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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Material fóssil selecionado

Buscou-se incluir na análise todos os materiais de Mariliasuchus já descritos e/ou disponíveis para estudo em coleções nacionais. Os espécimes incluídos no presente estudo estão brevemente descritos abaixo.

2.1.1. MZSP-PV50

Depositado na coleção do Museu de Zoologia da USP, foi descrito em Zaher et al. (2006). É composto pelos esqueletos craniano e pós-craniano praticamente completos. As suturas, em sua maioria, estão bem visíveis e a dentição está praticamente completa, com a ausência de alguns dentes pré-maxilares e dentários. O crânio está levemente distorcido no sentido esquerda  direita, ocasionando uma quebra na região temporal do lado direito, que está menos preservada que sua correlata do lado esquerdo (Figuras 5 a 11).

2.1.2. MZSP-PV51

Depositado na coleção do Museu de Zoologia da USP, foi descrito em Zaher et al. (2006). É composto por um crânio e mandíbula completos e parte do esqueleto pós-craniano. Embora a distorção tafonômica individual deste espécime seja menor que a do espécime MZSP-PV 50, as suturas do crânio são muito menos visíveis devido ao alto grau de esculturamento craniano e ao maior número de quebras e rachaduras no fóssil (Figuras 12 a 18). As regiões temporais de ambos lados se encontram pouco preservadas e o conjunto do teto craniano pode ser separado do resto do crânio, permitindo a visualização de estruturas internas da caixa craniana. Sua dentição também está praticamente completa, com a falta de um dente pré-maxilar, um do dentário e dos dois últimos dentes maxilares de cada lado.

2.1.3. MZSP-PV760

Depositado na coleção do Museu de Zoologia da USP, ainda não foi descrito oficialmente. É composto por crânio e mandíbula com boa parte de sua osteologia preservada (exceto a região palatal, que se encontra pobremente preservada) (Figuras 19 a 22). Este material é relativo a um indivíduo juvenil, possuindo um comprimento craniano total de

17 apenas três centímetros, um tamanho próximo ao holótipo de Mariliasuchus amarali (UFRJ DG 50-R que é aproximadamente um centímetro maior). Apesar do tamanho semelhante, a anatomia do crânio e da dentição de MZSP-PV760 possui diferenças marcantes em relação ao holótipo de M. amarali e outros espécimes do táxon, sugerindo que talvez este material não seja referente ao gênero Mariliasuchus. Uma análise morfológica inicial (ver item 4.5.) mostrou que o espécime apresenta afinidades tanto com Mariliasuchus como com Adamantinasuchus navae Nobre & Carvalho 2006. MZSP-PV760 apresenta uma deformação decorrente de uma forte compressão lateral, no sentido direita  esquerda, durante sua preservação. A região rostral está preservada somente no lado direito do crânio, enquanto que a barra temporal inferior está presente somente no lado esquerdo. As fenestras supratemporal e mandibular são relativamente mais alongadas anteroposteriomente, num padrão bastante distinto daquele observado tanto em Mariliasuchus como em Adamantinasuchus. Por se tratar de um indivíduo juvenil, as suturas são muito bem demarcadas ao longo de todo o espécime, e a ornamentação é baixa, estando basicamente presente apenas na região dorsotemporal.

2.1.4. MZSP-PV813

Depositado na coleção do Museu de Zoologia da USP, ainda não foi descrito oficialmente. É composto principalmente pelas porções rostrais do crânio e da mandíbula (Figuras 23 a 25) e, baseando-se no tamanho e proporções dos elementos cranianos, pode-se caracterizar o espécime como um indivíduo subadulto ou adulto jovem. A região pós-orbital encontra-se pobremente preservada. A dentição deste espécime está muito bem preservada, e foi utilizada para os estudos de micromorfologia dos cristais de esmalte (ver item 3.5.2.).

2.1.5. UFRJ DG 50-R

Depositado na coleção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi descrito em Carvalho & Bertini (1999) e é o holótipo de Mariliasuchus amarali. É composto por crânio e mandíbula quase completos e boa parte do esqueleto pós-craniano. O material está ligado a sua matriz rochosa e não está totalmente preparado, e o crânio ainda se encontra articulado com a mandíbula (Figuras 26 e 27). A região pós-orbital do lado esquerdo do crânio não se encontra preservada, mas a mesma região do lado direito está relativamente bem conservada. O rostro encontra-se levemente deslocado e distorcido para o lado esquerdo do crânio. O espécime é relativo a um indivíduo juvenil (Vasconcellos & Carvalho, 2005), e sua dentição

18 está relativamente completa, sendo possível observar uma camada de esmalte menos espessa e mais clara do que em indivíduos de estágios ontogenéticos mais avançados.

2.1.6. UFRJ DG 56-R

Depositado na coleção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi descrito em Nobre et al. (2007a) como uma nova espécie dentro do gênero Mariliasuchus (M. robustus), sendo UFRJ DG 56-R o holótipo deste táxon. É composto por um crânio e mandíbula parcialmente preservados, com alto grau de ornamentação e desgaste tafonômico, o que impede consideravelmente a identificação de suturas em todo o espécime (Figuras 28 a 30). A região rostral é a mais completa, estando presentes todos os elementos anteriores ao osso frontal. A região occipital está preservada, com os elementos adjacentes à parte posterior da fenestra supratemporal presentes; entretanto, essa mesma região encontra-se numa posição muito anterior quando comparada com outros materiais de Mariliasuchus. Sua dentição possui uma espessa camada de esmalte recobrindo as coroas dentárias, e os molariformes apresentam alto grau de ornamentação (formado por espessamento de esmalte) em toda sua superfície.

2.1.7. UFRJ DG 105-R

Depositado na coleção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi descrito em Vasconcellos & Carvalho (2005). É composto por uma mandíbula praticamente completa, associada (e conectada por sedimentos) à porção rostral do crânio (Figuras 31 a 33). Os jugais e o palato estão parcialmente preservados, e os dois palpebrais anteriores estão presentes. Os elementos dorsais do rostro apresentam um alto grau de ornamentação em sua superfície. A dentição do espécime está bem representada, com todos os morfótipos (incisiformes, caniniformes e molariformes) presentes.

2.1.8. UFRJ DG 106-R

Depositado na coleção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi descrito em Vasconcellos & Carvalho (2005). É composto por crânio e mandíbula completos e totalmente preparados. A ornamentação deste espécime não é tão conspícua quanto em outros espécimes de M. amarali, permitindo a observação de suturas pós-orbitárias na superfície dorsal do crânio (as suturas pré-orbitárias encontram-se pouco visíveis) (Figuras 34 a 40). A dentição

19 está praticamente completa e a mandíbula encontra-se desarticulada do crânio, permitindo a observação de extensas superfícies de macrodesgaste dentário nos molariformes.

2.1.9. UFRJ-DG 115-R

Depositado na coleção da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ainda não foi descrito oficialmente. É composto por uma mandíbula parcialmente preservada que, observadas as proporções da sínfise e fenestra mandibulares, possivelmente representa o menor espécime de Mariliasuchus conhecido (Figuras 41 a 43). Assim, UFRJ-DG 115-R deve ter pertencido a um indivíduo ainda mais jovem que UFRJ-DG 50-R, o holótipo de Mariliasuchus amarali.

2.1.10 MN 6298-V

Depositado na coleção do Museu Nacional da UFRJ, foi descrito em Zaher et al. (2006). É composto por crânio e mandíbula completos de um indivíduo subadulto, com suturas muito bem visíveis e delimitadas. O atlas e o áxis encontram-se ainda articulados ao espécime. A dentição está relativamente completa e os dentes encontram-se com suas raízes bastante expostas, provavelmente indicando um avançado estágio de reposição dentária. A camada de esmalte presente na dentição de MN 6298-V é mais clara e menos evidente que em espécimes de maior tamanho. Uma leve ornamentação está presente nas superfícies rostral e dorso-occipital do crânio (Figuras 44 a 50).

2.1.11. MN 6751-V

Depositado na coleção do Museu Nacional da UFRJ, foi descrito em Zaher et al. (2006). É composto pelo crânio parcialmente preservado de um indivíduo adulto, com densa ornamentação osteológica por todo o espécime (Figuras 51 a 53). A mandíbula e as porções pós-orbitárias do crânio não estão preservadas. O lado direito do espécime encontra-se em melhor estado de preservação que o lado esquerdo. A dentição está relativamente completa, com cada elemento individual apresentando uma conspícua e densa camada de esmalte dentário. Este espécime foi identificado como MN 6756-V em Zaher et al. (2006), mas o nº de tombo correto do material é MN 6751-V (Deise Henriques, comunicação pessoal).

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2.1.12. URC R-67

Depositado na coleção da UNESP de Rio Claro, foi descrito em Andrade et al. (2006) e Andrade & Bertini (2008b; 2008c). É composto por um crânio completo de um indivíduo jovem, ainda com a mandíbula articulada ao crânio. O material mostra sinais de compressão dorsoventral, provavelmente relacionados a eventos decorrentes do processo de fossilização (Figuras 54 a 57). É um indivíduo subadulto, com ornamentação osteológica e suturas visíveis em boa parte da superfície do espécime.

2.1.13. MPM 115-R

Depositado na coleção do Museu de Paleontologia de Marília, ainda não foi descrito oficialmente. É composto por crânio (sem mandíbula) e elementos pós-cranianos ainda imersos na matriz rochosa (Figura 58). O material é relacionado a um indivíduo jovem (de dimensões semelhantes a UFRJ-DG 50-R), e está atualmente em estudo e preparação pela equipe do Museu Nacional da UFRJ.

2.1.14. MPM 116-R

Depositado na coleção do Museu de Paleontologia de Marília, ainda não foi descrito oficialmente. É composto por crânio e mandíbula, bem como alguns elementos pós-cranianos, ainda associados à matriz rochosa (Figura 59). Sua superfície tem uma coloração escurecida e uma ornamentação osteológica que lembram muito o padrão encontrado em UFRJ-DG 56-R, holótipo de Mariliasuchus robustus. O material está em preparação pela equipe do Museu de Paleontologia de Marília.