperados e funcionários colaboradores. A seguir, o Quadro 2 mostra a apuração econômica do resultado da sociedade cooperativa.

Quadro 2– Demonstração do resultado do exercício*

Contas Operações realizadas

Cooperados Não cooperados

Especificadas no plano contábil

das sociedades cooperativas em geral Não incidência dos Tributos Incidência dos Tributos Resultado do exercício Sobras líquidas/perdas líquidas Lucro/prejuízo contábil do

exercício (-) Provisão para Contribuição Social

sobre o Lucro Líquido - CSLL

Prejuízos contábeis cobertos pelo fundo de reserva

(-)Provisão para Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

(-) Provisão para o Imposto de Renda

Pessoa Jurídica - IRPJ Mediante rateio entre associados

(-)Provisão para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ Resultado após a CSLL / IRPJ Sobras líquidas Lucro/prejuízo exercício

(*) Demonstração de apuração das sobras ou perdas líquidas – ato cooperado –, e do Lucro ou Prejuízo Contábil – ato não cooperado

Fonte: Autor

No patrimônio líquido, as reservas estão classificadas em: reservas de capital representada por valores recebidos que não transitam por resultado do exercício como receitas; reservas de lucros representadas por lucros obtidos pela entidade e retidos com finalidade específica, incluída a reserva legal conforme determina a Lei nº 6.404 no art. 193, cuja utilização está restrita à compensação de prejuízos contábeis e ao aumento de capital social (BRASIL, 1976).

A Lei nº 5.764 no art. 28 prevê a criação de outros fundos, sem determinar os aspectos específicos de sua utilização (BRASIL, 1971).

As reservas de capital representam aumento patrimonial sem, porém, ter transitado pelo resultado do exercício, por não representar esforço efetivo na realização de receitas. A movimentação dessas contas no patrimônio líquido da sociedade cooperativa de produção agropecuária origina-se de doações e subvenções para investimentos que eram realizadas.

Muitos são os tipos de doação e subvenção para investimentos, sendo mais comuns as doações em dinheiro ou em bens imóveis ou direitos; e as subvenções, em forma de recursos concedidos, são destinadas à aplicação em imobilização ou em forma de redução de tributos.

Entretanto, ao ser modificada a estrutura do patrimônio líquido, foi incluída a forma de registro das doações e subvenções para investimentos, não mais permitindo seu registro diretamente numa conta de reserva de capital, devendo transitar pelo resultado do exercício para posterior transferência à reserva de lucros – reservas de incentivos fiscais. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a partir do IAS 20 do IASB, aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais, que culminou com a Resolução do CFC nº 1.305, que veio estabelecer esses novos critérios de registros contábeis específicos, a partir do exercício financeiro de 2008 (CFC, 2010).

“(...) as doações e subvenções recebidas pela companhia deverão transitar pelo resultado, e terão seus registros contábeis determinados em função das condições estabelecidas para o recebimento dessas doações e subvenções.” Estes autores classificam as subvenções e doações da seguinte forma: tratamento contábil quando a subvenção é condicional; tratamento contábil quando a subvenção é incondicional; benefício sobre a forma de redução ou isenção tributária; tributos financiados pelo Estado; incentivo fiscal de imposto de renda (Finam/Finor); constituição de reserva de incentivos fiscais. IUDÍCIBUS et alii (2010, p. 356)