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promover

intercâmbio e

fluxo de

conhecimentos

ambiente

produtivo

e/ou social

resultados

da

PD&I

- pesquisa, ensino, extensão, fomento, atores da agricultura, sociedade, agentes públicos e privados - concepção, desenvolvimento e implementação - novos produtos, processos ou serviços (inovações) - implementados como novidades ou aperfeiçoamentos

PROCESSO INTERATIVO

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socioeconômicas, características do produtor, da produção, da propriedade rural e da tecnologia e fatores sistêmicos – interagem entre si ou para inibir e/ou para promover a adoção da tecnologia. O entendimento e controle de um fator não garante o sucesso de políticas voltadas para a transferência de tecnologia.

Enfeixando o capítulo, como defendem Castro e Tourinho (2002), um processo de transferência de tecnologia mais representativo da realidade é aquele que leva em consideração um modelo interativo de inovação, abrangendo não apenas o sistema de

pesquisa, mas também a rede complexa de nós de comunicação existentes em uma

organização conectada internamente (atividades de PD&I, de TT, de marketing e de produção), mas também externamente à estrutura científica e tecnológica e ao mercado. A compreensão do funcionamento do mercado – ou do sistema produtivo – em que atuam os usuários/receptores da tecnologia sendo transferida passa a ser decisiva no processo de transferência.

Nesse sentido, muda-se a antiga concepção do modelo linear de inovação, de que os institutos de pesquisa agrícola geram a tecnologia, enquanto os serviços de extensão agrícola e de assistência técnica cuidam da difusão e da adoção dessas inovações tecnológicas. A desestruturação do sistema de extensão rural do país nos últimos anos forçou os institutos públicos de PD&I a buscar estratégias para transferência de tecnologia. No novo contexto institucional, os institutos públicos de PD&I precisam recuperar o binômio geração/transferência (CASTRO E TOURINHO, 2002).

Este capítulo teórico aportou elementos analíticos dos fatores condicionantes, endógenos e exógenos ao instituto de PD&I agrícola, do processo de transferência tecnológica (resumidos nos Quadros 2.13 e 2.14). A análise precisa abranger qual é a inter-relação de cada um dos fatores condicionantes para a transferência tecnológica, tanto os endógenos (que atuam no âmbito da fronteira do instituto de PD&I), quanto os

exógenos (que se verificam além do limite de sua atuação), no entanto que interferem

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Quadro 2.13 - Elementos analíticos dos condicionantes endógenos, ao instituto de PD&I

agrícola, para difusão e a transferência tecnológica

Fatores condicionantes endógenos

Dimensões Fatores/Elementos Condicionantes Autores

Planeja- mento de

PD&I

Entendimento do papel da ICT agrícola no Sistema de Inovação Agrícola

Salles-Filho et al. (2012)

Conhecimento do sistema produtivo objeto da tecnologia

Castro e Tourinho (2002)

O sistema de gestão da PD&I Salles-Filho et al. (2012)

Desenvolvi- mento da

PD&I

Modelo de desenvolvimento da PD&I Souza (1995) Intercâmbio de conhecimentos técnicos entre

dois ou mais agentes

Assafim (2010)

Complementaridade entre diferentes técnicas dentro de atividades de produção

Aperfeiçoamento paralelo da antiga e da nova tecnologia

Aperfeiçoamento dos inventos/tecnologias

Rosenberg (1979)

Característica da tecnologia Souza Filho et al. (2011) Compartilhamento ou fluxo de conhecimento

(da geração da ideia até a criação do produto)

Whitney e Leshner (2004)

Dinâmica científica versus dinâmica

tecnológica. Governança das parcerias PD&I

Salles-Filho et al. (2012)

Difusão e transferên-

cia tecnológica

Análise multicritério da tecnologia Martins et al. (2011) Regimes de apropriabilidade (forte e fraco) Teece (1986)

Transmissão de direitos patrimoniais sobre bens imateriais protegidos

Assafim (2010)

Definição de instrumentos e difusão e TT Franco (2002)

Definição de um processo de difusão e TT Gomes e Atrasas (2005) Diálogo entre pesquisador e agricultor Souza (1995)

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Quadro 2.14 - Elementos analíticos dos condicionantes exógenos, ao instituto de PD&I

agrícola, para difusão e a transferência tecnológica

Fatores condicionantes exógenos

Dimensões Fatores/Elementos Condicionantes Autores

Sistema de Inovação na

Agricultura

Atribuições e papéis dos diversos agentes no processo inovativo

Procedimentos e práticas: institucionalização de regras, comportamentos e políticas (instituições) relacionados ao processo de desenvolvimento científico, tecnológico e inovação.

Salles-Filho et al. (2012) Gianoni (2013) Mendes (2009) Condições sócio- econômicas do usuário da tecnologia

Desenvolvimento de habilidades técnicas dos usuários (learning-by-using)

Rosenberg (1979)

Escolaridade, Falta de crédito Alves (2001) Capacidade do usuário modificar e adaptar a

tecnologia de acordo com sua necessidade ou identificar nova demanda de pesquisa

Dereti (2009)

Esforço e capacidade técnica do usuário para reproduzir tecnologia própria a partir da que foi recebida da concedente, não apenas

operacionalizar

Baranson (1980)

Incorporação do conhecimento racional e

sistemático desenvolvido por uma instituição por uma outra instituição

Zhao e Reisman (1991)

Níveis de assimilação da difusão e/ou

transferência pelo usuário final (operacional, duplicativo, adaptativo e inovativo

Stewart (1990)

Perfil social, econômico e cultural do usuário (produtor rural e outros). Experiência e capacidade de obter e processar informações. Habilidade no uso de técnicas agrícolas e de métodos de gerenciamento mais sofisticados.

Souza Filho et al. (2011)

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Quadro 2.14 - Elementos analíticos dos condicionantes exógenos, ao instituto de PD&I

agrícola, para difusão e a transferência tecnológica (continuação) Fatores condicionantes exógenos

Dimensões Fatores/Elementos Condicionantes Autores

Caracterís- tica da tecnologia Taxa de lucro Tecnologias complementares Freeman (1984)

Deficiências da tecnologia Alves (2001)

Expectativa de retorno econômico Oportunidades da nova tecnologia Apropriabilidade do ganho econômico

Dosi (1982) Nelson e Winter (2005)

A tecnologia possibilita (ou não) ter como efeito a elevação da produtividade e a economia de mão- de-obra. Estágio da evolução tecnológica - indica riscos envolvidos

Souza Filho et al. (2011).

Fatores sistêmicos

Contexto institucional Rosenberg (1979)

Limitação da assistência técnica Alves (2001) Mudança social e organizacional Freeman (1984) Condições dos segmentos da cadeia produtiva

Infraestrutura de ciência e tecnologia Serviços de educação básica

Souza Filho et al. (2011)

Fonte: elaboração própria.

Tais fatores condicionantes – endógenos e exógenos – são recuperados na pesquisa de campo, parte empírica da tese apresentada mais adiante, para analisar como eles se manifestam no âmbito das ações de geração, desenvolvimento e transferência de tecnologia agrícola, com foco na atuação de um instituto público de PD&I, a Embrapa.

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3. EMBRAPA: GERAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE SOLUÇÕES

TECNOLÓGICAS

O caminho percorrido até aqui discorreu sobre o marco teórico que dá sustentação à tese, apresentando a abordagem neo-schumpeteriana de sistema de inovação e o papel da pesquisa agrícola no âmbito do sistema de inovação na agricultura.

Tendo como pano de fundo esta fundamentação teórica, o presente capítulo, de caráter empírico, avança para alcançar o objetivo específico 2, qual seja:

Objetivo específico 2 - Caracterizar as práticas e as políticas institucionais sobre transferência de tecnologia da Embrapa que orientam os procedimentos de suas unidades de pesquisa.

A análise que se faz é no âmbito das atividades desenvolvidas na estrutura da Embrapa. A finalidade do capítulo é identificar os elementos analíticos dos fatores condicionantes endógenos da transferência de tecnologias geradas pela Embrapa.

O capítulo está organizado em sete seções. A primeira discorre sobre os principais instrumentos institucionais que norteiam a gestão organizacional, institucional e as ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Embrapa e de suas unidades: o Plano Diretor da Embrapa (PDE), o Sistema Embrapa de Gestão e os Planos Diretores das Unidades. A segunda seção apresenta a tipologia dos resultados dos projetos de PD&I, as soluções tecnológicas, bem como os mecanismos utilizados para a proteção dos direitos de propriedade intelectual das tecnologias geradas.

Após a geração dos resultados – alguns dos quais passíveis de proteção à propriedade intelectual e outros não – a próxima etapa é a de transferência destes resultados. Para isso, a Embrapa conta com uma estrutura organizacional – tanto em suas unidades centrais como nas descentralizadas22 –, para a transferência de tecnologia. Este é o assunto tratado na terceira seção para descrever as instâncias da empresa que possuem mandatos e atribuições relacionados à transferência tecnológica.

Uma vez que os resultados da pesquisa (sejam eles consubstanciados em produtos ou processos tecnológicos, serviços e ativos de base tecnológica) encontram-se

22

São denominadas unidades centrais as unidades administrativas da empresa, localizadas no edifício sede em Brasília,

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num estágio passível para transferência, passa-se para a utilização de instrumentos e mecanismos para a colocação destes no mercado, tema abordado na quarta seção. Alguns exemplos de transferência de tecnologias – de base física e de base instrucional/processual – são relatados na quinta seção. A sexta apresenta os fatores condicionantes endógenos à Embrapa para a transferência tecnológica, com base na literatura e nas práticas institucionais da empresa. Por último, a sétima faz considerações finais do capítulo.