• Nenhum resultado encontrado

RECURSOS DIDÁTICOS E AS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS

Num outro momento, quando indagada sobre o uso de recursos didáticos nas suas aulas e os motivos que justificam o seu uso, a professora responde:

[...] Aí tem dia preparo tipo um... Trabalhei fungos. Fiz um dominó com eles, um jogo. Tinha o primeiro, o segundo e o terceiro lugar... Eles estudaram. Aí a gente, primeiro a gente viu todo conteúdo, atividades, corrigimos. Depois eu deixei umas perguntas pra eles sobre o que ia fazer o bingo daquelas perguntas. Eles estudaram em casa. A gente corrigiu e tal. Depois fizemos o bingo com eles assim. Foi satisfatório... Depois fiz prova e o resultado da avaliação foi muito bom, de 9,0, 9,5, 8,0, um ou outro. Tudo notão...

Observa-se que o uso de recursos didáticos está presente na sua prática. Nesse caso, o uso do jogo de dominó foi uma forma de complementar o conteúdo proposto. O jogo como forma lúdica apresenta suas vantagens nos meios educacionais.

As razões que motivam o uso dessa técnica consistem na assimilação do conteúdo trabalhado com o aluno durante as aulas. De acordo com Zóboli (2007, p. 19), fixar a aprendizagem “é assimilar, pois só haverá aprendizagem se o aluno assimila o que lhe é ensinado, isto é, quando ele incorpora os conhecimentos novos ao seu, à sua personalidade”.

Nesse sentido, existem algumas técnicas para a fixação de conteúdos, dentre as quais destacam-se: exercícios e tarefas, estudo dirigido, caderno dirigido, recapitulação periódica, recapitulação diária, uso de jogos pedagógicos, uso de fichas com exercícios para trabalho independente, solução de problemas, atividades manuais e pesquisas (ZÓBOLI, 2007).

Faremos aqui alguns comentários acerca de técnicas identificadas na fala da professora que julgamos conveniente. Identificamos o uso de exercícios e tarefas propostas pelo livro didático, que são consideradas necessárias à assimilação do conteúdo. Esses segundo Zóboli (2007) não devem ser muito longos e nem muito complexos, e muito menos fáceis demais. Devem ser interessantes e objetivos. Num segundo momento, observa-se o uso de fichas de exercícios, como no caso das atividades sobre fungos e de trabalhos independentes reforçam a atividade, feitos em casa ou na sala de informática.

Nesse caso, tais atividades são coerentes e cumprem seu papel nesse contexto, havendo evidência de que tendem a contribuir de certa forma, para o conhecimento dos alunos.

Os recursos didáticos são muito importantes. Na concepção de Correia (2006, p. 36), os recursos didáticos são definidos “como aqueles que podem ser usados para o estabelecimento das condições necessárias à veiculação das mensagens instrucionais, educadoras, formadoras, portadoras do saber”. O material didático pode ser definido amplamente como produtos pedagógicos utilizados na educação e, especificamente, como material instrucional que se elabora com finalidade didática (BANDEIRA, 2009, p. 14).

Mesmo assim, cabe ressaltar que esses recursos tem a função de apoio, contribuindo com esse processo e, dessa maneira, não podem ser utilizados de qualquer maneira, o que pode resultar num processo inverso, ou seja, produzir o comprometimento dessa relação, de contribuir para a transmissão do conteúdo escolar previsto (BANDEIRA, 2009).

Agora, quando esses recursos são utilizados de forma correta, bem preparados e empregados, podem contribuir para o processo de ensinar, tornando-o mais atrativo, estimulante e criativo. O planejamento é um ponto importante para que esse propósito seja atingido, pois depende de como os recursos serão escolhidos e planejados (CORREIA, 2006).

Resta ainda ressaltar que não é qualquer recurso didático que pode servir a qualquer conteúdo. Ele deve estar em sintonia com as características do conteúdo programático, alinhado com seus objetivos gerais e específicos, que devem, necessariamente, estar previstos, anteriormente, no planejamento da aula. O uso de tais recursos deve pôr êxito na prática pedagógica pela qualidade do meio ou instrumento empregado para executá-la. Por isso, os recursos didáticos devem ser bem escolhidos (CORREIA, 2006).

Quando não existe essa sintonia, seja ela gerada, por desconhecimento, por falta de planejamento; pelo não conhecimento do assunto a ser tratado; falha nos processos de formação didática por razões diversas; uso de modismos do momento, há consequências ao processo pedagógico. Em relação a isso Correia (2006, p. 37) esclarece que “o desejável é escolher o recurso didático, não porque está na moda, ou por outro motivo, mas que atenda a finalidade didático-pedagógica do curso’’.

Convém destacar que os recursos didáticos fornecem certa concretude ou abstração de certo conteúdo. Nesse sentido, quanto mais abstrato o objeto, menor será a capacidade de abstração do conteúdo a ser compreendido. Do contrário, quanto mais concreto for, maior será o entendimento do conteúdo proposto, atingindo maior entendimento do mesmo (CORREIA, 2006).

Essa concretude ou abstração não pode cair em uma simplificação do científico e muito menos execer um caráter simplista. Nesse sentido, adverte-se:

Assim é pelo fato de que mais abstração aumenta a complexidade da mensagem, ao passo que maior concretude simplifica-a. Considerando essas características, o recurso escolhido pode ser aquele que aproxima mais o treinamento do conteúdo e da prática, para que a aprendizagem possa ser mais significativa e conseqüente. Não se trata de esquecer a teoria. Trata-se de simplificar conteúdos, sem empobrecê-los ou vulgarizá-los inadvertidamente, mas de usar o recurso mais apropriado para que a compreensão dos mesmos seja facilitada (CORREIA, 2006, p. 66).

A escolha de recursos como conjunto de textos e imagens com finalidades educativas, deve atender a esses requisitos minímos e desejáveis, de maneira a atingir as finalidades didático-pedagógicas do curso, da disciplina e do conteúdo. Dessa forma, o conteúdo deve estar em sintonia com o recurso didático. Essa harmonia estabelece uma organização nos procedimentos ou ações pedagógicas que são realizadas.

Embora existam outros tipos de recursos didáticos, destacamos aqui os que são pontuados com maior frequência pela professora e que são considerados por ela como importantes para a transmissão do conteúdo.

Às vezes eu uso o data show, às vezes eu uso laboratório de informática, mas e mais é lá na sala. Às vezes eu vou explicar as folhas. Eu trago algumas folhas para eles verem – assim concreto.

[Pesquisador: Recursos então que você utiliza?] Vídeos, data show, algumas vezes,

retroprojetor é muito pouco, e laboratório informática. Temos os laptops também né que a gente tem laptop [...].

No sentido de esclarecer sobre o uso de tais recursos, é necessário que esse professor (e não somente ele) tenha acesso a informações necessárias sobre os mesmos, bem

como formação continuada, abordando esses aspectos e possivelmente acesso à literatura mais atualizada a respeito do tema.

Nesse sentido, conhecer as ferramentas com que se trabalhará é um dos primeiros passos para se obterem resultados positivos. Primeiramente consideraremos o uso das mídias, nesse caso, o data show, o vídeo e o laboratório de informática.

Definimos a mídia como sendo “meios de comunicação ou canal, que identifica o recurso pelo qual a informação foi transmitida” (BANDEIRA, 2009, p. 21). As novas mídias são encaradas como preciosas ferramentas na área da educação, até porque nossos alunos estão bem engajados em sua grande maioria, quando o tema se refere ao uso, manuseio e operacionalização dos recursos midiáticos. A incorporação dessas mídias no contexto escolar pode colaborar com a difusão do conhecimento.

As mídias são entendidas como as tecnologias de informação e comunicação, as TIC, que assumem funções de produção, armazenamento, distribuição e entretenimento, associadas ao uso da rede e de computadores, como a Internet, como enfatiza Bandeira (2009). Para dar reforço às mídias, recorremos às multimídias (CD, CD-ROM e DVD), que são definidas por Bandeira (2009, p. 21) como “um conjunto de meios utilizados de forma linear para a comunicação de um conteúdo, produto baseado em computador, que permite a integração de gráficos, animações, vídeos, áudio etc.”.

Dessa forma, é cada vez mais comum nas práticas escolares, a utilização desses recursos pela facilidade com que permite compreender certos mecanismos científicos ou biológicos, quando permitem visualizar em 3D, interagir; o movimento de imagens, imitando o real, o que permite compreender e facilitar o aprendizado.

A utilização de recursos de mídia já pode ser vista como um recurso necessário no auxílio da aprendizagem e não mais como algo opcional. Os audiovisuais levam os alunos ao fascínio, desenvolvendo neles expectativas relevantes quanto à aula. Nesse sentido, de acordo com Moran (1995), “o jovem lê o que pode visualizar, precisa ver para compreender, fazendo da imagem um recurso fundamental a aprendizagem”.

Contudo, essa não pode ser tomada/vista como uma questão central do processo educativo, mas sim como auxílio, suporte. Nessa direção:

A inserção do recurso tecnológico na escola não é garantia de uma transformação efetiva e qualitativa nas práticas pedagógicas, mas pode provocar profundas

transformações na realidade social, desde que seu uso seja adequado com uma prática que propicie a construção de conhecimento e não a sua mera transmissão (PARANÁ, 2011).

A multimídia é um recurso pedagógico largamente difundido após a revolução da informática na década de 1990, e é a integração no computador de vários meios de informação, tais como: sons, gráficos, desenhos, fotos, vídeos e textos. A escola, por estar inserida numa sociedade em constante evolução tecnológica, possui o mesmo desafio de lidar e incorporar mudanças estruturais nas formas de ensinar e apreender possibilitadas pela atualidade tecnológica.

A professora explica suas razões para o uso dos recursos de multimídia, conforme descreve:

Usar para fazer uma aula diferente. Porque isso também estimula. É, por exemplo, quando vou trabalhar gráfico, algumas coisas facilitam. Eles visualizam melhor.

Fui trabalhar a provinha Brasil18, trabalhei no data show. Usei data show. Preparei

ali e trabalhei data show com eles. Fiz ali com eles, já tem o quadro. Qualquer coisa tu já usa por ali mesmo. Depois foi feito aquele simulado. Se saíram bem, grande maioria se saiu bem [...].

Em relação às vantagens do vídeo, ela destaca:

Ele visualiza tudo né? Em conhecimento que eles passam... Eu gosto, gosto bastante. Eles aprendem melhor. Tu já deu a teoria lá, como se fosse prática. Visualizam e vêem como realmente acontece.

Pelo excerto acima, percebe-se que o uso está relacionado à cobrança externa, a avaliação, os resultados.

18 Os instrumentos de avaliação nacional em curso na política educacional brasileira visam diagnosticar, em larga

escala, por meio de testes padronizados e questionários socioeconômicos a qualidade do ensino oferecido no sistema Brasileiro. Amparado em Lei, pelo artigo 9º da LDB/1996 que estabelece e compete a União assegurar o processo de avaliação do rendimento escolar e consequentemente propor melhorias. Desde 1994 o governo federal dispõe dos seguintes mecanismos: Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCEJA), Prova Brasil (2005), Provinha Brasil (2007), Índice de desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente ( 2010) (LIBÂNEO, 2012).

Sendo assim, não entendemos que as tecnologias revolucionarão o ensino ou, de modo geral, a educação, mas sim, que serve como uma mediação entre professor e aluno em relação às informações, ao conhecimento propriamente dito.

Rotineiramente ao entrarmos em uma sala de aula deparamo-nos com alunos usando celular, escutando músicas, baixando jogos eletrônicos, imagens do youtube entre outros. Neste caso, podemos constatar a presença da imagem e do som como elementos importantes. A questão é agregá-los às aulas de modo a servirem como contribuições para aquisição do conhecimento científico.

Esses recursos audiovisuais podem ser excelentes ferramentas de ensino. Cabe ao professor escolhê-los de forma a subsidiar suas aulas.

Sobre esse aspecto, constatamos que a professora, ao planejar suas aulas,traz os objetivos delineados e atrelados à questões de avaliação e registro. Esses aspectos são evidenciados quando comenta sobre os procedimentos que adota, quando utiliza tais recursos em suas aulas, conforme segue:

Gosto também de uma coisa diferente, às vezes vídeo. Também eu uso, sobre determinado assunto. É aí que a gente sabe às vezes troca experiência com colegas, também. Há aquele que dá para usar em determinado conteúdo, daí tu assisti realmente tu prepara algumas perguntas sobre o filme depois eles relatam, te respondem. [Pesquisador: Você cobra/exige deles quando passa filme? Cobro, cobro. Faço perguntinhas, depois entregam. Eles respondem. Aham. Sem nada solto. Não é para matar aula. Já, tem que estar prestando atenção porque tem cobrança depois [...].

Observa-se que não parece haver uma relação dialógica no uso desse recurso, mas diretiva na avaliação. Ela usa o vídeo como recurso didático e, por isso, tem relação com o conteúdo que está trabalhando. Logo, possui um roteiro de questões para responder e pode contribuir para sistematizar o conhecimento do aluno sobre o assunto em questão. No entanto, atrelar o roteiro a mais uma “nota”, pode levar o aluno a fazê-lo para obter a nota e não pelo processo de construção do conhecimento. Assim, corre-se o risco de o aluno querer fazer somente quando for atribuído notas a essas atividades.

A professora é ciente das limitações de tais recursos, fazendo uso de outros quando necessários. “[...] É. Toda aula não dá para usar lá, matemática principalmente, não

tem como. Ciência ainda dá, mas, todas não vão ficar atrativa” .

Numa tentativa de conceituar o que seria um recurso audiovisual, recorremos a Bettetini (1996 apud BANDEIRA, 2009, p. 20), que o define como “[...] um produto, objeto ou processo que, ao trabalhar estímulos sensoriais da audição e da visão, objetiva uma troca comunicacional”.

Convém destacar que a intencionalidade desse tido de recurso, de acordo com Bandeira (2009), é explorar a especificidade da linguagem, que nada mais é do que a junção dos efeitos sonoros (trilha sonora, música etc.) aos visuais (imagem, cor, personagem, animação), destacando a sua importância como meio de comunicação.

Tratando-se de um recurso que contempla a linguagem, por sua vez, está relacionado aos mecanismos de transmissão da informação, à compreensão e assimilação, necessários ao processo de aprendizagem (BANDEIRA, 2009). Sobre esse aspecto, mencionamos a opinião de Moran (2000 apud BANDEIRA, 2009, p. 20) em que “imagem, palavra e música integram-se dentro de um contexto comunicacional afetivo, de forte impacto emocional, que facilita e predispõe a aceitar mais facilmente a mensagem”.

O Ministério da Educação (MEC) assumiu a produção e distribuição desse tipo de material a todas as escolas por considerar a importância deles nas práticas educativas, como um complemento das ações pedagógicas oferecidas ao professor.

O material didático audiovisual (vídeo, videoaula, videoconferência, teleconferência, entre outros) é uma mídia fundamental para auxiliar o processo de aprendizagem. Ele possibilita explorar imagem, som, estimulando a vivenciar relações, processos, conceitos e princípios. Esse recurso pode ser utilizado para ilustrar os conteúdos trabalhados, permitindo ao aluno visualizar situações, experiências e representações de realidades não-observáveis. Ele auxilia no estabelecimento de relações com a cultura e a realidade do aluno e é um excelente recurso para fazer a síntese de conteúdos (BRASIL, 2007, p. 7).

Podemos, então, destacar como exemplos os produtos da televisão, cinema, mídias computacionais, vídeo, entre outros.

No entanto, quando recursos não são bem empregados, corre-se o risco de não se atingir suas finalidades e de os objetivos esperados não serem alcançados, conforme já mencionado por (BANDEIRA, 2009). Em certo momento da entrevista, a professora tece

alguns comentários sobre alguns dos materiais elaborados que são distribuídos nas escolas. O depoimento sugere um indício de que o material é analisado antes de seu uso, ou seja, no planejamento prévio do assunto a ser proposto. A professora ressalta:

Uso vídeo! Peguei! Às vezes que a gente grava – vejo que é bom. [Pesquisador:

Aqueles (vídeos) MEC você usa?] MEC, não uso. [Pesquisador: O que você acha daquele material?] Não gostei... [Pesquisador: Que críticas (vídeos) você faz?] É –

não sei... Não, pra eles não achei é... Apropriado. Pra eles é mais cansativo ainda [...].

Já em relação a outros programas instituídos pelo MEC como o uso de laptops, a entrevistada afirma que:

Assim, ele é muito limitado, muito pequeno, “UCA’’ é assim. E agora MEC não está mais assessorando? Já não tem Internet nas salas agora, ficou no lugar.

[Pesquisador: terminou projeto?] Terminou, teve fim ano passado. Aí estenderam

mais esse ano. Mas agora, não tem mais Internet nas salas. Aí tinha! Em todas as salas, [Pesquisador: Tinha aparelho nas salas?] Sim, tipo Wireless. [Pesquisador:

Todas as turmas tinham?] Têm. Cada aluno têm um. Era um por aluno.

O Programa, chamado de UCA – Um Computador por Aluno – estabelecia o uso das mídias na escola e obteve retornos significativos, descritos na integra no trecho abaixo, em que a professora relata como acontecia essa dinâmica e os resultados alcançados.

É mas. A gente não usava substituindo o caderno. Tipo. Hoje, nós vamos pesquisar sobre isso, então nós vamos usar eles. Criavam textos, criavam ilustrações, colocavam ali, tudo ali, um trabalho tipo fungos. [Pesquisador: Assim, você ia

explicar sobre fungos, como eles iriam fazer?] Aí eles iam pesquisar. Como é um

fungo? Eles iam montando no laptop um texto sobre fungos. [Pesquisador: Faziam

o registro e depois?] Depois eu passava pendrive. E levava para casa e corrigia. [Pesquisador: Esse era o projeto em si?] É. O que a gente fazia, além de outras

coisas. [Pesquisador: Qual era o objetivo projeto mesmo?] Era o aluno trabalhar aquilo ali como. Como mais um material didático. [Pesquisador: E, na tua opinião,

como foi o projeto, considera positivo?] Foi, foi positivo. Estimulou bastante. Ah,

Tal projeto vinculava o uso de mídias por parte dos alunos, porém, com tempo limitado. Ele chegou ao fim sem nenhuma indicação da possibilidade de continuar ou ser implantado definitivamente nas redes públicas como ferramenta de apoio aos professores. A própria professora reconhece não saber a razão do término nem tampouco se há possibilidade de continuidade. Percebe-se na sua fala uma preocupação com o programa que vinha trazendo resultados positivos.

Tipo assim ninguém abre. [Sentido de contar a verdade, esclarecer]. A gente que viu que não tem mais Internet. Então. [Pesquisador: Entraram em contato para

saber?] Não sei por que, {a professora responsável} está de licença prêmio ela, não

está mais. [Pesquisador: Não deram mais retorno?] Não. Sei que tinham estendido para mais esse ano. Pra mim esse ano é até dezembro. Começou em 2009 pra três anos, é para três indo pra 4 anos.

Por se tratar de uma ferramenta muito presente nas escolas de Santa Catarina, o uso de computadores e das salas de informática requer cuidados específicos para a sua utilização. É um recurso múltiplo. É um dos programas que mais acompanha a velocidade das transformações, serve para pesquisar, simular situações, testar conhecimentos, descobrir novas ideias e conceitos. Há programas para quase tudo (exibição de textos, sons, imagens, gráficos, fotos, filmes). As descobertas podem ser individuais ou coletivas. A Internet serve para vários fins, desde fazer pequenas pesquisas até um ensino superior à distância. Porém, utilizar essa ferramenta pode incorrer em erros e a finalidade a que foi proposta não ser atingida (CORREIA, 2006). Nessa direção, este mesmo autor alerta para:

a) Não depositar confiança absoluta na máquina e nos programas, pois eles, sendo um produto humano, falham, às vezes, quando há maior necessidade de que funcionem.

b) Como se trata de um recurso sofisticado, cuidar para que o conteúdo não se perca na forma. (CORREIA, 2006, p. 75).

A escola não pode ignorar que os computadores estão em alta e ocupam vários setores da sociedade, sejam nos magazines, escritórios, nos lares, restaurantes, proliferando-se o seu uso de forma extraordinária graças ao poderoso recurso de sintetização de informações que oferece. Não é à toa que os cursos de informática são os que mais se multiplicam hoje em dia (CORREIA, 2006).

Como forma de tomar proveito dessa ferramenta, a professora procura sistematizar as suas aulas de maneira que a atividade proposta no laboratório não se perca por falta de direcionamento e nem por não ter objetivos definidos para tal. Demonstra, nesse caso, que mantém uma sistematização e retorno dos objetivos propostos aos alunos através do registro, síntese e avaliação, ao expor vantagens e desvantagens desse recurso.

[...] Às vezes pego alguma coisa no youtube, peguei já de ciências para mostrar uma experiência ali que eu estava precisando, mostrei.

Mas tem que direcionar, levar eles para lá. Sem direção, eles só querem facebook, joguinhos e isso. Gente vai pra lá, a professora fez. Aqui a professora quer uma curiosidade sobre esse assunto, um desenho, uma imagem, aí eles vão. Isso, eles vão lá e me entregam. Cobro e fico junto. Relatam e me entregam.

Observa-se que a intencionalidade está na entrega do material e não no diálogo tão referenciado por Freire (2007). A professora decide o que e como vai trabalhar o conhecimento prévio. Os alunos, de certa forma, conhecem o tema e caberia então saber como eles chegariam ao que querem por meio da internet.

De acordo com Correia (2006), muitas escolas já utilizam os computadores na sua prática diária. Na verdade é um ótimo instrumento didático para ser utilizado em determinados conteúdos programáticos. Eles não substituem de maneira alguma os demais instrumentos de ensino, mas os complementam, auxiliando de forma sensível em muitas