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^montais com maior estrutura e complexidade,

MODELO DE SI PRÓPRIO (Dependência)

Positivo Negativo Positivo MODELO DO OUTRO (Evitamento) Negativo SEGURO PREOCUPADO DESINVESTIDO AMEDRONTADO

Figura 1. Modelo da vinculação no adulto (Bartholomew & Horowitz, 1991)

Um estilo de vinculação seguro apresenta um modelo positivo de si próprio e um modelo positivo do outro, sentindo-se com valor e merecedor de amor tendo a expectativa relativamente aos outros de que estes são acessíveis e responsivos. Os sujeitos seguros têm a capacidade de desenvolverem relações de intimidade com os outros sentindo-se confortáveis com elas.

O estilo de vinculação preocupado caracteriza-se por um modelo negativo de si próprio e um modelo positivo do outro, caracterizando-se como indivíduos que buscam constantemente a atenção, aprovação e valorização dos outros, acreditando que só atingem a segurança se a reposta dos outros for no sentido desejado.

O desinvestido combina um modelo positivo de si com um modelo negativo do outro o que os leva a evitar as relações de intimidade para manterem a sua independência, negando o valor das relações de intimidade e distanciando-se dos outros.

Por último, o estilo de vinculação amedrontado caracteriza-se por um modelo negativo de si próprio aliado a um modelo negativo do outro, sendo uma pessoa com sentimento pessoal de desvalorização e com uma expectativa dos outros como não confiáveis e rejeitantes.

Em Portugal, o estudo da vinculação segundo este modelo conceptual tem sido conduzido por Paula Mena Matos e colaboradores (1977; 1998a; 1998b), tendo construído um instrumento de auto-relato, dirigidos a adolescentes e jovens adultos, para a avaliação da vinculação aos pais - Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM; Matos, Almeida & Costa, 1997; 1998a; 1998b) - e um instrumento de avaliação da vinculação amorosa - Questionário de Vinculação Amorosa (QVA; Matos; Barbosa & Costa, 1998; 2001).

O QVPM foi o questionário escolhido na presente investigação para a avaliação da vinculação aos pais, dado ser um instrumento construído e validado para a população portuguesa e que apresenta boas qualidades psicométricas.

5. Síntese

Em síntese, a teoria da vinculação a que se dedicou este capítulo constitui- se como uma importante grelha de leitura do desenvolvimento humano.

Os pontos que a seguir se apresentam tentam sistematizar as principais ideias desenvolvidas ao longo deste capítulo:

1) A teoria da vinculação afirma a necessidade humana universal do desenvolvimento de ligações afectivas de proximidade, que dêem segurança e possibilitem a exploração confiante do self, dos outros e do mundo;

2) O conceito de vinculação é definido por Bowlby e Ainsworth como um laço afectivo que uma pessoa forma com outrem, laço que os une e perdura no tempo (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1979), caracterizando-se como uma tendência para a procura e manutenção da proximidade a essa figura específica em situações ameaçadoras ou geradoras de stress;

3) A vinculação é um conceito distinto do de comportamento de vinculação. Os comportamentos de vinculação são todo o tipo de comportamentos que se destinam à promoção da proximidade ou contacto com a figura de vinculação, enquanto que a vinculação é o laço emocional e não esses comportamentos (Ainsworth, 1991);

4) A qualidade da vinculação não depende da quantidade de tempo que a figura de vinculação está com a criança sendo determinada pela natureza das interacções que se estabelecem. Para o seu desenvolvimento com qualidade, é necessária a sensibilidade da figura de vinculação para responder às necessidades de proximidade e de segurança da criança e a disponibilidade, quer em termos físicos quer em termos emocionais, para responder quando a criança a procura. Quando as figuras de vinculação agem de modo adequado sendo sensíveis e responsivas, estarão criadas as condições para o desenvolvimento de uma vinculação segura, fundamental para o desenvolvimento da criança.

5) A figura de vinculação pode ser utilizada como base segura e como porto seguro. Quando a criança procura a segurança na figura de vinculação está a utilizá-la como base segura. No entanto, quando alarmada, principalmente pela separação, a criança procura o contacto com a figura de vinculação para obter conforto utilizando-a como porto seguro.

6) O sistema comportamental da vinculação refere-se a uma predisposição biológica que os indivíduos têm para o estabelecimento de laços de vinculação cuja função é zelar pela sobrevivência, através da procura de protecção e segurança, face a situações ameaçadoras;

7) Bowlby (1969/91), sofrendo influência da teoria dos sistemas de controle, postula a existência de um sistema de controle, localizado no Sistema

Nervoso Central que regula a activação e desactivação de um nível adequado de proximidade da figura de vinculação;

8) O desenvolvimento do comportamento de vinculação ocorre desde o nascimento até aos três anos de vida e consiste na aquisição de padrões comportamentais com maior estrutura e complexidade;

9) De acordo com Bowlby (1969/91), existem processos orientadores da selecção de uma figura de vinculação: a predisposição inata para a orientação sensorial da criança para determinados estímulos, a aprendizagem por exposição, uma predisposição inata da criança para se aproximar do que lhe é familiar e o reforço do seu comportamento de acordo com o feedback de resultados.

10) Bowlby (1961/91) designa de modelos internos dinâmicos ou modelos representacionais o conjunto de expectativas acerca do self, dos outros e do mundo que a criança desenvolve a partir da qualidade das interacções entre ela e as figuras de vinculação nos primeiros anos de vida;

11)Ainsworth e colaboradores (1978), identificaram três padrões de interacção correspondentes a diferentes organizações comportamentais da vinculação: o seguro, o inseguro-ambivalente/resistente e o inseguro-evitante;

12)Sperling (Sperling & Berman, 1991) referem quatro estilos de vinculação definidos através da dimensão segurança-insegurança e que se caracterizam por diferentes níveis de segurança: o dependente, o évitante, o resistente ou ambivalente e o hostil.

13) Bowlby (1980) refere um padrão seguro e quatro padrões de vinculação inseguros: o prestador de cuidados compulsivo ou ansioso, o ansioso/ambivalente, o évitante e o inseguro/resistente

14) Bartholomew e Horowitz (1991) distinguem quatro estilos de vinculação resultantes da imagem que o indivíduo tem de si (positiva ou negativa) e dos outros (positiva ou negativa): o seguro (modelo positivo de si e modelo positivo dos outros), o desinvestido (modelo positivo de si e modelo negativo dos outros), o preocupado (modelo negativo de si e modelo positivo dos outros) e o amedrontado (modelo negativo de si e modelo negativo dos outros);

15)Destacam-se duas transformações importantes ao nível das relações de vinculação no período da adolescência: a reciprocidade das relações em que cada elemento da díade se pode constituir como figura de vinculação ao outro, e, por outro lado, a principal figura de vinculação deixa de ser um dos progenitores passando a ser o companheiro amoroso.

16) Podem distinguir-se três grandes modelos de investigação neste domínio: o modelo representacional da vinculação de Mary Main, a vinculação romântica de Cindy Hazan e Philipp Shaver e o modelo bi-dimensional de avaliação da vinculação no adulto de Kim Bartholomew.