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De acordo com os exemplos apresentados anteriormente, percebe-se que na atualidade já existem muitas iniciativas para a prática do ecodesign tanto por empresas como por pesquisadores. Devido à própria consciência da sociedade e organizações em preservar o meio ambiente. No entanto, projeto sustentável de produto é mais do que

ecodesign, envolve a integração dos aspectos sociais e éticos no ciclo de

vida do produto ao lado dos aspectos ambientais e econômicos, visando o assim chamado tripé (triple botton line). De acordo Tischner e Charter (2001), desenvolvimento e projeto sustentável de produto diz respeito a balancear aspectos econômicos, ambientais e sociais na criação de produtos e serviços. Bem como pensar em todo ciclo de vida do produto e também seus principais benefícios.

Poucas empresas líderes incorporam aspectos sociais e éticos ao lado dos ambientais no desenvolvimento de produto, devido à carência de informações para se aplicar o Projeto Sustentável de Produto (PSP) e consequentemente de se treinar projetistas (TISCHNER; CHARTER, 2001).

Apresentam-se a seguir, algumas questões-chave que já estão sendo abordadas pelas empresas e que serão mais e mais no futuro (TISCHNER; CHARTER, 2001):

▪ Qual será nosso desempenho social?

▪ Quais são os regulamentos a serem seguidos?

▪ Que tipos de materiais são mais amigos do meio ambiente?

▪ Que formato de produto usa a menor quantidade de recursos?

▪ Que tipo de técnica de produção economiza dinheiro e ao mesmo tempo reduz o impacto ambiental?

▪ Como é a consciência ambiental de nossos dos possíveis compradores de produtos e serviço?

Nossos fornecedores possuem consciência social? Por exemplo: empregam crianças? Tratam seus resíduos e emissões no meio ambiente de forma adequada?

Para que as organizações possam de forma adequada a atender a esses questionamentos, existe a necessidade delas utilizarem modelos de PDP adequados que incorporem os aspectos de sustentabilidade e também a embalagem desde as fases iniciais do processo. Através dessa revisão de literatura foi possível evidenciar que modelos para projeto de produto sustentável praticamente não existem. Foram encontrados alguns princípios para projeto sustentável desenvolvidos pelos autores: MacDonough e Braungrat14 (2001), Edwin Datschefski15 (2009) com os princípios (cíclico, solar, seguro, eficiente e social) e Stuart Walker (1998) que criou vários protótipos com base nos seus quatro princípios (Econômico, Ambiental, Ético e Social). Manzini e Vezzoli (2005) apresentam estratégias de projeto para o desenvolvimento de produtos sustentáveis propondo que os aspectos ambientais sejam considerados em todo o ciclo de vida do produto. Também sugerem a utilização de diversas ferramentas de ecodesign na dimensão ambiental como ACV, DfE, software para seleção de materiais de baixo impacto, etc.

O modelo mais abrangente estudado é o de Tischner (2001), considera aspectos de sustentabilidade ao longo de suas sete fases, sugerindo ferramentas de ecodesign e estratégias específicas a serem utilizadas. As sete fases são: 1. Identificação da tarefa; 2. Análise de um produto de referência com base na tarefa; 3. Geração e seleção de ideias; 4. Trabalho em soluções realísticas; 5. Teste e avaliação de protótipo; 6. Preparação para produção e lançamento e 7.

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Disponível em: http://mcdonough.com/product.htm.

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Avaliação ou acompanhamento no mercado. Percebe-se que o modelo mesmo considerado sustentável, foca com maior ênfase a sustentabilidade na dimensão ambiental com sugestão de diversas ferramentas ambientais a serem utilizadas ao longo das fases e também algumas ferramentas de avaliação de custo para serem utilizadas nas fases 2,5 e 7. A dimensão social somente é mencionada nas fases 3, 4 e 5, não havendo alusão às ferramentas ou estratégicas específicas. Percebe-se novamente uma carência em termos de modelo de PDP para produtos de consumo adequado para realidade atual. Mesmo sendo considerado sustentável, existe um foco maior na sustentabilidade ambiental além de não haver a integração de embalagem no processo.

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão da literatura mostrou que os modelos existentes de desenvolvimento de produto não integrarem a embalagem. Quando a mencionam, o produto já foi concebido, além de não considerarem aspectos de sustentabilidade desde as fases iniciais do projeto. A preocupação com o meio ambiente está, muitas vezes, focada em redução de material ou reciclagem ou utilização de materiais biodegradáveis, etc. Porém, aspectos voltados à sustentabilidade social nem são mencionados.

Foi possível evidenciar uma lacuna em termos de modelos de PDP, PDE e ecodesign e de sustentabilidade pelo fato dos aspectos ambientais e sociais não serem considerados desde as fases iniciais do projeto, limitando assim os projetistas a conciliar os requisitos ambientais e de sustentabilidade com outros requisitos do projeto. Os modelos de PDE estudados na literatura, em sua maioria, são modelos independentes do produto. São limitados por não apresentarem ferramentas adequadas ao PDE e não integrarem o produto e aspectos de sustentabilidade. É sabido que a embalagem por ser parte integrante do produto, qualquer alteração na embalagem ou no produto, o desempenho do conjunto deverá ser reavaliado. O modelo de Bramklev (2005) por sua vez integra o produto e a embalagem, no entanto, aspectos de sustentabilidade não são considerados. Trata-se de um modelo focado para indústria de alimentos e farmacêutica e não genérico, portanto, esse modelo também é limitado para produtos de consumo e para a realidade atual que, além disso, demanda produtos eco eficientes e sustentáveis. O

modelo de referência de Rozenfeld et al. (2006) por sua vez se constitui, num modelo genérico atual com visão de ciclo de vida, envolvendo as melhores práticas de PDP e abrangendo as macrofases de pré- desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento. Apesar de ser um modelo bastante completo, é limitado para produtos de consumo por considerar a embalagem somente no projeto detalhado, além de não apresentar ferramentas e métodos de ecodesign e de sustentabilidade. O modelo proposto por Guelere Filho et al. (2007) apesar de sugerir algumas ferramentas de ecodesign para o modelo de referência de Rozenfeld et al. (2006) atende parcialmente e, além disso, não integra a embalagem desde as fases iniciais. O modelo de projeto sustentável de produtos de Tischner (2001) também é incompleto, primeiro por não integrar a embalagem e, além disso, os aspectos de sustentabilidade tratados dão maior enfoque aos aspectos ambientais e econômicos, não considera a retirada do produto do mercado, além de não apresentar ferramentas específicas para sustentabilidade social.

Com base no estudo apresentado, existe a necessidade de se propor um novo processo e desenvolvimento de produto-embalagem sustentável para produtos de consumo adequado para a realidade atual. Sugere-se como proposta de modelo, àquele que integre os dois processos, PDP e PDE, considerando aspectos de sustentabilidade abrangendo as macrofases de pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvimento baseado no modelo de Rozenfeld et al, (2006). As estratégias de ecodesign e de sustentabilidade e ferramentas de PDE devem ser incorporadas em cada fase do processo de desenvolvimento, bem como a avaliação da sustentabilidade deve ser considerada, antes de se passar para a próxima fase. Além disso, deverão ser identificadas as possíveis ferramentas de uso comum e o paralelismo das atividades, além do levantamento de informações e sugestão de ferramentas específicas para o desenvolvimento do produto-embalagem sustentável.

Os diversos modelos, estratégias e ferramentas de ecodesign estudadas na literatura, trazem contribuições e subsídios parciais importantes que poderão ser utilizados na elaboração da nova proposta de Processo de Desenvolvimento de Produto-Embalagem Sustentável.

O próximo capítulo amplia a revisão da literatura estudando ferramentas e melhores práticas de Sustentabilidade para a obtenção de mais subsídios para a criação de um modelo aplicável à indústria e ao meio acadêmico.

3 FERRAMENTAS, INFORMAÇÕES, TÉCNICAS E PRÁTICAS