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E SP F ORMAÇÃO E XPERIÊNCIA NO PDP E S USTENTABILIDADE

2 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO-EMBALAGEM SUSTENTÁVEL

2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO E EMBALAGEM

2.3.3 Modelos de Processo Desenvolvimento de Embalagens

Tendo em vista a competitividade dos produtos, bem como o seu curto ciclo de vida, principalmente das embalagens, torna-se necessário que os projetistas utilizem modelos para processo de desenvolvimento de produtos e embalagens para acelerar o tempo de desenvolvimento.

Eles são importantes por três razões: primeiro contribuem para que o processo decisório seja racional, evitando a continuação de projetos com informações não fundamentadas; segundo, funcionam com

checklists assegurando que as etapas principais foram executadas, e

terceiro, favorecem a documentação das atividades estruturando um histórico que poderá ser utilizado pelas equipes de projetos em trabalhos futuros (ULRICH; EPPINGER, 2003).

Romano (1996) em seus estudos apresentou uma metodologia de projeto de embalagem que está dividida em 7 fases em que orienta e auxilia projetistas no desenvolvimento de embalagens para produtos (Figura 02):

Fase I - formação da equipe de projeto, definição dos representantes das áreas participantes do projeto da embalagem; Fase II - início do projeto, análise do produto, processo de despacho, distribuição e venda; Fase III - estudo de leiaute de carga, verificação da quantidade máxima de produtos sem embalagem por contêiner; Fase IV - estudo das concepções, análise dos materiais de embalagem, necessidades da embalagem, processo de embalar e seleção da solução; Fase V - projeto preliminar, avaliação da embalagem escolhida, estudo de viabilidade econômica, construção de modelos, protótipos e realização de testes de verificação; Fase VI - projeto detalhado, confecção de desenhos de engenharia; Fase VII - entrada em produção/fim de projeto, planejamento e acompanhamento do início da produção.

O modelo não emprega a variável ambiental e/ou social no processo de projeto de embalagens. Já parte do produto concebido para desenvolver a embalagem, ou seja, não integra o desenvolvimento de embalagens com o do produto. Porém o modelo fornece uma grande contribuição incorporando a logística desde o início do projeto de embalagem (Fase II).

Figura 02 - Fluxograma da Metodologia de Projeto para Embalagem

Fonte: Romano (1996, p. 78).

Formação da Equipe

Início de Projeto

Estudo de Leiaute de carga

Estudo das Concepções

Projeto Preliminar Projeto Detalhado Entrada em Produção Fim do Projeto FASE I FASE II FASE III FASE IV FASE V FASE VI FASE VII

Analisar solicitação de atividades

1º Check-Nst 2º Check-Nst 3º Check-Nst Análise do: Análise do: Análise da: Estudo de Leiaute Estudo Preliminar de Seleção da Solução Estudo Preliminar de de carga Viabilidade Econômica Viabilidade Técnica produto material de embalagem Embalagem despacho necessidades da embalagem Viabilidade Econômica Confeccionar desenhos

Produzir lote piloto Editar Instrução de engenharia

Inspecionar Certificar as amostras Aprovar amostras distribuição e venda processos de embalar Testes de Verificação Montar cenário de projeto

Stein (1997) propõe-se uma metodologia para planejamento de embalagens baseada no modelo proposto por Back (1983), enfatizando aspectos estéticos para estratégia competitiva no processo de projeto (Figura 03). Caso a empresa não queira utilizar a embalagem como estratégia mercadológica, o projeto então seguirá as etapas normais sem priorizar os requisitos estético-formais (Figura 04). O modelo prioriza aspectos estéticos e visuais da embalagem. Parte de um produto já concebido, não integra a embalagem com o produto desde as fases iniciais do PDP. Quanto à preocupação com o meio ambiente, considera somente descarte ou reutilização e retirada do mercado. Aspectos sociais ou éticos não são considerados.

Figura 03 - Metodologia de Projetos Industriais proposta por Back (1983)

Figura 04 - Esquema Metodológico para Projeto de Embalagens

Fonte: Stein (1997, p. 81).

Paine (1990) citado por Bramklev (2005) fornece uma rápida descrição do processo de desenvolvimento de embalagem, dividindo-o em 6 etapas: Concepção, Modelo Preliminar, Prototipagem, Engenharia de Embalagem e Critério de Avaliação da Qualidade.

O modelo de desenvolvimento de embalagem apresentado por Griffin (1985) considera um trabalho coordenado com as áreas de gerenciamento, marketing, vendas, produção e desenvolvimento de embalagem. O modelo inclui as seguintes fases:

(1) Definição de objetivos (razão inicial para o desenvolvimento, estimativa do potencial de venda e custo final da embalagem); (2) Processo de desenvolvimento de embalagem; (3) Teste de mercado (planejamento, execução e análise dos resultados); (4) Tomada de decisão (prosseguimento, modificação/reteste ou paralisação dos esforços); (5) Produção Total (planejamento e encaminhamento para execução da Produção Total em conjunto com vendas e propaganda). A fase Processo de desenvolvimento de embalagens apresenta nove subfases: (1) Definição das propriedades do produto; (2) Definição dos

Planejamento de um Produto “X”.

A empresa tem interesse em utilizar a embalagem como estratégia mercadológica?

Projeto de Produto tradicional fases I até VII

Não Sim

Projeto de Produto * fases I até III

Projeto de Embalagem priorizando requisitos Estético-formais * Projeto Conceitual - análise demanda - requisitos - função síntese - princípios solução * Projeto Preliminar * Projeto Detalhado e * Testes/Revisão Fase IV Planejamento do Processo de Manufatura Fase V - Distribuição Fase VI - Consumo/Manutenção Fase VII - Descarte/Retirada

requisitos técnicos; (3) Definição do estilo da embalagem e requisitos do projeto; (4) Identificação de aspectos legais e outras restrições; (5) Seleção do possível design da embalagem e materiais; (6) Estimativa do possível custo de desenvolvimento; (7) Tomada de decisão; (8) Preparação e teste da embalagem; (8) Preparação e teste da embalagem (desempenho técnico, preferência do consumidor e viabilidade econômica); (9) Tomada de Decisão (prosseguimento para teste de mercado). A preocupação com meio ambiente e sustentabilidade é colocada de forma muito superficial pelo autor, mencionando que o engenheiro de embalagem necessita se preocupar com o meio ambiente na escolha de materiais de embalagem.

Brody (1999) ao apresentar seu modelo de desenvolvimento de embalagens para alimentos coloca que o caminho primário para o desenvolvimento de embalagem é desenvolvimento do sistema por inteiro que começa com a concepção e vai até o lançamento no mercado. O caminho secundário é o desenvolvimento da embalagem em si como parte essencial do sistema como um todo. O autor também não considera aspectos de sustentabilidade em seu modelo.

DeMaria (2000) fornece uma abordagem mais detalhada, passo a passo, para o processo de desenvolvimento de embalagem, dividindo-o em três fases: (1) Planejamento, (2) Fornecimento de Funcionalidade (3) Lançamento de Embalagem, onde cada fase está dividida em um número sequencial de subfases, (Figura 05):

Figura 05 - O processo de desenvolvimento de Embalagens de acordo com DeMaria (2000)

Para Fuller (1994), o processo de desenvolvimento de embalagens é um processo independente, tratado de forma secundária. Questões de sustentabilidade não são devidamente tratadas. No entanto, existe a preocupação com questões relacionadas com o meio ambiente como poluição, gerenciamento dos resíduos sólidos, porém sem nenhuma abordagem de como incorporar no PDP.

Garcia Arca e Prado-Prado (2004) relatam em sua pesquisa o estabelecimento de um modelo de gerenciamento para o projeto, desenvolvimento e controle de embalagem, para a cadeia de suprimentos de alimentos espanhola (Figura 06). Trata-se de um modelo que integra a logística com a embalagem, porém não integra o produto. São independentes por consideraram a embalagem sob o ponto de vista mais dinâmica.

Figura 06 - Modelo gerencial para projeto, desenvolvimento e controle de embalagem

O modelo abrange requisitos da área comercial (conhecimento da demanda do consumidor, identificação e proteção do produto), meio

ambiente (facilitar a reutilização, reciclagem e redução de consumo) e logística (facilitar a manipulação, identificação e proteção do produto),

baseado no modelo proposto por Johansson e et al. (1997). Todas essas funções atuam como requisitos de projeto em embalagem (Figura 07).

Figura 07 - Requisitos para projeto em embalagem

Fonte: Garcia Arca, Prado-Prado (2004

).

O modelo proposto envolve 7 estágios para desenvolver o projeto e a implantação de embalagem:

- Definição dos objetivos e a delimitação do estudo;

- Definição da metodologia de trabalho e a estrutura organizacional;

- Avaliação do mercado atual e tendências; - Análise e seleção de alternativas de

embalagem;

- Desenvolvimento de testes e validação das alternativas;

- Implantação das novas embalagens;

- Reavaliação e melhorias das soluções implantadas.

Ele foi aplicado em um estudo de caso em 307 empresas de alimentos espanholas (209 envasadores de alimentos, 30 distribuidores e 68 fabricantes de embalagem). O resultado mostrou que permite interligar propostas estratégicas e atividades operacionais no processo de projeto de embalagem, identificando, ao mesmo tempo, as oportunidades de melhorias nas empresas que estão focadas em melhorar sua competitibilidade. Além disso, o modelo preenche uma lacuna analisando as consequências que a embalagem tem no correto funcionando da cadeia logística.

Esse modelo se comparado com o PDP modelo de referência de Rozenfeld et al. (2006) ou com outros modelos, é possível verificar que ele atua nas três macrofases que são: Pré-desenvolvimento, Desenvolvimento e Pós-desenvolvimento. O modelo apesar de integrar os requisitos comerciais com logística, meio ambiente e as melhores práticas, não integra o produto e considerações éticas ou sociais e por isso é limitado. Os autores alegam que a embalagem deve acompanhar a dinâmica do mercado e se o processo de desenvolvimento for paralelo ao produto ele se torna estático. Porém isso não é válido, pois a embalagem, por ser parte integrante do produto, seu desenvolvimento deverá ser integrado ao produto.

Bramklev et al. (2005), em sua pesquisa, apresentaram um modelo de processo integrado de desenvolvimento de produto e embalagem implementável na indústria e de fácil utilização em nível operacional, validando assim a proposta de Bjärnemo et al. (2000) de Engenharia Simultânea de produto e embalagem. Foram pesquisadas 60 empresas em três áreas: Engenharia Mecânica, Indústria Farmacêutica e de Alimentos. Este modelo baseou-se em parte no modelo tradicional de desenvolvimento de produto (na área de engenharia mecânica) de Ulrich e Epinger (2004), por ser bastante aceito na indústria e por melhor suprir a demanda do conceito de integração. Para a parte do processo de desenvolvimento de embalagens o processo descrito por DeMaria (2000) foi escolhido, por melhor preencher a necessidade de um modelo de caráter genérico. A união desses dois modelos resultou no modelo de processo de desenvolvimento integrado de produto e embalagem, conforme mostra a Figura 08, abaixo, sendo cada atividade descrita na sequência:

Figura 08 - Proposta para um processo de desenvolvimento integrado de produto e embalagem

Fonte: Bramklev et al (2005).

OBS: As atividades interligadas estão indicadas pelas letras de A - F. As setas vermelhas representam PDE e as setas pretas o PDP.

Atividade A - Coordenação do planejamento de produto e planejamento de embalagem: na hora de avaliar e priorizar projetos no planejamento de produto é importante coordenar esta atividade com o planejamento do processo de desenvolvimento da embalagem e a atividade de planejamento e metas de negócios (planejamento estratégico).

Atividade B - Coordenação de desenvolvimento do conceito e planejamento da embalagem: para a coordenação do desenvolvimento do conceito e planejamento da embalagem, os resultados da identificação das necessidades do consumidor e o estabelecimento da especificação meta, deverão ser desenvolvidos com a referência a embalagem é claro, e antes da identificação dos conceitos da embalagem. Quando o conceito do produto é escolhido, é importante que esta informação seja passada para o desenvolvimento da embalagem, tal que as etapas de teste de conceito do consumidor,

desenvolvimento do protótipo da embalagem e teste de usabilidade do consumidor sejam coordenados com o teste do conceito do produto. Finalmente, quando a especificação final é estabelecida, é importante que esta atividade seja coordenada com o desenvolvimento de embalagem e a etapa de teste de uso final, onde informações acerca de compromissos financeiros possam ser divididas entre desenvolvimento de produto e embalagem. Essa integração é muito importante, pois integra a embalagem na especificação final do produto.

Atividade C - Coordenação do System level (projeto em nível de sistema) e o planejamento da embalagem: durante a fase do System level (projeto em nível do sistema) o projeto ou seleção de embalagem precisa ser decidido simultaneamente com a arquitetura do produto. Para especificação funcional de cada subsistema do produto, deverá ser decido o formato da embalagem correspondente bem como o material. Embalagens secundárias e terciárias são especialmente destacadas de forma a fornecer um complemento eficiente e efetivo ao produto. Os requisitos de distribuição e produção em particular devem ser adaptados a esse leiaute, preferencialmente através do projeto de métodos e técnicas de embalagem.

Atividade D - Coordenação do projeto detalhado e planejamento de embalagem: é importante que a função de marketing cumpra com os regulamentos e restrições do produto e a embalagem, para assegurar proteção e segurança ao produto. Também é importante que o marketing calcule os custos associados com a embalagem e o lançamento do produto. Simultaneamente, a produção deverá otimizar o produto e a forma da embalagem minimizando falhas. Para a função de projeto de produto, materiais adequados para o produto e embalagem deverão ser escolhidos baseados em ambos e suas interações durante os requisitos do ciclo de vida. Aqui a embalagem primária é especialmente destacada. Formato ou geometria final do produto deve ser definido com a embalagem como parte de um subsistema.

Atividade E - Coordenação de teste e melhorias e provando a funcionabilidade: para a coordenação da fase de teste e refinamento no processo de desenvolvimento de produto e a fase de prova de funcionabilidade no processo de desenvolvimento de embalagem, informações importantes para o estabelecimento de um plano de testes, deverão ser compartilhadas entre o desenvolvimento de produto e embalagem, o qual pode garantir que todo detalhe tenha sido testado.

Durante esse período é importante facilitar o teste de campo do produto e embalagem com produtos embalados para a realização da maioria das fases do ciclo de vida do produto.

Atividade F - Coordenação da largada da produção e lançamento da embalagem: finalmente, para a fase da coordenação da largada da produção no processo de desenvolvimento de produto e a fase de lançamento da embalagem no processo de desenvolvimento de embalagem, o desenvolvimento de produto deverá fornecer resultados dos testes de produção para a área de desenvolvimento de embalagem para decidir a compra do material de embalagem ou a aquisição de algum equipamento adicional. O desenvolvimento de embalagem deverá fornecer os resultados dos testes de manufatura do produto para que se tenha o conhecimento do desempenho técnico da embalagem. Nessa fase também é importante que a área de marketing forneça aos clientes amostras dos produtos das fases iniciais da produção. Isso é relevante para que se obtenha um retorno rápido do desempenho do produto e a embalagem e alterações caso necessárias possam ser feitas com agilidade. Simultaneamente área de projeto deverá avaliar os resultados de produção, incluindo embalagem, e a produção deverá começar atividades para treinar força tarefa. Nessa fase é importante identificar e corrigir qualquer problema remanescente associado aos equipamentos de embalagem.