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CAPÍTULO 2 – A MEMÓRIA E O SENTIMENTO DE JAPONESIDADE ENTRE OS

2.4 MEMÓRIAS INSTITUCIONALIZADAS

Algumas memórias, fazem parte da história oficial do grupo, aquelas que são repetidamente contadas, ou asseguradas por alguma ata, álbum fotográfico, acervos particulares ou de associações, são memórias que podem ser institucionalizadas. Nesse contexto, percebe- se que algumas memórias são silenciadas ou enquadradas – diferentemente de esquecidas.

Percebeu-se que em vários momentos os interlocutores solicitavam que se desligasse o gravador, pois não se sentiam à vontade para registrar algumas memórias, visto que havia a possibilidade de ofender outros imigrantes, mesmo que falecidos. Assim, observa-se que, também entre os japoneses, poderia se falar de um “enquadramento da memória”. Para Pollak:

O trabalho de enquadramento da memória se alimenta do material fornecido pela história. Esse material pode sem dúvida ser interpretado e combinado a um sem número de referências associadas; guiado pela preocupação não apenas de manter as fronteiras sociais, mas também de modificá-las, esse trabalho reinterpreta incessantemente o passado em função dos combates do presente e do futuro. (...) O trabalho permanente de reinterpretação do passado é contido por uma exigência de credibilidade que depende da coerência dos discursos sucessivos (1989, p. 10).

Evidentemente, quando se trata de história oral é impossível evitar o encontro com as análises e as críticas sobre a legitimidade das fontes consultadas, principalmente quando se trata de uma associação, que tem por definição possuir um estatuto em português, língua materna do país aonde foi fundada, livros de ata e acervos. Ainda que, no caso desta tese, o estatuto não tenha sido encontrado ou, por outro lado, não se tenha tido acesso à alguma cópia impressa antiga. Infere-se que o número fornecido pela secretária da Nihonjinkai tenha sido copiado de forma errada, pois não encontrou-se nos cartórios da cidade registro de tal associação. E, inclusive, o nome como os japoneses se referem à Nihonjinkai é associação, mas na única ata registrada está fundada como Sociedade Nipo-Brasileira. Essa diferenciação foi determinante para se chegar à essa ata.

Em entrevista, em agosto de 2018, perguntou-se à presidente se havia registro e como havia sido registrada a Nihonjinkai, a resposta veio da seguinte forma: “sim, associação,

registro muito antigo, nem lembro mais... lembro que pagamos multa para fechar, mas não sei o ano”57. Esse fato foi contado por todos os membros do corpo diretivo, a presidente disse que teria uma caixa com documentos, mas não a disponibilizou, acredita-se que por estarem em japonês, como outros que foram cedidos à pesquisa.

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De maneira geral, a escrita da história está baseada em documentos físicos, arquivados e conservados ao longo do tempo. O documento possui, por conseguinte, a qualidade de uma prova, ou de um testemunho que a memória coletiva aproveita para construir os recortes da história. Afirma-se, então, que o registro documental ou imagético, que seja, portanto, físico, de um fato ou acontecimento é essencial para a escrita da história. Segundo Le Goff (1992, p. 535), “a memória coletiva e a sua forma científica, a história, aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos”.

O termo latino documentum, derivado de docere ‘ensinar’, evoluiu para o significado de ‘prova’ e é amplamente usado no vocabulário legislativo. É no século XVII que se difunde, na linguagem juridíca francesa, a expressão titres et documents e o sentido moderno de testemunho histórico data apenas do início do século XIX. O significado de “papel justificativo”, especialmente no domínio policial, na língua itliana, por exemplo, demonstra a origem e a evolução do termo. O documento que, para a escola histórica positivista do fim do século XIX e do início do século XX, será o fundamento do fato histórico, ainda que resulte da escolha, de uma decisão do historiador, parece apresentar-se por si mesmo como prova histórica. A sua objetividade parece opor-se à intencionalidade do monumento. Além do mais, afirma-se essencialmente como um testemunho escrito (LE GOFF, 1992, p. 536).

Um documento, portanto, pode estar em diferentes formas e, seja qual for a sua forma de materialidade, tem a função de fornecer dados e informações existentes sobre determinado momento histórico, lugar ou grupo. Para a escrita desta tese, utilizou-se os vestígios encontrados, sobretudo fotografias, para embasar as entrevistas. Trabalhou-se preenchendo as lacunas existentes através de memórias naturais e individuais que costuradas conformaram uma memória coletiva sobre a Nihonjinkai, a inexistência de documentos oficiais dificultaram a construção historiográfica. No entanto, percebeu-se que a associação ainda existente, com uma diretoria eleita anualmente, com as anuidades sempre em dia é tão palpável para seus membros que os documentos58 de seu período formal seriam secundários.

Afinal, a inquietação demonstrada nas entrevistas era sobre o momento atual, no qual a associação está diminuindo a cada ano e com a sua continuação e sucessão, pois não há perspectivas muito boas por parte dos japoneses. Além disso, os documentos disponíveis que foram utilizados e as entrevistas realizadas indicam que a Nihonjinkai pode ser dividida em três diferentes momentos: ascensão, estabilidade e declínio.

As documentações que não foram encontradas ou disponibilizadas pertenceriam ao primeiro momento, em que os japoneses se destacavam na sociedade santa-mariense por sua participação ativa nos eventos da cidade. A presente tese poderá ser um marco, no qual se

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configura o declínio da Nihonjinkai, ao mesmo tempo que pode iniciar um novo período, do registro oral das memórias e de uma futura reinvenção a partir delas.

Tendo em vista, o que aconteceu em outras cidades do Brasil aonde a imigração japonesa é mais antiga do que na cidade em estudo e, por sua vez, os grupos são mais organizados. As associações nipo-brasileiras mais antigas e organizadas, conforme o quadro de Moraes (2012) e o estudo de Kajimoto (2016) sobre as associações na cidade de Marília/SP, lançaram livros comemorativos, pela passagem do aniversário da imigração nipônica na cidade. Santa Maria também o fez, em 2008, com a obra de Soares e Gaudioso (2008) citada nesta tese. Os livros comemorativos são importantes documentos para se arquivar nas próprias associações, memoriais, bibliotecas, arquivos municipais, entre outros “lugares de memória”.

Os arquivos de áudio, vídeo e transcrição de entrevistas, de pesquisas acadêmicas ou institucionais e comemorativas são transformados em documentos e, nesse sentido, colaboram para a transmissão da memória e da identidade nipo-brasileira ou nipo-gaúcha. Os documentos ou monumentos se relacionam sobretudo à lugares, acontecimentos e a outros símbolos referentes ao passado que podem ajudar nas lembranças. Para Le Goff,

A história, na sua forma tradicional, dedicava-se a ‘memorizar’ os monumentos do passado, a transformá-los em documentos e em fazer falar os traços que, por si próprios, muitas vezes não são absolutamente verbais, ou dizem em silêncio outra coisa diferente do que dizem; nos nossos dias, a história é o que transforma os documentos em monumentos e o que, onde dantes se decifravam traços deixados pelos homens, onde dantes se tentava reconhecer em negativo o que eles tinham sido, apresenta agora uma massa de elementos que é preciso depois isolar, reagrupar, tornar pertinentes, colocar em relação, constituir em conjunto (1992, p. 546).

Para o autor, o ato de criar documentos relativos à acontecimentos, eventos e ações humanas de determinado grupo e período, através de registros em suportes físicos, tem como resultado a materialidade da memória, que a torna palpável, classificável e codificável para que possa ser acessada e esteja disponível. A institucionalização desses documentos, todavia, não é isenta de subjetividade, ela é o resultado do esforço e da vontade de memória de determinado grupo, associação, pesquisador.

O documento não é inócuo. É antes de mais nada o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias (LE GOFF, 1992, p. 548).

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Ressalta-se que cada espécie de documentos aceita um tipo de análise diferente do conteúdo que o contém. A documentação administrativa, como as atas ou livros das associações, por exemplo, fornece informações específicas, diferentemente de imagens e vídeos, que admitem uma análise diferenciada dos aspectos informacionais. O registro das entrevistas complementa essa análise com informações de natureza subjetiva do entrevistado – o olhar do sujeito, aquilo que é silenciado, ou o não-dito, ou ainda aquilo que o narrador faz questão de enfatizar. São impressões particulares que, quando comparadas aos documentos de arquivo, permitem uma análise complementar e subjetiva das informações presentes nos documentos.

No entanto, a realidade encontrada durante a pesquisa de doutorado com relação à Associação Japonesa de Santa Maria possui singularidades que distanciam a teoria da prática e distanciam o investigador do documento, seja pela característica da comunidade japonesa ser fechada, seja pelo idioma em que as atas foram escritas ou seja pela direcionamento dado a essa associação com o passar dos anos. Todos esses elementos levaram ao entendimento de que a associação possui diferentes momentos históricos, tais momentos serão analisados no Gráfico 1. Em contraposição aos mesmos espaços de tempo encontrados em livros comemorativos de outras cidades, o que pode resultar em uma constante vivenciada na maioria das associações ou ser uma singularidade específica do grupo estudado.

Os livros comemorativos utilizados são dos Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, relativos às comemorações estaduais e às comemorações dos 50 e dos 100 anos da imigração japonesa no Brasil. Foram escolhidos, dentro do acervo do Memorial de Imigração e Cultura Japonesa, por terem sido editados por alguma associação específica e por não serem trabalhos acadêmicos. Os livros das cidades de Maringá/PR e Campo Grande/MS foram trabalhados pela relevância das colônias nos Estados e o da cidade de Pereira Barreto/SP, por se tratar de um município pequeno, inclusive menor que a cidade estudada, e contar com a participação ativa da ACEP na vida social da cidade. Bem como se utilizou o livro comemorativo do cinquentenário da imigração do grupo estudado. O Gráfico 1, a seguir, demostra que, com as devidas ressalvas, as colônias japonesas e, por sua vez, as associações nessas localidades possuem semelhanças, por poderem ser divididas em diferentes momentos históricos. Para uma melhor compreensão do Gráfico 1, utilizou se os seguintes períodos: Ascensão, estabilidade, declínio e retomada.

O período de ascensão é diferente entre as localidades, por que se relaciona com o momento da chegada dos imigrantes japoneses em cada cidade, sua organização e seu

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estabelecimento. Por exemplo, em São Paulo os imigrantes chegaram em 1908, cinquenta anos antes do Rio Grande do Sul, de modo que as associações são fundadas nos primeiros anos da imigração, atingindo sua estabilidade quando em Santa Maria os japoneses acabavam de chegar. Tal qual o Gráfico 1 demonstra:

Gráfico 1 - Períodos históricos das associações japonesas

O período chamado de estabilidade foi mais longo, nos locais onde os imigrantes se estabeleceram primeiro. No entanto, todos chegaram a esse segundo momento, ainda com isseis no corpo diretivo de suas entidades, entre as décadas de 50 e 70. Esse período coincide também com a estabilidade da Nihonjinkai em Santa Maria, que formaliza a entidade em 1978 e até a década de 1980 ainda organizava seus principais eventos na cidade.

O declínio é comum nos quatro Estados comparados, e nos demais onde existem japoneses, mas que não estão presentes no Gráfico 1, em função do Movimento Decasségui, que começou em 1990, quando os jovens da comunidade Nikkei, voltavam ao Japão em busca de trabalho, saindo do Brasil num momento de recessão econômica. No entanto, no Estado de Paraná, por exemplo, antes da década de 90 a comunidade japonesa já estava na sua 4ª geração (Yonsei), enquanto em Santa Maria os jovens que foram ao Japão como Decasséguis eram Nisseis, ou seja, segunda geração, filhos de japoneses. A cidade em estudo, atualmente está na terceira geração de nipo-brasileiros (Sansei), mas em sua maioria já não residem mais na cidade.

Tendo em vista que a terceira geração, netos de japoneses, já não vivem mais na cidade em estudo e os Nisseis não demonstram interesse em dar continuidade as atividades da

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chamados nesta tese de retomada, mas poderia ser reinvenção. Outras colônias japonesas no Brasil vivem esse momento de retomada e manutenção da identidade nipo-brasileira, que transita entre o “ser japonês59” e ser brasileiro.

Estados como São Paulo possuem eventos importantes da comunidade japonesa como o Festival do Japão, evento de grande porte, realizado anualmente, normalmente no mês de julho ou agosto. Evento que conta com a participação de um grande número de jovens, diferentemente do que se viu em Porto Alegre, em agosto de 2018, no Festival comemorativo aos 110 anos da imigração japonesa, tal qual demonstrar-se-á no capítulo III.

Esse momento chamado de retomada ou reinvenção relaciona-se ao sentimento de pertencimento dos mais jovens ao seu grupo étnico, o que ainda não ocorre na cidade estudada, onde a terceira geração se considera brasileira. Tal relação ou sentimento dos nipo-brasileiros e dos ocidentais com o Japão é trabalhada por Lourenção (2010, p. 6), em que “ela é menos sujeita a uma condição de trabalho e mais a uma nebulosa de ideias que gravitam em torno da constituição de um ‘tornar-se japonês’. Ora, em questão não está de fato a proximidade real com o Japão, mas a proximidade ideacional” ou da representação daquilo que parece ser “japonês”, de acordo com Chartier (1989). O que neste estudo pode constituir um ponto de convergência para o ‘continuar japonês’ ou ‘manter-se japonês’ à luz da representação de Chartier (1989; 1991).

Talvez, as manifestações culturais passem por uma “reinterpretação”, quando são “ressignificadas” de acordo com a cultura do grupo dominante. Tal observação é encontrada no estudo de Koyama (1980), que admite uma “aquisição” de aspectos culturais da sociedade englobante naquilo que se denominava processo de “aculturação”, o que sugere que não há uma perda da cultura ou superposição de uma a outra. Demonstra-se, assim, que diferentes costumes podem coexistir na formação da identidade nipo-brasileira e sua representação do que chamou- se aqui de japonesidade.

[...] a noção de " representação coletiva" autoriza a articular, sem dúvida melhor que o conceito de mentalidade, três modalidades de relação com o mundo social: de início, o trabalho de classificação e de recorte que produz configurações intelectuais múltiplas pelas quais a realidade é contraditoriamente construída pelos diferentes grupos que compõem uma sociedade; em seguida, as práticas que visam a fazer reconhecer uma identidade social, a exibir uma maneira própria de ser no mundo, a significar simbolicamente um estatuto e uma posição; enfim, as formas institucionalizadas e objetivadas em virtude das quais "representantes" (instâncias coletivas ou indivíduos singulares) marcam de modo visível e perpétuo a existência do grupo, da comunidade ou da classe (CHARTIER, 1991, p. 183).

59 Lourenção (2010).

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O processo pelo qual imigrantes e descendentes de japoneses passaram até identificarem essa identidade hifenizada e negociada, conforme Lesser (2001), deu-se de forma semelhante em diferentes colônias japonesas. O fio condutor para a manutenção dessa identidade nipo- brasileira é a associação, enquanto espaço de convivência e memória. Foi assim que aconteceu nos três Estados, com os quais a Nihonjinkai daqui foi comparada. No entanto, as memórias da entidades japonesas em São Paulo, Paraná e Mato Grosso, estão documentadas e institucionalizadas através dos livros comemorativos, mas, sobretudo, das atas referentes às associações nipo-brasileiras, escritas em português porque são formadas por diferentes gerações de nipo-brasileiros. Os dados coletados para organizar o Gráfico 1 confirmam isso. Nos livros comemorativos, encontrou-se muitos dados provenientes dessas atas.

No livro da ACEMA (Associação Cultural e Esportiva de Maringá), no Paraná, consta já no ano de fundação da entidade, inicialmente, somente com Isseis, haviam 65 famílias de imigrantes que compunham a associação, e, ainda em 1947, os jovens da colônia se organizavam associativamente, para somente, no período considerado estabilidade, em 1972 jovens e pioneiros se unirem formando o que atualmente é a ACEMA.

O nome com a qual foi fundada, em 1947, originalmente pelos Isseis era Maringá

Nipponjinkai (Associação dos Japoneses de Maringá), que em 1949 construiu sua primeira sede

e seu campo esportivo. Essa entidade tinha como finalidade “o desejo natural de transmitir a seus descendentes os costumes tradicionais da família japonesa ao lado de proporcionar-lhes o aprendizado da cultura brasileira” (ACEMA, s.d., p. 17), objetivo esse que vem ao encontro do conjecturado por esta tese, da contribuição da associação para a manutenção da identidade nipo- brasileira.

Em 1963, era inaugurada em Maringá a primeira escola de língua japonesa, que se mantém até os dias atuais e, em 1982, firmou parceria com Universidade Estadual do Paraná. O quadro de associados da ACEMA passou por um aumento significativo. Em 1975, contava com 700 famílias em seu quadro associativo para, em 1987, possuir 1780 famílias associadas. Posteriormente, na década de 1990, o Movimento Decasségui diminuiu o número de associados, que, em seguida, com a retomada da identidade nipo-brasileira pelas gerações de sucessores voltou a crescer e é bem estruturada até os dias atuais60.

No Estado do Mato Grosso do Sul, o livro utilizado foi “A Saga da Colônia Japonesa em Campo Grande”61, alusivo aos 100 anos de imigração japonesa no Brasil, que conta a história

60 40 Anos da ACEMA – Edição Comemorativa do 40º Aniveersário da Associação Cultural e Esportiva de Maringá/PR.

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da Associação Esportiva e Cultural Nipo-brasileira da cidade. Os imigrantes chegaram em Campo Grande no ano de 1914 e logo fundaram uma escola de língua japonesa em 1918, que foi o ponto de partida para a criação de outras entidades na colônia, como Okinawa Kenjinkai,

Chuo Nihonjinkai, Rengo Nihonjinkai e a atual Associação Esportiva e Cultural Nipo-brasileira.

Em 1914, foi a fundação da primeira colônia japonesa em Campo Grande, passando a existir 23 diferentes colônias no ano de 1963, que se uniram formando a atual associação.

Em 1920, foi a constituição da entidade administrativa pelos isseis, que somente passaram a fazer parte do conselho deliberativo, retirando-se da linha de frente e fundando o departamento sênior em 2008, acreditando que “com os sucessores da segunda geração a entidade deveria se desenvolver cada vez mais” (2008, p. 123). Antes disso, no anos de 1965, era inaugurado o primeiro Kankan e uma casa do estudante. Em 1978, foi construída a quadra esportiva, em comemoração aos 70 anos da imigração japonesa, a qual seria utilizada como “espaço para a formação dos futuros líderes da colônia” (Id. p. 117).

O Bom Odori62, evento tradicional japonês, organizado pela associação foi incorporado ao

calendário anual de eventos da cidade no ano de 1983, e atualmente é um evento que atrai muitos turistas e no qual os nipo-brasileiros demonstram gratidão aos seus antecessores. Em Maringá, durante todo o processo de desenvolvimento da entidade e da colônia a associação passou por mudanças em seu estatuto e inclusive em seu nome, sendo: Nihonjinkai (Associação Japonesa) na época da fundação, Rengo Nihonjinkai (Federação das Associações Japonesas63) em 1957, Nippaku Taiiku Kyokai (Associação Esportiva Nipo-brasileira) em 1960, Nippaku

Bunka Taiiku Kyokai (Associação Esportiva e Cultural Nipo-brasileira) em 1962 com o qual

permanece ainda hoje.

A ACEP (Associação Cultural e Esportiva de Pereira Barreto/SP) foi fundada oficialmente em 1955, e teve sua sede inaugurada com churrasco64 em 1956. Os departamentos de jovens, das moças (Joshi-seinen-kai) e das senhoras (Fujinkai) em 1958 já estava em funcionamento. Eventos como o Bom-odori iniciaram em 1962 na cidade, pois, no Estado de São Paulo, a colônia realiza eventos bastante tempo antes disso.

Em 1978, a ACEP realizou evento em comemoração aos 70 anos da imigração japonesa,

Imigração Japonesa. Associação Esportiva e Cultual Nipo-Brasileira. 2008.

62 Bon Odori (em japonês O-bon お盆 ou simplesmente Bon盆?) é um festival que ocorre anualmente durante o verão entre Julho e Agosto, no Japão (verão nórdico), sempre após o Pôr do sol, pois prevalece a crença de que os