• Nenhum resultado encontrado

MEIOS DE ACÇÃO NECESSÁRIOS PARA O ÊXITO DAS POLÍTICAS DE REABILITAÇÃO

45 Tradução livre.

MEIOS DE ACÇÃO NECESSÁRIOS PARA O ÊXITO DAS POLÍTICAS DE REABILITAÇÃO

- Integração do projecto na política urbana - Papel mobilizador do poder público - Apoio de uma equipa técnica operacional - Participação da população

- Instrumentos jurídicos adequados - Meios financeiros disponíveis - Ter conta o tempo

1. Diagnóstico - Forças e fraquezas - Perspectivas 2. Estratégia -Compromissos e objectivos - Plano de acções 3. Intervenções concretas - De acordo com as prioridades, por etapas sucessivas

Á escala da cidade - Apreciação da evolução urbana

- Coerência entre a política de reabilitação e as políticas urbanas

- Inserção do projecto de reabilitação num projecto urbano global

instrumentos jurídicos e financeiros aplicáveis e as parcerias envolvidas. Contêm ainda critérios de acompanhamento e de controlo.

Segundo as Orientações europeias, para concretizar as políticas de reabilitação nos âmbitos territorial e humano, a intervenção pública tem que estar ligada a meios de acção eficazes que consistem em:

Cada um destes meios de acção vai ser desenvolvido detalhadamente, com base no documento citado.

Integração do projecto na política urbana

A Integração do projecto na política urbana de forma coerente, refere-se ao tratamento do projecto de reabilitação como uma operação urbanística inserida na política urbana local, que parte da identificação e da hierarquização das características fundamentais82 e dos problemas a resolver, e deve conduzir a uma estratégia de desenvolvimento, a

transpor para acções concretas.

Figura 10 – Realização do diagnóstico que precede a definição da estratégia.

Fonte: Conseil de l’Europe (2004). Orientations sur la réhabilitation urbainne (p. 109). Tradução livre

82. Análise da morfologia urbana e da arquitectura, pontos fortes e fracos dos valores patrimoniais, do estado da habitação, do tecido social, dos equipamentos e serviços, das acessibilidades.

Á escala do bairro - Análise dos valores patrimoniais - Estudo da situação da habitação - Compreensão da vida social

- Conhecimento do funcionamento do bairro - Condições de acesso e de acessibilidade O DIAGNÓSTICO QUE PRECEDE A ESTRATÉGIA

Integração do projecto na política urbana, Papel mobilizador do poder público, Apoio de uma equipa multidisciplinar, Participação da população, Instrumentos jurídicos adequados de urbanismo e de política fundiária, Meios financeiros disponíveis e Factor tempo.

A reabilitação parte de uma análise detalhada da área, em temas como: valores patrimoniais, alojamento, vida social, funcionalidades e acessibilidades, para um diagnóstico elaborado a diferentes escalas que identifica as características do bairro. O diagnóstico desenvolve-se a partir dos problemas e das oportunidades diagnosticadas no quarteirão, e deve ampliar-se à escala da cidade, antes da definição da estratégia, conforme exemplifica a figura nº 7.A análise à escala da cidade estuda a evolução das transformações que a afectaram, e avalia se as problemáticas identificadas se reflectiram ao nível do bairro.

Papel mobilizador do poder público

O Papel mobilizador do poder público corresponde à necessidade de um envolvimento forte do poder público nas três etapas do processo: no diagnóstico, na estratégia e nas intervenções concretas, tendo em conta a diversidade dos intervenientes e o recurso a parcerias público-privadas83.

– Na fase de diagnóstico: para garantir o desenvolvimento dos estudos necessários ao levantamento da situação existente, e para definir as problemáticas dos bairros e sua integração no contexto urbano mais alargado. O resultado do diagnóstico carece de validação pelas autoridades.

– Na fase de desenvolvimento da estratégia: para definir opções estratégicas baseadas no diagnóstico

aprovado.

Estas opções estratégicas devem ser transpostas para planos urbanísticos, ou planos de acção a curto prazo, para intervenções prioritárias designadamente quanto ao papel do bairro no desenvolvimento cidade, funções a privilegiar e intervenções a efectuar nas várias áreas: habitação, equipamentos, espaços públicos, mobilidade. Os cenários esperados têm que estar enquadrados nas grandes opções do município.

– Nas operações concretas: envolvimento no campo social, na valorização e reutilização de edifícios antigos, no fortalecimento da rede de equipamentos, na intervenção em espaços públicos, no controlo do mercado imobiliário pela contratualização com operadores imobiliários, na realização de uma política fundiária através da dinamização de instrumentos como expropriação, aquisição, ou outros, e na introdução de incentivos financeiros à reabilitação com objectivos sociais.

O papel mobilizador do poder público reflecte-se na gestão integrada do processo de reabilitação, devendo as autoridades assegurar mecanismos de coordenação horizontal (coordenação da multidisciplinaridade), vertical (coordenação dos vários níveis de poder) e territorial (relação da área de estudo com as áreas vizinhas), atendendo à complexidade dos problemas e às diversas escalas de abordagem.

Apoio de uma equipa multidisciplinar

O Apoio de uma equipa multidisciplinar cuja composição pode variar nas diferentes fases, é indispensável, devido à complexidade dos processos.

A intervenção técnica na formalização do projecto, centra-se na análise da tipologia do edificado e dos valores patrimoniais, do tecido urbano, do traçado viário, e na definição dos tipos de intervenção (reabilitação, demolição, reconstrução, etc.), a partir das condições de conforto salubridade e segurança diagnosticadas.

83. “O primeiro factor de sucesso de um programa de reabilitação é um compromisso político claro, firme e infalível quaisquer que sejam as contrariedades e dificuldades” (Conselho da Europa, 2004, p.110).

No desenrolar do processo, as equipas técnicas apoiam procedimentos de carácter jurídico, financeiro e administrativo, elaboram simulações de financiamentos, programas de financiamento e preparação de dossiers na montagem das operações. Apoiam ainda no terreno os trabalhos de reabilitação, o diálogo e a discussão pública com a população, identificam actores, propõem estratégias e soluções adaptadas, e fazem acompanhamento social em situações de pobreza.

Participação da população

A Participação da população e de outras entidades com interesses na área deve ser garantida pela participação

alargada, nas várias fases do processo, respeitando regras pré-definidas: “os técnicos estudam e propõem, a população informa e valida, a administração local decide”.

A participação na construção do projecto, envolve debates com a população, para decidir o que mais convém à colectividade, e pode conduzir a modelos de co-produção. Na fase de diagnóstico, a participação pode complementar as abordagens técnicas. Na fase de debate público, pode contribuir para avaliar o impacto local da estratégia de desenvolvimento para a cidade. Os actores poderão contribuir com propostas para a formatação final do projecto se conseguirem antever as transformações, devendo estar convenientemente informados sobre as principais questões e sobre o projecto.

Instrumentos jurídicos de urbanismo adequados

Os Instrumentos jurídicos de urbanismo e de política fundiária, ao nível nacional e local, são uma das bases para apoiar a intervenção pública nos projectos de reabilitação, designadamente no relacionamento com o sector privado, e para coordenar as diversas acções e agentes envolvidos. É preciso proceder ao levantamento da estrutura legal que rege a actividade urbanística: planos, loteamentos, construção, e outros temas relacionados. O documento europeu recomenda que se adopte um “plano de reabilitação” ou um “plano de gestão”. Importa também dispor do levantamento exaustivo dos instrumentos disponíveis relativos a política fundiária, para apoiar intervenções em operações imobiliárias, e garantir a defesa de propósitos sociais, expropriações, ou negociações que envolvam acordos.

Meios financeiros disponíveis

Torna-se necessário inventariar os meios financeiros disponíveis aos diversos níveis, enquadrados nas políticas sectoriais nacionais, regionais e locais, para verificar se são adequados às acções propostas, considerando-se a possibilidade de parcerias entre organismos públicos, parcerias com privados (empresas, proprietários, ONG.), e com parceiros europeus, ou ainda acções de carácter exclusivamente privado segundo as orientações do plano. Apesar da tendência para reforçar o papel do sector privado no financiamento de grandes projectos, sublinha-se o carácter imprescindível da intervenção pública para coordenar os diversos actores, os meios, e os procedimentos a adoptar em novas formas de contratualização. A intervenção pública é igualmente indispensável para garantir os objectivos sociais da reabilitação, para reforçar políticas fundiárias e intervir no funcionamento do mercado fundiário, e também para defender a manutenção das populações nos bairros envolvendo diversos actores e meios financeiros.

Tabela 3 – Meios de acção necessários para o êxito da Reabilitação.

Fonte: Conseil de l’Europe (2004). Orientations sur la réhabilitation urbainne (p. 127). Tradução livre

Cabe ao poder público lançar o projecto e acompanhar todo o processo, e garantir a concretização de objectivos sociais não rentáveis, designadamente através de comparticipações a conceder aos proprietários para beneficiação de fogos degradados ocupados por populações desfavorecidas. Para garantir equilíbrios sociais, deve ser considerado o financiamento público da política de habitação através da criação de habitação social em áreas de reabilitação e a prestação de ajudas específicas a proprietários residentes com baixos recursos.

1. Integração do projecto nas políticas urbanas – Elaboração do projecto ao nível do bairro – Integração do projecto ao nível da cidade

2. O papel mobilizador das autoridades públicas

– Compromisso claro e firme, a montante e a jusante do projecto

– Intervenções públicas nas fases de diagnóstico, estratégia e operações concretas – Uma gestão continuada para uma abordagem integrada e coordenada

3. Apoio de uma equipa técnica multidisciplinar – Natureza multidisciplinar das equipas técnicas

– Intervenções técnicas na configuração do projecto, na montagem das operações e nos trabalhos – O papel de acompanhamento social do projecto

4. Participação da população

A participação de toda a população

– Participação da população nas fases de diagnóstico, estratégia e operações concretas – Maior envolvimento da sociedade civil através da co–produção

– Criação de mecanismos democráticos de participação

5. Instrumentos jurídicos adequados

– Instrumentos adequados para uma política fundiária pública – Instrumentos jurídicos de regulamentação da actividade urbanística – Elaboração de um plano de reabilitação ou plano de gestão

6. Meios financeiros disponíveis

– Parcerias eficazes entre sector público e sector privado – Apoio financeiro das instâncias regionais, nacionais e europeias – Manutenção necessária de equilíbrio entre público e privado – Financiamento público da política de habitação

7. O tempo

– Ter em conta o tempo durante todo o processo de reabilitação – Uma abordagem por etapas sucessivas possuindo grande visibilidade