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5 ASPECTOS METODOLÓGICOS

5.7 Protocolo de estudo de caso

O protocolo de estudo de caso é mais que um instrumento. Contém os procedimentos e as regras que devem ser seguidas, sendo uma etapa fundamental para a investigação e a coleta de dados objeto do trabalho, porque ele proporciona manter o alvo sobre o tópico do estudo de caso, sendo que o momento da sua preparação força o pesquisador a antecipar possíveis problemas, que somente poderiam ocorrer no decurso da realização da pesquisa. Yin (2010) destaca que o protocolo de estudo de caso é essencial quando se trata de estudo de casos múltiplos. É uma maneira importante de aumentar a confiabilidade da pesquisa, destinando-se

Questão de Pesquisa

Se (in)existe o FATES, então como o cooperado percebe o ganho indireto quando disponibilizado sob diversas formas pela Sociedade Cooperativa de Produção Agropecuária.

a orientar o pesquisador na realização da coleta de dados, feita por meio de entrevistas e questionários.

De maneira geral, o protocolo de estudos de caso, segundo a visão geral do autor Yin (2010), deve ter as seguintes seções: (i) visão geral do estudo de caso, objetivos e patrocínios do projeto e assuntos do estudo de caso; (ii) procedimentos de campo (apresentação de credenciais, acesso aos locais do estudo de caso, linguagem à proteção dos participantes, fontes de dados e advertências de procedimentos); (iii) questões de estudo de caso, questões específicas de estudo de caso que o investigador deve ter em mente na coleta de dados, fontes de informações, entre outras; e (iv) um guia para o relatório do estudo de caso: esboço, formato para os dados, uso e apresentação de outra documentação e informação bibliográfica. Tomando por base o modelo proposto por Yin (2010), o protocolo de estudo de caso utilizado seguiu essas disposições para a coleta de dados das sociedades cooperativas de produção agropecuárias, como apresentado a seguir:

Quadro 3 – Protocolo de estudo de caso 1. Introdução ao estudo de caso e finalidade do protocolo

O estudo versa sobre as diferentes maneiras que as sociedades cooperativas de produção agropecuárias usam para adicionar valor econômico e social indireto e como esses valores são percebidos pelos cooperados. Inicia- se a fundamentação teórica pela cooperação para explicar a forma mais eficiente de coordenação, capaz de representar vantagens maiores aos cooperados que os custos de renúncia a uma livre condição de mercado. Parte importante é a análise do ambiente institucional e a dimensão do direito de propriedade, além de estudar a sociedade cooperativa no contexto da teoria da firma e suas peculiaridades.

A linha teórica é dividida nos seguintes enfoques: (i) a sociedade cooperativa e a capacidade de gerar rendas – lucros e sobras líquidas; (ii) os ganhos competitivos de eficiência; (iii) a percepção do cooperado pessoa física da renda e sua natureza segundo a teoria, como benefício, bem-estar, segurança, entre outras.

2. Procedimentos de coleta de dados

A coleta de dados da pesquisa foi realizada em documentos e trabalhos já publicados disponíveis sobre a temática, utilizando-se de entrevistas com os especialistas (Apêndice 1) com grau relativo de conhecimento técnico, que fossem capazes de explicar a correta apuração dos lucros e das sobras líquidas dessas organizações. As coletas de dados foram complementadas pelas respostas aos questionários junto aos cooperados (Apêndice 2), para identificar as diversas formas de percepção dos ganhos indiretos.

2.1 Sociedades cooperativas

Para realização desse estudo de campo, foi necessária a ajuda dessas instituições a fim de colher das pessoas qualificadas e, provavelmente, representativas do universo das maiores sociedades cooperativas localizadas e atuantes no Estado do Rio Grande do Sul.

2.1.1 Sociedade Cooperativa A

É uma cooperativa que recebe os produtos agrícolas e animais dos cooperados, destinados à industrialização e, posteriormente, à comercialização nos mercados interno e externo.

2.1.2 Sociedade Cooperativa B

Especializada em negociações com os mercados interno e externo das commodities agrícolas, a unidade de grãos proporciona vantagens competitivas, segurança na comercialização, além da possibilidade de realizar a troca de grãos por insumos agrícolas, operação que vem resultando em elevado nível de satisfação dos cooperados.

2.1.3 Sociedade Cooperativa C

Ela possui unidades de armazenamento e comercialização de produtos agrícolas, de assistência técnica agronômica e veterinária, de fornecimento de insumos agrícolas, além de lojas, supermercados e unidades de transportes.

2.1.4 Sociedade Cooperativa D

em contato com o produtor, fornecendo toda a assistência necessária. A equipe técnica se responsabiliza pelo acompanhamento permanente do processo industrial e pela qualidade final dos produtos, sempre com a atenção voltada para o desenvolvimento de uma tecnologia de ponta.

2.3 Coleta de dados

Para coleta dos dados, utilizaram-se entrevistas e questionários autopreenchíveis, que foram posteriormente recebidos das sociedades cooperativas via Sedex, em 24 de fevereiro de 2014, 30 de março de 2014 e 5 de maio de 2014: (i) as entrevistas foram realizadas com a presença do autor da pesquisa; tendo-se identificado, no perfil dos respondentes, o conhecimento técnico necessário, e elaborado 20 (vinte) questionamentos sobre a temática fundamentada, segundo a linha teórica da cooperação, o ambiente institucional, o direito de propriedade teórico da firma, a sociedade cooperativa e a capacidade de gerar renda, entre outras. (ii) os questionários foram formulados com base na revisão da literatura e respondidos por 50 (cinquenta) cooperados de cada sociedade cooperativa, sem a presença do autor da pesquisa.

Além do compromisso da não divulgação da razão social das sociedades cooperativas e dos dados de identificação dos cooperados, outras estratégias foram utilizadas, buscando-se maior nível de cooperação e autenticidade dos respondentes: a) solicitou-se o nome do entrevistado, cargo, localidade, e-mail e telefone, frisando-se a confidencialidade das respostas das entrevistas e dos questionários; b) a escolha dos cooperados respondentes dos questionários foi aleatória e de colaboração espontânea, com a participação de um responsável encarregado das explicações necessárias em caso de dúvidas sobre a temática. Foi possível diagnosticar a percepção dos cooperados dos benefícios econômicos e não econômicos do ganho indireto das sociedades cooperativas de produção agropecuária, traduzido pela sensação de segurança, o orgulho, a confiança, e a união. Essa percepção é qualificada pelo bem-estar dos cooperados.

Desse modo, as questões de pesquisas foram suficientes para realização do diagnóstico e concluir que os cooperados que integram o quadro societário das sociedades cooperativas de produção agropecuária percebem os ganhos indiretos, sem, no entanto, ser possível quantificá-lo objetivamente.

3. Esboço da análise dos casos

O estudo de caso foi realizado a partir das respostas às entrevistas e aos questionários, cuja temática constou da revisão bibliográfica e, na essência, tratava do instituto da cooperação, da capacidade das sociedades cooperativas para gerar renda, e de como são percebidos os benefícios econômicos e não econômicos pelos cooperados pessoas físicas, produtores rurais, decorrentes das transferências realizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuária.

Na investigação empírica dos fatos qualitativos foi possível entender o como e o porquê ocorrem as diversas transferências, normalmente, de forma gratuita aos cooperados pessoas físicas. As sociedades cooperativas possuem diferentes justificativas: “A” enfatiza que não só identifica as carências como procura levar e transferir tecnologias e conhecimentos a seus cooperados para que eles cresçam individual e coletivamente em conhecimentos técnicos, de mercado e gerais; “B” se manifesta de forma simples informando que procura realizar as transferências por meio de palestras técnicas e trabalho, dias em campo e em seminários; “C” explica que a participação em eventos para difundir melhores tecnologias são provas de que a reeducação tem que fazer parte do cotidiano dos cooperados; e “D” apresenta a forma expositiva mais esclarecedora, com argumentos de que normalmente os associados possuem grande conhecimento no cultivo de sua produção, sendo que estes buscam junto à cooperativa informações sobre insumos e defensivos agrícolas, tratamentos e prevenção de doenças da parreira, visando a maior produtividade e qualidade. A empresa, por seu turno, procura passar essas orientações e outras, tais como, guarda ou devolução de recipientes, cadernos de campos (histórico de época e tratamentos aplicados) e rastreabilidade dos produtos, que já se inicia nas propriedades. Nesse sentido, os associados respondem bem a essas orientações.

Portanto, as informações colhidas nas entrevistas e nos questionários permitiram a realização de cenários das ações de cooperação, identificando as principais variáveis como suporte para o mapeamento das percepções dos cooperados sobre o ganho indireto.

4. Avaliação do Estudo de Caso

Como resultados significativos, percebeu-se que, efetivamente, as sociedades cooperativas proporcionam condições para ofertar aos cooperados as oportunidades de aprendizagem. Esta é o conhecimento que pode ser transferido entre indivíduos, equipes e unidades organizacionais. A estrutura dessas organizações incluem armazenamento do sistema de crenças, das memórias de eventos passados, de história, de modelos de referência ou de valores. Assim, a aprendizagem é dinâmica e há mudanças constantes nos seus níveis, acrescido de um fluxo contínuo que se autor- reproduz.

Neste contexto, com muita força de explicação em relação às informações coletadas, a avaliação do estudo de caso esclareceu que os cooperados das sociedades cooperativas pesquisadas percebem os ganhos indiretos sob as mais diversas formas, tais como, os atributos “crédito para o cooperado”, “fornecer insumos mais baratos”, “disponibilidade de produtos veterinários” e “qualidade dos produtos”, cuja consequência consiste em “melhorar sua atividade”. A busca pela melhoria em sua atividade rural tem como efeito a “redução de custos” e “lucro maior”, o que retorna sob a forma de “melhoria de sua atividade” e para “produtividade”.