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SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Elaine Barbosa de Moraes¹, Fernanda Dias Peixoto Milon de Oliveira1, Gueine Araújo

da Silva Cavalcante1, Juliana Teixeira de Oliveira1, Maria Leila Fabar dos Santos1,

Rodrigues Ferreira de Souza1

1. Universidade Paulista (UNIP), Manaus, Amazonas, Brasil.

RESUMO

Objetivo: Relatar como experiência acadêmica a importância da educação em saúde em comunidades ribeirinhas. Método: Elaboração de texto baseado em relato de experiência sobre a relevância da educação em saúde em comunidades ribeirinhas. Resultados: O relato evidenciou a necessidade de conhecimento por parte da comunidade ribeirinha diante a precariedade de serviços de saúde fornecidos a comunidade e situação de vulnerabilidade vivenciada por essas pessoas. Conclusão: As ações de educação em saúde são cruciais contribuições na prevenção e acompanhamento de patologias que acometem comunidades ribeirinhas. A educação em saúde em comunidades ribeirinhas permitiu a formação de multiplicadores utilizando conhecimentos para melhoria de saúde da vida das pessoas atingidas.

Palavras-chave: Educação, Saúde Pública e Vulnerabilidade em Saúde.

ABSTRACT

Objective: To report as an academic experience the importance of health education in riverside communities. Method: Writing a text based on an experience report on the relevance of health education in riverside communities. Results: The report showed the need for knowledge on the part of the riverside community in view of the precarious health services provided to the community and the situation of vulnerability experienced by these people. Conclusion: Health education actions are fundamental contributions in the prevention and monitoring of pathologies that affect riverside communities. Health education in riverside communities allowed the formation of multipliers based on knowledge to improve the health of those affected.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Nascimento et al. (2019) o conceito de ribeirinho é dirigido as pessoas que moram as margens e/ou sobre os rios podendo ser em áreas adjacentes quanto longe de áreas urbanas de uma determinada localidade, essas pessoas possuem íntima relação com o ambiente em que vivem, tirando do meio ambiente seus subsídios em relação as suas necessidades como: transporte, trabalho, alimento e subsistência. Essas comunidades tendem a ser formadas por uma mesma família que reside naquele espaço que muitas das vezes ficam próximas as vilas ou pequenos municípios.

Queiroz et al. (2018) em seu estudo resume o Sistema Único de Saúde em um complexo que tem como objetivos ações e serviços de saúde que visam a: promoção, proteção e recuperação da saúde, sendo itens executados pelos entes federativos, de forma direta e/ou indireta, em conjunto a participação adjunta da iniciativa privada, organizações filantrópicas e controle social de forma a manter a assistência à saúde organizada, descentralizada, regionalizada e hierarquizada.

À atenção primária é dada a visão de primeiro nível da atenção à saúde a qualquer usuário e forma o primeiro elo dos clientes em relação ao Sistema Único de Saúde e todos os seus serviços. A característica definidora mais expressa da Atenção Primária é ser considerada a porta de entrada do Sistema Único de Saúde, justamente por ser de nível assistencial básico e facilmente acessível.

Brasil (2012) afirma que a Política Nacional de Atenção Básica, historicamente é uma política pública que desenvolveu e a solidificação do Sistema Único de Saúde de forma acessível a sociedade através de conjuntos de ações que trouxeram inovações no campo da política e ciência e avançou no reconhecimento e construção de um grande número de exemplos de equipes para atender integralmente a população atendida pelo Sistema Único de Saúde, como exemplo está a criação e implementação de unidades básicas de saúde fluviais e estratégia saúde da família direcionadas para atendimento as populações ribeirinhas através das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas que possuem funções em Unidades Básicas de Saúde localizadas nas comunidades encontradas junto a rios e onde somente através de transporte fluvial é possível ter acesso.

Para Dias e Pinto (2019) a educação é um fenômeno social relacionado ao contexto em que está inserida tendo suas delimitações na política, economia, ciência e cultural. O ato de educar seria um processo contínuo em todos os povos, mas que tem suas

particularidades, não se fazendo igual em todos os tempos e lugares, em essência, um processo social.

Mediante esses conceitos, ao longo dos anos a área da saúde reconheceu a necessidade de formular e reformular processos de ações e serviços de trabalho para melhor assistência da comunidade e garantia da eficácia dos serviços.

2. MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um relato de experiência vivenciado por acadêmicos do 8º período da graduação de Enfermagem em uma comunidade ribeirinha do estado do Amazonas com o objetivo de relatar como experiência acadêmica a importância da educação em saúde em comunidades ribeirinhas.

3. RELATO DE EXPERIÊNCIA

O relato evidencia a necessidade de conhecimento por parte da comunidade ribeirinha em que ficou evidente diante a precariedade de serviços de saúde fornecidos a comunidade e situação de vulnerabilidade vivenciada por essas pessoas.

Foi verificado e ratificado que as equipes de saúde que atendem as áreas ribeirinhas precisam desenvolver habilidade e realizar procedimentos que vão além da sua competência, em seu estudo, Queiroz et al. (2018) confirma que o papel da equipe de saúde em áreas ribeirinhas exige o desenvolvimento de habilidades, como a realização de procedimentos específicos, encaminhamentos a outros profissionais nos centros urbanos, a interpretação de exames muitas vezes sem laudo dos especialistas como no caso de tomografias e no manejo inicial das urgências e emergências.

As unidades básicas de saúde de áreas adjacentes as áreas metropolitanas carecem de resolutividade quanto as suas problemáticas, quanto mais distantes da metrópole, maior a dificuldade. As problemáticas se enquadram na relação onde esses profissionais se veem trabalhando em condições extremas, como com a falta de insumos para realização de procedimentos tanto dentro da unidade como fora e a dificuldade de acesso por parte da população aos serviços de saúde. Exemplo disso foi a própria visita dos acadêmicos de

Enfermagem a uma comunidade ribeirinha onde houve a conversa com um agente comunitário de saúde, onde aqui será preservada a sua identidade sobre as condições em que trabalhavam com os ribeirinhos:

“ - A Secretaria de Saúde da cidade de Manaus nos cobra a relação de procedimentos realizados com os ribeirinhos, porém não temos como chegar até para dar uma assistência, coleta de dados e ações de forma correta. Exemplo é quando temos que nos deslocar da terra até a casa deles e não temos meio transporte para isso cedido pela secretaria, temos que pagar do nosso próprio bolso para chegar até eles. Como está ocorrendo nessa ação de vacinação e realização de preventivo. ”

Figura 1. Acadêmicos de Enfermagem, profissionais da saúde e ribeirinhos em ação no

incentivo a atualização do cartão de vacina. Município de Iranduba, distrito Cacau Pireira. (Imagem autorizada)

Não só as equipes de saúde sofrem com as problemáticas, mas também a própria comunidade assistida (MEDEIROS et al., 2018; QUEIROZ et al., 2018), existem várias situações que dificultam a chegada do ribeirinho até a assistência à saúde, como: os usuários relatam que a falta de transporte, fatores econômicos, falta de recursos financeiros para fazer uso do transporte via fluvial, quando este se encontra disponível, a falta de intersetorialidade nas gestões que atendem essas comunidades; descredibilidade nos serviços ofertados seja pelas instituições que administram essas populações, sejam os serviços e projetos desenvolvidos pelas políticas públicas; tamanho do território/distância dos locais de acesso à saúde; falta de interesse por parte da população em relação ao controle social e apoio

comunitário sendo esse problema enraizado na falta de educação, seja ela escolar, seja sanitária. Todas essas interações por si só acabam prejudicando a ida do ribeirinho até a assistência de saúde, fosse primária, fosse terciária.

Um exemplo claro de que a falta de conhecimento é prejudicial as comunidades ribeirinhas na busca por acesso e assistência à saúde é que Silva (2019) em seu estudo este que tinha o objetivo o perfil epidemiológico das usuárias, bem como descrever a percepção das usuárias sobre a importância do exame Papanicolau e as principais dificuldades enfrentadas pelas mulheres para realizar o exame diz que as mulheres ribeirinhas da região adjacente à cidade de Manaus - Amazonas, no município de Iranduba – distrito de Cacau Pireira, revela em seu estudo que 72% do total de suas entrevistadas cursaram apenas o ensino fundamental, indicativo esse que comprova a questão da vulnerabilidade vivenciada pelas comunidades ribeirinhas e no mais, também é observado nos resultados da pesquisa que 90% das entrevistadas possuíam algum tipo de dúvida sobre o exame de citopatológico. Isso demostra que a falta de conhecimento é soberana entre as mulheres ribeirinhas daquela região mediante um exame simples, pouco poder aquisitivo que é realizado de forma gratuita pelo serviço de saúde público.

Dentro dessa situação vemos também a descredibilização por parte da população em relação a realização dos procedimentos e o resultado dos mesmos. Em conversa com a enfermeira responsável pela unidade básica de saúde onde os acadêmicos de Enfermagem estavam estagiando sobre a questão do exame citopatológico é revelado que:

“As mulheres ribeirinhas a maioria não faz e as que fazem procuram meios particulares para isso. ”

Isso testifica a questão da falta de fé no serviço público de saúde, fora outras questões como os serviços secundários aos procedimentos, como espera de resultados de exames, encaminhamentos para outras especialidades, espera por exames específicos seja na marcação quanto no seu resultado, esses fatores em suma dificultam a questão da integralidade da assistência ao paciente o que acaba dificultando tanto o diagnóstico do paciente quanto seu tratamento e recuperação uma vez que todo o processo de atendimento é comprometido.

A atenção básica, muito mais que nas grandes metrópoles, é a porta de entrada no Sistema Único de Saúde, ofertando serviços que lhe são cabíveis, quanto tomando muitas das vezes atribuições de outros serviços como a atenção secundária e terciária, neste último caso, Queiroz et al. (2018) diz em serviços de urgência e emergência. É na atenção básica

que o ribeirinho espera que suas necessidades sejam supridas e são nas Unidades Básicas de Saúde que os profissionais de saúde tem a oportunidade de instruir o paciente quanto a própria educação sanitária/saúde.

Em Brasil (2018) é conceituado Política Nacional de Educação Permanente em Saúde que criada em 2004 foi instituída como meio para propagação de informações técnico- cientificas aos profissionais de saúde afim de promover transformação das práticas de trabalho em saúde para melhor atender a população brasileira. No ano de 2003 foi criada a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde com a finalidade de tornar acessível a política de educação em saúde e a implementação de iniciativas relacionadas a formação educativa dos profissionais de saúde, adjunto à valorização da Atenção Básica aos serviços de saúde e a comunidade, com o objetivo de fortalecer o Sistema Único de Saúde, para isso é interessante uma análise crítica e construção do conhecimento baseado na localidade de cada região assistida pelo Sistema Único de Saúde e Atenção Básica com as finalidades da assistência ser efetiva e resolutiva e ensino de medidas a população de como procederem diante de situações corriqueiras da seu próprio cotidiano.

Para Ramos et al. (2017) são vários os fatores que interferem na efetivação das práticas educativas em relação aos profissionais da saúde para as comunidades atendidas por eles, entre esses fatores estão: alta demanda de consultas; população procurar o atendimento básico apenas para tratamento de doença existente; gestão que valoriza produtividade; falta de autonomia por parte de alguns profissionais de saúde como enfermeiros; ausência de estrutura adequada para o atendimento dos pacientes; sobrecarga de trabalho e a ausência de qualificação profissional voltada para o Sistema Único de Saúde, Estratégia Saúde da Família e educação em saúde.

A educação por meio de ações de saúde se mostra efetiva uma vez que o paciente não chega ao local somente para realizar o procedimento, mas para ouvir sobre sua importância e relevância no dia-a-dia. O interessante das ações promovidas pelas unidades básicas de saúde é que o paciente chega até os mesmos com o objetivo de se beneficiar com a ação, mas que também saem conscientes sobre o porquê daquela ação e o benefício dos procedimentos executados esses eventos. Palestras com dinâmicas se mostram eficazes no aprendizado.

Para Falkenberg et al. (2014) as práticas de educação em saúde estão envoltas em três segmentos: os profissionais de saúde que enfatizam a prevenção e a promoção de práticas curativas; gestores que apoiam os profissionais de saúde e a população que tem necessidade em adquirir conhecimentos e aumentar a própria autonomia em relação a seus

cuidados pessoais, individuais como pessoa e coletivos, como comunidade, através do conhecimento e hábitos saudáveis.

É fato que a equipe de saúde, que atende essas áreas, é crucial ao que diz respeito a atendimento/assistência e propagação de informações corretas quanto diz respeito a patologias, procedimentos, exames e importância do acompanhamento de tratamentos como o exemplo que é feito por Gomes (2016) o programa Hiperdia tem como objetivo o cadastro e acompanhamento de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis como a Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Sistêmica entre outros programas que a atenção básica possui com a finalidade de atender melhor sua comunidade assistida, em relação aos ribeirinhos é bem mais evidente essa disposição por parte da equipe de saúde uma vez que as dificuldades não param a produtividade e vontade e atender da forma mais integra e equitativa.

4. CONCLUSÃO

As ações de educação em saúde são cruciais contribuições na prevenção e acompanhamento de patologias que acometem comunidades ribeirinhas. A educação em saúde em comunidades ribeirinhas permitiu a formação de multiplicadores utilizando conhecimentos para melhoria de saúde da vida das pessoas atingidas.

A atividade desenvolvida pelos acadêmicos foi importante para disseminação de conhecimento entre os ribeirinhos através de palestrar e procedimentos realizados como coleta de exame colpocitológico e atualização do cartão de vacina. O retorno por parte da população atendida foi unânime uma vez que procuraram interagir com os acadêmicos e participar das ações direcionadas a eles.

5. AGRADECIMENTOS

Agradecimentos imensos a Deus primeiramente, a nossas famílias e em especial a todo corpo docente da Universidade Paulista – UNIP e aos profissionais de saúde da UBS Cidade Nova Cacau que foram incríveis ao receber os professores e alunos da universidade acima citados com toda receptividade e cuidado para com todos e por ter dado a

oportunidade da aproximação da academia com a comunidade ribeirinha, motivo hoje de gratificação e alegria.

6. REFERÊNCIAS

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A CRIANÇA DIAGNOSTICADA