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“METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA II” (EDM 0428) USP –

Objetivos

1. Uma reflexão sobre as concepções a respeito da Matemática, bem como sobre o modo através do qual elas influenciam a prática docente.

2. Articulação entre temas tratados nas disciplinas pedagógicas e os conteúdos matemáticos do restante do currículo da LICENCIATURA.

3. Estabelecimento de pontes entre os conteúdos das diversas disciplinas do currículo da LICENCIATURA e aqueles que os licenciados irão lecionar no 1º e no 2º graus.

4. A preparação para o ensino, de materiais para o ensino e a prática efetiva do ensino, através dos estágios supervisionados.

Metodologia do Ensino de Matemática I - EDM 428 está situada no currículo da Licenciatura, em uma dupla confluência: a que se dá entre as disciplinas pedagógicas e as de conteúdo específico (MATEMÁTICA), e também a que diz respeito ao encontro do discurso teórico sobre Matemática e Educação e a realidade concreta da sala de aula.

Programa

1. Avaliação em Matemática: características

a) Questões gerais sobre instrumentos e estratégias de avaliação b) Avaliação e planejamento

2. Currículos de Matemática da Escola Básica: análise comparativa a) Currículos de 1º e 2º graus no Brasil

b) O Ensino de Matemática Elementar em outros países 3. Epistemologia de Didática da Matemática: questões a) Questões de natureza psico-sociológica

b) Questões de natureza histórico-filosófica

4. Questões abertas especialmente relevantes para professores de Matemática: discussão a) Informática na Escola Pública

b) Outras questões, selecionadas em função do interesse dos alunos Avaliação

Método

Aulas expositivas dialogadas, atividades de instrumentação para o ensino (aulas simuladas, materiais) individuais e em grupo, pequenos projetos de pesquisa.

Critério

Todas as atividades desenvolvidas, tanto individualmente quanto em grupo, são consideradas para a Avaliação Final. A freqüência às aulas e a participação efetiva.

Norma de recuperação

A recuperação é realizada ao longo do semestre letivo, após cada uma das atividades. BIBLIOGRAFIA

LIONNAIS, F. et al. Las Grandes Corrientes del Pensamiento Matemático. Buenos Aires, Universitária, 1962.

COURANT, R., ROBBINS, H. Qué es la Matemática? Madrid, Aguilar, 1967.

GATTEGNO, C. et al. El Material para la enseñanza de las matemáticas. Madrid, Aguilar, 1967. VAN-HIELE, P. Structure and Insight: a theory of mathematics education. New York, Academic Press, 1986.

WILDER, R. L. Evolution of Mathematical Concepts. London, The Open University Press, 1973 (Esta é uma bibliografia geral; para cada atividade, é sugerida uma bibliografia específica). BARKER, S. Filosofia da Matemática. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

BOYER, C. História da Matemática. São Paulo: Edgard Blucher, 1974.

BRUMFIEL-KRAUSE. Elementary mathematics for teachers. London: Addison-Wesley, 1969. BUTLER and WREN. The teaching of secondary mathematics. New York: McGraw-Hill, 1965. COSTA, M. A. As ideias fundamentais da Matemática. São Paulo: EDUSP, 1971.

COSTA, A. A. Introdução à História e Filosofia da Ciência. Lisboa: Publicações Europa-América, 1986.

FREUDENTHAL, H. Perspectivas da Matemática. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

LIONNAIS, F. et al. Las grandes corrientes`del pensamiento matemático. Buenos Aires: Universitária, 1962.

MACHADO, N. J. Matemática e Realidade. São Paulo: Cortez, 1987. _______________ Matemática e Língua Materna. São Paulo: Cortez, 1990. _______________ Matemática e Educação. São Paulo: Cortez, 1992.

NCTM - National Council of Teachers of Mathematica. Estandares Curriculares y de Evaluación para la Educación Matemática. Sevilla: Edición en Castellano - Sociedad Andaluza de Educación Matemática Thales", 1991.

VAN-HIELE, P. Structure and insight: a theory of mathematics educacion. New York: Academic Press, 1986.

WHITEHEAD, A. N. Os fins da Educação. São Paulo: Nacional, 1969.

WILDER, R. L. Evolution of mathematical concepts. London: The Open University Press, 1973. Revistas:

Revista do Professor de Matemática. Sociedade Brasileira de Matemática. São Paulo: todos os números. Revista Educação e Matemática. Associação dos Professores de Matemática. Lisboa: todos os números. Revista de Ensino de Ciências. FUNBEC. São Paulo: todos os números.

Observação: Está é uma bibliografia geral, de referência; para cada atividade da disciplina será sugerida uma bibliografia específica.

Fonte: Departamento de Metodologia de Ensino e Educação Comparada (FE-USP).

Em geral, os programas de ensino dos anos 1990 avaliados apresentam grande relação de bibliografia. Os livros sugeridos vão desde obras estrangeiras e nacionais assim como artigos de revistas e jornais, teses, dissertações e programas oficiais de Matemática da rede pública estadual de São Paulo.

Esses dois últimos programas trazem também extensa bibliografia. Chama a atenção que as indicações de leituras se repetem. Dada a sua profundidade, essa bibliografia permite uma multiplicidade de abordagens, enriquecendo o trabalho da formação do professor. Nesse sentido, percebemos que a bibliografia indicada nos programas não define limites para a atividade de leitura oferecida aos licenciandos, uma vez que, em depoimento, o professor Nilson José Machado (2007) relata que os alunos devem ler e apresentar reflexões a respeito das leituras realizadas. Devem trazer outros livros para a sala de aula:

Todos os alunos leem um livro por semestre. Um livro que ele considere importante para a formação do professor de Matemática. Não precisa ser de Matemática. Pode ser um romance, pode ser o que for. Está cheio de livros: O último teorema de Fermat, A história do número e, A história do Pi, da razão áurea... Mas há alunos que lêem outros livros: livro de Psicologia, livros de outros assuntos, mas só pode vir falar bem. Não há possibilidade de ler um livro para vir falar mal. Se escolheu um livro e está falando mal é porque escolheu mal. Escolha um livro de que você goste. A finalidade é seduzir os outros para lerem um livro que eles acharam interessante. Se alguém pega um livro que é ruim e vem falar mal, ninguém quer saber daquilo. Se você escolheu um livro e não está gostando, abandone e leia outro. E o aluno expõe no sentido de seduzir os outros. Às vezes eles apresentam um capítulo só para ver do que se trata, e instigar para se ler os outros ou contar história como no caso de O último teorema de Fermat.

O objetivo dessa atividade é desenvolver o hábito e o gosto pela leitura nos alunos com uma perspectiva de formar o professor autônomo, no sentido de elaboração/seleção do próprio material didático que utilizará: “A construção da autonomia do professor inclui a produção/seleção do próprio material” (Machado, 2007). Os programas das disciplinas aqui apresentadas visam a uma formação ampla do professor, apresentando características de disciplinas de formação para a pesquisa, como seria o caso das disciplinas de pós-graduação: temáticas histórico-filosóficas e ampla referência bibliográfica.

Quando redigimos o item Leituras para professores: institucionalizando a disciplina por meio dos livros-texto, no capítulo anterior, estávamos analisando os livros-texto indicados pelos programas para a formação do professor de matemática. Na perspectiva da Prática de Ensino de Matemática que estudamos, havia a ideia da

constituição de uma bibliografia, ainda que insipiente, mas específica para a formação do professor de matemática. Nos anos 1990, essa bibliografia se amplia para incluir uma multiplicidade de autores, obras e campos do saber. Se por um lado há uma criação de novos textos específicos para o ensino da matemática, com destaque para as dissertações, teses e periódicos nessa área de conhecimento – a Educação Matemática –, por outro, há um olhar mais amplo para o que deve ser estudado pelo professor em formação, incluindo leituras das áreas de história, filosofia e sociologia e da literatura em geral. Esse caráter amplo é pouco disciplinar na concepção de disciplina de Chervel (1990).

Nesse sentido, é característica dessa ampliação a adoção da obra História da Matemática, de Carl Boyer (1974), indicada nas bibliografias das disciplinas da USP e da UNICAMP. Essa história cronológica da Matemática passa a ser referência necessária para as discussões acerca da metodologia do ensino de Matemática, evidenciando uma tendência de ampliar as discussões envolvendo aspectos históricos para a reflexão sobre o conteúdo a ser ensinado. Semelhante constatação pode ser feita pelo fato de a obra

Conceitos fundamentais da Matemática, de Bento de Jesus Caraça (1984), com seu caráter histórico-epistemológico, ter sido adotada nos programas de ensino da UNICAMP e da UNESP-Rio Claro. Os conteúdos da Matemática passam a ser analisados de um ponto de vista filosófico em termos de sua inter-relação com os fundamentos da disciplina.

Vimos, então, que a disciplina Metodologia do Ensino de Matemática incorporou a ampliação de foco da área de pesquisa intitulada Educação Matemática, tornando-se menos preocupada com aspectos técnicos do processo ensino-aprendizagem da Matemática, e voltando-se para aspectos epistemológicos das concepções acerca dos conhecimentos matemáticos considerados essenciais para a formação docente.