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3. METODOLOGIA

3.1 Método de pesquisa

Por se tratar de um trabalho que envolve uma prática colaborativa, em que o pesquisador também faz parte do processo colaborativo, faz-se necessário se basear nos conceitos da Pesquisa Colaborativa, segundo Ibiapina (2008), visto que o trabalho comporá momentos de investigação, formação e produção de conhecimentos. Esse método de pesquisa compartilha de elementos da pesquisa- ação e pesquisa-participante. É oportuno destacar que para alguns autores existe diferença entre a pesquisa-ação e a pesquisa-participante. Thiollent (1947, p.7) afirmou que a primeira “(…) além da participação, supõe uma forma de ação planejada de caráter social, educacional, técnico ou outro, que nem sempre se

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encontram em propostas de pesquisa participante”, mas procedem de um mesmo padrão de alternativa de pesquisa. De toda forma, para ele, sendo pesquisa- participante ou pesquisa-ação, os procedimentos devem ser escolhidos com base em um diagnóstico de situação, em que os participantes tenham voz.

Ibiapina (2008) contextualiza o avanço da pesquisa-ação na educação afirmando que a expansão deste método de pesquisa na educação é um movimento crescente que vem ocorrendo em diferentes países e que vêm se destacando em quase todos eles, a preocupação por parte dos pesquisadores com a análise das práticas docentes conjugadas com intervenções que possam trazer melhorias para o trabalho do professor. Esse processo só é possível porque houve reflexões que puderam viabilizar condições para desconstruir as práticas de ensino tradicionais e inserindo aos poucos a ideia do professor mais como sujeito e parceiro de investigador do que como mero coadjuvante nesse processo.

Tal mudança proporcionou uma maior cooperação entre o pesquisador e o professor na tarefa de desenvolver práticas investigativas. Com isso, Ibiapina (2008) destaca que o professor e o pesquisador têm papel ativo na investigação, causando dessa forma, uma ruptura ao método racionalista de descrever e analisar a prática pedagógica, um processo que ela chama de prática emancipatória. Assim, a Pesquisa Colaborativa visa a atividade de coprodução de saberes e resolução de problemas entre docentes e pesquisadores e surgiu como alternativa a pesquisas de cunho emancipatório.

A prática de Pesquisa Colaborativa envolve pesquisadores e professores na produção de conhecimento e também no desenvolvimento interativo que ocorre nesse processo, pois o trabalho colaborativo permite que os dois profissionais produzam e compartilhem o conhecimento, os métodos, as ideias, os procedimentos e estratégias que resultam no desenvolvimento profissional. Por esse prisma, percebemos que está se falando em uma atividade de coprodução de conhecimentos e também uma formação entre pares, pois a atividade é colaborativa e solidária entre si, além de sempre objetivar a resolução de problemas que atingem a educação (IBIAPINA, 2008).Outro aspecto destacado pela autora é que essa abordagem busca levar em conta o contexto político, social de forma micro e macrossocial. Essa característica é relevante, pois viabiliza a reflexão crítica dos partícipes sobre a própria vida, pois eles passam a criar raciocínios que fazem a

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relação entre o que eles acreditam e o que é imposto. Dessa forma Pesquisa Colaborativa fica ainda mais interessante, pois o processo investigativo se torna mais ativo e com o envolvimento e participação de todos.

A autora mostra as vantagens desse tipo de pesquisa, ao explanar que no âmbito da Pesquisa Colaborativa é comum o entendimento de que os professores e pesquisadores, quando em interação, realizam teorias e conjecturas sobre suas práticas profissionais. Nesse momento, ocorre uma troca de ideias, crenças, valores que posteriormente serão conjuntamente refletidas e pensadas sob a ótica do projeto teórico do estudo proposto por eles.

O entrelaçamento dessas compreensões vai resultar na prática colaborativa da pesquisa executada por eles. Nesse processo, é imprescindível que cada um entenda sobre seu trabalho, pois se sabe que isso influencia nas escolhas realizadas pelos profissionais envolvidos no desenvolvimento da pesquisa (IBIAPINA, 2008). A observação acima ressalta a importância da consciência do professor de sala de aula na realização de suas atividades. Na proposta deste trabalho, essas características que compõe a Pesquisa Colaborativa serão buscadas, pois é interessante fazer com que a equipe de professores – de sala de aula e laboratório de informática – repensem suas práticas sempre no sentido de aprimorá-las. O envolvimento de toda a equipe pedagógica é um dos pontos discutidos entre os pesquisadores.

A possibilidade de maior aproximação entre os conhecimentos do professor de informática com os de sala de aula abrem muitas oportunidades para enriquecimento das práticas pedagógicas. Conhecer as TDIC e trazê-las como mais uma possibilidade de recurso para suporte de ensino é uma alternativa para o professor, até porque ele também nunca deve deixar de ser um pesquisador, pois sabe que precisa buscar as inovações e atualizações do seu conhecimento, e não apenas do conhecimento em si, mas também sobre as formas de ensinar e aprender.

O professor é o profissional que ensina não apenas as respostas, mas principalmente como chegar até elas. Essa mentalidade não pode se perder de vista, pois, segundo Freire (2002), é intrínseco à prática docente a indagação, a

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busca e a pesquisa, é preciso que o professor se perceba e assuma como pesquisador.

Aparentemente, há uma visão de que a tarefa de pesquisar se restringe a doutores ou profissionais de laboratórios ou até mesmo a um seleto grupo de pessoas com alto quociente intelectual (QI) e que recebem grandes investimentos para isso. É preciso desconstruir esse pensamento. Se há desejo e preocupação em se mudar a realidade de alunos que não conseguiram se apropriar de um determinado conceito matemático, então, não devemos parar de pesquisar sobre as formas de ensino que poderão auxiliar o aluno a encontrar a melhor forma de construção do seu conhecimento.

Para isso, o professor deve conhecer o seu cenário, o contexto social em nível micro e macro dos seus alunos, buscar ferramentas com as quais suscite neles a vontade de descobrir seus próprios caminhos de aprendizado. As formas de ensino e avaliação devem ser sempre passíveis de estudo, pois a Ciência está em constante evolução e o acesso ao conhecimento produzido está cada vez maior.

Atividades pedagógicas como o planejamento de aulas e atividades escolares; avaliação dos processos de ensino e de aprendizagem e seus resultados; registros de práticas escolares de caráter pedagógico e desenvolvimento de atividades de estudo são algumas das tarefas a serem realizadas pelo professor de informática e podem ser feitas conjuntamente com a equipe pedagógica em um processo de prática colaborativa.

Essa forma de trabalho confere maior valor e possibilidades de melhores resultados na prática pedagógica, pois todos passam a agir sobre o problema de forma solidária e não mais isolada. Ibiapina (2008) faz colocações sobre isso ao dizer que a tarefa de investigar colaborativamente significa envolvimento entre o pesquisador e o professor em um projeto comum que beneficie a realização da função escolar, o aprendizado do aluno e o desenvolvimento profissional do docente.

Esse processo abarca diferentes funções na tomada de decisão durante todas as fases de estudo, ou seja, no modelo, planejamento, estratégia e execução. As negociações de funções podem ser adaptáveis às necessidades da ocasião, o importante é sempre existir comunicação, colaboração e envolvimento de todos no

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estudo. Os trabalhos desenvolvidos nessa perspectiva levam em conta que os professores estão prontos para colaborar, descobrir coisas novas e possuem capacidade para transformar o seu meio de trabalho e com isso a sociedade na qual estão inseridos.

A escolha pela Pesquisa Colaborativa como referencial teórico- metodológico para o desenvolvimento da pesquisa e produção de dados se apropria bem ao objetivo do estudo. Além disso, os pensamentos, crenças e contribuições de todos os participantes e também o pesquisador, serão pontos levados em consideração na análise. A seguir serão explanados os procedimentos de pesquisa que influirão sobre a prática de pesquisar colaborativamente.