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4 CATEGORIA DESENVOLVIMENTO

4.5 Indicadores de desenvolvimento

4.5.4 Modelo do IBGE

No Brasil, a construção de indicadores de desenvolvimento sustentável integra-se ao conjunto de esforços internacionais para realizar as ideias e princípios definidos na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio

de Janeiro em 1992, no que tange à relação entre meio ambiente, desenvolvimento e informações para subsidiar decisões, e vem sendo aplicada pelo governo por meio do IBGE.

O modelo de indicadores de sustentabilidade do IBGE se baseia nos indicadores da CSD (2005). A aplicação realizada em 2008 pelo IBGE utilizou 60 indicadores, distribuídos em quatro dimensões (Ambiental, Social, Econômica e Institucional) e 16 áreas temáticas (IBGE, 2004, 2008). Esses indicadores trazem uma relação com os 14 temas propostos pela CSD (2006, 2007), conforme se pode observar no Quadro 11.

Quadro 11 – Relação entre os temas propostos pela CSD e pelo IBGE para o desenvolvimento sustentável

CSD IBGE

Dimensão Tema Tema Ordem Indicador

Ambiental

Atmosfera Atmosfera

1 Emissões de origem antrópica (ação do homem) dos gases associados ao efeito estufa

2 Consumo industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio 3 Concentração de poluentes no ar em áreas urbanas

Terra Terra

4 Uso de fertilizantes 5 Uso de agrotóxicos

6 Terras em uso agrossilvipastoril(33)

7 Queimadas e incêndios florestais 8 Desflorestamento da Amazônia Legal

9 Área remanescente e desflorestamento na Mata Atlântica e nas formações vegetais litorâneas 10 Desertificação e arenização

Água Potável, Escassez de Água e Recursos

Hídricos Água Doce 11 Qualidade de águas interiores Oceanos, Mares e

Costas Oceanos, Mares e Áreas Costeiras

12 Balneabilidade(34)

13 Produção de pescado marítima e continental 14 População residente em áreas costeiras

Biodiversidade Biodiversidade

15 Espécies extintas e ameaçadas de extinção 16 Áreas protegidas

17 Tráfico, criação e comércio de animais silvestres 18 Espécies invasoras

Pobreza Saneamento

19 Acesso a serviço de coleta de lixo doméstico 20 Destinação final do lixo

21 Acesso a sistema de abastecimento de água 22 Acesso a esgotamento sanitário

23 Tratamento de esgoto

Continua

(33) O sistema agrossilvipastoril integra árvores, arbustos, lavoura e pecuária em um conjunto produtivo. Seu

correto manejo possibilita concomitantemente a conservação ambiental, o aumento da produtividade agrícola, o conforto e a maior produção animal, além de melhor qualidade de vida, contribuindo para a fixação do homem no campo (AGROAMBIENTAL MATO GROSSO DISCUSSION BLOG, 2009).

(34) Balneabilidade é a qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário, sendo este entendido

como um contato direto e prolongado com a água (natação, mergulho, esqui-aquático, etc.), onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciáveis de água é elevada (CETESB, [2012?]).

Continuação

CSD IBGE

Dimensão Tema Tema Ordem Indicador

Social

Demografia População

24 Taxa de crescimento da população 25 Taxa de fecundidade

26 População e terras indígenas Pobreza /

Desenvolvimento Econômico

Trabalho e Rendimento

27 Índice de Gini da distribuição do rendimento 28 Taxa de desocupação

29 Rendimento familiar per capita 30 Rendimento médio mensal

Saúde Saúde

31 Esperança de vida ao nascer 32 Taxa de mortalidade infantil 33 Prevalência de desnutrição total

34 Imunização contra doenças infecciosas infantis 35 Oferta de serviços básicos de saúde

36 Doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado

Educação Educação

37 Taxa de escolarização 38 Taxa de alfabetização 39 Escolaridade Perigos Naturais (áreas

de risco) Habitação 40 Adequação de moradia

Governança Segurança

41 Coeficiente de mortalidade por homicídios 42 Coeficiente de mortalidade por acidentes de transporte

Econômica

Desenvolvimento Econômico

Quadro Ecônomico

43 Produto Interno Bruto per capita 44 Taxa de investimento 45 Balança comercial 46 Grau de endividamento Padrões de Consumo e Produção Padrões de Produção e Consumo

47 Consumo de energia per capita 48 Intensidade energética

49 Participação de fontes renováveis na oferta de energia 50 Consumo mineral per capita

51 Vida útil das reservas minerais 52 Reciclagem

53 Coleta seletiva de lixo

54 Rejeitos radioativos: geração e armazenamento

Institucional Parceria Global Econômica

Quadro Institucional

55 Ratificação de acordos globais 56 Existência de conselhos municipais

Capacidade Institucional

57 Gastos com Pesquisa e Desenvolvimento – P&D 58 Gasto público com proteção ao meio ambiente 59 Acesso aos serviços de telefonia

60 Acesso à internet

Fonte: Adaptado de CSD (2006, 2007) e IBGE (2008).

Na segunda metade do século XX registrou-se uma melhora substantiva nos indicadores sociais da América Latina, destacando-se nesse resultado o papel da educação, o aumento da renda per capita e a conscientização social dos governantes. O PIB cresceu cinco vezes, em termos reais, e o incremento da renda per capita seguiu o crescimento demográfico, que foi da ordem de 2,7%. A vida média passou de 50 para 65 anos, e a taxa de mortalidade infantil diminuiu de 130 por mil para 50 por mil. A taxa de natalidade infantil diminuiu de 4,5% para 3%, e a educação primária universalizou-se (HIRSCHMAN, 1986).

ambientais e educacionais, os bancos de desenvolvimento, enquanto instituições que desempenham o papel de braço do governo na execução das políticas públicas, também deram a sua contribuição.

4.6 Síntese do capítulo

Neste capítulo foi apresentada uma breve descrição das perspectivas epistemológicas do desenvolvimento, sendo possível deduzir-se que, de uma forma geral, esses estilos de desenvolvimento dizem respeito a dois extremos opostos e complementares: o tradicional e o moderno (emancipador), podendo ser percebidos ao longo da história, trabalhando como um pêndulo, ora num polo (tradicional – conservador), ora noutro (moderno – liberal), estando sujeitos aos interesses que vigoraram à época.

Outra abordagem assinalou cinco estilos de desenvolvimento até a década de 1980: o tradicional, o de modernização social, o de participação cultural, o tecnocrático e o de congelamento político, os quais foram atualizados até o presente século, agregando-se mais três estilos: transição democrática (do governo militar para a sociedade civil – década de 1980), neoliberalismo (década de 1990) e progressista (crise do neoliberalismo – século XXI). Essa abordagem considerou que os estilos de desenvolvimento e seus direcionamentos eram influenciados pelos tipos de estrutura social, pelas relações de poder entre grupos e classes sociais e pelas estratégias de luta adotadas, privilegiando, assim, determinadas dimensões – política, econômica ou social, com rebates na educação.

A partir do ano 2000, pôde-se perceber a orientação do governo brasileiro para a dimensão social, com a aplicação de programas sociais e implementação de políticas econômicas compensatórias de alívio da pobreza, aportando, como consequência, o aquecimento do mercado interno.

Em relação às correntes teóricas de desenvolvimento, optou-se por uma breve descrição das visões clássica e neoclássica de desenvolvimento, em que se percebe crescimento como sinônimo de desenvolvimento, e da abordagem crítica de desenvolvimento, na qual o crescimento é condição necessária para o desenvolvimento, mas não suficiente.

Este estudo identificou-se com o pensamento de Furtado sobre desenvolvimento, o qual está relacionado ao crescimento sustentado, considerando a inclusão social e a geração de empregos, bem como a melhoria da distribuição de renda, por meio de uma ação ativa e efetiva do Estado, que influenciaria a redução das desigualdades regionais e a elevação do nível de qualidade de vida da população.

Ainda neste capítulo, fez-se uma breve descrição de desenvolvimento local, com destaque para a importância da participação dos atores locais como artífices das soluções para o desenvolvimento, considerando os aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Considerou-se, também, uma sinopse da evolução histórica do desenvolvimento sustentável, oportunidade em que se percebeu que o conceito desse tema apresenta abordagens com autores que oscilam de visões pessimistas, que consideram o desenvolvimento sustentável algo utópico, até progressistas, percebendo a temática enquanto um processo, e que, como tal, estariam em andamento. Nada obstante, essas visões teriam em comum uma preocupação com o modelo de desenvolvimento vigente, considerando-se a escassez de recursos e a necessidade de preservação do meio ambiente.

Apresentou-se, em seguida, breve descrição de indicadores de desenvolvimento, com exposição dos modelos de indicadores de desenvolvimento da CSD e da OECD, sendo este último orientado pelo modelo do CSD.

Os indicadores de desenvolvimento aportam informações importantes, auxiliando no processo no que diz respeito à sustentabilidade.