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Apêndice I: Teste de Normalidade – Divido por Região de Coleta

4.5 Atitudes

4.5.3 Modelo MODE

O modelo MODE (Motivation and Opportunities as DEterminants of Attitude-Behavior Relation – motivação e oportunidades como determinantes da relação entre as atitudes e comportamento) foi desenvolvido por Fazio (1990) para auxiliar na compreensão entre o processo pelo qual as atitudes influenciam o comportamento humano, divididos em dois tipos de processos: processos espontâneos relacionados a percepção da situação imediata, e processos deliberados. Uma característica importante deste modelo é a sugestão de que as atitudes podem provocar um comportamento mesmo quando o indivíduo não reflete ativamente e delibera sobre a atitude, diferente do modelo da Teoria da Ação Refletida de Ajzen e Fishbein (1975) e da Teoria Ação Planejada de Ajzen(1991).

A chave para entender a diferença entre os processos reside no conceito de força das atitudes, que estaria disposta em um contínuo. As atitudes mais fortes seriam mais estáveis, recuperadas da memória com uma maior rapidez (menor latência), mais associadas ao objeto que provoca a atitude, e ativadas automaticamente através de uma observação ou menção verbal do objeto da atitude. Estas atitudes seriam também mais resistentes a tentativas de mudança por outros, via persuasão, e também possuiriam um poder maior de prever o comportamento.

Enquanto as atitudes ditas fracas ou “falta de atitude” representariam uma falta de associação avaliativa do objeto, uma indiferença ou uma neutralidade em que não desperta avaliações positivas ou negativas, e portanto não apresentariam uma representação relevante da atitude na memória.

O modelo indica que em alguns comportamentos ou situações, a atitude pode determinar o comportamento em uma maneira espontânea, sem que seja necessário uma avaliação constante das atitudes relevantes e também sem a necessidade de que o indivíduo entenda ou perceba a influência destas atitudes, pois as atitudes podem ser ativadas da memória automaticamente quando se defronta com o objeto da atitude.

Este processo pode ser construído de forma direta, com uma avaliação imediata, quase inconsciente, ou de forma indireta, quando as atitudes tem o papel de criar um viés que afetam a percepção sobre a qualidade ou desejabilidade do objeto avaliado. Assim, quando uma atitude é forte o bastante para ser ativada automaticamente assim que se entra em contato com o objeto da atitude, o processo de comportamento flui diretamente da atitude, não sendo regido por processos mais complexos e controlados. Neste caso, atitudes mais fortes ou mais acessíveis

também proporcionam uma relação mais direta e previsível da relação entre a atitude e o comportamento, sendo automaticamente ativadas, mudando a percepção sobre a situação e então predizendo satisfatoriamente o comportamento.

No entanto, existem processos que são mais analisados ou deliberados antes de um comportamento aconteça. Estes processos são influenciados em menor parte pela avaliação do objeto em si, e mais por uma comparação entre uma série de comportamentos alternativos e seus custos, vantagens, desvantagens e resultados esperados. Assim, o modelo MODE tenta explicar quando uma espécie de processo (automático) tem precedência por um processo mais deliberativo (e vice-versa), e quais fatores poderiam determinar o uso de uma ou outra estratégia para se avaliar se um comportamento deve ser executado ou não.

Quando o indivíduo executa um processo mais deliberativo, o papel de uma força motivadora é imprescindível para induzir a analisar o processo. O modelo MODE indica um série de fatores motivacionais que acabam por levar a uma análise mais cuidadosa das opções de comportamento, no entanto o motivo de ser correto, ou seja, chegar a decisões válidas parece ser o mais preponderante.

Outro importante fator que determina uma maior ou menor motivação é a importância da decisão sobre o comportamento, ou seja, quanto maiores os custos de se realizar uma má decisão, maior a tendência que o indivíduo tem de seguir um processo mais racionalizado e deliberado, enquanto o contrário também é verdadeiro, ou seja, comportamentos menos “importantes” ou seja, sem consequências consideráveis, tendem a serem executados de forma mais espontânea.

No entanto, o modelo indica que a motivação não é a única responsável para explicar o comportamento, pois para que uma motivação possa gerar um comportamento, deve haver uma oportunidade para que esta motivação supere a influência das atitudes sobre o comportamento. Esta oportunidade pode por exemplo, o tempo necessário para se considerar as alternativas e processar as informações, como também outros fatores que afetam a capacidade de processar informações, como por exemplo distração, fadiga, entre vários outros. Ou seja, situações nas quais seja requerido que a resposta comportamental seja rápida, podem impedir que o indivíduo racionalize adequadamente sobre o comportamento e então aja de forma espontânea.

Assim, de acordo com o modelo, a motivação e a oportunidade determinam se o processo que vai da atitude ao comportamento é mais espontâneo/automático ou mais deliberativo e calculado. Um processo mais deliberativo requer que estejam presentes tanto a motivação quanto a oportunidade. Um resumo do modelo pode ser encontrado na Figura 14:

Figura 14: Modelo MODE de Relacionamento Atitude-Comportamento

Motivação/ Capacidade para processar Modo de processamento deliberativo Modo de processamento espontâneo Crenças sobre o comportamento Atitude Forte Ativação Automática de Atitude Não há ativação automática da atitude Comportamento consistente com atititude Comportamento Não relacionado com atitudes

SIM

NÃO

SIM

NÃO

Comportamento consistente com atititude

Fonte: Adaptado de Notas de Aula de Ajzen (2000) (http://courses.umass.edu/psyc661/ppt/05.attitudes.a&b.pptx)

Sanbonmatsu e Fazio (1990) descobriram em um experimento realizado sobre a comparação entre duas lojas de câmeras fotográficas que quando os participantes decidiam sobre duas alternativas apresentadas eles somente buscaram informações especificas da memória (crenças sobre as alternativas) quando não existia motivação para ter a melhor resposta (não precisavam justificar suas respostas) e quando tinham que responder rapidamente (pressão de tempo).

No entanto, quando os participantes tinham um motivo para considerar o comportamento (teriam que justificar a escolha) e também quando não tinham pressão de tempo para decidir, ou seja, tinham a motivação e condições para analisar o comportamento eles tendiam a tomar uma decisão mais deliberada.

Na prática o modelo MODE indica que quando se há motivações suficientes e possibilidade de se deliberar cuidadosamente, os participantes utilizam as informações para tomar melhores decisões, mas quando estes componentes não estão presentes (motivação, capacidade/possibilidade de deliberação) as decisões são feitas de acordo com suas atitude acessíveis e não utilizam as informações recebidas.