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E SP F ORMAÇÃO E XPERIÊNCIA NO PDP E S USTENTABILIDADE

2 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO-EMBALAGEM SUSTENTÁVEL

2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO E EMBALAGEM

2.3.2 Processo de Desenvolvimento de Embalagens (PDE)

No contexto atual, da economia globalizada existe a necessidade de se inovar produtos com grande frequência, além da relevante exigência em qualidade, eles têm um ciclo de vida muito curto. É ideal que os produtos sejam concebidos junto com suas respectivas embalagens de forma a se obter um resultado mais sustentável para o conjunto. Em complemento Oostendorp et al. (2006) colocam que ao aplicar um método integrado para se projetar a combinação do produto-embalagem, será obtida uma solução consensual para todos os stakeholders na cadeia produto-embalagem.

Quatro considerações relevantes estão envolvidas no projeto de embalagem de consumo: o produto, seu mercado, o problema de produção da embalagem e a economia nas operações de embalagem. Devido a essa complexidade, a embalagem de consumo (Quadro 05) necessita de um roteiro a ser seguido para evitar dúvidas e má interpretação (Quadro 06).

ALIMENTOS NÃO ALIMENTOS

Bebidas; Carnes e vegetais; Cereais e farinhas; Confeitaria e doces; Lacticínios Elétrico; Higiene e beleza; Lazer e pessoal; Limpeza doméstica; Química e agricultura Quadro 05 - Categorias de Embalagens

Fonte: Stein, 1997.

O Código de Embalagens de Consumo do Reino Unido (Quadro 03) por ser bem específico, é um importante guia a ser seguido no projeto e desenvolvimento de embalagem (PAINE, 1996).

A função primordial da embalagem é possibilitar que os consumidores recebam produtos em boas condições aos mais baixos preços dentro do razoável. Qualquer fabricante, distribuidor ou varejista preocupado com o design ou uso de embalagem tem a responsabilidade de assegurar que há uma revisão regular da embalagem relacionado de forma abrangente com a economia total da cadeia de produção/distribuição e com as considerações da reutilização ou descarte. Considerações comerciais de marketing deveriam ser conferidas tanto quanto possível em relação à economia do uso dos materiais e energia, bem como do meio ambiente.

1. A embalagem deve obedecer a todos os requisitos legais;

2. Tendo um produto como conteúdo, a embalagem precisa ser desenvolvida no sentido de possibilitar o uso dos materiais de forma prática o mais econômico possível, ao mesmo tempo em que precisa também se preocupar com a proteção, preservação e apresentação do produto; 3. A embalagem precisa proteger de forma adequada o seu conteúdo sob

condições normais previsíveis de distribuição e varejo, bem como do consumidor final;

4. A embalagem deve ser desenvolvida com material que não mostre efeito adverso a seu conteúdo;

5. A embalagem não deve conter nenhum espaço vão desnecessário, nem mal adequada em relação à quantidade posterior ou em relação à natureza do produto de seu conteúdo;

6. A embalagem deverá ser conveniente a seu consumidor tanto no seu manuseio, como uso; a maneira de abrir (e voltar a fechar, quando for o caso), ou com a devida indicação, além da conveniência e forma apropriada do produto específico e seu uso;

7. Todas as informações importantes sobre o produto devem ser apresentadas de forma concisa e clara na embalagem;

8. A embalagem deve ser desenvolvida com a devida preocupação em relação a seu efeito no meio ambiente, seu descarte final e com possível reciclagem ou reutilização, quando apropriado.

Quadro 06 - Código de Embalagem de Bens de Consumo do Reino Unido

Fonte: Paine, 1996.

De acordo com a abordagem de Mestriner (2002, p. 11), durante as etapas do projeto devem ser consideradas as características que a embalagem tem em relação aos demais produtos industriais:

1. A embalagem não é um produto final em si, mas um componente de um produto que ela contém e que, este sim, é adquirido e consumido pelo consumidor. A embalagem é meio e não fim;

2. A embalagem é produto industrial frequentemente produzido em uma indústria e utilizado na linha de produção de outra indústria com todas as implicações decorrentes desta situação;

3. A embalagem é ferramenta do marketing do produto, sendo que nos produtos de consumo é também um instrumento de comunicação e venda deste produto. Na maioria dos casos ela é a única forma de comunicação que o produto dispõe, uma vez que pelo menos de 10% dos produtos expostos em um supermercado tem apoio de comunicação e propaganda;

4. A embalagem é um componente fundamental dos produtos de consumo, sendo considerada pelo consumidor como parte integrante e indissociável de seu conteúdo. Características da categoria em que o produto se insere, hábitos e atitudes do consumidor em relação a esta categoria precisam ser conhecidos e considerados no projeto de uma embalagem; 5. A embalagem é componente do preço final do

produto e tem implicações econômicas na Empresa que também precisam ser consideradas. Ela agrega valor ao produto, interfere na qualidade percebida e forma conceito sobre o fabricante, elevando ou rebaixando sua imagem de marca;

6. Constitui o principal componente do lixo urbano, e questões como ecologia e reciclagem também estão presentes nas preocupações dos designers de embalagem;

7. Como suporte da informação que acompanha o produto, a embalagem contém textos que devem obedecer à legislação específica de cada categoria e ao código do consumidor.

O processo de desenvolvimento de embalagem para uma maior adequação do binômio produto-embalagem deve começar com o desenvolvimento de um novo produto, ou com a melhoria de um produto já existente. Neste caso, esta mudança poderá melhorar o desempenho em relação a: função, proteção, aparência, segurança, custo, disponibilidade sustentabilidade. O projeto de desenvolvimento de embalagem pode abranger desde uma simples alteração na especificação do produto como, por exemplo, peso ou espessura, até uma mudança significativa envolvendo componentes novos de embalagem, como mudança de forma e de materiais.

Na verdade desenvolver embalagem não deve ser tarefa de um único profissional dentro da empresa e sim de uma equipe multidisciplinar envolvendo áreas tais como: P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de produtos e embalagens, Marketing, Design, Engenharia de Produto, Suprimentos, Manufatura, Logística e EHS (Environmental, Heath and Safety).

Todo projeto de desenvolvimento de embalagem deve ter um foco claro no cliente e também o envolvimento dos fornecedores chave e em alguns casos existe a necessidade de ajuda de empresas externas, no preenchimento de algumas lacunas (HOLDWAY; WALKER; HILTON, 2002; ROZENFELD, et al, 2006).

O desempenho logístico da cadeia de suprimentos é fortemente impactado pelo resultado do desenvolvimento de produto, isto é, o projeto de produto integrado com embalagem. Apesar disso, a literatura de desenvolvimento de produto, bem como a de logística, tem dado uma importância quase inexpressiva para embalagem. O projeto de produto pode ser afetado e melhorado se dentro das empresas houver uma melhor organização para a embalagem. Ela normalmente não é considerada antes de se finalizar o projeto de produto (BJÄRMENO et

al, 2000; MOURA; BANZATO, 2003); limitando o projeto de

embalagem e o restringindo ao projeto de produto (ten KLOOSTER, 2002), e assim limitando possíveis soluções através da cadeia logística e afetando a sustentabilidade do conjunto.

Portanto, segundo Bowersox et al. (2001), a distribuição efetiva e manuseio de materiais requerem uma solução adequada de embalagem. Economia e melhoria de desempenho poderão ser obtidas

ao se considerar todo o conjunto “produto, embalagem e cadeia de suprimentos” nos estágios iniciais de desenvolvimento (KLEVAS, 2005). Reduções de mais de 50 % no tempo de lançamento do produto e custo, são possíveis, quando todos os problemas e considerações são identificados na fase inicial do projeto do produto (ROZENFELD et al, 2006). Detecção de problemas e alterações afeta o tempo e custo do projeto e esse último cresce em progressão geométrica de razão 10 a cada fase (ROZENFELD et al, 2006).

Bjärmeno et al. (2000), Johnson (1998), Paine (1990) e Shina (1991), citados por Klevas (2005) em suas pesquisas reconhecem a importância da ligação entre o projeto de produto, embalagem e as atividades de logística. Segundo também Johnsson (1998) e Saghir (2002), literaturas específicas sobre desenvolvimento de embalagem para indústria são difíceis de encontrar, pois pouca pesquisa neste campo tem sido realizada. Isso se deve ao fato de uma maior atenção ter sido dada ao processo de desenvolvimento do produto em si. Também, a grande maioria das embalagens utilizada pela indústria é desenvolvida por empresas específicas de embalagem. A embalagem normalmente é vista como instrumento de marketing, ou como uma facilidade logística de proteção, manuseio, transporte e distribuição do produto (DOWLATSHAHI, 1996). Muito raramente é vista como parte integrante do produto (KLEVAS, 2005).

Para se atingir todos os objetivos da embalagem moderna, faz- se necessária uma sistematização que também incorpore o DfE (Design

for Environment) ou ecodesign, no processo tradicional de

desenvolvimento de produtos (BHANDER, 2003). Para Dowlatshahi (1996), a embalagem deve ser projetada considerando aspectos de reutilização e disposição final. O projeto de embalagem também deverá tomar em consideração se possível o uso de materiais biodegradáveis ou recicláveis. Mas, acima de tudo ela deverá ter o nível adequado de proteção. Tischner e Charter (2001) acrescentam que quando a sustentabilidade é considerada no PDP ou PDE está relacionada somente ao ecodesign. Porém desenvolver produtos e embalagens sustentáveis na atualidade é mais do que ecodesign, pois integra também os aspectos sociais e éticos ao longo do ciclo de vida além das considerações ambientais e econômicas.