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O momento histórico e o primeiro passo para a conquista das

4. TRILHAS DA CRIAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR NA REDE

4.4. A Mobilização Social de profissionais da Educação e estudantes

4.4.1. O momento histórico e o primeiro passo para a conquista das

de Natal

É no contexto do final da década de 1970 e a primeira metade da de 1980, que uma nova fase de redemocratização iria ocorrer no Brasil, destituindo o governo civil- militar e ditatorial de 1964. Foi nesse momento histórico que a luta dos profissionais da Educação, da rede pública estadual, refletiu na rede pública municipal de Natal, ao mesmo tempo em que as lutas da RMEN refletiam em todo o estado do RN.

Professores da APRN, Orientadores Educacionais da ASSOERN, Supervisores Educacionais da ASSERN, Administradores da Educação da ANPAE/RN e Estudantes que integravam a UMES/Natal, reivindicaram a implantação de eleições diretas para diretores, vice-diretores e Conselheiros Escolares das unidades de ensino na Rede Municipal de Ensino de Natal (RMEN).

Mas, precisamos considerar que o “clima” nacional das Diretas Já! Contribuiu para que as pessoas, que participaram dessa Mobilização Social e reivindicassem as eleições diretas para diretores da RMEN, como afirmou um dos participantes dessa luta, se referindo ao que representou esse momento histórico nacional para a Mobilização Social que mudou as condições de gestão das escolas municipais de Natal, naquele tempo. Ele disse:

Porque ali estava dado para nós que o presidente precisava ser eleito. E percebíamos que, por exemplo, o centro cívico, geralmente eram controlados pelos diretores de escolas. Então não bastava só eleger o presidente da República, era preciso abrir também todas as instituições. (...) Quer dizer, vamos instaurar o processo de abertura em todos os espaços. E aí estava colada a ideia do grêmio, porque o grêmio era autônomo e livre, e o centro cívico estava tutelado pelos diretores de escolas. E era necessário também, não só reconstruir o movimento elegendo grêmios livres e autônomos, como também elegendo o diretor da escola. E daí nós começamos a fazer

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campanhas, movimentos, e isso se tornou uma bandeira do movimento estudantil muito forte. Era quase o “Carro Chefe” da gente: Grêmio e Diretas para Diretor. (Entrevistado nº 1)

Conforme pode se observar no depoimento, o momento histórico do Brasil estava marcado por intensa luta para se conseguir mudanças políticas na maneira de promover a gestão das escolas públicas no país e em Natal também.

Ouvindo os sujeitos da pesquisa, percebemos que a mobilização para se instaurar a eleição para presidente da República e a luta dos estudantes para conquistar os grêmios livres nas escolas, colaborou com o processo de conquista das eleições direta para diretores e vice-diretores nas escolas da RMEN.

Além disso, as lutas e a conquista viabilizaram a construção de uma gestão inovadora, pois com as eleições diretas para diretor e vice-diretor no ano de 1987, aconteceu a eleição para Conselho Escolar em Natal e, esse conselho tinha poder deliberativo, ou seja, se instaurava a escolha do diretor e vice-diretor, por meio de eleição direta, ao mesmo tempo em que se apontava para a possibilidade de uma forma de gestão colegiada no interior das unidades de ensino de Natal.

É importante observar que a criação dos Conselhos Escolares em Natal, foi produto de uma Mobilização Social e que, a implementação desse colegiado na rede antecedeu a existência do Art. 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 e a política de descentralização dos recursos financeiros das escolas públicas. Isso significa que em Natal, os Conselhos Escolares não são produtos de políticas neoliberais que descentralizaram os recursos financeiros e responsabilizaram as escolas com seus colegiados pelos processos administrativos, pedagógicos e por seus resultados.

Os indícios que encontramos em nossa jornada-pesquisa, nos induziu a pensar que os Conselhos Escolares, como órgãos deliberativos que constituem a estrutura de poder da escola, podem ser uma espécie de ressonância da experiência de 1961, quando a Rede Municipal de Escolas de Natal tinha um Círculo de Pais e Professores que constituía uma das formas de gestão da Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler.

A criação do Conselho Escolar foi ganhando visibilidade, consistência e se concretizando como integrante da pauta das reivindicações para se consolidar a gestão democrática, na referida Rede, a partir da necessidade de se integrar os membros dos vários segmentos da comunidade escolar na própria gestão da escola.

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Era um momento singular no qual uma experiência que poderia viabilizar a democratização da gestão escolar na Educação da sociedade brasileira.

Nesse mesmo período, o governo do General João Baptista Figueiredo (1918- 1999), tencionado pelos movimentos político-sociais, dava continuidade a abertura política, mesmo sob as ameaças concretas dos integrantes da linha dura que não aceitavam as ações crescentes do movimento pela redemocratização no Brasil.

Mas, o momento histórico internacional, nacional e local possibilitaram que as necessidades sociais brasileiras pudessem viabilizar que os trabalhadores da Educação do Município de Natal se organizassem numa Mobilização Social consistente e sustentável, que viabilizou a repercussão das ações da Mobilização Social pela melhoria da Educação na Rede Municipal de Ensino de Natal (RMEN).

Nesse momento histórico, os cenários internacional, nacional e local, estavam vivenciando um contexto que possibilitou mudanças nas relações sociais. Não é provável que elas tenham se imbricado diretamente, mas existe uma probabilidade dessas transformações terem favorecido o fortalecimento de uma cultura de maior participação e implicação política dos trabalhadores, especialmente professores e estudantes para que pudessem ocorrer modificações na sociedade do Brasil, do RN e de Natal/RN.

As tensões que as relações da sociedade brasileira viveu nesse tempo histórico, possibilitaram o fortalecimento de Mobilizações Sociais por todo o Brasil. Em 1982, como já foi dito anteriormente, em Natal/RN, seria dado o primeiro passo concreto da Mobilização Social de Educadores e estudantes secundaristas no movimento de construção das eleições diretas para diretor, vice-diretor e conselho escolar.

Esse primeiro passo, foi dado com a experiência piloto de eleição direta para diretor e vice-diretor que ocorreu na Escola Municipal Vereador José Sotero em 1982, com a posse dos eleitos acontecendo no ano de 1983.

Esse processo conquistado em 1982, foi mantido nessa Unidade de Ensino até ser consolidada para todas as demais escolas da RMEN, no dia 5 de maio de 1987, quando as escolas da Rede Municipal de Natal realizaram suas eleições diretas. Mas, do ponto de vista legal, a conquista das eleições só aconteceu no dia 8 de outubro de 1987, com a promulgação da Lei Complementar n. 3.586/87.

Observa-se na cronologia do processo de conquista e implementação das eleições diretas de 1987, o fato de que antes da Lei Complementar n. 3.586/87 ser

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sancionada pelo Prefeito de Natal, as eleições já tinham acontecido, ou seja, realizou- se as eleições e só depois regulamentou-se, por meio de uma Lei.

É importante observar que a Lei que regulamentou as eleições diretas para diretor, vice-diretor e conselho escolar, não foi uma lei exclusiva para normatizar esses processos eleitorais, mas o processo eleitoral que já havia sido realizado, foi normatizado e passou a integrar uma lei que tratava do Plano de Carreira do Magistério Municipal.

Portanto, a luta pelas eleições diretas estava articulada com um conjunto de políticas de valorização do magistério e de criação das condições de qualificação do processo de educação das escolas municipais de Natal.

Mas, é importante ressaltar que o movimento educacional experimentado no início da década de 1980 em Natal, poderia estar, de um certo modo, articulado com a experiência de 1961, que havia sido interrompida pela ditadura militar. Realizar as eleições diretas para diretor, vice-diretor e Conselheiro Escolar, tendo como referência apenas um acordo político entre a Prefeitura e o Movimento de Mobilização Social de Natal, poderia ser compreendida numa forma de retomada de alguns aspectos do processo vivenciado em 1961-1964, quando na gestão do Prefeito Djalma Maranhão, os processos políticos se instituíam muito mais por diálogos que construíam as políticas educacionais, do que necessariamente por Decretos ou Leis que antecediam essas políticas.

Outro aspecto político percebido durante nossa pesquisa, que contribuiu para entender esse processo em que a Lei que regulamentou as eleições diretas para diretor foi instituída depois da realização das eleições, foi a nossa percepção de que algumas das lideranças que integravam a Mobilização Social também participaram da comissão que elaborou a minuta da Lei Complementar.

Esse acontecimento foi uma das causas que ajudou ao governo municipal saber da legitimidade política e social da proposta de Lei que estava sendo criada e que orientou o processo eleitoral, antes de sua promulgação.

A Mobilização Social das instituições de educadores e de estudantes conseguiu, no município de Natal, antecipar em dezessete anos algumas conquistas que a criação do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares (PNFCE) da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), só começou a implementar a partir da criação da Portaria Ministerial n. 2.896 de 2004. Como também, antecipou em nove anos o que estabeleceu a Lei n. 9.394/96, Lei de

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Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que em seu Art. 14, instituiu o modelo da gestão democrática para todos os sistemas de Educação do Brasil.

Antes que o MEC implementasse o PNFCE, Natal já estava operando com esse modo de gestão. Esse pioneirismo natalense proporcionou à coordenação nacional do PNFCE escolher a capital potiguar como o município para experimentar e aperfeiçoar os cadernos de n. º 01 a 05.

Assim, a experimentação desses cadernos aconteceu por meio de uma formação de conselheiros realizada em Natal/RN, cujo público da formação se constituiu de diretores, vice-diretores e Conselheiros Escolares da Rede Municipal de Ensino, no ano de 2005, nas instalações do Praia Mar Hotel.

O Secretário de Educação do Município de Natal, Luiz Eduardo Carneiro Costa, divulgou no dia 09 de abril de 1987, no DN/10ABR1987/P.05 (Ver Figura 14), que a primeira eleição direta para diretor e vice-diretor das escolas e para os conselheiros escolares da RMEN seria realizada no dia 30 de abril, do ano corrente.

Figura 13 – Luiz Eduardo Carneiro divulga a data das eleições de gestores

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A matéria deixa claro um indício de que o secretário Luís Eduardo Carneiro tinha participação ativa nas negociações. Na fala do entrevistado nº 3, comprovamos essa realidade. As suas falas contidas na matéria do jornal acima, em que afirma que

O processo que estamos desenvolvendo aqui está mais amadurecido que o processo eleitoral desenvolvido nas escolas de Brasília (NO... 1987) e que A democratização nas escolas somente ocorrerá de forma plena com a instalação dos conselhos (NO...

1987), é a de quem acompanhou de perto os trabalhos da comissão paritária que elaborou a minuta da lei.

As afirmações do Secretário de Educação da época apontam para um contexto histórico em que a vontade política da Mobilização Social de Educadores e Estudantes das escolas públicas de Natal, de uma forma singular, também repercutiu nos gestores do município de Natal/RN e no próprio gestor da pasta da Educação.

No entanto, segundo um comunicado do dia 29 de abril de 1987 (Ver Figura 15), por causa da greve dos trabalhadores em transportes rodoviários do RN, as eleições programadas para o dia 30 de abril, foram adiadas para outro momento depois de finalizada a greve dos profissionais dos transportes no Rio Grande do Norte, que impactou mais ainda a nossa capital.

Figura 14 – Comunicado da Comissão da Eleição

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As eleições foram realizadas, então, no dia 05 de maio, nas dependências das 34 escolas da Rede Municipal de Ensino de Natal (RMEN), com o início definido para às 8h e nos três turnos escolares. A apuração estava prevista para iniciar às 21h. Poderiam votar os pais, os professores, funcionários e os estudantes a partir da 3.ª série do primeiro grau.

Segundo os dados contidos no DN/05MAI1987/P.07 (Ver Figura 16), em vinte e cinco unidades de ensino teriam mais de uma chapa concorrendo ao pleito. Mas em treze só se apresentaram uma única chapa concorrendo. Isso nos traz uma informação de que os educadores estavam motivados a participarem, nessa época, dessa nova política de gestão da RMEN.

Figura 15 – Informações sobre as eleições diretas de gestores da RMEN

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O processo eleitoral foi coordenado por uma comissão paritária constituída por membros da Secretaria Municipal de Educação de Natal, APRN, ASSOERN, ASSERN, ANPAE/RN e UMES/RN, tendo em cada escola ainda uma comissão eleitoral. As eleições aconteceram dentro de um clima de tranquilidade e mais de vinte e quatro mil votaram durante o pleito histórico.

O Secretário de Educação ainda afirmou que esse foi um passo importante e decisivo para a democratização da escola na rede municipal de ensino. Afirmando que o Prefeito Garibaldi Alves Filho havia se comprometido com os integrantes das referidas associações, que compuseram a comissão paritária do processo eleitoral, durante a sua campanha para prefeito.

Dentro dessa trajetória histórica podemos inferir que os Conselhos Escolares surgem como mais uma possibilidade viável para que as pessoas da comunidade escolar – estudantes, pais, professores, funcionários e gestores – possam participar da gestão nesse espaço social e político, que antes dessa política de gestão conquistada pela Mobilização Social aqui estudada, era influenciada pelo clientelismo vigente no cenário político da gestão do município de Natal.

A participação dessa comunidade, através do diálogo, da confiança recíproca, no momento histórico do enfrentamento desses conflitos sócio-políticos, conforme a perspectiva de Dantas Filho (2009), proporcionou uma oportunidade de se enfrentar esses conflitos, de grupos sociais e políticos, podendo avançar na consolidação de um espaço escolar mais democratizado.

Outro aspecto importante dessa conquista foi a garantia que o secretário deu de instalar os conselhos escolares, de atualizar os regimentos escolares e de que as escolas agora poderiam ganhar mais autonomia, já que antes elas ficavam sempre esperando que a Secretaria de Educação Municipal desse as ordens que deveriam ser cumpridas (ELEIÇÕES... 1987). Ver recortes do DN/07MAI1987/P.04 (Figura 18) abaixo.

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Figura 16 – Foto e Manchete da matéria no Diário de Natal (Recorte nº 1)

Fonte: Diário de Natal, 1987

Agora o recorte nº 2 da matéria do Diário de Natal que apresenta a fala do então Secretário Municipal de Educação Luis Eduardo Carneiro Costa.

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Figura 17 – Fala do Secretário de Educação Eduardo Carneiro Costa (Recorte nº 2)

Fonte: Diário de Natal, 1987

Fica claro, na fala do secretário de Educação do Município de Natal, o seu empenho direto nesse trabalho de construção dessa política de gestão das escolas da RMEN. Ele aponta a necessidade de se instalar os Conselhos Escolares e de se atualizar os regimentos internos das próprias unidades de ensino, seguindo as peculiaridades de cada unidade de ensino. Essa peculiaridade, provavelmente, está relacionada à tipologia das escolas (A, B, C, D e E) que foi criada pela Lei n. 3.586, quadro III (Ver anexo A4, p. 135).

A reportagem também evidencia que o Secretário se reportou à necessidade da própria equipe da Secretaria Municipal de Educação se reorganizar, internamente, para atender às demandas dessa nova instância escolar, pois ao Conselho Escolar competia manifestar-se sobre assuntos administrativo-pedagógicos e disciplinares (NATAL (RN), 1986). Essa competência do Conselho Escolar, implicava diretamente na necessidade de uma reorganização da cultura antidemocrática de gestão, que se instaurou na Rede Municipal de Ensino de Natal com o Golpe de 1964, quando assumiu a Secretaria de Educação o Capitão de Corveta Thomaz Édison Goulart do Amarante.

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Assim, podemos inferir que a luta e conquista das eleições diretas e implementação dos Conselhos Escolares nas escolas municipais de Natal, instaurava desdobramentos que exigiam mudanças no sentido de redemocratizar a Secretaria Municipal de Educação, uma vez que não bastava apenas mandar, pois para o movimento político e educacional que se iniciava era necessário que o diálogo se constituísse em um dos fundamentos da gestão das unidades de ensino e do sistema escolar como um todo.

Além disso, conforme já tratamos acima, podemos afirmar que essas conquistas encerraram as influências ou indicações das lideranças políticas, da base de apoio do prefeito, especialmente os vereadores, que deixaram de interferir diretamente nas escolhas dos diretores e vice-diretores das Escolas públicas municipais. Desse modo, se aplicava um grande golpe nos processos clientelista com as eleições diretas que se iniciaram no dia 05 de maio de 1987.

A Lei n. 3.586, de 08 de outubro de 1987, publicada no Diário Oficial do Estado no dia 23 de outubro de 1987, o chamado Estatuto do Magistério Público de 1º e 2º Graus do Município de Natal40, materializou muitas propostas que a Mobilização

Social de profissionais da Educação e estudantes construíram juntos.

Essa Lei possibilitou que as reivindicações que emergiram dessa Mobilização Social pudessem ser implantadas como uma política pública da educação. Mas, é importante considerar que o processo de luta envolveu muitas pessoas e instituições o que promoveu conflitos e negociações entre os próprios integrantes da mobilização, dada a diversidade de interesses dos vários seres humanos que constituíam as diversas associações integrantes do movimento; conflitos entre a representação da Secretaria Municipal de Educação de Natal/RN e os integrantes da própria Câmara Municipal de Natal, que realizaram os debates no plenário e, por fim, votaram a Lei.

O Estatuto do Magistério Público de 1º e 2º Graus do Município de Natal instituiu o novo Regime Jurídico dos profissionais da Educação do município. Ela foi construída para atender a Lei Federal n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Essa Lei preconizava, no seu Art. 72, que os sistemas de ensino implantassem o regime instituído de uma forma progressiva, segundo as peculiaridades, possibilidades e legislação de cada um deles. Observando o Plano Estadual de Implantação que deverá seguir-se a um planejamento prévio.

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Podemos afirmar hoje, que durante a elaboração e aprovação dessa Lei municipal, ocorreram conflitos entre os vários integrantes da Mobilização Social, que ajudaram a construi-la. Iniciando pela Comissão Paritária que foi designada a elaborar a redação do anteprojeto a ser apresentado à Câmara Municipal de Natal, passando pelo momento dos debates que levariam à votação no plenário Érico Hackradt. Cada momento desse percurso foi acompanhado pelos integrantes dessa Mobilização pela melhoria da Educação pública, em nosso município.

Identifiquei alguns momentos das discussões que a Mobilização Social de educadores e estudantes criaram, até chegar na Lei supracitada. As evidências que emergiram da nossa pesquisa apontaram para uma forma participativa de construção das propostas que foram levadas à Comissão Paritária de elaboração da minuta da Lei.

Os integrantes das unidades de ensino, já envolvidos na Mobilização Social, discutiam no interior delas que ações deveriam ser defendidas por cada associação. As associações, por outro lado, discutiam juntas ou separadamente, quais ações deveriam ser defendidas na Mobilização Social e depois levadas para serem organizados pela Comissão de Elaboração da minuta da Lei que foi enviada à Câmara Municipal de Natal.

Os assuntos eram pautados nas assembleias gerais, para serem discutidos e