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Macacos também conseguem reconhecer se ao espelho — como nós ou os chimpanzés

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 48-53)

Experiências envolveram macacos Rhesus, manchas de tinta e pontos de luz projetados nas suas caras.

Por volta dos dois anos de idade, os seres humanos conseguem reconhecer o seu reflexo no es- pelho. Os grandes símios, incluindo chimpanzés, orangotangos, bonobos e gorilas, também exibem este aspeto-chave de inteligência. E os macacos?

Nem por isso. Têm falhado consistentemente em reconhecerem-se a si próprios em experiên- cias ao espelho. Mas uma nova investigação de cientistas chineses mostrou que os macacos Rhesus podem ser ensinados a reconhecer que a face que está a olhar para eles no espelho é a sua própria face.

Numa experiência ao espelho, pôs-se uma mancha de tinta na cara dos macacos que só podia ser vista se estivessem a olhar para o espelho. Os macacos passavam o teste se tocassem na man- cha depois de se terem visto ao espelho, indicando que sabiam que era o reflexo deles. “O autorre- conhecimento ao espelho é uma indicação de consciência de si próprio, que é um sinal de inteli- gência elevada nos humanos”, diz o neurocientista Neng Gong, da Academia Chinesa das Ciências em Xangai, que coordenou o estudo publicado na edição desta semana da revista Current Biology.

“Normalmente, os macacos não conseguem reconhecer-se ao espelho, presumivelmente devi- do à falta de capacidade de consciência de si próprios”, acrescenta o investigador. “[Mas] nós mos- trámos que os macacos podem realmente aprender a adquirir esta capacidade através de treino, o que sugere que o seu cérebro tem o ‘equipamento’ básico, mas precisa de treino para adquirir o ‘programa’ que lhes permita chegar ao autorreconhecimento.”

Os macacos foram ainda colocados em frente a um espelho para outra experiência. Desta vez, um ponto de luz vermelha foi projetado em vários locais da face dos macacos através de um laser suficientemente poderoso para causar uma sensação de irritação. Quase invariavelmente, os ma- cacos tocavam no local da cara onde o ponto vermelho apareceu e o laser causou irritação – e, ao fazerem-no, recebiam uma recompensa.

O procedimento foi depois repetido utilizando um laser de baixa energia que não causava irri- tação, mas que continuava a projetar um ponto vermelho na cara. Quando o macaco olhava no es- pelho e tocava no ponto de luz, apesar de não ter sentido irritação, era recompensado com comida. Ao fim de duas a cinco semanas de treino, os macacos aprenderam a tocar no ponto de laser ou numa marca de tinta na cara enquanto se viam ao espelho, o que indicava que estavam a autorre- conhecerem-se.

Neng Gong recorda que algumas pessoas com problemas cerebrais perdem a capacidade de au- torreconhecimento ao espelho, como no autismo, na esquizofrenia, na doença de Alzheimer e em deficiências mentais. “Embora a deficiência de autorreconhecimento implique a existência de dé- fices nos mecanismos cerebrais de autoprocessamento, a nossa descoberta levanta a possibilidade de que tais défices possam ser tratados através de treino”, refere Neng Gong.

Público (Ciência), edição online, 10 de janeiro de 2015 (consultado em janeiro de 2015).

5 10 15 20 25 30

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O texto dá-nos conta de uma nova investigação que

(A) comprova que os macacos não se conseguem reconhecer ao espelho.

(B) atesta que os macacos desde sempre se conseguiram reconhecer ao espelho.

(C) revela que, apesar de não possuírem mecanismos para o efeito, os macacos conseguem aprender a reconhecerem-se ao espelho.

(D) evidencia que os macacos têm a mesma capacidade que outros símios maiores quanto a reconhecerem-se ao espelho.

1.2. Os resultados desta nova investigação

(A) permitirão conhecer melhor o cérebro de pessoas com problemas cerebrais. (B) poderão possibilitar o tratamento de défices de reconhecimento.

(C) ajudarão a compreender o porquê de algumas pessoas com problemas cerebrais terem défices de reconhecimento.

(D) poderão contribuir para evitar défices de reconhecimento em pessoas com problemas ce- rebrais.

1.3. Na frase “Os grandes símios, incluindo chimpanzés, orangotangos, bonobos e gorilas” (l. 2), a palavra “símios” e os restantes nomes comuns

(A) pertencem ao mesmo campo lexical.

(B) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia. (C) pertencem ao mesmo campo semântico.

(D) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia. 1.4. O termo “aspeto-chave” (l. 3), foi formado por

(A) composição morfossintática. (B) composição morfológica. (C) derivação parassintética.

(D) derivação por prefixação e sufixação.

1.5. Na frase “Mas uma nova investigação de cientistas chineses mostrou que os macacos Rhesus podem ser ensinados a reconhecer que a face que está a olhar para eles no espelho é a sua própria face” (ll. 5-7), estão presentes

(A) uma oração subordinada substantiva completiva e duas adjetivas relativas.

(B) uma oração subordinada substantiva completiva, uma adverbial consecutiva e uma adjetiva relativa.

(C) uma oração subordinada adverbial consecutiva e duas adjetivas relativas. (D) duas orações subordinadas completivas e uma adjetiva relativa.

1.6. Na frase “pôs-se uma mancha de tinta na cara dos macacos” (l. 8), a expressão sublinhada de- sempenha a função sintática de

(A) modificador.

(B) predicativo do complemento direto. (C) complemento oblíquo.

1.7. A forma verbal “estivessem” (l. 9) encontra-se no (A) pretérito mais que perfeito do indicativo. (B) pretérito imperfeito do indicativo. (C) presente do conjuntivo.

(D) pretérito imperfeito do conjuntivo.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Na frase “O autorreconhecimento ao espelho é uma indicação de consciência de si próprio”

(ll. 10-11), identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.

2.2. Indique duas palavras que integrem o mesmo constituinte etimológico que “neurocientista”

(l. 12).

2.3. Classifique a oração sublinhada em “Quando o macaco olhava no espelho e tocava no ponto de luz, apesar de não ter sentido irritação, era recompensado com comida” (ll. 25-26).

GRUPO III

TESTE DE AVALIAÇÃO

Nome: ______________________________________________________ N.

O

: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

05.

GRUPO I A Leia, atentamente, o texto que se segue.

Vem a Mãe, e não na achando lavrando, diz:

Logo eu adevinhei

lá na missa onde eu estava,

como a minha Inês lavrava

a tarefa que lhe eu dei... Acaba esse travesseiro! Hui! naceo-te algum unheiro? Ou cuidas que é dia santo?

Inês Praza a Deos que algum quebranto me tire de cativeiro.

Mãe Toda tu estás aquela1 Choram-te os filhos por pão? Inês Prouvesse a Deos! Que já é rezão de eu não estar tão singela2. Mãe Olhade lá o mao pesar3...

Como queres tu casar

com fama de preguiçosa?

Inês Mas eu, mãe, são aguçosa4 e vós dais-vos de vagar. Mãe Ora espera, assi vejamos. Inês Quem já visse esse prazer! Mãe Cal ’te, que poderá ser,

que “ante a Páscoa vem os Ramos.” Não te apresses tu, Inês.

“Maior é o ano que o mês”: quando te não precatares, virão maridos a pares, e filhos de três em três. Inês Quero-m’ ora alevantar. Folgo mais de falar nisso, − assi Deos me dê o paraíso, − mil vezes que não lavrar. Isto não sei que o faz... Mãe Aqui vem Lianor Vaz. Inês E ela vem-se benzendo...

[entra Lianor Vaz]

[…]

Lia. Venho eu, mana, amarela5? Mãe Mais ruiva que uma panela! Lia. Não sei como tenho siso! Jesu, Jesu, que farei? Não sei se me vá a el-Rei, se me vá ao Cardeal. Mãe E como? Tamanho é o mal? Lia. Tamanho? Eu to direi: vinha agora pereli6 ò redor da minha vinha,

e um clérigo, mana minha,

pardeos7, lançou mão de mi.8

Não me podia valer.

Diz que havia de saber se era eu fêmea, se macho.

[…]

Leixemos isto! Eu venho

com grande amor que vos tenho,

porque diz o exemplo antigo

que amiga e bom amigo

mais aquenta que o bom lenho.

Inês está concertada

pera casar com alguém?

Mãe Até ‘gora com ninguém não é ela embaraçada9. Lia. Em nome do anjo bento eu vos trago um casamento. Filha, não sei se vos praz10. Inês E quando, Lianor Vaz? Lia. Já vos trago aviamento11.

5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60

65 70

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura),

Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 165-170.

1 hoje dir-se-ia “lá estás tu…”; 2 sozinha, solteira; 3 “vejam que desgraça…”(ironia); 4 diligente; 5 pálida; 6 por ali; 7 interjeição

“por Deus”; 8 agarrou-me; 9comprometida; 10 agrada; 11 arranjo de vida; 12 discreto; 13 Diz que em camisa vos quer: “diz que vos aceita sem dote”

Apresente, de forma clara e bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Explique a reação da Mãe, considerando os versos “Hui! naceo-te algum unheiro? / Ou cuidas que é dia santo?” (vv. 6-7).

2. Lianor Vaz, nos versos 38-40,coloca a hipótese de apresentar uma queixa ao Rei ou ao Cardeal. 2.1. Enuncie os motivos que originam essa intenção.

3. Explicite as razões da visita da alcoviteira e a reação de Inês à sua proposta.

B Leia atentamente o seguinte texto poético.

Fui hoj’eu, madre, veer meu amigo, que enviou[u] muito rogar por en, porque sei eu ca mi quer mui gram bem; mais vedes, madre, pois m’el vio consigo,

foi el tam ledo que, des que naci, nunca tam led’home com molher vi. Quand’eu cheguei, estava el chorando e nom folgava o seu coraçom,

cuidand’em mi, se iria, se nom,

mais, pois m’el viu, u m’el estava asperando, foi el tam ledo que, des que naci,

nunca tam led’home com molher vi. E, pois Deus quis que eu fosse u m’el visse, diss’el, mia madre, como vos direi:

“Vej’eu viir quanto bem no mund’hei”; e vedes, madre, quand’el esto disse,

foi tam ledo que, des que eu naci, nunca tam led’home com molher vi.

Juião Bolseiro, B1167, V 773 in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas (www.cantigas.fcsh.unl.pt).

Inês Porém, não hei-de casar senão com homem avisado12. Ainda que pobre e pelado, seja discreto em falar, que assi o tenho assentado.

Lia. Eu vos trago um bom marido, rico, honrado, conhecido. Diz que em camisa vos quer13 Inês Primeiro eu hei-de saber se é parvo, se sabido.

5

10

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Explicite o papel que a mãe assume nesta cantiga.

5. Demonstre a evolução no estado de espírito do amigo, expondo as razões que a originam.

GRUPO II

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 48-53)