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2 REVISÃO DE LITERATURA

7 Tramitação Sequência de diligências e ações (trâmites) prescritas para o

2.5 A PRESERVAÇÃO DIGITAL SISTÊMICA E A CADEIA DE CUSTÓDIA ARQUIVÍSTICA

2.5.2 O RDC-Arq e o Modelo OAIS

Os documentos digitais na fase permanente necessitam de um sistema informatizado que apoie o tratamento técnico de arranjo, descrição e acesso, de modo a assegurar a manutenção da autenticidade e da relação orgânica. Para isso, os arquivos devem dispor de repositórios arquivísticos digitais confiáveis, os RDC-Arq, para armazenamento, gestão, preservação e acesso aos documentos arquivísticos digitais a longo prazo (CONARQ, 2014, p. 4).

O e-ARQ Brasil deve ser observado para a implementação do RDC-Arq, tendo em vista que a integração do repositório ao SIGAD é fundamental para o sucesso das iniciativas de gestão (CONARQ, 2014, p. 24).

O recolhimento dos documentos deve ser feito por meio de uma custódia confiável, que disponha de mecanismos que garantam a autenticidade (integridade + identidade) na transferência de documentos do SIGAD para o repositório. A interoperabilidade entre SIGAD e RDC-Arq é feita de forma automatizada, livre de intervenções não autorizadas, cujo empacotamento esteja de acordo com os padrões da área e da adoção de metadados (FLORES; ROCCO; SANTOS, 2016, p. 122).

O conceito de repositório confiável surgiu em um documento base preparado por um grupo de trabalho liderado pelo Research Library Group (RLG) e o Online Computer Library Center (OCLC), sob o título de Trusted Digital Repositories: Atributes and Responsabilities (Repositórios digitais confiáveis: atributos e responsabilidades), o qual propunha as bases conceituais para os repositórios, estabelecimento de atributos e responsabilidades.

Assim, de acordo com o RGL/OCLC (2002 apud ROCHA, 2015, p. 184), um repositório confiável deve cumprir com os seguintes atributos:

cumprimento ao modelo de referência OAIS; responsabilidade administrativa; viabilidade organizacional; suporte financeiro; adequação tecnológica; sistema de segurança; procedimentos transparentes para prestação de contas do próprio repositório.

O modelo OAIS, apresentado na Figura 1, foi desenvolvido sob a coordenação do Comitê Consultivo para Sistemas de Dados Espaciais (CCSDS) da National Aeronautics and Space Administration (NASA), com a colaboração da comunidade científica internacional. A

primeira versão foi publicada em 1999, outra em 2002 e, em 2003, transformou-se na norma ISO 14721:2003 (ROCHA, 2015, p. 184).

Figura 1 – Modelo OAIS

Fonte: (CCSDS, 2002)

No modelo OAIS há três agentes: o produtor (producer), o administrador (management) e o consumidor (consumer). O primeiro realiza a submissão de um pacote de informação, o qual contém documentos e informações de descrição relacionada (SIP), que é enviado para a entidade de ingestão ou submissão (ingest). Após aceitar o pacote (SIP) na etapa da ingestão, bem como inserir a informação de descrição (descriptive info), o (SIP) transforma-se em um pacote de informação para armazenamento (AIP), e aqui temos o pacote de armazenamento dos documentos de guarda permanente (FLORES; ROCCO; SANTOS, 2016, p. 123).

Em seguida, o pacote AIP tem seus metadados extraídos e armazenados na entidade gestão de metadados (data management). Assim, os objetos digitais presentes no pacote AIP são armazenados na entidade repositório de arquivos (archival storage), para que as estratégias de preservação digital definidas na entidade do plano de preservação (preservation planning) sejam implementadas (FLORES; ROCCO; SANTOS, 2016, p. 123).

Ao armazenar o AIP nas entidades de gestão de metadados e repositório de arquivos, é possível gerar o pacote de disseminação (DIP), o qual possui características voltadas ao acesso e não se concentra nas atividades de preservação como o SIP e o AIP. O DIP trabalha

com formatos “mais leves”, voltados ao acesso, inclusive os metadados nele presentes, se diferem dos constantes no AIP. Os formatos são definidos na entidade plano de preservação e, portanto, os melhores formatos deverão ser identificados para facilitar o acesso aos usuários da informação (FLORES; ROCCO; SANTOS, 2016, p. 124).

Os documentos digitais são disponibilizados na entidade de acesso (acess), sendo que os consumidores podem realizar suas consultas (queries) que retornam resultados imediatos (queries responses). Há a possibilidade de fazer solicitações (orders) que são enviadas para análise do administrador (administrator), para que, posteriormente, o acesso seja liberado ou informado o motivo da negação, em caso negativo (FLORES; ROCCO; SANTOS, 2016, p. 124).

O repositório arquivístico digital confiável deve apoiar a organização hierárquica dos documentos digitais a partir de um plano de classificação de documentos, nas fases corrente e intermediária ou da estrutura do arranjo dos fundos na fase permanente. Assim, a gestão de documentos e a implementação de metadados no repositório devem estar em conformidade com as práticas e as normas de arquivo, em particular, a de gestão documental e de descrição multinível de documentos General International Standard Archival Description (ISAD-G) e a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE) (ROCHA, 2015, p. 189).

Para testar a confiabilidade de repositórios arquivísticos digitais confiáveis, o RLG associado ao National Archives and Records Administration (NARA), publicaram, em 2007, o documento Trustworthy Repository Audit & Certification: Criteria and Checklist, o TRAC, apresentando uma lista de critérios e um checklist para a certificação de repositórios digitais confiáveis. Esse documento serviu de base para a elaboração da norma ISO 16363:2012, que define os critérios que esses repositórios devem atender (ROCHA, 2015, p. 185).

De acordo com Lampert (2016, p. 147), o Archivematica “é um software open source que fornece um sistema de preservação digital para processamento e armazenamento de objetos digitais a longo prazo, fundamentado em estratégias de preservação e baseado no modelo OAIS”.

Segundo Flores (2015, s/p), o Archivematica é baseado em padrões e é compatível com centenas de formatos,

usa um padrão de design de micro-serviços para fornecer um conjunto integrado de ferramentas de software que permite ao usuário processar objetos digitais, de ingerir

para o acesso em conformidade com o modelo funcional ISO-OAIS. O Usuário monitora e controla os micro-serviços através de um painel baseado na web.

O Archivematica usa Mets, Premis (eventos, agentes, direitos e restrições), Dublin Core, da Biblioteca do Congresso especificação Bagtl e outros padrões e práticas para fornecer pacotes de arquivamento confiáveis, autênticos e interoperáveis (AIP) para armazenamento, em prática, o seu repositório preferido.

No Registro da Política de Formatos (FPR), o Archivematica implementa suas políticas de formato padrão com base em uma análise das características significativas de formatos de arquivo. [...]. O FPR é integrado com o PRONOM.