• Nenhum resultado encontrado

MÉTODO E TIPO DE PESQUISA

Após definir o objetivo da pesquisa, optou-se pela modalidade da pesquisa de abordagem qualitativa para o desenvolvimento do estudo. A seguir, destacam-se os princípios que fundamentaram a opção por essa abordagem investigativa.

A pesquisa qualitativa foi introduzida durante o século 20, progressivamente, pelas Ciências Sociais e Humanas, em paralelo ao desenvolvimento da filosofia da ciência, com um enfoque de pesquisa associado fundamentalmente à perspectiva epistemológica e teórica de cunho interpretativo e também sociocrítico (ESTEBAN, 2010).

Pelos seus diversos usos e significados ao longo da história e por sua concepção com enfoque em diversas disciplinas, a pesquisa qualitativa não apresenta uma definição exata, exclusiva e única. Como prevê Moreira e Caleffe (2006, p. 73) a pesquisa qualitativa “é a que explora as características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente”. Assim, identificar as suas características pode ser uma tentativa de aproximar-se de uma definição para que a pesquisa possa ser enquadrada, conforme a natureza dos dados, como qualitativa (ESTEBAN, 2010).

Strauss e Corbin (1990 apud ESTEBAN, 2010, p.124) assim entendem o caráter da pesquisa qualitativa: “qualquer tipo de pesquisa que gera resultados que não foram alcançados por procedimentos estatísticos ou outro tipo de quantificação. [...] Alguns dos dados podem ser quantificados, porém, a análise em si mesma é qualitativa”.

A pesquisa qualitativa em educação ganha destaque no trabalho de Bartolomé, intitulado “Pesquisa qualitativa em educação: compreender ou transformar?”, no qual se estabelece que:

Se pretende romper com a exclusividade outorgada à dualidade pesquisa qualitativa-

compreensão, e se apresenta, além de uma ampla gama de perspectivas

paradigmáticas, que a compreensão (pesquisa etnográfica, pesquisa avaliativa…) pode avançar no caminho da transformação e que os métodos tradicionalmente associados ao ‘paradigma sociocrítico’ também englobam-se sob o amplo guarda- chuva da ‘pesquisa qualitativa’ (STRAUSS; CORBIN1992 apud ESTEBAN, 2010, p. 124).

Esteban (2010, p. 127) considera que a pesquisa qualitativa está “orientada à compreensão em profundidade de fenômenos educativos e sociais, à transformação de práticas e cenários socioeducativos, à tomada de decisões e também ao descobrimento e desenvolvimento de um corpo organizado de conhecimentos.”

Em relação às características da pesquisa qualitativa, cabe destacar que existem especificações particulares relacionadas às suas concepções ou métodos de investigação. Os estudos qualitativos têm como característica muito importante, segundo Esteban (2010, p. 129), “sua atenção ao contexto”. Ainda de acordo com o autor, “a experiência humana se perfila e tem lugar em contextos particulares, de maneira que os acontecimentos e fenômenos não podem ser compreendidos adequadamente se são separados daqueles” (ESTEBAN, 2010, p. 129).

Ao lado da importância da observação do contexto, nos estudos qualitativos a presença do pesquisador é importante. “Essa questão envolve uma formação específica do pesquisador, em nível teórico e metodológico, para abordar questões de sensibilidade e percepção” (ESTEBAN, 2010. p. 129).

Além dessa presença, a pesquisa qualitativa apresenta o caráter interpretativo. [...] “o pesquisador pretende que as pessoas estudadas falem por si mesmas; deseja aproximar-se de sua experiência particular, dos significados e da visão do mundo que possuem [...]” (EISNEIR, 1998 apud ESTEBAN, 2010, p. 124).

Uma vez definido o método, deve-se descrever o tipo de pesquisa, as técnicas e instrumentos de levantamento de dados e os parâmetros de análise utilizados.

O tipo de pesquisa adotado aqui é o estudo de caso. O estudo de caso tem origem por volta do século 19 e início dos 20, com Fréderic Le Play e Bronislaw Malinowski e membros da Escola de Chicago. Nesse tipo de estudo, o propósito maior era dar ênfase aos atributos da vida social (ANDRÉ, 2005). Numa mesma linha de raciocínio quanto ao estudo

de caso, Dias e Silva (2010, p. 47) destaca que “pode ser usado para descrever uma unidade específica de análise (o estudo de uma organização) ou um método da pesquisa”.

No estudo de caso se observa uma maior flexibilidade e frequência em relação às etapas de seu planejamento, podendo uma etapa interferir na seguinte. Porém, mesmo com essa flexibilidade, ele não é um método específico, mas uma forma particular de estudo (ANDRÉ, 2005). É um tipo de modalidade muito presente nos meios acadêmicos, especialmente no campo das ciências biomédicas e sociais (GIL, 2010).

A utilização do estudo de caso parte de uma metodologia monotética, mas, quando o enfoque for qualitativo,dá ênfase à indagação, à particularidade dos detalhes, a sua forma sistemática e profundidade de conhecer o objeto de estudo. Parte de uma forma complexa a uma particularidade, com propósito de compreendê-lo (ESTEBAN, 2010).

Nesse sentido, o estudo de caso, segundo Gil (2010, p. 37), “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos.”

A dimensão que esse processo adquire na sua complexidade não provém da técnica utilizada no estudo de caso, mas sim, do conhecimento derivado desse objeto de análise. Tais técnicas de coleta de dados podem ser, por exemplo: observação, entrevista, análise de documentos, gravações, anotações de campo entre outras. Tais técnicas não definem o método, mas sim o conhecimento que delas resulta (ANDRÉ, 2005).

Por essas particularidades específicas, Gil (2010) considera que esse tipo de pesquisa passou a ter sua importância reconhecida nas áreas sociais pelo fato de investigar fenômenos contemporâneos dentro de realidade social real em que o binômio fenômeno- contexto corre o risco de não ser percebido.

Cabe aqui destacar as quatro características que são essenciais num estudo de caso qualitativo: particularidade, decisão, heurística e indução. Daremos ênfase à particularidade por entendermos estar mais próximo do nosso objeto de estudo. Por isso, os demais tipos não serão aqui mencionados. Em relação à particularidade como característica, podemos mencionar que ela evidencia um fenômeno particular. “O caso em si tem importância, seja pelo que revela sobre o fenômeno, seja pelo que representa. É, pois, um tipo de estudo de caso adequado para investigar problemas práticos, questões que emergem do dia-a-dia” (ANDRÉ, 2005, p.17-18).

Nesse sentido, vale apontar algumas considerações que passam a ser favoráveis no estudo de caso, sendo elas:

a) Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) Preservar o caráter unitário do objeto estudado;

c) Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;

d) Formular hipóteses ou desenvolver teorias;

e) Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (GIL, 2010, p. 37).

A discussão acima exposta justifica a escolha do estudo de caso para esta pesquisa acadêmica. No entanto, André (2005) aponta que diferentes orientações metodológicas podem ocorrer conforme os interesses em discussões. A autora se reporta aos estudos de Stake (1995 apud ANDRÉ, 2005, p. 19) em que há três tipos de estudo de caso. Nesse caso específico, mencionamos o estudo de caso intrínseco, quando se demonstra o interesse em um caso particular. Por exemplo, é específico para este estudo analisar as tendências pedagógicas nas práticas educacionais dos professores de Ciências da 20ª Gerência de Educação de Tubarão (GERED).

Nesse sentido, o estudo de caso vem compreender o contexto escolar vivenciado pelos professores quanto a aspectos relacionados ao seu fazer profissional, ou seja, suas dificuldades, limitações, avanços e percepções em relação às tendências pedagógicas e o desenvolvimento de estratégias que possam enriquecer o seu fazer pedagógico (GIL, 2010).

Pela abrangência do tema, o estudo também valer-se-á da pesquisa exploratória e descritiva. A descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Há, porém, pesquisas que, embora definidas como descritivas com base em seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema, o que as aproxima da pesquisa exploratória, que, conforme Medeiros (2010, p. 30), “estabelece[m] critérios, métodos e técnicas para a elaboração de uma pesquisa e visa[m] oferecer informações sobre o objeto da pesquisa e orientar a formulação de hipóteses”. É essa fase que compreende a fase de delineamento do objeto de estudo.

Conforme foi mencionado, a fase exploratória é de grande importância para a pesquisa, pois ela é, de acordo com André (2005 p. 48), o momento para “definir a(s)

unidades(s) de análise – o caso – confirmar, ou não, as questões iniciais, estabelecer os contatos iniciais para a entrada em campo, localizar os participantes e estabelecer mais precisamente os procedimentos e instrumentos de coleta de dados”.