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A Indústria de Prestação de Serviços Logísticos X Mercado: Evolução nas

3.1 – EVOLUÇÃO NAS RELAÇÕES

3.2.5. Mercado Brasileiro

O Centro de Estudos em Logística da COPPEAD/UFRJ tem realizado anualmente, desde 2001, estudos sobre o mercado de prestação de serviços logísticos no Brasil. Esses estudos buscam melhor entender a dinâmica desta indústria através de análises dos perfis de oferta e demanda.

No ano de 2003 foram pesquisadas 93 empresas industriais brasileiras, pertencentes ao conjunto das 500 maiores segundo a revista Exame, assim como o universo das 114 empresas prestadoras de serviços logísticos cadastradas como operadores logísticos.

Alguns aspectos interessantes foram apresentados nesse estudo. No período entre 2000 e 2003, o crescimento da indústria de prestação de serviços logísticos foi significativo em termos financeiros, tendo a receita total dos PSLs passado de R$ 1,56 bilhões para R$ 6,02 bilhões, equivalendo a um crescimento médio de 57% ao ano, ou de 286% no período. Entretanto, o número de operadores logísticos cresceu apenas 16% no período, inclusive tendo reduzido de 124 para 114 entre 2002 e 2003. Tal aspecto caracteriza, segundo Fleury (2004), uma tendência de concentração do setor, já observada na Europa e América do Norte, através de algumas aquisições de PSLs nacionais por empresas estrangeiras, assim como o encerramento das operações de alguns provedores nacionais.

As empresas embarcadoras pesquisadas indicaram uma tendência de continuidade de crescimento do setor, pois 45% pretendem aumentar, 48% manter e apenas 7% reduzir a participação dos PSLs no total de suas despesas logísticas. Além disso, 81% se dizem satisfeitas ou muito satisfeitas com os serviços contratados.

Em relação ao mix de serviços oferecidos pelos PSLs, foram identificados basicamente quinze tipos. Os serviços mais comumente ofertados são: armazenagem (98%), controle de estoques (97%), distribuição (97%), coordenação (96%), transferência (93%), desenvolvimento de projetos (92%), porta-a-porta (91%), embalagem (90%) e montagem de Kits e conjuntos (90%). Os itens de menor índice de oferta referem-se a atividades mais sofisticadas como

Milk Run (69%), JIT (73%), gerenciamento intermodal (73%), logística reversa (82%).

Entretanto, ao comparar-se com as informações obtidas junto às empresas embarcadoras, a pesquisa identificou que a oferta de serviços parece ser excessiva quando comparada com os requisitos e necessidades das mesmas. A variedade de serviços oferecidos, segundo os embarcadores, num conjunto de 13 diferentes critérios utilizados para seleção de PSLs, é considerado o menos importante. Entre os três critérios considerados mais importantes, destacam-se o preço, a experiência anterior na atividade a ser terceirizada, e a qualidade técnica do quadro de pessoal do PSL, o que indica que os embarcadores estão buscando provedores focados e experientes.

A pesquisa buscou identificar as atividades que nos próximos dois anos, levando em consideração o percentual de empresas que pretendem terceirizar ou aumentar o grau de terceirização, apresentam-se como as maiores oportunidades para os operadores logísticos, no que diz respeito aos serviços a serem oferecidos. A tabela 3.8 apresenta a lista das atividades que representam as maiores perspectivas de crescimento.

Atividade Percentual (%) Tipo de Atividade

Armazenagem 40 Intermediária

Desenvolvimento de projetos e soluções logísticas 31 Sofisticada

Controle de estoques 25 Sofisticada

Montagem de kits 23 Sofisticada

Gerenciamento de transporte multimodal 20 Intermediária

Transporte (distribuição / transferência / suprimentos) 17 Básica

Desembaraço aduaneiro 11 Básica

Milk run 9 Intermediária

Tabela 3.8: As maiores oportunidades por tipo de serviço em função do % de empresas que pretendem terceirizar ou ampliar a terceirização nos próximos 2 anos.

Fonte: Fleury (2004)

Segundo Fleury (2004), os setores mais atrativos para os prestadores de serviços logísticos são os setores de química e petroquímica, alimentos e automotivo. Tal constatação pode ser feita levando em consideração alguns critérios de atratividade: percentual de PSLs que prestam serviços para o setor, gasto total com logística (gastos internos + gastos com provedores de serviços logísticos) e valor gasto com terceiros na execução das atividades logísticas. Outros setores como o de papel e celulose, o de siderurgia e metalurgia também mostram-se bastante atrativos.

No que se refere ao uso de Tecnologia de Informação pelos PSLs, a pesquisa realizada constatou que no Brasil, diferentemente de outros mercados, a capacitação em soluções de TI ainda não é considerada um dos principais requisitos para um prestador de serviços logísticos se manter competitivo no mercado. A maioria das empresas pesquisadas não enxerga o PSL como fonte de capacitação em TI. Em relação ao papel dos PSLs em relação a TI, 75% responderam que os vêem como usuários, 20% como implementadores e apenas 12% como desenvolvedores de tecnologia de informação. Sendo assim, 30% dos embarcadores têm como um dos motivadores para a contratação de PSL o objetivo de melhorar a utilização de TI. Interessante ressaltar que 85% têm como motivador a redução de custos.

A tabela 3.9 identifica o grau de utilização da TI nas atividades de armazenagem e transporte, assim como a propriedade /licença do aplicativo.

Aplicativo Do próprio embarcador

Do PSL Não utiliza ou não se

aplica ARMAZENAGEM Rádio freqüência 38% 10% 52% Código de barras 52% 5% 43% Separação/picking 43% 11% 46% Endereçamento 49% 13% 38% TRANSPORTE Auditoria de frete 52% 3% 55% Programação de embarque 50% 15% 35% Rastreamento de veículos 4% 56% 40% Roteirização 24% 32% 44%

Tabela 3.9: Grau de utilização de aplicativos voltados para armazenagem e transporte Fonte: Fleury (2004)

Identifica-se que, de uma forma geral, o grau de utilização de aplicativos voltados para a gestão das atividades logísticas é relativamente modesto. Na atividade de transporte, a ferramenta de rastreamento de veículos é utilizada por apenas 60% das empresas, enquanto que as ferramentas de roteirização e de auditoria de frete por pouco mais da metade das empresas. No que se refere à atividade de armazenagem, também identifica-se uma baixa utilização, com 63% das empresas utilizando ferramentas de endereçamento, 56% utilizando código de barras, 54% separação/picking e apenas 44% utilizando a tecnologia de rádio freqüência. A pesquisa identificou duas exceções quanto ao uso limitado de TI voltada para a logística: sistemas de processamento de pedidos (96% de uso) e sistemas ERP (81% de uso). As pesquisas e estudos apresentados evidenciam um ambiente altamente dinâmico no mercado de prestação de serviços logísticos. Notadamente, as novas opções tecnológicas, principalmente associadas à tecnologia de informação, podem ser vistas como propulsoras de novos modelos e opções organizacionais como, será abordado à seguir.

CAPÍTULO IV

A nova realidade competitiva e as