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A teoria da Vinculação

2. Premissas básicas da teoria da vinculação

A teoria da vinculação afirma a necessidade humana universal do desenvolvimento de ligações afectivas de proximidade, que dêem segurança e possibilitem a exploração confiante do self, dos outros e do mundo (Ainsworth, 1967; Ainsworth & Bowlby, 1991; Bowlby, 1969/91, 1973, 1980). Segundo a teoria da vinculação, o funcionamento psicológico é determinado pela capacidade de estabelecimento de laços emocionais. Deste modo, a ruptura de laços afectivos de modo indesejado permite a compreensão das perturbações psicológicas.

2.1. Vinculação - definição

O conceito de vinculação é definido por Bowlby e Ainsworth como um laço afectivo que uma pessoa forma com outrem, laço que os une e perdura no tempo (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1979), caracterizando-se como uma tendência para a procura e manutenção da proximidade a essa figura específica em situações

ameaçadoras ou geradoras de stress (Ainsworth, 1969,1982,1989,1991; Bowlby, 1978a, 1988). A vinculação é conceptualizada como o laço emocional com outra pessoa que é vista como uma fonte de segurança e que fornece uma base segura a partir da qual o indivíduo explora o mundo (Bowlby, 1979, 1988). No entanto, ligação afectiva não é coincidente com vinculação. Assim, segundo Ainsworth (1994), a vinculação é um tipo específico de ligação emocional onde é requerida a obtenção de segurança, enquanto que numa ligação afectiva pode não ocorrer a obtenção de segurança. Deste modo, toda a vinculação é uma ligação emocional, mas as ligações emocionais não são todas vinculações (Ainsworth, 1994).

Bowlby faz ainda a distinção entre vinculação e comportamentos de vinculação. Deste modo, os comportamentos de vinculação são todo o tipo de comportamentos que se destinam à promoção da proximidade ou contacto com a figura de vinculação, enquanto que a vinculação é o laço emocional e não esses comportamentos (Ainsworth, 1991). Incluem-se neste tipo de comportamentos o chupar, o chorar, o seguir, agarrar e sorrir, comportamentos que contribuem e ilustram a vinculação, mas que não constituem por si só a vinculação (Ainsworth Blehar, Waters & Wallr1978; Bowlby, 1978a). Ainsworth (1989, 1991) descreve a

vinculação como o laço emocional que uma pessoa tem por outra que é percepcionada como mais forte e/ou mais sábia e que lhe proporciona segurança, conforto ou ajuda, sendo possível uma pessoa estar vinculada a outra que não está vinculada a si.

2.2. Qualidade da vinculação

A vinculação diz respeito a uma relação discriminada com uma ou mais pessoas específicas designadas de figuras de vinculação. O protesto da separação e a procura de proximidade são indicadores da qualidade de vinculação desde que organizados num determinado contexto e relacionados com outros comportamentos (Sroufe & Waters, 1977). De facto, não basta a presença continuada da figura de vinculação para garantir a qualidade da mesma. A sua presença apenas nos indica o estabelecimento da ligação afectiva. A qualidade é

determinada pela natureza das interacções que se estabelecem. Para o seu desenvolvimento com qualidade, é necessária a sensibilidade da figura de vinculação para responder às necessidades de proximidade e de segurança da criança e a disponibilidade, quer em termos físicos quer em termos emocionais, para responder quando a criança a procura. Quando as figuras de vinculação agem de modo adequado sendo sensíveis e responsivas, estarão criadas as condições para o desenvolvimento de uma vinculação segura, fundamental para o desenvolvimento da criança. Por outro lado, quando não existe sensibilidade e responsividade por parte da figura de vinculação, a criança terá condições criadas para o desenvolvimento de uma vinculação insegura, com consequências para o seu desenvolvimento (dificuldades emocionais e de regulação dos afectos e de integração interpessoal) (Ainsworth et. ai., 1978).

Segundo Bowlby (1978a, 1988), a vinculação desenvolve-se com o tempo, com a consistência das respostas e com o sentimento de que a figura de vinculação está disponível. Esta consistência de atitudes e comportamentos vai conduzir ao desenvolvimento de uma atitude de confiança por parte da criança (Ainsworth et. ai., 1978). Isto significa que as crianças cujo ambiente familiar se pauta pela estabilidade e previsibilidade têm maior probabilidade de desenvolver relações de vinculação seguras, em oposição àquelas cujo contexto familiar se caracteriza como instável e imprevisível e cujo resultado é muito provável uma relação insegura.

O conceito de base segura é central na definição de vinculação (Sroufe & Waters, 1977). Deve-se a Ainsworth (Ainsworth et ai, 1978) a primeira descrição da utilização de uma figura de vinculação como uma base segura a partir da qual a criança pode explorar o mundo, fazendo a ligação entre os sistemas de vinculação (manutenção de proximidade) e o de exploração (obtenção de segurança promotora da exploração). O equilíbrio dinâmico entre estes dois sistemas comportamentais garante a sobrevivência e traz vantagens ao nível do desenvolvimento (Ainsworth, 1972). Esta dinâmica é conseguida através da utilização da figura de vinculação como base segura e como porto seguro. Estes conceitos, apesar de próximos, possuem significados distintos. Ainsworth et. ai.

m m referem que quando a criança procura a mãe como um porto seguro ela

e n pouco L n a d a , enquanto que quando a utiliza como base segura nao sente medo ou ameaça.

A criança procura a segurança na sua figura de vmculaçao. Ora essa segurança nao é apenas a procura de proximidade, mas também cons,s.e na

Z Z e da criança a utilizar como base a partir da quai sente segurança para

r Z a r o meio que a rodeia. Na ausência de ameaças, a criança pode expiorar o i T u n d a n t e p a s s a n d o pouco tempo préxima fisicamente da sua b a s e o u . No entanto, quando aiarmada, principaimente peia separação, a cnança procura contacto com a figura de vinculação para obter conforto (porto seguro).

2.3. Sistema comportamental de vinculação

Foi postulado por Bowlby (1969/91), um sistema comportamental que reguiaria a predisposição inata para o estabelecimento de laços emociona*, em especial o laco emocional entre o bebé e a mãe (ou figura coadora).

Este L e i t o sofre a influência da etologia, nomeadamente petas estudos de Konrad Lorenz (1935) e o imprinting.

O sistema comportamental é especifico da espécie e cons,ste num

conjunto de comportamentos com uma mesma finalidade, em que pelo menos um T o l u i para o aiustamento reprodutivo, assegurando a sobrev,venc,a da

e S P é C I No caso do sistema comportamental da vinculação, os individues, possuem uma predisposição biológica para o estabelecimento de laços de vinculação cu,a

unção ê zelar pila s o l v ê n c i a , através da procra de protecção e f r a n ç a ,