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Minérios e Ferrarias

No documento Mirandela Setecentista. (páginas 136-138)

CAPÍTULO IV – A ECONOMIA

2. Exploração de Recursos Subterrâneos

2.2. Minérios e Ferrarias

A descoberta de minas e sua exploração contribuíram para o engrandecimento dos agricultores, manufacturarias e todas as áreas industriais520.

Autores como Avelino de Freitas Meneses, Veríssimo Serrão e H. Gabriel Mendes aludem à riqueza mineira de Portugal de Setecentos. São referidas as jazidas mineiras de Trás-os-Montes, Beira, Alentejo e Minho521.

Nas águas do rio Tua em Mirandela (1758), houve ouro e coube a sua exploração a um técnico de Coimbra, que para tal, utilizou engenhos adequados522. Também em Vila Verde houve várias explorações de prata, o que originou a toponímia de Vila Verde da Prata. Em 1758 a mesma freguesia foi designada por Vila Verde dos Alemões, que por licença régia, ter sido um alemão a dirigir os trabalhos, aquando da respectiva exploração do referido minério523.

Em Freixeda, no Monte Figueiro, explorou-se também minério, em “certos buracos e concavidades, que dizem os naturais, forão em tempos

519 SALES, Ernesto Augusto Pereira de – Mirandela Apontamentos Históricos, Bragança: Junta

Distrital de Bragança, 1970, vol. I, p. 65.

520 COUTINHO, Rodrigo de Sousa – “Sobre a Verdadeira Influencia das Minas, dos Metaes preciosos na Industria das Nações que as possuem, e especialmente da Portugueza”, Memórias Económicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa, Lisboa: Off. da mesma Academia, 1789, T. I, p. 237.

521 Relativamente ao concelho de Mirandela, embora no período romano tivessem existido filões

minerais, estes foram explorados em diversas freguesias e lugares do referido município. “Mappa do Imposto de Minas no districto de Bragança”, segundo o Diario do Governo de 24 de Setembro de 1902. In Francisco Manuel Alves - Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, 1983, vol. II, p. 441; SALLES, Augusto Pereira de – Mirandela Apontamentos Históricos, vol. I, Bragança: Junta Distrital de Bragança, 1970, vol. I, p. 76-77; SERRÃO, J. Veríssimo – História de Portugal, A Restauração e a Monarquia Absoluta (1640-1750), Lisboa: Verbo, 1980, vol. V, pp. 390-391; SERRÃO, J. Veríssimo – História de Portugal O Despotismo Iluminado (1750-1807), Editorial Verbo, vol. VI, 1981, pp. 220-221.

522 DIAS, Eusébio Esteves – Mirandela, D. G., vol. 23, mem. 156, mf. 456, p. 1043.

antigos minas de prata”. Próximo da mina localizava-se um casarão, que servia para se apurar e fundir o metal524.

É referenciado no século XVII por João de Barros em Descripção de antre Douro e Minho e Trallos Montes: “... Logo adiante está o Rio Tua q(eu) he grande e se vay meter no Douro junto do qual está esta villa de Mirandela... e aly estão minas de prata, onde ora se tira. Também nesta altura havia em Lamas de Orelhão umas minas velhas de onde outrora se havia extraído também prata525.

Na freguesia de Alvites, na fronteira da Açoreira existiu uma mina de antimónio, registada no início do Oitocentos526.

Em Frechas, na sua aldeia anexa Vale da Sancha no Cabeço Figueiro, há vestígios de grande exploração de minérios, cujas jazidas aqui existentes eram de chumbo e outros metais. O filão era constituído por quartzo, com abundância de pirite arsenical. O minério de chumbo encontra-se coberto. Foram feitas pesquisas num poço de vinte metros sobres laborações antigas e constatou-se que existia nele ouro e prata em proporções variáveis, com dominância da prata. A investigação fez-se numa área demarcada com mil metros de extensão e aproximadamente cinquenta hectares de área., orientado na direcção leste-oeste (magnético)527. Na mesma vila de Frechas existiu também uma exploração de barro ou argila que resultou numa fábrica de telha. Ficou o topónimo Barriais, o sítio onde se situava a extracção. Na sua aldeia anexa Vale da Sancha fez-se exploração de ferro, estanho e outros metais com predomínio da prata. Em Guide existe uma mina de estanho e outros metais no sítio da Albazaina, descoberto de forma legal por Moisés Zagori, registada por Francisco Joaquim de Morais Fragoso. Em Múrias, o mesmo Moisés Zagori obteve por tempo indeterminado a concessão de uma mina de estanho situada no sítio de Pousadas, em que o concessionário pagava de imposto 19 590 réis

524 COSTA, António Carvalho da – ob. cit., p. 399.

525 BARROS, João de - Descripção de antre Douro e Minho e Trallos Montes, Códice n.º 549,

Porto: Biblioteca Municipal do Porto.

526 SALLES, Augusto Pereira de – Mirandela Apontamentos Históricos, vol. I, Bragança: Junta

Distrital de Bragança, 1970, p. 78.

527 ARAÚJO, Júlio César da Fonseca – Boletim de Minas, Lisboa: Direcção Geral de Obras

Públicas e Minas, 1912, p. 28; SALLES, Augusto Pereira de – Mirandela Apontamentos Históricos, Bragança: Junta Distrital de Bragança, 1970, vol. I, pp. 78-79.

por ano. Em Mascarenhas, António de Sousa Rebelo Pavão foi declarado descobridor legal de uma mina de antimónio no sítio de Vale do Ninho, termo de Valbom dos Figos. O concessionário pagava anualmente de imposto 25$000 réis. O mesmo indivíduo registou uma mina de prata, antimónio e outros metais em Mascarenhas no sítio de Marvelho ou Porqueira528. Explorou- se também antimónio com abundância em Lamas de Orelhão na Serra do Rei Orelhão e Ribeira da Cabreira, termo de Suçães. Tirava-se o mesmo minério em Valdasnes529.

Na freguesia de Paços, no sítio do Lameirinho e no sítio das Freirinhas dos Eivados e no campo redondo houve minas no passado. registadas no Oitocentos. Em Romeu, no sítio das Carvalheiras, José Pegado descobriu e registou uma mina de ouro, prata e outros metais530.

A produção do ferro estava relacionada com a profissão de ferreiro.531. Havia uma relação entre a mina de ferro, a sua fundição e a forja. O mestre das forjas era ao mesmo tempo mestre de minas e seu proprietário, para as poderem explorar. Os lenhadores forneciam lenha aos ferreiros e mestres de forja532.

No documento Mirandela Setecentista. (páginas 136-138)