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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

I.III Metodologia da Investigação

Como metodologia principal de investigação, o mestrando procurou documentar-se através da leitura de diversos autores e da pesquisa da legislação aplicável.2

Na procura de um instrumento que, em alguma medida, pudesse avaliar o desempenho global da gestão pública de cada Município, foi indispensável, de entre os diversos indicadores apresentados, na análise às respectivas contas, a escolha de vinte dos principais indicadores, cuja selecção, podendo ser discutível, pareceu ser a mais adequada face aos propósitos do presente trabalho, bem como ao enquadramento legal da matéria em estudo.

Ao longo do trabalho, e sempre que necessário, serão efectuadas algumas considerações à metodologia adoptada em cada circunstância.

2 A apresentação mais detalhada do método seguido no presente trabalho, no que respeita às referenciações bibliográficas, citações e

demais identificações de fontes de informação, é reservada para um ponto, designado “Referenciações Bibliográficas", que consta dos Anexos ao presente trabalho, onde consta também um “Glossário de Termos e Conceitos” e ainda a apresentação dos “Elementos Relativos

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II

INTRODUÇÃO

A questão das finanças locais foi sempre uma matéria alvo de preocupação/interesse, desde a cedência/entrega das terras nos princípios do Séc. XII3. Prova disso é a previsão do pagamento de

uma espécie de imposto como contrapartida pela sua cedência, pago de distintas formas, consoante a actividade desenvolvida por cada cidadão povoador.

A origem dos Municípios reside essencialmente na entrega de cartas de foral, de parcelas de terra a gentes locais ou vindas de outras terras, com o objectivo de aí as fixar, estimulando o desenvolvimento de alguma actividade económica e o respectivo povoamento e assim a auto defesa contra forças invasoras estranhas, contribuindo desta forma para a protecção do Reino.

Este movimento de cedência de terras foi sem dúvida o ponto de partida para a actual divisão e organização do território nacional quer do ponto de vista geográfico quer do ponto de vista da distribuição das competências administrativas e níveis de autonomia, apesar de ao longo dos séculos, inúmeras terem sido as alterações verificadas.

Esta é pois uma questão que diversas vezes tem sido colocada ao longo da nossa história, nomeadamente no passado relativamente recente, com a discussão que levou a referendo à questão da regionalização4 e consequentemente à discussão que envolve as respectivas

competências, autonomias e financiamento.

Perante um cenário de défices públicos elevados, agravado por uma situação de crise económica mundial como a actual, a questão das finanças locais, é mais uma vez pertinente e entrou uma vez mais na ordem do dia, seja pela via da transferência de competências anteriormente pertencentes à Administração Central e que têm progressivamente vindo a ser transferidas para a Administração Local (no âmbito do quadro legal em vigor desde 1999)5, seja pelo argumento do

sobre endividamento dos Municípios ou mesmo pelas posições destes contra a nova Lei das Finanças Locais6.

O tema das Finanças Locais, não sendo pacífico entre nós, não é de exclusiva preocupação nacional e prova disso é a assinatura em 1985 da Carta Europeia da Autonomia Local7, bem como

3 Ver: Ponto “Resenha Histórica”.

4 Ver [65]: Decreto do Presidente da República n.º 39/98 de 01 de Setembro - Referendo nacional sobre a instituição em concreto das

Regiões Administrativas, ocorrido a 08 de Novembro de 1998.

5 Ver [69]: Lei 159/99 de 14 de Setembro – Estabelece o quadro de transferência de atribuições e competências para as autarquias locais. 6 Ver [83]: Lei n.º 2/2007 de 15 de Janeiro - Aprovou a Lei das Finanças Locais actualmente em vigor, revogando a Lei n.º 42/98, de 6 de

Agosto.

7 Ver [62] e [63]: Resolução da Assembleia da República n.º 28/90, de 13 de Julho de 1990 - Aprovação, para ratificação, da Carta Europeia

Página 41 a publicação “Local Finance in Europe”8, que mostram por um lado que o problema é comum e por

outro lado que existe preocupação sobre esta matéria, por parte da UE. Posteriormente o assunto tem motivado inúmeras publicações (Ex: O livro intitulado “Local Public Finance in Europe -

Balancing the Budget and Controlling Debt” de Bernard Dafflon, ou outro intitulado “Reforming local government in Europe: closing the gap between democracy and efficiency” da autoria de

Norbert Kersting e Angelika Vetter9 ou ainda o artigo intitulado Development of Local Public

Finance in Europe10; Relatórios e outros documentos oficiais das Instituições da União Europeia,

entre outros).

A autonomia da Administração Local e a falta de regulamentação clara, terão contribuído para o elevado endividamento dos Municípios portugueses no passado relativamente recente. Contudo, as necessidades derivadas nomeadamente das carências em infra-estruturas básicas conjugadas com as oportunidades de co-financiamento suscitadas pelos sucessivos Quadros Comunitários de Apoio, contribuíram para o forte aumento do endividamento municipal.

A execução dos Quadros Comunitários de Apoio, até ao QCAIII, terá contribuído para estimular o endividamento municipal, contudo no Algarve com o início do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), tal estímulo é quase residual uma vez que esta NUT11 II integra agora os

critérios de uma região em Phasing-out12, o que reduz significativamente os co-financiamentos

comunitários e consequentemente o estímulo para os empreendedores, inclusivamente para a Administração Local.

Europa, que foi subscrito voluntariamente pelos Estados membros subscritores (entre os quais Portugal) e foi transposta para a ordem jurídica nacional através da Resolução da Assembleia da República n.º 28/90 de 13 de Julho e do Decreto do Presidente da República n.º 58/90 de 23 de Outubro. Decreto do Presidente da República n.º 58/90, de 23 de Outubro de 1990 (1990). Ratifica a Carta Europeia de Autonomia Local, aprovada, para ratificação, pela Resolução da Assembleia da República n.º 28/90, em 13 de Julho de 1990.

8 Ver [51]: Trata-se de uma publicação do Concelho da Europa destinada ao estudo dos Governos Locais e Regionais na Europa, datada de

1997 que visou orientar todos os Estados membros para o desafio de conciliar a necessidade de controlar e reduzir a despesa pública, com a maior autonomia financeira na Administração Local, não esquecendo uma distribuição equitativa dos recursos financeiros entre os diferentes níveis de governo, num contexto de cortes orçamentais em todos os níveis da administração pública.

9 Ver [92]: Este manual dá uma perspectiva das reformas ao nível da governação local, essencialmente nos países da Europa Central e do

Norte, tendo em vista a optimização dos recursos, através da adopção de processos mais eficientes, contribuindo desta forma para uma melhor e mais eficiente Democracia. Parte deste manual encontra-se disponível no sítio da Web identificado nesta referência e foi consultado à data de 11-07-2009:

http://books.google.pt/books?id=o1uczz6tCuQC&pg=PA26&lpg=PA26&dq=%E2%80%9CLocal+Finance+in+Europe%E2%80%9D&source=bl &ots=GYoYmeYosR&sig=5CSc82oj9pOeNjAOBI_jeGiFcc0&hl=pt-

PT&ei=lytZSr31JN7RjAe67uQa&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7

10 Ver [113]: Artigo Académico de Friedrich, Peter, Gwiazda, Joanna e Nam, Chang Woon, intitulado “Development of Local Public Finance in

Europe” (Dezembro 2003). Recolhido em 08-07-2009 através do sítio web: http://ssrn.com/abstract=486065

11 Ver [61]: O Decreto-Lei n.º 46/89 de 15 de Fevereiro, veio criar uma nova organização do território nacional para fins estatísticos, por

forma a permitir uma melhor uniformização entre as estatísticas nacionais e as europeias. Trata-se das designadas NUTS – Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins Estatísticos (Do inglês: Nomenclature of Territorial Units for Statistics). As NUTS estão subdivididas em 3 níveis: NUTS I, NUTS II e NUTS III. Contudo, em alguns países, entre os quais Portugal, são utilizados dois níveis hierárquicos complementares, respectivamente LAU I e LAU II, anteriormente denominados por NUTS IV e NUTS V. As LAU – Unidades Administrativas Locais (Do inglês: Local Administrative Unit) no contexto nacional representam os 308 Municípios portugueses (LAU I) e respectivas 4257 freguesias (LAU II).

12 Região objecto de uma "saída faseada" do Objectivo da Convergência. São as regiões que beneficiam do regime de transição

estabelecido para as regiões que teriam sido elegíveis para o estatuto do Objectivo da Convergência se o limiar de elegibilidade se tivesse mantido em 75% do PIB médio da UE-15, mas que perdem a elegibilidade pelo facto de o nível do respectivo PIB nominal per capita exceder agora 75% da nova média da UE-25 (mais baixa) (o denominado "efeito estatístico").

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III

CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA