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O PROCESSO DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

Para a realização da pesquisa de campo, é necessária a definição de um instrumento de coleta de dados. De acordo Rauen (2002, p. 124), “conforme a espécie de informação há uma série de instrumentos à disposição do pesquisador, além de diversos modos de operacionalização desses instrumentos”.

O autor destaca que:

Os instrumentos de coleta de dados têm duas funções básicas: demonstrar a presença ou ausência de um fenômeno e capacitar a quantificação e/ou qualificação dos fenômenos presentes. Um instrumento de coleta deve ser capaz de nos fornecer uma mensuração da realidade (RAUEN, 2002, p.124).

Na presente pesquisa também foi utilizada como, instrumento de coleta de dados, a entrevista semiestruturada (APÊNDICE E). A entrevista é uma ferramenta muito usada nas pesquisas nas Ciências Sociais e na pesquisa educacional. Ela permite a interação entre pesquisador(a) e entrevistado(a) e a obtenção de detalhes sobre o que se está pesquisando para a coleta de dados realizada diretamente pelo pesquisador ou por equipe de pesquisadores, com envolvimento ou não com a pesquisa a respeito do tema a ser estudado (MOREIRA e CALEFFE, 2006).

Para Moreira e Caleffe (2006) as entrevistas podem ser de três tipos específicos: a estruturada, não estruturada e a semiestruturada. Nesta pesquisa, adotamos a modalidade semiestruturada, em que, segundo Moreira e Caleffe (2006, p. 169), “se parte de um protocolo que inclui temas a serem discutidos na entrevista, mas eles não são introduzidos da mesma maneira, na mesma ordem, nem se espera que os entrevistados sejam limitados nas suas respostas e nem que respondam a tudo da mesma maneira’’. Neste tipo de pesquisa, o entrevistado desenvolve as perguntas do modo que achar melhor.

A entrevista temática, por partir de um assunto específico ou pré-estabelecido, compromete-se com o esclarecimento ou opinião sobre experiências, evento definido ou processos específicos vividos ou testemunhados pelo entrevistado (MEIHY, 1996). A objetividade, então, é mais direta e detalhes da história pessoal do narrador só interessam na medida em que revelam aspectos úteis à informação temática central (MEIHY, 1996.). A entrevista temática é, portanto, o tipo de abordagem empregada neste estudo.

Nesse caso, uma das vantagens dessa modalidade de pesquisa está como sugere Moreira e Caleffe (2006), em haver certo controle do entrevistador sobre a entrevista. Outro ponto a ser considerado é a “oportunidade para esclarecer qualquer tipo de resposta quando for necessária, é mais fácil de ser analisada do que a não estruturada, mas não tão fácil quanto à entrevista estruturada” (MOREIRA; CALEFFE, 2006, p. 169).

Para a coleta dos dados, foi utilizado gravador modelo MOX – MO/51G e posterior transcrição para a construção do documento oral. De acordo com Queiroz (1983), a riqueza de dados da gravação das entrevistas se encontra em, além de colher aquilo que se encontra explícito no discurso do informante, abrir as portas para o implícito.

Para o processo de transcrição foram utilizados os procedimentos descritos por Thompson (1992) e Alberti (2005). Optou-se pela transcrição integral do material gravado, pois, conforme evidencia Thompson (1992, p. 293), “[...] não existe nada que substitua uma transcrição completa”.

De acordo com Alberti (2005), para transcrever a entrevista se deve ouvir a gravação por trechos repetindo inúmeras vezes de forma a se familiarizar com a fala do entrevistado e de seu discurso, fazendo assim a construção das frases e transcrevendo-as.

Sobre o processo de transcrição, ainda se pode enfatizar que:

O conceito de transcrição é uma mutação,”ação transformada, ação recriada” de uma coisa em outra, de algo que, sendo de um estado da natureza, se torna outro. A beleza da palavra composta por “trans” e “criação” sugere a sabedoria que ativa o sentido íntimo do ato de transcriar. Fala-se geração, mas não de cópia ou reprodução. Nem de paródia ou imitação. [...] a palavra também varia na forma oral para o escrito. É assim que se justificam as variantes de mesma fonte, a palavra, que ao perder sua condição etérea ganha dimensões plásticas, viram letras grafadas (MEIHY; HOLANDA, 2007, p. 133).

Pela complexidade da transcrição, as autoras ainda nos chamam a atenção para o fato de que “a passagem do oral para o escrito compreende antes de tudo um bom entendimento do que foi falado; outra etapa, a passagem para o escrito sem perder de vista o referencial guardado, seja nas formas de construção de frases ou no universo vocabular” (MEIHY; HOLANDA, 2007, p. 135). Por isso, o registro deve ser fidedigno, pois podem ocorrer, erros, vícios de linguagem, expressões populares ou figuram de linguagem.

Dessa forma, a transcrição literal garante, na redação do texto final, a textualização, que nada mais é do que o texto escrito a partir da entrevista, o que garante a

qualidade do texto documental a ser analisado. Assim, devem-se eliminar as perguntas do entrevistador. No entanto, conforme citam Meihy e Holanda (2007, p. 155), “a textualização deve ser uma narrativa clara, onde foram suprimidas as perguntas do entrevistador; o texto deve ser ‘limpo’, ‘enxuto’ e ‘coerente’, [...] (o que não quer dizer que as ideias apresentadas pelo entrevistador sejam coerentes); [...]’’.

A transcrição da entrevista desta pesquisa foi manuscrita e depois digitada. Após o término da transcrição, ouviu-se a mesma na íntegra, fazendo as devidas correções, acrescentando-se o que foi omitido na primeira transcrição e aparando as distorções referentes à escuta.

Depois de terminada a fase de transcrição optou-se por separar os conteúdos abordados na entrevista em três dimensões que permitissem uma melhor organização e análise dos dados. Optou-se pelas seguintes dimensões:

a) Perfil da professora, aspectos do seu trabalho e as tendências pedagógicas; b) Recursos didáticos e as tendências pedagógicas;

c) Limites de compreensão, entendimento e conhecimento das tendências pedagógicas.

Segue-se um breve detalhamento das dimensões propostas anteriormente como forma de esclarecer melhor os aspectos sobre cada uma delas. Na primeira dimensão, perfil do professor, aspectos do seu trabalho e as tendências pedagógicas considerou-se, importante analisar o perfil docente, quanto aos aspectos relativos, idade, tempo de serviço, sua formação acadêmica, como forma de ter elementos que pudessem contribuir com a análise. O planejamento das aulas, a sistematização do conteúdo, registro das informações que compõem o cotidiano da sala de aula, passam a ser objeto dessa análise. Assim como o conhecimento das tendências pedagógicas conhecidas durante sua carreira profissional e em sua formação acadêmica.

Em relação à segunda dimensão, teve como aspecto abordar os materiais didáticos utilizados pelo professor na sua atividade de docência e de que forma estão relacionadas com as tendências pedagógicas adotadas pelo professor. Abordar esses aspectos torna-se fundamental para que se obtenham elementos suficientes que subsidiem a análise das tendências pedagógicas adotadas. Investigou-se os recursos mais utilizados em aula para abordar os conteúdos.

Na terceira dimensão, foram considerados os aspectos relacionados ao entendimento e ao conhecimento, pela professora, das tendências pedagógicas no contexto da educação brasileira. Investigou-se também, as limitações docentes relacionadas aos aspectos relativos à atuação docente na execução das aulas. O processo de formação continuada também foi objeto de análise, de forma a fornecer elementos para a discussão a respeito do entendimento dos pressupostos que subsidiam as tendências presentes atualmente.

Expostos assim, a dimensões descritas apresentam uma relação importante quando se relacionam com as tendências pedagógicas. Por isso, apresentamos no próximo capítulo, uma melhor discussão sobre as principais tendências pedagógicas presentes no Brasil, que participaram do nosso contexto educacional, seus pressupostos, sua dinâmica no contexto escolar e suas contribuições.

4 A PROFESSORA E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Neste capítulo apresenta-se uma análise dos dados obtidos na entrevista com a professora, cujo objetivo é compreender quais as tendências pedagógicas sustentam a prática docente a partir da análise de elementos, tais como, planejamento, dinâmica das aulas, ação docente e recursos didáticos, incorporados à prática docente no cotidiano escolar que venham corroborar com a prática adotada pelos professores, verificando se existe uma compreensão real das tendências e qual(is) norteia(m) seu trabalho docente. A transcrição desses dados foi feita na íntegra e entremeada por questões do pesquisador17, tensionado pela necessidade de esclarecimentos.

4.1 PERFIL DA PROFESSORA, ASPECTOS DO SEU TRABALHO E AS