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Lutas de resistência na cidade do Rio de Janeiro na atualidade

2. As lutas de Acari no contexto político da cidade

2.4. Lutas de resistência na cidade do Rio de Janeiro na atualidade

Gostaria de começar com um registro do diário de campo, na qual a fala de uma mulher que adentra o mesmo vagão que eu, quando me dirigia a Acari, me pareceu resumir em muito diversos pontos importantes para delinearmos este contexto das lutas que se travaram nas ruas da cidade; e que se intensificaram desde as manifestações de junho de 2013.

(...) entra uma mulher aparentando estar algo perturbada e deixa cair a minha frente uma pesada sacola com víveres, fazendo estrondo – ela estava bufando. Eu havia acabado de abrir meu caderno, em que tomo notas de campo, para retomar meus escritos – quando a cena se deu e fiquei meio sem reação. Uma mulher que estava em pé a ajudou e outra cedeu o lugar. Logo, perguntei o que havia acontecido e ela – com a mão trêmula e meio inchada – disse que havia levado um tombo, mas que algumas pessoas a haviam ajudado. Perguntei se no seu destino não haveria alguém para ajudá-la, pode ía osàte ta àfaze à o tato...à Não tem ninguém, eu sou sozinha. É cada um por si agora. Quer

dizer, agora não, sempre foi assim à- afirmou categórica. Perguntei pelos vizinhos e ela desdenhou: vizinhos... humpf! ,àaoà ueàalgu sàpopula esàe à oltaàassentiram. Havia uma mulher, negra, sentada

e t eà s,à asà elaà oà diziaà ada,à ape asà ala ça aà aà a eçaà sà ezes.à Eà aà ulhe à dasà sa olas à iniciou então uma fala compulsiva, com certa gagueira nervosa, em que não parou mais até a estação em que desembarcou. Maria era seu nome. Vestia calça, casaco de veludo e chapéu de lã, todos em um mesmo tom amarronzado e disse que não sabia por que as coisas ruins só aconteciam a alguns e disse:à seria karma? Será que as pessoas sofriam por merecerem, porque haviam sido más? àE t oàeuà disseà ueàa ha aà ueàe aàjustoàoà o t io,à o oà oàditoàpopula à ueàdizà ueà vaso ruim não quebra .à Então ela – rápida - e ateu:à Pois é isso mesmo, veja, é o meu caso, eu não quebrei .àEà issoàj àha iaà uma pequena plateia rindo do nosso diálogo, pois o vagão era daquele tipo em que há duas filas, uma deà f e teà pa aà out a.àFaleià p aàelaà olo a àgeloà eà a i aà eà elaà disse,à ah... tem também o gelol ,àeà puxou de uma de suas bolsas, uma pomada Minâncora (que tem, como o gelol, cânfora na fórmula) e passou no local onde ela apoiara o peso do corpo na queda, na mão direita. Depois ela disse que tinha vindo da [estação] Uruguaiana59, onde havia feito um discurso (que ela continuava agora no metrô) e

eu a imaginei subindo num caixote com o megafone na mão, ela que tinha um olhar bastante profundo e expressivo e eu imaginei o quanto ela teria sido uma bela mulher jovem e agora, apesar de sofrida, o quanto ainda tinha os bonitos olhos castanhos, que pareciam ainda jovens. Perguntei se

59 A Rua Uruguaiana, onde fica uma estação de metrô, é também próxima a Avenida Presidente Vargas e nela se localiza um grande camelódromo, que tem sido palco de lutas entre ambulantes (que tem suas mercadorias apreendidas) e a Guarda Municipal. Recentemente, duas pessoas foram baleadas durante o enfrentamento à repressão. A Guarda Municipal do Rio de Janeiro ainda não tem direito a porte de arma, apesar da presidenta Dilma já haver sancionado lei neste sentido: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1499031-dilma- sanciona-lei-que-permite-porte-de-arma-de-fogo-a-guarda- u i ipal.sht l.à à “o eà oà o f o to à e :à http://oglobo.globo.com/rio/confronto-entre-guardas-municipais-camelos-na-rua-uruguaiana-termina-com- dois-baleados-13991234.

estava acontecendo alguma manifestação na Uruguaiana e ela disse que não, que era apenas ela que discursava e de novo o povo do vagão e a mulher ao lado sorriram ternamente. Disse que discursara aosà poli iaisà eà ueà policiais também deveriam ir pra cadeia .à áà adeiaà ta à à p osà poli iais .à ássi à o oà osà políti os ,à asà ueà adaàa o te ia,àpoisàe a àtodosà farinha do mesmo saco .àEuà

comentei sobre o caso da Claudia, a auxiliar de serviços gerais que morava no morro da Congonha, no bairro de Madureira, mãe de quatro filhos e que criava mais quatro crianças, que havia sido morta e arrastada por uns 50 metros em plena luz do dia, na Avenida Intendente Magalhães, em Madureira e ueà osà PM sà esta a à soltos,à p esta doà se içosà i te os à à o po aç o60. E também do caso do

Rafael Braga, morador de rua, único manifestante ainda preso, (pena de cinco anos em regime fechado), pois foi pego com pinho sol numa das manifestações61.à Que absurdo ,àelaàfalou,àeàdefe deuà

os Bla kàBlo ks e também comentou do caso dos rapazes que haviam atingido o cinegrafista que o euàati gidoàpo àu à oj oà u aà a ifestaç o.à Eram pessoas comuns, não tramaram nada à62.

“o eàoà‘afael,àdisseàai da:à Pi hoàsol!àI agi aàs ...à“eàai daàfosseàu aàg a ada,àu aàg a ada... e ficou repetindo aquilo, olhando para mim.à Vo àsa eàoà ueà àu aàg a ada,à oà ? Sei sim à– eu disse. Comentou também do jornalista canadense que foi agredido por policiais no dia do ato na Praça “ae sàPe a,à oàdiaàdaàfi alàdaàCopaàdoàMu do,à ueàte eàsuaà e aà ou adaàpelosàpoli iais.à Pois é,

ele era americano, né? Não sabem o perigo que correm... Imagina então se o país dele resolve entrar e àgue aà o àoà ossoà o oàfize a à o t aàoàI a ue?à Elesàte àasàa asà aisàpode osasàdoà u do,à elesàeàIs ael . Continuou discursando, dizendo que lá pelo menos as pessoas pobres tinham o direito à

moradia garantido, em conjuntos habitacionais construídos pelo governo e esse foi o mote para que entrasse no tema de sua trajetória: que ela havia ido à prefeitura reclamar sobre o seu direito à moradia, que estava esperando sua casa, desde que fora despejada. Foi contando: que veio de Minas eà ueà o a aà essaà o upaç oà eà ueà e aà u aà se à teto ,à ide tifi ou-se como integrante do movimento dos sem teto. Havia vindo de vários despejos, de uma ocupação no Engenho de Dentro.

Vo àsa eà ualà ,à o? . Sim, eu sabia da grande ocupação no terreno da OI/TELERJ63, com ruínas,

onde segundo disseram, havia cerca de dez mil pessoas, cujo desalojo se deu em abril de 2014, e que eu acompanhei alguns relatos de um verdadeiro massacre em que as pessoas foram expulsas brutalmente, com spray de pimenta, cães e até mesmo lança-chamas e armas de fogo. Rumores de crianças mortas, inclusive. Contou que também estivera numa ocupação que havia ao lado da Sala Cecília Meireles, de um belo prédio de hotel antigo e que continua vazio e sem uso desde este último despejo. Que o pessoal da prefeitura disse que sua casa estava pra sair, mas que ela se cansara de esperar e estava pensando em acionar a defensoria, coisa que já havia se informado. Que eles queriam que ela fosse pra Santa Cruz mas que ela não queria ir porque sabia que os conjuntos habitacionais de lá eram dominados por milicianos (ligados à polícia) e que as pessoas tem que pagar taxas a estes milicianos e que ela, sabendo dessa situação, não iria mesmo, que seu direito era ficar num local mais próximo ao antigo local de moradia, que havia tantos prédios cujas pessoas tinham dívidas com a prefeitura, que ficavam abandonados, que ela exigia seu direito, mas que também não iria adiantar ficar gritando na prefeitura, que agora teria de ser na justiça, que ela recebia o aluguel social de 400 reais, que alugava uma kitnet e pagava ainda água e luz, então ultrapassava o valor e que ela também recebia um benefício de mil e poucos reais do gover oàpo à faze àu àt ata e toàpsi ui t i o àeà te à es uizof e ia ,à ueàpega aàosà e diosà oàpostoà asà sà ezesàfalta aàeàe t oàti haàdeà o p a àeà ueà também tinha artrose e no frio piorava, que já teve plano de saúde da DIX mas teve de parar de pagar pois eram mais de quinhentos reais e também tem coisas que nem cobre e que tinha ido na igreja de Santo Antônio dos Pobres pegar uma cesta básica com a assistente social que entrega toda última terça-feira do mês, que era um quilo de cada coisa e ela pegava e tia aàosà uilosàdaàsa olaàeàdiziaà u à uiloàdeàfeij o àeà ost a aàoàfu ,à u à uiloàdeàfa i ha ,àeà ost a aàoàaçú a ,à leo...àMasàissoàa uià não dá para um mês e olha que eu sou sozinha, imagina quem tem uma família e eu tenho isso de falar

60OsàPM sàe ol idosà oàassassi atoàdeàClaudiaà“il aàFe ei aàsegue àt a alha doà osàsegui tesà atalh es:à oà 3º (Méier), no 41º BPMs (Irajá) e no 9º BPM (Rocha Miranda). Estes dois últimos atuam na região de Acari. Ver: < http://extra.globo.com/casos-de-policia/pms-acusados-de-matar-arrastar-auxiliar-de-servicos-gerais-estao- soltos-trabalham-na-corporacao-13394524.html#ixzz3Gy9o63pE>. 61 Ver: <http://www.diariodocentrodomundo.com.br/quem-e-rafael-braga-vieira-o-unico-preso-por-crime- relacionado-a-protestos-no-brasil-ele-portava-pinho-sol/> 62 63 Ver: <http://jornalggn.com.br/noticia/justica-global-denuncia-a-onu-despejo-de-moradores-da-favela-da- telerj.>

sem parar, eu não consigo mesmo parar quando eu começo, acho que é parte da doença e também tenho um zumbido constante no ouvido, já fui no médico e não resolveu nada, já pensou você com um

tchu, tchu, tchu no ouvido, acho que é porque durante muito tempo eu ouvi fone com música muito

altaàe...àa uiàj à àI aj ?à É sim à- eu disse. Então ela saiu correndo com as bolsas e finalmente a mulher se tadaàe à eioàaà sàduasàdisseàalgo:à Ai meu Deus, ela vai cair de novo... .à

O discurso com que Maria nos brinda, proferido de um só fôlego, nos situa com relação a importantes acontecimentos locais e mundiais e reúne em si temas que poderiam – e deveriam – render longos tratados de sociologia e psicologia social contemporânea. Chamando agora por seus nomes, o que Maria desenvolveu em seu discurso, teríamos: a solidão urbana, o sofrimento, a impunidade que permite aos policiais continuar praticando atos de barbárie, a criminalização dos ativistas políticos, a militarização internacional (na época em que a encontrei no metrô, os ataques israelenses na Faixa de Gaza estavam no auge .àPo ,àoàpo toàaltoàdeàseuàdis u soà à ua do,àap sàaà a liseàdaà o ju tu aàpolíti a à – para usar um termo tradicional aos movimentos sociais – enfoca sua trajetória. Sua fala aparece também como que encarnada no próprio percurso no qual a encontrei. Onde ela demostra todo um saber circulatório, vinda do centro da cidade com suas sacolas de víveres, em direção ao bairro de Irajá (vizinho a Acari), narrando todas as diversas virações que exerce em forma de resistência às usurpações cotidianas que enfrenta esta camada da população carioca a qual ela pertence. (Fernandes, 2013; Telles, 2009). Chama atenção ainda a quantidade de instituições (prefeitura, justiça, igreja, assistência social, psiquiatria) com as quais trava contato nessa lida.

Assim, com Michel Foucault pensemos nesta história de Maria como emblemática aos modos de resistência à vida matável. Chama atenção a potência que Maria mostra na lida com as mais diferentes instituições que, ao mesmo tempo em que são instituições do iopode ,à s oà ta à ap op iadasà po à elaà e à suasà i aç es .à ássi ,à oà esta osà concebendo a resistência como uma exterioridade ao Estado, como a conquista de um local, mas como um campo de forças. Nas palavras de Foucault (2004):

A resistência vem em primeiro lugar, e ela permanece superior a todas as forças do processo, seu efeitoào igaàaà uda e àasà elaç esàdeàpode .àEuàpe soà ueàoàte oà esist ia à àaàpala aà aisà importante, a palavra-chave dessa dinâmica. (Foucault, 2004, p. 268)

Ao responder aos críticos que o acusavam de não deixar espaço para a resistência, dada a sua ênfase na capilaridade dos poderes, Foucault assume aqui uma perspectiva imanentista, que nos faz lembrar em muito o filósofo Espinosa. (Spinoza, 2010). Por que a

resistência é primeira? Porque, pensando agora com outro filósofo com o qual dialogamos – Nietzsche – não é, ou não deveria permanecer para sempre como reativa ao poder, sob o risco de tornar-se ressentida. A resistência seria inerente à própria vida, no sentido quase material, físico, de um corpo que mantém consistência própria ao compor-se às diferentes forças que o atravessam.

[manifestações]

Mas,àa tesàdeàdese a a osà aàestaç oà á a i à oà o te toàdeàlutasà aà idade,à retomarei ainda aqui algo sobre as manifestações que percorreram as ruas de diversas cidades brasileiras desde junho de 2013, desencadeando uma vasta pauta pelos direitos civis e reforma urbana/direito à cidade, iniciando-se pelo repúdio ao aumento das passagens encabeçado peloà Mo i e toà Passeà Li e.à N oà à s à pelosà à e ta os ,à foià o oà fi ouà conhecido o slogan.

Figuras 1 e 2. Intervenção artística feita durante os protestos contra o aumento das passagens em 2013

A pauta era claramente uma pauta que abrangia o direito à cidade, onde a questão do direito ao ir e vir por meio do transporte público é um item fundamental, somando-se a outros, tais como a resistência às remoções forçadas presentes no projeto de gentrificação e mercantilização das áreas centrais da cidade, antes dos megaeventos da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Neste sentido, acabaram por tornar-se reinvindicações performativas, no sentido de Butler (Butler, Rethinking Vulnerability and Resistance, 2014) em que o próprio direito de realizar um ato e tomar as ruas, já era em si uma conquista. Por

mais que abarcasse pautas diversas, o que estava em jogo era atuado de forma corporal: o direito de (re) existir e ocupar espaços públicos. Ainda segundo as ideias da filósofa engajada nas lutas das minorias, trata-se de uma forma de ativismo na qual o contato da vulnerabilidade com o poderio do aparato militar/securitário seria a própria essência da ação política, em modos de resistência extrajudiciais nos quais a exposição deliberada à violência policial seria uma forma performativa de luta contra a precariedade da vida sob o biopoder.64

Neste sentido, houve um turning point que ocorreu no auge das manifestações, com forte repressão policial. Em meio a toda a comoção dos protestos, onde muita gente então pôde sentir na própria pele a opressão (muito mais letal) exercida no cotidiano das favelas o oà diziaà u aà dasà fai asà aisà p ese tesà osà atos:à áà es aà polí iaà ueà ep i eà oà asfaltoà à aà ueà ataà asà fa elas ,à o o euà aà to tu aà eà oà desapa e i e toàdo corpo (por policiais da UPP – Unidade de Polícia Pacificadora) de um morador muito querido na favela da Rocinha, uma das maiores favelas urbanas da América do Sul, que fica na zona sul do Rio, no bairro de São Conrado. Era o pedreiro Amarildo de Souza, pai de seis filhos. Solidário, era conhecido pelo apelido de boi, devido a sua força física, que usava para ajudar moradores a subir e descer as íngremes encostas do morro, no caso de algum mal-estar – ou mesmo carregando materiais de construção para os barracos. (Brum, 2013). O desaparecimento de

64 Violência exercida por um enorme aparato repressivo – o oà aà t opaà deà ho ue,à a ala ia,à a ei es ,à

sprays de pimenta, gases lacrimogêneos, balas de borracha e até mesmo de armas letais – bem como a possibilidade de ir preso e ser fichado pela polícia. Neste sentido, foi criada por decreto do dia 19 de julho de 2013 (simbolicamente, um dia antes de completar um mês da gigantesca manifestação que tomou a Avenida Presidente Vargas no dia 20 de julho de 2013 e que ocorrera concomitantemente em várias cidades do Brasil), pelo então governador Sérgio Cabral, a CEIV (apelidada de seu DOI-CODI) – Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações. Tal decreto suspende uma série de direitos, em nome da segurança pública, como colocar as operadoras de telefonia e internet diretamente subjugadas à comissão, determinando a quebra de sigilo num prazo de 24 horas. Devido à enorme indignação gerada entre os ativistas e nos meios jurídicos, com a tomada de posição por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil, tal item relativo à quebra do sigilo foi retirado, mas a própria ideia de uma comissão com poderes próprios de investigação já é em si, claramente, um dispositivo de exceção. Nas vésperas da Copa do Mundo em 2014, vários ativistas foram p esosà p e e ti a e te à eà out osà ta tos,à olo adosà so à i estigaç oà eà fo agidos à aà ha adaà Ope aç oà Firewall, referência ao programa antivírus, por se tratar de uma investigaç oàligadaàaà delega iaàdeà ep ess oàaà i esà o t aà aà i fo ti a ,à i estiga doà asà e sage sà elet i asà eà p ati a doà aà es utaà telef i aà dosà ativistas. Ver: <http://www.viomundo.com.br/denuncias/sergio-cabral-o-policial-infiltrado-e-o-doi-codi- particular.html> E também: < http://oab-rj.jusbrasil.com.br/noticias/100626366/ceiv-nao-fara-quebra-mais-de- sigilo-mas-continua-inconstitucional> Sobre a Operação Firewall: <http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de- janeiro/2014-07-14/operacao-firewall-2-ativistas-sao-levados-a-gericino.html>. Sobre esta última matéria, vale

ita àaàdefesaàdoàad ogadoàdeàu aà dasàati istas:à Pa aà e ate àasàa usaç esàdaàpolí ia,àoàad ogadoàMa i oà D I a ah à e pli ouà ueà aà a aà deà fogoà ap ee didaà foià e o t adaà aà asaà deà u aà e o ,à deà à a os, e pe te eàaoàpaiàdela.à Foià e olhidoàu à e l e à elho,à o à egist oà e ido,à asà oà o eàdoàpaiàdela.àEsta aà guardado na gaveta dele, mas pegaram esse revólver e colocaram na conta da menina. Isso é totalmente kafkia o ,àdisseàoàad ogado .

á a ildoàte eà epe uss oài te a io alàeàoàg ito:à Cad àoàá a ildo? à eioàe t oàso a -se aos outros gritos que já ecoavam nas ruas, protestando contra a repressão, o racismo e a violência estatal exercida pelo aparato policial, como o slogan sem hipocrisia, essa polícia

mata pobre todo dia .àOàfatoà à ueàaàf aseà e à o oàaàfotoàdeàsuaàfa íliaàdes o soladaà

com a perda) se tornou uma febre – ou um viral, como se diz hoje em dia – espalhando-se com força total nas ruas e na internet, aglutinando o sentimento de revolta e tornando-se e le ti osàf e teàaosà ilha esàdeà o tosàeàdesapa e idosàdaà de o a ia .àà

Figura 3. Intervenção feita em papel moeda corrente/ Rio de Janeiro, 2º semestre de 2013.

De todos esses atos em que fomos para as ruas, talvez o mais emblemático seja o ato no dia da final da Copa do Mundo, na Praça Saens Pena, no bairro da Tijuca, na Zona Norte. Quiçá um dos que mais nos chame atenção com relação ao tema do presente estudo. Esta praça é bastante tradicional no bairro e nela fica uma estação de metrô. Foi o local mais próximo ao Maracanã, onde ocorreria a final, que os ativistas conseguiram atingir, dado o grande contingente do espetaculoso aparato repressivo. Confesso que devido ao medo desta força repressora desmedida, durante a Copa, inclusive com a divulgação de uma lista criminalizando diversos movimentos sociais, citados numa lista que relacionava uma série de páginas na internet, minha participação nas manifestações havia arrefecido. Acontece que,

ap sà p is oà p e e ti a à deà à ati istasà u à deà adaà e e pla à – professor, estudante, advogado...), não apenas eu, mas também outras pessoas do meu círculo de amizades sentiram-se moralmente impelidas a participarem do ato, a despeito do medo ao cerco policial.

A caminho, no metrô, encontrei uma amiga que estava visivelmente tensa, ela disse que fica muito nervosa porque tem sérios problemas respiratórios e por isso sente muito medo das bombas de gás. Ela, que também milita e pesquisa na área de direitos humanos, atuando em algumas favelas, dentre elas Acari, tinha ido buscar o megafone que o pessoal daàsuaào ga izaç oàha iaàes ue ido.àOàsloga :à áàfestaà osàest diosà oà aleàasàl g i asà asà fa elas à65 era exibido em uma grande faixa de pano, preta e resumia o motivo do protesto

no dia da final. Havia vários movimentos presentes no ato: Copa na Rua, Ato das Favelas, Rede Contra a Violência, FIP (Frente Independente Popular) e outros, como o pessoal da educação, da saúde pública e outras organizações ligadas aos direitos civis e das minorias,