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Uma praia chamada Portugal

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 67-71)

Foram quase 900 quilómetros de norte para sul, com o mar à vista e as pranchas no tejadilho Há pouco mais de um mês, depois de os ouvir falar durante quase uma hora sobre praias e ondas numa sala cheia de livros no Clube Recreativo Penichense, uma miúda de cabelo castanho e calças de ganga parou diante de Pedro Adão e Silva e João Catarino com o livro de ambos na mão. Entregou-o sorridente e disse-lhes baixinho: “Eu também faço surf e também quero fazer esta via- gem.” Eles sorriram de volta.

Um ano antes, para conhecerem a costa portuguesa de Caminha a Vila Real de Santo António, tinham partido à aventura numa carrinha pão de forma amarela, pouco dada a autoestradas, com um cão e duas pranchas. A soma do que foram escrevendo (Pedro Adão e Silva) e desenhando (João Catarino), parcelas que o Expresso publicou numa série de reportagens na Revista, chama-se “Tanto Mar – À Descoberta das Melhores Praias de Portugal” (edição Clube do Autor).

A viagem foi feita, sempre que possível, com o mar à vista. Sem prazos nem pressas, dormindo na carrinha ou perto, partindo apenas quando era hora de partir. Adão e Silva, politólogo e pro- fessor universitário, escrevia, quase sempre, no iPad. João Catarino, ilustrador e professor univer- sitário, desenhava. A leitura faz-se entre dois mundos, o das letras e o das linhas, uma espécie de caminho à beira-mar que se faz página após página.

Há muito para ler e para ver. “Tanto Mar” é, ao mesmo tempo, um livro de viagens, um catálogo de ilustrações, uma reflexão sobre o potencial económico da costa portuguesa e também sobre as ameaças que espreitam, umas ao longe outras mais perto. Mas sempre com calma, ao ritmo da pão de forma ou de um peixe grelhado ao almoço. Das praias do Minho, “onde as terras vivem ainda de costas para o mar”, até “às noites quentes e secas” da costa algarvia, há um país inteiro de areia, água salgada e ondas.

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Não é obrigatório começar o livro pelo início. E é provável que a maioria dos leitores o não faça. A vontade de procurar “aquela praia, a da juventude ou das férias de hoje, é irresistível”. Seguir-se- -ão outras: aquelas onde um dia se esteve, aquelas que nem sequer se sabia existirem. As esqueci- das e as da moda, as dos banhos e as do surf.

Hoje à noite, na Ericeira, os autores fazem uma nova apresentação do livro. Hão de falar de li- vros de Ramalho Ortigão e de Raul Proença, das noites ao relento, dos problemas com o carro e do cão Buggy. É provável que lamentem (o único lamento que o leitor encontrará nas páginas de “Tan- to Mar”) as poucas ondas que surfaram. Nas últimas páginas, Adão e Silva esclarece que “fazer uma

surf trip” é a ambição de qualquer surfista. Sejam dois professores universitários ou uma miúda de

calças de ganga na mão. O fim da viagem deles parece ser o início da dela.

Ricardo Marques, in Atual (Revista Expresso), 15 de setembro de 2012, p. 30 (adaptado).

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O objeto de reflexão do autor é

(A) uma reportagem que saiu na Revista do Jornal Expresso.

(B) uma viagem feita por Pedro Adão e Silva e João Catarino pela costa portuguesa, numa carrinha pão de forma amarela.

(C) um livro de relatos de viagens pela costa de Portugal.

(D) uma espécie de roteiro turístico escrito por dois professores universitários na área da po- lítica.

1.2. Ao referir “Mas sempre com calma, ao ritmo da pão de forma ou de um peixe grelhado ao al- moço” (ll. 18-19), o autor do texto pretende

(A) dar conta da forma tranquila como decorreu a viagem de Adão e Silva e João Catarino. (B) mostrar os hábitos alimentares saudáveis dos autores de “Tanto Mar”.

(C) mostrar o tipo de alimentos preferido de Adão e Silva e João Catarino. (D) ilustrar a simplicidade das refeições dos autores de “Tanto Mar”. 1.3. No contexto em que surgem, as palavras “ondas” e “surf” (ll. 2 e 4)

(A) pertencem ao mesmo campo lexical.

(B) estabelecem uma relação de hiperonímia/hiponímia. (C) pertencem ao mesmo campo semântico.

(D) estabelecem uma relação de holonímia/meronímia. 1.4. A forma verbal “tinham partido” (l. 7) encontra-se no (A) pretérito perfeito composto do indicativo.

(B) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo. (C) pretérito perfeito composto do conjuntivo.

(D) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo. 1.5. O sujeito do predicado “é irresistível” (l. 23) é

(A) “A vontade” (l. 23). (B) “aquela praia” (l. 23).

(C) “A vontade de procurar” (l. 23).

(D) “A vontade de procurar ‘aquela praia, a da juventude ou das férias de hoje’” (l. 23).

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1.6. No excerto “É provável que lamentem (o único lamento que o leitor encontrará nas páginas de “Tanto Mar”) as poucas ondas que surfaram.” (ll. 28-29), podemos encontrar

(A) uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva, uma subordinada adverbial causal e uma subordinada substantiva completiva.

(B) uma oração subordinada substantiva completiva e duas subordinadas adjetivas relativas restritivas.

(C) uma oração subordinada substantiva completiva e duas subordinadas adjetivas relativas explicativas.

(D) duas orações subordinadas adjetivas relativas, uma restritiva e outra explicativa, e uma subordinada substantiva completiva.

1.7. Os parênteses utilizados nas linhas 28-29 introduzem (A) um comentário dos autores do livro.

(B) a opinião dos leitores de “Tanto Mar”. (C) uma característica da obra “Tanto Mar”. (D) um comentário do autor do texto.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Identifique o referente do pronome pessoal presente na frase: “depois de os ouvir falar durante quase uma hora sobre praias e ondas numa sala cheia de livros no Clube Recreativo Peni- chense” (ll. 1-2).

2.2. Indique a função sintática do constituinte “sobre o potencial económico da costa portuguesa e também sobre as ameaças que espreitam” (ll. 17-18).

2.3. Classifique a oração “onde as terras vivem ainda de costas para o mar” (ll. 19-20). GRUPO III

Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 120 e um máximo de 150 palavras, no qual explicite a importância da sátira na poesia trovadoresca e na obra dramática vicentina.

O seu texto deve incluir uma parte introdutória, uma de desenvolvimento e uma conclusão.

Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os tópicos apresentados a seguir.

Na poesia trovadoresca

• Apresentação dos temas objeto de crítica. • Referência aos dois subgéneros satíricos:

− explicitação das suas diferenças; − apresentação de um exemplo para cada.

Na obra vicentina

• Os alvos da crítica na obra estudada.

TESTE DE AVALIAÇÃO

Nome: ______________________________________________________ N.

O

: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

09.

GRUPO I A

Leia, agora, este conjunto de estâncias, pertencentes ao canto VI. 95

Por meio destes hórridos1 perigos, Destes trabalhos graves e temores, Alcançam os que são de fama amigos As honras imortais e graus maiores; Não encostados sempre nos antigos Troncos nobres de seus antecessores; Não nos leitos dourados, entre os finos Animais de Moscóvia2 zibelinos3; 96

Não cos manjares novos e esquisitos, Não cos passeios moles e ouciosos, Não cos vários deleites e infinitos4, Que afeminam os peitos generosos; Não cos nunca vencidos apetitos,

Que a Fortuna tem5 sempre tão mimosos, Que não sofre a nenhum que o passo mude Pera algũa obra heróica de virtude;

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Mas com buscar, co seu forçoso braço, As honras que ele chame próprias suas; Vigiando e vestindo o forjado aço, Sofrendo tempestades e ondas cruas, Vencendo os torpes6 frios no regaço Do Sul, e regiões de abrigo nuas, Engolindo o corrupto mantimento Temperado com um árduo sofrimento;

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E com forçar o rosto, que se enfia, A parecer seguro, ledo, inteiro, Pera o pelouro7 ardente que assovia E leva a perna ou braço ao companheiro. Destarte o peito um calo honroso cria, Desprezador das honras e dinheiro, Das honras e dinheiro que a ventura Forjou, e não virtude8 justa e dura. 99

Destarte se esclarece o entendimento, Que experiências fazem repousado9, E fica vendo, como de alto assento, O baxo trato humano embaraçado. Este, onde tiver força o regimento Direito e não de afeitos10 ocupado, Subirá (como deve) a ilustre mando, Contra vontade sua, e não rogando.

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões –

Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

1 horríveis; 2 Rússia do Norte; 3 martas, animais das regiões

frias, cujas peles são caríssimas; 4 vários e infinitos deleites;

5 conserva; 6 que entorpecem; 7 bala de metal para arma de

fogo; 8 valor; 9 refletido; 10 afeições

Responda de forma completa aos itens seguintes.

1. Segmente a reflexão do poeta em quatro partes, considerando o conteúdo temático e a pontuação. 2. Identifique o recurso expressivo presente nos três primeiros versos da estância 96, referindo a sua

funcionalidade.

3. Relacione a reflexão do poeta no canto I com o conteúdo dos quatro primeiros versos da estância 97.

B

Leia o vilancete seguinte, cuja autoria é atribuída a Luís de Camões.

a este moto:

Descalça vai pera a fonte Lianor pela verdura; vai fermosa e não segura. Leva na cabeça o pote, o testo nas mãos de prata, cinta de fina escarlata, saínho de chamalote; traz a vasquinha de cote, mais branca que a neve pura; vai fermosa, e não segura. Descobre a touca a garganta, cabelos d’ouro o trançado, fita de cor d’encarnado,

tão linda que o mundo espanta; chove nela graça tanta

que dá graça à fermosura; vai fermosa, e não segura.

Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp 55-56.

Responda de forma completa às questões que se seguem. 4. Indique o assunto do texto e o modo como se desenvolve.

5. Proceda ao levantamento de dois recursos expressivos e dê conta do seu valor significativo.

GRUPO II

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 67-71)