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MEIOS DE ACÇÃO NAS DIFERENTES ETAPAS DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO

45 Tradução livre.

MEIOS DE ACÇÃO NAS DIFERENTES ETAPAS DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO

O tempo

O tempo está associado à necessidade de programar o processo de reabilitação, desde o diagnóstico, às opções estratégicas e à operacionalização. A necessidade de aprofundar análises físicas e sociais, perante problemas complexos, podem torná-las mais demoradas.

O projecto é desenvolvido ao longo de vários anos. É executado por etapas. Obedece a programações anuais para articulação entre objectivos, prazos e recursos financeiros. A compreensão e a apreciação do projecto pela população requerem tempo para gerir a informação disponibilizada. A avaliação dos resultados também se processa ao longo do tempo, podendo implicar a reorientação do projecto.

Analogia entre Reabilitação e Regeneração Urbana

Após abordagem detalhada das Orientações do Conselho da Europa para a Reabilitação Urbana, considerou-se fundamental alargar a análise, procurando explicitar as relações de analogia entre reabilitação e regeneração urbana, para melhor compreender a definição adoptada no documento europeu.

“Um processo de revitalização ou de regeneração da cidade, a médio ou longo prazo” (…) que tem por objectivo melhorar simultaneamente a qualidade do espaço urbano e a qualidade de vida dos habitantes, especialmente em bairros degradados ou em declínio (Conseil de l’Europe, 2004, p. 76).

Esta definição incita a ultrapassar a aparente clivagem entre a ideia de reabilitação, associada vulgarmente às práticas dos anos 80 e 90 consolidadas em Portugal através dos planos de salvaguarda dos centros históricos, e a regeneração, como prática internacional mais recente iniciada no Reino Unido, que incorporou os princípios, os conceitos e os métodos para intervir em áreas degradadas em geral, no sentido de inverter o processo de declínio e reintegrá-las na cidade.

A regeneração urbana, é abordada no presente estudo, na medida em que se considera relevante compreender o seu contributo para o aperfeiçoamento do método da reabilitação urbana, através da teoria e das práticas que fizeram reviver antigos centros em decadência. Estão excluídas do âmbito do estudo as intervenções maciças de demolição para apropriação de zonas abandonadas, e de operações que visam essencialmente a reconstrução e não envolvem problemas relacionados com uma comunidade residente.

O relatório do Grupo de Peritos sobre Ambiente Urbano da Comissão Europeia, ao referir-se em 1996 a “sustentabilidade e regeneração urbana”, considerava que a actividade podia dizer respeito à reabilitação de estruturas existentes, à reconstrução de edifícios e lugares, ou à reutilização de solo urbano, e podia envolver a reabilitação, e renovação urbanas e o tratamento de áreas contaminadas, utilizando vários caminhos para o desenvolvimento sustentável (European Commission, 1996, p. 207)84.

84. “Urban regeneration can involve the rehabilitation of existing structures, redevelopment of existing buildings and sites, or simply the reuse of urban land”.

É também este o entendimento do Conselho Europeu de Urbanistas (2002) quando se refere às relações entre desenvolvimento urbano, património cultural e regeneração urbana85, colocando-os entre as principais preocupações da actividade dos urbanistas, sublinha as oportunidades e ameaças que o desenvolvimento urbano oferece ao património cultural.

Para Roberts (2006) a regeneração urbana distingue-se de outros tipos de intervenções urbanas, por esta implicar a prévia definição de um objectivo estratégico a longo termo para combater os problemas das cidades. O autor refere que os objectivos e resultados da regeneração urbana ultrapassam os da reabilitação urbana que carece de um método preciso de abordagem para guiar a acção e ultrapassam os da renovação urbana que incide principalmente sobre a mudança física do desenvolvimento urbano.

O argumento da ausência de método na reabilitação urbana tende a esbater-se com a divulgação das Orientações do Conselho da Europa sobre Reabilitação, em 2004. Estas orientações para a acção propõem uma metodologia própria para o desenvolvimento da reabilitação, como um processo que agrega a evolução dos conceitos de património e de conservação integrada, e a evolução dos princípios e dos métodos do planeamento. Este processo desenvolve-se segundo uma matriz de referência que utiliza abordagens estratégicas articulando vários conhecimentos, meios de acção e instrumentos para passar à prática.

Pretendendo-se verificar se os meios de acção estudados para a reabilitação também estão presentes nas 3 etapas do processo de regeneração urbana, recorreu-se ao texto “Organization and Management” de Lichfield86, baseado na

experiência do Reino Unido, para clarificar o modo de organização e gestão das operações, e assim poder identificar relações de analogia entre os processos.

Lichfield destaca os papéis do grupo de trabalho e do gestor de projecto, para um planeamento eficaz e uma boa direcção. Enfatiza a necessidade de partilhar conhecimento e acções entre os intervenientes na regeneração urbana, e sublinha a importância de identificar quem conhece as condições existentes e quem irá beneficiar das mudanças, salienta ainda a importância de adoptar estratégia e recursos integrados.

A primeira etapa – Scoping (Definição do âmbito), tem por objectivo a definição de um programa preliminar. Compreende a identificação prévia dos problemas, dos objectivos potenciais e dos actores.

É fundamental, para esboçar o projecto, compreender o processo declínio / regeneração da área utilizando indicadores de degradação, e identificar os aspectos que podem ser alterados pela estratégia.

A segunda etapa – Finalising the organisation and preparing the strategy (Construindo a organização e preparando a estratégia) visa a preparação da estratégia com os parceiros.

Compreende a selecção dos actores, a preparação da estratégia e a elaboração formal da proposta. A terceira etapa – Into action (Passar à acção), corresponde à acção, após a aprovação das autoridades. Inclui o desenvolvimento de aspectos administrativos, financeiros e acções de planeamento detalhadas.

85. “A regeneração urbana trata da reabilitação, da renovação dos edifícios e sítios existentes, ou da reutilização do solo urbano; com frequência tem a ver com solos degradados ou contaminados” (Conselho Europeu de Urbanistas, 2002, p.23).

A 1ª etapa – Scoping (Definição do âmbito). Refere-se à compreensão do processo de declínio da área, através da identificação de forças e fraquezas e dos aspectos que podem ser alterados pela estratégia. Inclui a captação de apoios locais, e a designação de um gestor de projecto.