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Mobilidade no leito prejudicada, relacionada a distúrbio

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PORTADOR DE ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA: RELATO DE CASO

4 Mobilidade no leito prejudicada, relacionada a distúrbio

neuromuscular, caracterizado por dificuldade e incapacidade de posicionar-se.

Promover posicionamento no leito.

4.1 Realizar mudança de decúbito a cada 2 horas.

4.2 Auxiliar nos movimentos da paciente. 4.3 Utilizar técnicas corretas durante o auxílio dos movimentos.

Os pacientes acometidos pela ELA em sua maioria apresentam astenia, espasticidade, atrofia muscular, disfagia, disfasia e alterações no sistema respiratório, resultando em morte ou ventilação mecânica para a maioria deles(FRANCIS; BACCH; DELISE, 1999)

Entretanto no andamento da pesquisa, conforme relato da paciente e observação realizada no exame físico a mesma não apresentou disfagia e disfasia, aparentemente ingere alimentos em sua forma líquida, pastosa e sólida sem dificuldade de deglutição, sua alimentação independe de intervenção de sonda nasogástrica e mesmo com a utilização da traqueostomia encontra-se visivelmente preservada. Igualmente, no que se refere à disfasia foi observado durante a pesquisa que a fala não foi comprometida, e a mesma apresenta disfonia devido a traqueostomia conforme está descrito no quadro 1.

Frente há isso, há indícios na literatura que apontaram a dificuldade no manejo dos resíduos faríngeos dos pacientes acometidos, devido à presença de importante dificuldade na ejeção oral e devido à fraqueza na motilidade da faríngea, potencializando o risco de penetração laríngea e/ou aspiração(MURONO et al., 2015).

É importante frisar que na comparação entre os achados da deglutição e as consistências dos alimentos, na maioria dos casos, há necessidade constante de modificação das consistências dos mesmos, visando permitir via oral até quando indicado, sem, contudo, comprometer a eficiência da ingestão oral e a segurança da deglutição (GOZZER, 2020).

Através das observações realizadas, notou-se que o prejuízo neuromuscular ocasionado pela ELA, desencadeou outros diversos problemas no dia a dia da paciente, a mesma que anteriormente realizava todas as atividades cotidianas, apresentou um alto grau de dependência da assistência multidisciplinar.

A equipe multidisciplinar em saúde, embora não sendo capaz de parar a progressão da doença, mostra-se muito importante nos cuidados paliativos, atuando no controle das comorbidades, desde a prevenção de deformidades neuromusculares produzidas com o avanço da doença, até o controle e suporte ventilatório, essencial na fase de evolução tardia da enfermidade (DE ANDRADE, 2019).

O diagnóstico de ventilação espontânea prejudicada foi designado à paciente devido à perda da função diafragmática. A mesma encontrava-se traqueostomizada e utilizando ventilação mecânica invasiva em modo de ventilação com suporte pressórico (PSV). A degeneração dos neurônios motores aos poucos se dissemina e, por conseguinte afeta os músculos responsáveis pela respiração, consequentemente há uma dependência de uma

respiração artificial podendo ser invasiva ou não invasiva, inicialmente somente é necessário à oxigenação do paciente de forma não invasiva, e posteriormente com o avanço da doença ele se torna dependente de um ventilador mecânico(LIMA et al., 2009).

Frente ao diagnóstico de ELA, os pacientes devem ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar, que deverá implementar estratégias para uma melhor qualidade de vida, principalmente no que se refere ao suporte para lidar com os sintomas respiratórios. A abordagem de cuidados respiratórios inclui técnicas de desobstrução das vias respiratórias, tosse assistida mecanicamente e ventilação mecânica não invasiva (ORSINI, 2015).

Ainda em relação ao sistema respiratório foram identificados roncos bilaterais, mais audíveis em ápice pulmonar direito, apresentando secreção em grande quantidade. Diante disto destacou-se o diagnóstico de desobstrução ineficaz das vias aéreas. Para o paciente portador de ELA, o acúmulo de secreções orais ou pulmonares é uma situação preocupante, nesse sentido cabe a equipe de enfermagem a missão de realizar a aspiração oral e/ou oro traqueal de 4-5 vezes ao dia e que associada aos demais cuidados resulta em um melhor conforto ao paciente, na melhora da capacidade de tosse e consequentemente diminuição das chances de complicações respiratórias (CARVALHO; MENEZES, 2012)

A patologia em estudo além de ser crônica e neurodegenerativa é inflexível, responsável por causar diferentes graus de dependência funcional na vida cotidiana de seu portador (ORSINI, 2020; LUCHESI; SILVEIRA, 2018). Devido à capacidade reduzida dos movimentos, a paciente em estudo necessitava diariamente de total auxilio da equipe de enfermagem para realizar suas atividades básicas de autocuidado. Sendo assim, foram identificados os diagnósticos de déficits para alimentação, banho, higiene íntima e vestir-se.

Mediante a isso, cabe ao enfermeiro estabelecer um plano de cuidados de enfermagem que atendam todas as necessidades de autocuidado com o paciente que incorpore o auxílio para a realização de todas as necessidades afetadas, dentre elas as voltadas a higiene diária e alimentação(BELLOMO; CICHMINSKI; 2015; BITTENCOURT; CORDEIRO, 2015).

Da mesma forma que necessita de cuidados diários da equipe de enfermagem no autocuidado, o auxilio para realizar movimentos básicos no leito, como flexão e extensão dos membros superiores e inferiores, posicionar-se em decúbito lateral esquerdo e/ou direito é indispensável, diante disto destacou-se o diagnóstico de mobilidade no leito prejudicada. A imobilidade no leito é decorrente da fraqueza muscular, consequência do processo degenerativo da doença, a qual contribui e intensifica o déficit muscular por desuso(LEWIS; RUSHANAN, 2007).

Salienta-se que a permanência prolongada no hospital propiciou a paciente o surgimento de diversos abalos psicológicos. Em consequência do seu estado atual , a mesma apresentou ansiedade para retornar ao lar e ter o convívio social novamente. Seu conceito de família e dona do lar, já não são os mesmos, sendo observada uma interrupção nos processos familiares. Além disso, devido a patologia, ela não conseguia realizar suas atividades que outrora lhe eram comuns, causando-lhe um sentimento de impotência frente a execução de tarefas diárias. Esses e outros problemas psicossociais que puderam ser observados afetam diretamente o bem-estar geral da mesma. Como consequência, sinais de depressão e ansiedade relacionadas a esta patologia estão presentes na maioria de seus portadores. Concomitante, a família também é prejudicada pelo estado de saúde do paciente, necessitando assim de uma assistência integral, aos prejuízos físicos e aos prejuízos psicológicos ocasionados pela patologia(SILVA, 2014; PRADO et al., 2017).

Os diagnósticos acima discutidos foram selecionados pelo fato de serem referentes à patologia, os mesmos trazem as intervenções de enfermagem aplicáveis a maioria dos pacientes portadores da doença. Em contrapartida, devido a hospitalização prolongada a paciente apresenta outros diagnósticos que necessitam dos cuidados específicos da enfermagem, assim como portadores de outras patologias desenvolvem no decorrer da internação.

O trabalho desenvolvido pela equipe de enfermagem frente ao tratamento do paciente diagnosticados com esclerose lateral amiotrófica é primordial para uma melhor qualidade de vida dos mesmos, no entanto ainda se faz necessário o investimento em pesquisas que abranjam o envolvimento dos familiares, os sentimentos do paciente e formas de comunicação, para que cada dia mais os portadores recebam um atendimento integral que abranja todas as suas necessidades afetadas (DE OMENA, 2019).