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Apêndice I: Teste de Normalidade – Divido por Região de Coleta

4.3 Cultura e Cultura Nacional

4.3.1 Modelos de Cultura

Cada cultura desenvolve soluções especificas para certos problemas encontrados e assim se tornam distintas (TROMPENAARS & HAMPDEN-TURNER, 1998). Os estudos cross- culturais são pesquisas realizadas com membros de várias culturas. Estes estudos tem como objetivo encontrar diferenças e semelhanças previsíveis e significativas no comportamento que possam ser atribuídas à diferenças culturais (BRISLIN,1976). Alguns dos mais importantes estudos comparativos auxiliaram na definição de modelos ou frameworks culturais que criam dimensões a serem comparadas que permitem o entendimento e classificação de culturas.

Hilal (2002) aponta como os principais estudos cross-culturais os trabalhos de: Hofstede (1980; 1984;2010) realizado em 40 países na primeira pesquisa e 50 na segunda pesquisa. A terceira pesquisa de Hofstede utilizou 23 países como amostra e a quarta versão utilizou os dados de 81 países do banco de dados do World Values Survey (Inglehart et al., 2007), a autora também aponta as pesquisas de Trompenaars (1993) que coletou dados em 50 países, as pesquisas conduzidas por Maznevski em 10 países. Outro importante autor é Shalom Schwartz que estudou valores inicialmente com uma base de dados de 38 países.

Adicionalmente, um dos modelos unidimensionais mais conhecidos é de o Hall (1989), que classifica as culturas como de alto e baixo contexto, dependendo da importância do contexto dentro da comunicação em uma sociedade (HALL, 1989). As culturas de alto contexto, estão localizadas nos países do Oriente Médio, Ásia, África e América do Sul, seriam mais relacionais, coletivistas, intuitivas e contemplativas. As pessoas nestas regiões enfatizariam relacionamentos interpessoais, e a confiança deve ser estabelecida antes de qualquer transação de negócio, além disso a harmonia e consenso devem ser mantidos, além disso, os sentimentos são mais importantes que a lógica pura. Não importa somente o que se diz, mas o todo o contexto é considerado, como por exemplo: o tom de voz, expressões faciais, gestos, postura e outros sinais (HALL, 1989).

Em uma cultura de baixo contexto, que engloba países da América do Norte (Canadá e Estados Unidos) e grande parte da Europa ocidental, os indivíduos tendem a ser mais lógicos, lineares, individualistas e orientados à ação. A lógica, fatos e franqueza são valorizados nestas culturas. A resolução de problemas é baseada na avaliação dos fatos sequencialmente e decisões são tomadas balizadas em fatos, e não simplesmente na intuição. A comunicação entre as pessoas

tende a ser precisa e deve ser entendida literalmente, dependendo pouco de informações ou outros fatores contextuais (HALL, 1989).

No entanto, um dos estudos mais conhecidos e replicados na área de estudos culturais é o de Hofstede. Em um estudo realizado na década de 70, o pesquisador obteve acesso a um grande banco de dados sobre valores e sentimentos em mais de 50 países (HOFSTEDE, 1980). Estes dados eram provenientes da IBM, que tinha subsidiarias em todos estes países. A maior parte da empresa foi pesquisada duas vezes durante um período de quatro anos, gerando uma base com 100.000 questionários.

Ao analisar esta quantidade enorme de dados, Hofstede (1980) encontrou quatro dimensões para as culturas nacionais – chamadas de distância hierárquica, individualismo-coletivismo, masculinidade-feminilidade e controle da incerteza. Estas dimensões permitiram o autor classificar os países em diferentes posições relativas, e segundo o autor, a combinação dos valores de cada país nestas dimensões nos permite entender melhor a cultura em estudo.

A distância hierárquica pode ser definida como grau de aceitação de uma divisão desigual do poder entre os membros de uma sociedade (HOSTEDE, 1991). A comparação entre empregados da mesma empresa (IBM) e com postos de trabalho idênticos em diferentes países, permitiu atribuir a cada país um índice relativo ao seu nível de distância hierárquica. Esta dimensão reflete basicamente o conjunto de respostas coletadas em várias culturas, relacionadas à questões que tinham como objetivo entender como as desigualdades hierárquicas e de poder entre as pessoas são compreendidas e processadas.

Os índices de distância hierárquica podem indicar a relação de dependência entre as pessoas. Nas culturas onde a distância hierárquica é baixa, a dependência dos subordinados aos seus chefes é limitada: sendo uma relação de interdependência, com um índice de distância hierárquica relativamente pequena. Neste tipo de cultura os subordinados podem questionar e discordar de seus chefes sem maiores problemas (HOFSTEDE, 1991). O Quadro 7 apresenta dez diferenças entre sociedades de alta e baixa distancia hierárquica, segundo Hofstede (2011):

Quadro 7: Dez diferenças entre sociedades de pequena e grande distância hierárquica Pequena Distancia Hierárquica Grande Distância Hierárquica Uso do poder deve ser legitimo e sob

critérios de bem e mal

O poder é um fato básico da sociedade e antecede qualquer discussão sobre bem ou mal, não se questiona a sua legitimidade

Os pais tratam as crianças como iguais Os pais ensinam obediência às crianças Pessoas mais velhas não são respeitadas ou

temidas

Pessoas mais velhas são respeitadas e temidas Educação centrada no estudante Educação centrada no Professor

Hierarquia significa inequidade de papeis, estabelecido por conveniência

Hierarquia significa uma inequidade existencial Subordinados esperam ser consultados Subordinados esperam que os chefes digam o que

devem fazer Governos pluralistas baseados na maioria

votam e mudam de forma pacífica

Os governos são autocráticos baseados em combinações e somente mudados por revoluções Corrupção é rara, escândalos terminam

com carreiras políticas

Casos de corrupção são mais frequentes e os escândalos normalmente são encobertos

A distribuição de renda é aproximadamente igual

A distribuição de renda tende a ser muito desigual A religião prega uma igualdade entre os

seus participantes

Existe uma hierarquia de sacerdotes Fonte: Adaptado de Hofstede (2011) pg.9

Nos países onde o índice é elevado, existe uma dependência dos subordinados em relação às suas chefias, nestas culturas os subordinados preferem ter um chefe autocrático ou paternalista, que diga aos subordinados o que devem fazer, ao invés de um estilo mais consultivo, onde a opinião dos subordinados é importante.

Os países latinos da Europa e os da América Latina, Ásia e África, apresentaram um índice de distância hierárquica elevado. Os Estados Unidos, Grã-Bretanha e países de colonização britânica e países Germânicos apresentaram têm um índice menor (HOFSTEDE, 2009).

A dimensão individualismo-coletivismo, trata da maneira que se configura os laços entre o indivíduo e o restante da sociedade. As sociedades individualistas se caracterizam por possuírem laços fracos entre os indivíduos, onde cada indivíduo deve cuidar de si mesmo e de sua família mais próxima, enquanto as sociedade onde as pessoas são mais integradas em grupos fortes e altamente coesos e tem uma relação de proteção e lealdade são conhecidas como coletivistas (HOFSTEDE, 1991).

O Quadro 8 apresenta uma comparação destacando dez diferenças entre sociedades que diferem em relação ao grau de coletivismo e individualismo:

Quadro 8: Dez diferenças entre sociedades individualistas e coletivistas

Individualistas Coletivistas

Todos devem cuidar de si mesmos, e somente sua família direta

As Pessoas nascem famílias estendidas ou clãs que os protegem em torno de lealdade. Consciência predominante do “eu” Consciência predominante do “Nós” Direito a privacidade Enfoque em pertencer a um grupo Falar o que está na cabeça é saudável Deve-se manter a harmonia

Outros são classificados como indivíduos Outros são classificados conforme pertençam ou não a um grupo de referência

Opinião pessoal é esperada: Cada pessoa tem direito a um voto.

As opiniões e votos são predeterminados pelos grupos

Transgredir normas leva a sentimento de culpa.

Transgredir normas leva a sentimento de vergonha.

As línguas utilizadas tem o “Eu” como indispensável

As línguas utilizadas nestas culturas evitam o uso do “Eu”

A educação tem como objetivo aprender como aprender

A educação tem como objetivo aprender como fazer

As tarefas são mais importantes que os relacionamentos.

Os relacionamentos são mais importantes que as tarefas.

Fonte: Adaptado de Hofstede (2011), pg. 10

As culturas individualistas são mais comuns em países desenvolvidos e ocidentais, enquanto as sociedades coletivistas são frequentes nos países menos desenvolvidos e orientais (HOFSTEDE, 2011). Em uma cultura individualista, as pessoas tendem a achar que o indivíduo é mais importante que a coletividade, ou seja, a felicidade, realização e bem estar prevalece, e as pessoas devem fazer o possível para consegui-los e também são responsáveis por cuidar de si mesmos. Já em uma cultura coletivista as pessoas acham que a comunidade é mais importante que o bem estar de um indivíduo, assim, cada um deve agir de forma a servir a sociedade para que o bem estar de todos seja garantido (TROMPENAARS, 1993).

Já a dimensão de controle de incerteza mede o grau de ansiedade dos habitantes de um país em relação a situações desconhecidas ou incertas, sendo diretamente relacionado com a necessidade de regras e leis, podendo ser escritas ou não para que se diminua o número de situações onde não haja certeza sobre algo. O controle de incerteza está ligado ao nível de ansiedade sobre algo que pode acontecer, e de aceitação da ambiguidade em relação a situações desconhecidas ou novas (HOFSTEDE, 2011).

A dificuldade em aceitar o incerto, mostra problemas em aceitar o que é diferente, ou segundo Hofstede, para estas sociedades “o que é diferente é perigoso”. Nestas sociedades, com maior necessidade de controle do incerto, as inovações e mudanças são vistas com maior receio, por

causar grande desconforto e serem indesejáveis. Algumas diferenças entre as culturas em relação a evitação de incerteza no Quadro 9:

Quadro 9: Dez diferenças entre sociedades de baixa e alta evitação de incerteza Baixa evitação de incerteza Alta evitação de incerteza A incerteza inerente da vida é aceita e cada dia

é recebido como venha

A incerteza da vida é percebida como uma ameaça contínua que deve ser combatida. Tranquilidade, baixo estresse, auto controle e

baixa ansiedade

Maior estresse, emotividade, ansiedade, neuroses

Maiores notas nas escalas de bem estar e auto avaliação da condição de saúde

Piores notas nas escalas de bem estar e auto avaliação da condição de saúde

Tolerância a pessoas e ideias diferentes: O diferente é curioso

Intolerância a pessoas e ideias diferentes: O diferente é perigoso.

Confortável com ambiguidade e caos. Necessidade de clareza e estrutura. Professores podem dizer “Não sei”. Professores devem ter todas as respostas. Mudança de trabalho não representa problemas. Deve-se permanecer em um emprego, mesmo

que não esteja satisfeito. Regras não são bem quistas, sejam escritas ou

verbais

Necessidade emocional de existir regras – mesmo que não sejam cumpridas

Os cidadãos se sentem e são vistos como incompetentes pelas autoridades políticas

Os cidadãos se sentem e são vistos como competentes pelas autoridades políticas

Nos campos religiosos, científicos e filosóficos: relativismo e empirismo

Nos campos religiosos, científicos e filosóficos: verdades inquestionáveis e grandes teorias

Fonte: Adaptado de Hofstede (2011) pg.11

Os escores em evitação de incerteza são maiores nos países do leste europeu, países latinos, no Japão e em países de língua alemã, enquanto é menor em países de língua inglesa, países nórdicos e países de cultura chinesa (HOFSTEDE, 2011).

Uma das dimensões mais estudadas, a masculinidade-feminilidade indica a preferência de uma determinada cultura por valores ditos masculinos ou femininos, associados aos papeis que os gêneros têm historicamente desempenhado na sociedade. Geralmente, em grande parte das sociedades os homens devem ser firmes, competitivos e duros, enquanto as mulheres devem tratar do lar e das crianças, dos outros, enfim, devem adotar os papéis ditos "ternos" (HOFSTEDE, 1991). Na pesquisa de Hofstede, os itens relacionados à dimensão masculina foram a remuneração, o reconhecimento, a promoção e a necessidade de desafios, enquanto a dimensão feminina esteve associada à hierarquia, a cooperação, a importância do local onde se vive e a segurança de emprego.

Os comportamentos relacionados à modéstia, importância das relações, assistência e bem estar, maior solidariedade e menor competição estão associados mais fortemente com países de cultura predominantemente feminina. Enquanto um comportamento de maior autoafirmação,

uma importância maior do trabalho e uma maior competição estão associadas a culturas masculinas. Estas diferenças estão compiladas no Quadro 10:

Quadro 10: Dez diferenças entre sociedades masculinas e femininas

Feminilidade Masculinidade

Diferenciação mínima entre os papeis sociais e emocionais entre os gêneros

Grande diferenciação entre os papeis sociais e emocionais entre os gêneros

Homens e mulheres devem ser modestos e preocupar com os outros

Homens devem ser assertivos e ambiciosos e mulheres modestas e se preocupar com os outros Maiores notas nas escalas de bem estar e auto

avaliação da condição de saúde

Piores notas nas escalas de bem estar e de auto avaliação de condição de saúde

Equilíbrio entre família e trabalho O trabalho é mais importante que a família Solidariedade com os fracos Admiração pelos fortes

Os pais e as mães lidam igualmente com os fatos e os sentimentos

Pais lidam com fatos, enquanto as mães com as emoções

Tanto os meninos como meninas podem chorar, mas não devem brigar

Meninas podem chorar, mas não os meninos. Eles devem revidar e as meninas não devem brigar

As mães decidem o número de filhos O pai decide o tamanho da família Religiões foram em seres humanos As religiões focam em um Deus ou deuses Atitudes práticas em relação ao sexualidade, o

sexo é uma maneira de se relacionar

Atitudes moralistas em relação a sexualidade, o sexo é uma maneira de atuar

Fonte: Adaptado de Hofstede (2011) pg.12

Segundo Hofstede (2011) o índice de masculinidade é elevado no Japão, em países de língua alemã, e em alguns países Latinos como Itália e México, moderadamente elevada em países ocidentais de língua Inglesa, e baixa em países Nórdicos e na Holanda, e moderadamente baixo em alguns países Latinos como França, Espanha, Portugal, Chile e também na Coreia e Tailândia.

Duas dimensões de cultura foram adicionadas nos últimos anos, através de intepretação de novos dados, utilizando o framework original de Hofstede: Orientação de longo prazo vs curto prazo e Indulgência vs Restrição (HOFSTEDE, 2011). A quinta dimensão de cultura, Orientação de longo prazo vs curto prazo, está relacionada com o foco que as pessoas dão aos seus esforços: o futuro (orientação de longo prazo), ou o presente e o passado (orientação de curto prazo) (HOFSTEDE, 2011). Esta dimensão foi encontrada em um estudo com estudantes de 23 países, usando um questionário desenvolvido por pesquisadores chineses (HOFSTEDE & BOND, 1988).

Nesta pesquisa os valores relacionados com a orientação de longo prazo foram relacionados à poupança e perseverança, enquanto os valores relacionados a orientação ao curto prazo foram respeito pela tradição, cumprimento de obrigações sociais e proteger as aparências. Estes

valores estão relacionados aos ensinamentos de Confúcio, no entanto apenas especificamente com as máximas relacionadas ao futuro. O Quadro 11 indica algumas diferenças entre as sociedades que apresentam diferentes escores nesta nova dimensão:

Quadro 11: Dez diferenças entre sociedades com orientações de curto e longo prazo

Orientação de curto prazo Orientação de longo prazo

Os eventos mais importantes da vida ocorreram no passado ou estão acontecendo agora.

Os eventos mais importantes vão acontecer no futuro

Espera-se recompensas imediata As recompensas podem esperar até mais tarde Existem regras claras sobre o que é bom e mau O que é bom e mau dependem das

circunstâncias.

Tradições são sacrossantas Tradições são adaptáveis a situações que mudaram

A vida familiar é baseada em imperativos A vida familiar é baseada em tarefas compartilhadas

O que se pensa e se diz deve ser verdadeiro O que se faz deve ser virtuoso Crianças devem aprender a tolerância e o

respeito

Crianças devem aprender a poupar Consumo e Gasto como um fato social Poupança e Investimento

Resolução de problemas de forma não estruturada

Resolução de problemas estruturada, matematizada.

Nos negócios, o foco é nos lucros de curto prazo. Nos negócios o foco é nas posições de mercado e realizações futuras.

Fonte: Adaptado de Hofstede (2011) pg.15

Os países que obtiveram escores mais altos na dimensão de longo prazo foram os países Asiáticos, principalmente China, Hong Kong, Taiwan, Japão e Coreia do Sul. O Brasil e Índia também apresentaram resultados relativamente altos nesta dimensão. Já os países Europeus, em sua maioria, apresentaram uma orientação de médio prazo, enquanto Estados Unidos e Grã Bretanha apresentaram uma orientação de mais curto prazo. Os resultados apontam que países Africanos em geral e uma boa parte dos países de religião islâmicos apresentam uma orientação de curtíssimo prazo (HOFSTEDE, 2011).

Uma dimensão mais recente, foi adicionada após tratamento de dados adicionais da World Values Survey (WVS) por Minkov (2007). A dimensão Indulgencia vs Restrição, usa a nomenclatura proposta por Minkov de Indulgencia e Restrição e utiliza itens baseados na WVS (G. HOFSTEDE, G.J. HOFSTEDE & MINKOV, 2010). Esta nova dimensão e é de certa forma complementar a dimensão de orientação de longo prazo e curto prazo (HOFSTEDE, 2010; MINKOV, 2011). Esta nova dimensão foca em aspectos culturais ainda não abordados pelas outras cinco dimensões, mas conhecido na literatura como “busca da felicidade”.

O conceito de indulgência está relacionado à permissão de gratificação de desejos humanos básicos e naturais relativos a aproveitar a vida e se divertir. As sociedades com mais altos escores nesta dimensão apresentam maiores níveis de felicidade, e os indivíduos podem agir como queiram, gastando dinheiro, desfrutando de seu tempo livre e se dedicando a atividades prazerosas (Hofstede et al. 2010). Já um alto escore na dimensão de restrição é o oposto, ou seja, indica a presença de normas sociais e proibições que tem como objetivo regular a gratificação e transmitir a ideia de que o lazer, aproveitar a vida e se divertir são coisas consideradas erradas (HOFSTEDE et al. 2010). Podemos verificar dez diferenças culturais nesta dimensão no Quadro 12:

Quadro 12: Dez diferenças entre sociedades em relação a indulgencia-restrição

Indulgência Restrição

Maior percentual da população se autodeclara muito feliz.

Menor quantidade de pessoas muito felizes Existe percepção de controle pessoal sobre a

vida

Existe uma percepção de desamparo: as coisas acontecem comigo por influência externa. Liberdade de expressão é considerada

importante

Direito à Liberdade de expressão não é uma preocupação da sociedade

Maior importância dada ao lazer Pouca importância dada ao lazer

Maior tendência a relembrar emoções positivas Menor tendência a relembrar emoções positivas

Em países com populações com alto grau de instrução: Maior taxa de natalidade

Em países com populações com alto grau de instrução: Menor taxa de natalidade

Mais pessoas envolvidas com atividades esportivas

Pessoas menos envolvidas com atividades esportivas

Em países com suprimento adequado de comida, mais pessoas obesas.

Em países com suprimento adequado de comida, menor quantidade de pessoas obesas. Em países mais ricos, normas sexuais mais

permissivas

Em países mais ricos, normas sexuais mais estritas

Manter a ordem não é visto como uma grande prioridade

Tem um alto número de policiais por 100.000 habitantes.

Fonte: Adaptado de Hofstede (2011) pg.16

Existem resultados para 93 países nesta dimensão. Hofstede (2011) indica que a indulgencia tende a ser maior nos países da América do Sul e do Norte, na Europa Ocidental e em partes da África Sub Saariana. Já a restrição tende a ser mais pronunciada em países da Europa Oriental, na Ásia e nos países Mulçumanos, enquanto a Europa Mediterrânea teria um escore mediano nesta dimensão. (Hofstede et al. 2010).

O Brasil tem participado seguidamente nas pesquisas de Hofstede (1980;2001;2010), o que permitiu uma grande quantidade de pesquisas utilizando as dimensões culturais fosse realizada, inclusive estudos comparativos. O resultados mais recentes do Brasil, nas dimensões culturais de Hofstede podem ser consultados na Figura 10:

Figura 10: Posição relativa do Brasil nas diferentes dimensões de cultura - Hofstede

Fonte: Compilado através dos dados de Hofstede et al. (2010)

É importante notar que as dimensões de cultura de Hofstede são atualmente amplamente utilizadas no meio acadêmico, pois são baseadas em um estudo clássico que envolveu 53 países, apresentando alta correlação com resultados de outros estudos replicados por outros autores de todo o mundo, sendo reconhecido como uma referência na área de estudos culturais, mesmo entre os críticos de seu modelo (MCSWEENEY, 2002; TRIANDIS, 2004).

Hofstede (2011) afirma que quando Culture Consequences foi lançado em 1980, a obra representou um novo paradigma de pesquisa nas ciências sociais, ao analisar dados sobre valores baseados em uma survey no nível nacional e quantificando as diferenças entre as culturas pelas posições alcançadas nas dimensões encontradas. Triandis (2004) afirma que todas as dimensões importantes de variação cultural foram descobertas por Hofstede e que são relevantes para entender como as pessoas funcionam nas sociedades industriais.

Embora tenha sofrido críticas e rejeição durante a sua introdução, nos anos 1990 o paradigma desenvolvido por Hofstede conseguiu uma grande aceitação e passou a ser complementado por outras dimensões em outros estudos, inspirando uma série de pesquisa sobre culturas nacionais