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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2 Análise do Planejamento Colaborativo

4.2.4 Quarto Encontro da Prática Colaborativa

Em nosso quarto encontro, realizado no dia 9 de novembro de 2018, a professora C trouxe o jogo de Dominó de Frações para que pudéssemos testar e discutir ideias na aplicação do plano de aula. A professora B trouxe ainda a ideia de um segundo plano de aula em seu notebook, no processador de texto MS Word, portanto, offline, que havia começado em sua casa e tinha como objetivo geral: i) Interpretar e compreender situações-problema sobre equivalências de frações.

Professora B: Nesse plano, os alunos poderiam criar os próprios problemas

sobre frações, baseados no OA Fração Legal que participaram anteriormente, utilizando os computadores, Word ou Power Point, cada grupo tentaria resolver o problema criado pelo outro grupo e apresentaria para a turma como resolveram. Isso os ajudaria no momento de construção das

82 ideias para criar os problemas matemáticos. Tenho experiência com essa atividade com aluno da minha outra escola.

Ao ser questionado pelo pesquisador do motivo da professora B não ter criado um novo plano de aula na plataforma OBAMA, a mesma alega que estava sem acesso à internet no momento em que resolveu escrever esse novo plano de aula, e para não deixar de nos mostrar sua ideia, resolveu escrever no editor de texto. Ficamos acertados de trabalharmos posteriormente nesse segundo plano de aula, após concluirmos a elaboração do primeiro plano. Após concordarmos, a professora B reforça:

Professora B: A gente não pode subestimar a capacidade dos nossos

alunos. Eles sempre nos surpreendem. É preciso que eles aprendam a construir as situações-problemas, pois isso facilita o aprendizado

matemático. É impressionante o desenvolvimento do aluno quando é

proposta uma aula diferente, onde ele participa ativamente da aula, que serve de estímulo para aprender.

A colocação da professora foi pertinente, reflete a importância de fazer com que o aluno seja sujeito ativo no processo de ensino e aprendizagem e demonstra uma concepção pedagógica construtivista (PIAGET, 1967) em sua fala. A ação da professora B demonstra a sua apropriação e ampliação dos elementos do TPACK, a partir da sua proposta de um segundo plano de aula. O compartilhamento de informação com os outros colaboradores promove consequentemente a construção desses conhecimentos.

Em seguida, vemos a iniciativa que a professora C teve, de trazer o jogo Dominó de Frações indicado por ela, mostra, novamente, o engajamento da professora com a prática de Pesquisa Colaborativa (IBIAPINA, 2008). O grupo de professores partiu para o teste do jogo analógico - Dominó de Frações - para examinar de que forma o jogo poderia auxiliar na aprendizagem. A proposta do grupo em incluir no plano de aula o jogo analógico, demonstra a construção de conhecimento tecnológico, visto que se está propondo ao plano de aula, o ensino de frações através da integração de diferentes tecnologias (digitais e analógicas).

Através da discussão dos colaboradores, foi possível perceber que o jogo Dominó de Frações permite tanto à associação de representação gráfica com representação gráfica, representação numérica com representação numérica e representação gráfica com representação numérica. Assim, os alunos estariam livres para analisar e decidir quais seriam as escolhas de suas jogadas.

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Sobre esse momento do grupo, foi observada uma construção do conhecimento pedagógico e conhecimento de conteúdo, pois o grupo se preocupou em experimentar a metodologia do jogo, antes de ser colocado em prática com os alunos em sala de aula. Os professores, ao refletirem sobre as formas diferentes de ensinar o conteúdo com abordagens construtivista (PIAGET, 1967) e sociointeracionista (VYGOTSKY, 1978), demonstraram que estão comprometidos com a busca por aulas com metodologias diferentes daquelas apenas expositivas.

No caso dessa proposta, damos ao aluno mais uma oportunidade de pensar sobre as noções básicas de fração de uma forma ativa, e durante essa prática, poderiam discutir soluções acerca do seu próprio aprendizado. O jogo proporciona a consolidação dos conceitos de uma maneira construtivista (PIAGET, 1967), porque os alunos precisam criar suas próprias estratégias para conseguir construir todas as equivalências do jogo, e sociointeracionista (VYGOTSKY, 1978), pois possibilita a interação e discussão dos alunos, e essa mediação possibilita o desenvolvimento do aprendizado.

Com isso, a metodologia da atividade ficou definida na seguinte proposta: Passo 1: A aula seria introduzida com o vídeo do Telecurso 2000 sobre frações, que mostra uma ideia contextualizada sobre o tema. Após o vídeo, preparar um momento de discussão com a turma sobre o vídeo assistido. O professor faria considerações acerca das ideias presentes no conteúdo do vídeo.

Passo 2: Os alunos construiriam os conceitos, por meio do OA "Fração Legal". Os grupos formados definiriam as frações equivalentes e testariam no OA, até que todas as equivalências tenham sido encontradas. No caso da nossa escola, que estava naquele período com problemas na conexão com a internet, foi optado pelos colaboradores da pesquisa, por trabalhar com a projeção do OA e executar a dinâmica junto aos alunos, utilizando a internet pessoal. Mediado pelo professor, o mesmo estimularia os alunos a solucionarem as equivalências das frações solicitadas, discutindo e refletindo ativamente entre aluno-aluno e aluno-professor, os resultados obtidos no OA, deixando que eles colaborassem entre si, para encontrarem as respostas.

Passo 3: organizaríamos grupos para jogar o jogo Dominó de frações. O jogo possui as regras do dominó, porém, para conseguir colocar as peças no jogo, é

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preciso que o valor da fração numérica seja equivalente ao valor da fração gráfica das peças do jogo.

A metodologia, que foi construída nesse encontro, mediante os problemas de infraestrutura da escola, como a falta de internet, precisou ter seu passo 2 adaptado. A ideia inicial era utilizar os computadores com os alunos em dupla, como não seria possível, os professores colaboradores sugeriram a ideia de desenvolver essa dinâmica como foi descrita no passo 2. Esse fato é relevante, pois o pensamento criativo, a decisão em conjunto, em se pensar em uma maneira pedagógica que consiga continuar atendendo aos objetivos específicos e geral do plano, demonstra mais uma vez a apropriação dos conhecimentos do TPACK para solucionar esse problema, dessa vez, a colaboração entre os professores colaboradores foi determinante para que conseguisse chegar na ideia descrita no passo 2.

Decidimos deixar para o próximo encontro o fechamento do primeiro plano de aula. Aproveitamos o momento restante para anexar no terceiro passo descrito na Plataforma OBAMA do plano de aula, o Objeto de Aprendizagem Fração Legal. Nesse momento da construção da metodologia, ocorre o seguinte questionamento:

Professora B: Dá pra colocar nessa parte também anexado o vídeo do

Telecurso? Já que o vídeo também é um OA? Ficaria mais organizado.

Pesquisador: É interessante, mas no momento só dá para adicionar os OAs

que estavam no banco de dados do OBAMA.

Professor E: E não há problema nenhum em se utilizar mais de um OA por

plano de aula, né? Eles já foram pensados por nós para trabalhar se complementando.

Pesquisador: Exatamente, lembrem-se que o OA são como tijolos, podemos

ir juntando os tijolinhos, combinando-os, com a finalidade de atingirmos os objetivos que discutimos para esse nosso plano de aula, por exemplo.

Como podemos notar, a professora B demonstrou ter compreendido e se apropriado do conceito de um OA, ou seja, após esses encontros, tanto a apropriação da plataforma ficou mais familiar para ela, quanto à apropriação do conceito de um OA. Afinal, a professora identifica um vídeo também como um OA, ao sugerir que esse vídeo também fosse anexado ao plano de aula elaborado na plataforma OBAMA.

Outro ponto interessante é o fato de o Professor E compreender que é possível utilizar e combinar mais de um OA em um mesmo plano de aula. Assim

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como explicado pelo pesquisador, Willey (2008) descreve que os OAs, metaforicamente falando, são como o tijolo e a argamassa, onde o tijolo (OA) pode ser recombinado através da argamassa (adaptação do professor) com outro tijolo, criando um novo OA.

Essas concepções explicitadas nas falas dos professores a respeito de OA demonstram o avanço do conhecimento de tecnológico pedagógico de conteúdo (TPACK) acerca desses recursos. Nesse encontro, os professores antes de tudo, demonstraram compreender o conceito de um OA, quando nas entrevistas, não sabiam nem ao menos o que significava um OA. Não só isso, os professores conseguem agora, perceber os conteúdos de um OA, e pensar em como utiliza-lo pedagogicamente. Essa apropriação de conhecimento, que não é trivial, mostra o avanço de todos os professores no desenvolvimento e relacionamento do TPACK.

Assim como o trabalho de Melo e Carvalho (2013), que retrata a aplicação de softwares livres (Geogebra, Gcompris, Tuxpaint, Gsuite) na aprendizagem dos alunos e professores possibilitou o trabalho colaborativo e construção do conhecimento dos envolvidos, a pesquisa colaborativa dessa pesquisa, vem demonstrando cada vez mais a apropriação de novos conhecimentos do TPACK como também o engajamento e colaboração dos professores colaboradores com a prática colaborativa.

Terminado o quarto encontro, ficou acertado da finalização do plano de aula acontecer no quinto encontro, e consequentemente, se definiria o dia da aplicação da aula.