• Nenhum resultado encontrado

Mobilizações Sociais de profissionais da Educação no RN

4. TRILHAS DA CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE

4.3. Mobilizações Sociais de profissionais da Educação no RN

Ao iniciar a jornada-pesquisa, a cada vestígio que dessoterrava, uma quantidade expressiva de fontes foram emergindo e possibilitando que compreendêssemos como o fenômeno humano da Mobilização Social, em foco, era vasto, itinerante, complexo, marcado por uma multirreferencialidade visível.

97

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

No RN, as instituições que organizaram os diversos profissionais da Educação no estado e as instituições que organizaram os estudantes secundaristas em Natal, começaram a se unir em torno de um bem público importantíssimo para a nossa sociedade, que é o da Educação Pública, gratuita, laica e democrática.

Aos poucos, fui percebendo que estas instituições que lideraram a Mobilização Social, em Natal/RN, faziam parte de uma grande teia de instituições de educadores e educandos que agiam nos mais diversos espaços pelo RN.

A pesquisa foi evidenciando que a Mobilização Social na Rede Municipal de Ensino de Natal (RMEN) foi influenciada diretamente por todas as mobilizações que ocorreram em outros municípios e na Rede Estadual de Educação do RN.

As ações de mobilização realizadas pelas instituições alcançaram um nível de sistematização que construiu uma Mobilização Social pela melhoria da Educação não só na RMEN, mas em vários municípios do estado do RN. Como exemplo, podemos citar o movimento grevista de maio de 1979 que tinha na sua pauta de reivindicação

melhores condições de trabalho e majoração salarial (PROFESSORES... 1979)32.

Essa luta incluiria, posteriormente, outros pontos nessa pauta inicial. Um deles que se fortaleceu ao longo dessa Mobilização Social, foi o das eleições diretas para diretores de escolas. A imagem abaixo, nos aproxima um pouco do que queremos evidenciar. Vejamos a Figura 8:

Figura 7 – Movimento grevista de maio de 1979

Fonte: Diário de Natal, 1979

98

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

As negociações na rede estadual iniciaram em maio de 1979, no governo de Lavoisier Maia (1979 a 1983), e foram possíveis dado o movimento de mobilização social, como a fonte acima registra. Esse movimento apontou alguns possíveis avanços como o enquadramento funcional de 3.500 Educadores do RN, numa primeira leva, e a união da categoria dos professores. Mesmo numa época em que a presidente da APRN era a professora Iracema Brandão, que não apoiava a forma que os professores estavam conduzindo o processo naqueles dias.

No entanto, logo após a mudança de governador, quando assume o cargo José Agripino Maia (1983 a 1986), algumas das negociações e compromissos firmados entre os integrantes da mobilização de Educadores e o Governador Lavoisier Maia, durante a campanha salarial do ano de 1983, foram desconsideradas e não cumpridas pelo novo governador.

Podemos citar, como um exemplo do descompromisso do governador eleito, com o movimento dos educadores, o ato administrativo desagradável que aconteceu na Escola Estadual José Olavo, do município de Macau/RN.

Conforme as negociações acordadas entre a Associação dos Professores do RN (APRN), Associação dos Orientadores Educacionais do RN (ASSOERN), Associação dos Supervisores Educacionais do RN (ASSERN), Associação Nacional de Profissionais de Administração da Educação do RN (ANPAE/RN), com o então secretário Hélio Vasconcelos, sobre as eleições diretas para diretor de escolas estaduais, foi realizado o processo de eleição na referida escola, e a professora eleita foi Maria Cacilda Araújo.

No entanto, com o novo governo a chefe do então VI Núcleo Regional de Ensino (NURE), Maria Rosário Ribeiro, não acatou a indicação da comunidade escolar, e indicou Aldenora Ribeiro Xavier para o cargo, conforme registros do DN/06JAN1984/P.4 (DIREITO... 1984).

Os registros que foram identificados nesse caso de Macau/RN, é mais uma evidência de que o Estado é de fato um espaço de relações conflituosas. Observemos que o acordo que foi fechado nas negociações do secretário com os professores no RN, foi desconsiderado pela chefe VI NURE e seguiu uma lógica estranha ao que comumente deveria ter acontecido, já que o novo governador estava iniciando o seu mandato e tinha se comprometido com os profissionais da educação durante a campanha eleitoral.

99

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Entre as várias instâncias da gestão da educação estadual, mesmo após o secretário Hélio Vasconcelos ter publicamente se comprometido com as eleições diretas para diretores da rede estadual, ocorre esse conflito (Ver Figura 9) que o desautorizou publicamente.

Esse acontecimento potencializaria, ainda mais, a dificuldade de negociação entre o movimento dos professores da rede estadual no RN e o novo governador do RN. No documento abaixo, podemos perceber elementos do acirramento do conflito entre Estado e Movimento de Mobilização dos Professores. Vejamos:

Figura 8 – Descumprimento de acordo

100

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Enquanto se instaurava a mobilização conflituosa, no nível da Rede Estadual de Educação, com esse fato de Macau e tantos outros que foram se sucedendo, na Rede Municipal de Ensino de Natal (RMEN), as condições foram mais favoráveis que na rede estadual.

O Prefeito de Natal, Garibaldi Alves Filho, eleito pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), assumiria a chefia do Palácio Felipe Camarão entre os anos de 1986 e 1989. As condições sociais, político-econômicas e culturais, existentes à época, favoreceram que o prefeito de Natal/RN, Garibaldi Alves Filho, e o então Secretário Municipal de Educação, Luiz Eduardo Carneiro Costa, aceitassem debater as reivindicações da mesma mobilização, com as especificidades desse município, e depois implementassem as propostas aceitas durante as negociações com os integrantes da Mobilização Social. A qual objetivava a melhoria da gestão da Educação pública, na rede, através de uma proposta mais democratizante.

Enquanto na Rede Estadual do RN, a Mobilização Social não conseguiu que as autoridades que pactuaram eleições diretas para diretores e vice-diretores de escolas, a ratificassem na Lei Complementar n. 049, de 22 de outubro de 1986, quando essa Lei foi sancionada pelo então governador estadual Radir Pereira33.

No Município de Natal, as reivindicações da Mobilização Social conseguiu acordar com os representantes do poder municipal, de tal forma que as reivindicações foram incorporadas na Lei Complementar n. 3.586, de 08 de outubro de 1987, que estabeleceu o novo Estatuto do Magistério de Primeiro e Segundo Graus na rede pública do município de Natal.

Os pontos que foram ratificados nessa Lei municipal supra citada, serviram para se poder implementar um modelo mais propício a vivenciar uma gestão democrática, futuramente, no interior das escolas dessa rede. Nela, foram aprovadas as eleições diretas para diretor e vice-diretor das unidades de ensino e a criação dos Conselhos Escolares. Ver Quadro n 1 abaixo, que apresenta as redações propostas pelas Mobilizações Sociais e como elas ficaram aprovadas na sua redação final em cada rede.

33 Estamos nos reportando ao Estatuto do Magistério de 1º e 2º Graus do estado do RN, ele não contemplou a proposta do Grupo de Trabalho, formado em 1985, para elaborar a minuta da lei que foi enviada à Assembleia Legislativa do RN que contemplou as eleições diretas para diretores. Veja na Quadro 1.

101

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Quadro 1 – Comparativo entre propostas e redações finais na Lei Estadual do RN e a Lei Municipal de Natal/RN

Fonte: acervo do autor, 2019

Observemos que há singularidades na proposta da Mobilização Social da Rede Estadual, que difere da apresentada pela Mobilização Social na Rede Municipal de Natal/RN. O ponto que distingue as duas formulações encontra-se no título específico da Administração das Unidades Escolares e, conforme pode se observar no quadro comparativo apresentado acima, o que difere as duas é que enquanto o movimento dos professores do estado formula apenas sobre a forma de escolha do diretor e vice-diretor; o movimento de mobilização de Natal, escreve que além da eleição do diretor e vice-diretor, existiria em cada unidade de ensino um Conselho Escolar com caráter deliberativo.

Assim, os profissionais da Educação e os estudantes do município de Natal/RN, conseguiram construir uma Mobilização Social que fortaleceu o ideal da gestão democrática, no contexto da luta pela melhoria da Educação potiguar.

É importante observar, que nesse momento histórico, ou seja na década de 1980, os educadores de Natal avançam em relação a sua primeira experiência vivenciada com o Círculo de Professores e Pais no ano de 1961, pois agora os estudantes são incorporados na Mobilização Social e como desdobramento dessa participação, passam a constituir como segmento o Conselho Escolar.

102

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

No curso da pesquisa, observamos que fatores individuais e coletivos foram importantes para ativar a vontade dos indivíduos a querer se integrar a Mobilização Social na RMEN. Essa relação entre indivíduos e coletivo e a busca por compreender como os indivíduos providos de suas individualidades constroem em si a vontade de querer participar de algo, ocupou por muito tempo nossas reflexões.

No que diz respeito à mobilização institucional, destacamos a liderança da APRN. Essa Associação foi a referência política que catalisou muitos participantes, por meio de reuniões, de ideias, propostas de Leis, estratégias políticas, realizadas em vários municípios do RN.

A APRN exerceu liderança nas duas Mobilizações Sociais, ou seja, de educadores e estudantes em todo o RN. Sem essa instituição, o alcance das conquistas seria, provavelmente, menor e, com certeza, as duas mobilizações teriam menos representatividade.

A Associação de Professores do RN (APRN) foi a instituição que liderou a construção e a sustentabilidade dessa Mobilização Social durante a década de 1980. Por causa do número de associados e da extensão da sua representatividade, por todo o estado do RN. Ela mobilizou profissionais da Educação, de diversas especialidades, estudantes e alguns pais, numa mobilização de seres humanos envolvidos com a Educação Escolar no RN. Essa perspectiva fica evidenciada na fala do entrevistado nº 3:

Inclusive numericamente, nós tínhamos um número de sócios tanto na ASSOERN quanto na ASSERN bem menor que a APRN. Nós lutávamos por uma paridade nas votações. Enquanto a APRN tinha 5 mil associados, a ASSOERN e a ASSERN tinham 50 ou 100, cada uma. Então era bem diferente essa relação. (Entrevistado nº 3)

Conforme pode se observar na fala do entrevistado nº 3, existia uma diferença imensa entre o número de sócios da ASSOERN e ASSERNE em relação a APRN. Essa diferença numérica implicava necessariamente em diferenças de estrutura financeira e política. Talvez, essa condição material gerada pelo grande número de sócios, tenha garantido a APRN a liderança do processo de Mobilização Social que estamos estudando.

Nos parece ser importante observar que, mesmo no interior das lutas políticas no campo das instituições que objetivam transformar a sociedade, se manifestam elementos que constituem a lógica do capitalismo, ou seja, define processos e lidera quem possui a melhor condição material e o maior número de pessoas. Mas, de

103

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

qualquer modo, os indícios que encontramos no curso da pesquisa, apontam para o fato de que os esforços empreendidos nessa luta liderada pela APRN, viabilizou algumas conquistas importantes para a Educação no estado do RN.

Podemos citar entre elas a Lei Complementar n. 049, de 22 de outubro de 1986, publicada no Diário Oficial do Estado, em 31 de outubro de 1986, o Estatuto do Magistério de Primeiro e Segundo Graus da Rede Estadual de Educação do RN e a Lei n. 3.586, de 08 de outubro de 1987, publicada no Diário Oficial do Município de Natal, em 23 de outubro de 1987, o Estatuto do Magistério de Primeiro e Segundo Graus da Rede Municipal de Educação de Natal.

A conquista dessas Leis supracitadas, são evidências históricas, com o apoio de fontes documentais importantes, que atestam a probabilidade de que o Estado pode ser compreendido também como um fenômeno humano forjado nas relações sociais tensionadas pelos diversos conflitos de interesses dos grupos humanos organizados, de uma determinada sociedade que tem a sua cultura, sua política econômica, enfim, sua história. As conquistas supracitadas só foram possíveis por causa dessa Mobilização Social que foi realizada pelas várias associações articuladas em torno de um mesmo objetivo: defender, fortalecer e melhorar a Educação no estado do RN. Nos parece ser de grande importância evidenciar que essas conquistas foram possíveis, mesmo considerando que entre as diferentes instituições existiam conflitos de interesses entre elas; entre elas e os interesses dos representantes da Secretaria Municipal de Educação e, entre os próprios indivíduos que integraram essa Mobilização Social.

Esse movimento foi se consolidando ao longo das décadas de 1970 e 1980 com o esforço de seres humanos que formavam a APRN, a Associação dos Professores de Mossoró (APM), a Associação Educativa do Magistério de Caicó (AEMEC), a Associação de Orientadores Educacionais do RN (ASSOERN), a Associação dos Supervisores Educacionais do RN (ASSERN), a Associação Nacional de Profissionais de Administração da Educação do RN (ANPAE/RN), à época assim denominada, e a União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Natal (UMES/Natal).

Irei apresentar agora algumas informações sobre essas instituições e alguns exemplos da sua atuação. Vou começar pela Associação de Professores de Mossoró (APM). No nosso recorte temporal (1982 a 1987), constatei que ocorreu uma ação significativa nesse município de Mossoró e que também repercutiu em alguns

104

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

municípios vizinhos, que ela conseguia influenciar nas lutas de professores da região do Oeste Potiguar.

A APM ajudou a fortalecer as reivindicações destes profissionais tanto na rede estadual de Educação quanto nas dos municípios que ficavam na sua área de influência. Encontrei registros da sua ação em algumas situações importantes para o fortalecimento da Mobilização Social por melhorias na Educação, especialmente pela garantia de direitos dos profissionais que ela representava e pela democratização da gestão no interior das redes de ensino.

Podemos compreender a influência da APM em outros municípios do Oeste Potiguar quando das lutas do movimento grevista estadual no mês de setembro de 1987. No DN/01SET1987/P.16 (Ver Figura 10) veremos essa associação agregando professores dos municípios de Areia Branca, Grossos, Upanema, Governador Dix- Sept Rosado, Caraúbas e Baraúna com o objetivo de promover a melhoria da qualidade da Educação nestes espaços sociais e também em todo o RN, como podemos identificar na matéria do Diário de Natal, publicada no dia 01 de setembro de 1987:

Figura 9 – Ação da APM34 em alguns municípios vizinhos a Mossoró

Fonte: Diário de Natal, 1987

105

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Conforme pode-se observar nessa matéria, intitulada: “Professores aprovam a paralisação no dia 10”, a APM movimentava-se articulada com a APRN35 e outras

instituições. A APM também aceitou criar um Conselho de Representantes das Escolas de Mossoró para poderem dialogar de uma forma mais democrática com os integrantes da comunidade escolar do município.

Observamos ainda nesse registro jornalístico do movimento em Mossoró, evidências de que a luta desses profissionais não se fixou unicamente à pauta da melhoria salarial. Vemos na terceira coluna da reportagem na Figura 10, no último parágrafo, a questão das eleições diretas para diretores, uma dimensão fundante, à época, da gestão democrática das unidades de ensino na Rede Estadual no RN.

As eleições diretas para diretor das escolas públicas se constituíam enquanto ponto da pauta na luta dos professores com o governador. Compreendo que há evidências documentais consistentes (ver também o quadro 2), que evidenciam na luta dos profissionais da Educação do RN, nesse momento histórico, uma ampliação dos pontos de pauta da mobilização para além da majoração salarial.

No DN/21JUL1987/P.16 (Ver Figura n. 11) encontramos esse colegiado ajudando a construir o próprio processo das eleições das chapas no ano de 1987, demonstrando o seu potencial de organização e de mobilização dos professores que integravam a classe trabalhadora da Educação e de integrantes da comunidade escolar, nesse município.

Vejamos o registro que o jornal publicou sobre esse processo:

Figura 10 – Conselho de Representantes das Escolas de Mossoró.

Fonte: Diário de Natal, 1987

106

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Observe-se que este registro de um órgão de imprensa cotidiano, nos permite compreender que o Conselho de Representantes das escolas de Mossoró, cinquenta e dois membros, atuavam ativamente na construção do processo sucessório da APM. Uma outra instituição que constituía o movimento de Mobilização Social de educadores e estudantes, do período estudado, foi a AEMEC36. Segundo Azevêdo

(1999) nasceu no dia 25 de março de 1981 de uma dissidência entre o movimento dos profissionais da Educação de Caicó com a direção da Associação dos Professores do Seridó (APS). Já no dia da sua fundação, num período de lutas intensas por mais verbas para a Educação, no espaço à época denominado de Kabana Clube, professores de onze unidades de ensino da rede estadual, em Caicó e de mais cinco municípios da região do Seridó (Parelhas, Jardim de Piranhas, São João do Sabugí, Timbaúba dos Batistas e Currais Novos) assinariam a ata de sua fundação. Sua ação foi importante nas lutas dos educadores e estudantes nesse município do Seridó. Chegando a ir além dos limites de Caicó e promovendo ações que envolviam os signatários de sua fundação.

Um exemplo da sua ação pode ser vista em vários momentos na coluna Notícias de Caicó, do Diário de Natal (Ver Figura 12).

Figura 11 – Ação conjunta da AEMEC e da APRN

Fonte: Diário de Natal, 1983

Mais uma vez dá para compreendermos a importância da APRN na condução das negociações da categoria dos professores pelo estado do RN. Desta feita apoiando as reivindicações dos integrantes da AEMEC que negociavam com o

107

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Secretário de Educação da época sobre quinquênios atrasados, a escolha de diretores de escolas pelo sistema de congregação, entre outros pontos.

A ASSOERN37 também foi uma importante associação que esteve presente na

mobilização que construiu as conquistas significativas na Educação do RN, no período em estudo dessa pesquisa. Nesse momento histórico, de tentativa de avançar na redemocratização no país, conseguirá unir os especialistas em orientação educacional para lutar pela melhoria da Educação potiguar, bem como pelas reivindicações dos próprios orientadores educacionais, do nosso estado.

Temos como um dos exemplos dessa luta o que registrou o DN/04DEZ1982/P.4 (Ver Figura 13), em que esta associação lutava para que toda a categoria de especialistas da rede estadual de Educação pudesse receber um acréscimo de vinte porcento sobre os seus salários. Pois, naquele momento apenas vinte e dois especialistas estavam tendo direito a receber e a associação pressionava o poder público estadual a estender esse direito a todos os orientadores educacionais que integravam a rede estadual.

Figura 12 – ASSERN na luta por direitos

Fonte: Diário de Natal, 1982

108

4. SOBRE A CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE NATAL

Essa luta, acima exposta na matéria, tinha como razão de ser o tratamento desigual dado aos orientadores educacionais, uma vez que apenas 22 recebiam o benefício de 20% sobre seus salários. Assim, podemos dizer que uma luta marcada por melhores condições econômicas de um grupo de especialistas fortalecia a luta dos educadores do RN.

Como também vemos na matéria acima, além dos orientadores educacionais, existia outra que participou do III Encontro Estadual de Orientadores Educacionais, a dos supervisores educacionais. As lutas desse tempo histórico ainda eram descentralizadas, atomizada em pequenas instituições para representar os diversos segmentos de educadores.

A ASSERN38 também esteve atuando nas lutas que buscaram fortalecer a

Educação no estado do RN. Sua ação mobilizava os supervisores escolares, objetivando conquistar melhorias para estes especialistas e demais profissionais da Educação do RN.

A ANPAE/RN foi também uma das que integraram essa Mobilização Social.