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5. PLANEAMENTO

5.3. Modelos de Periodização do treino desportivo

5.3.1. Modelos Tradicionais

5.3.1.1. A Teoria Clássica

Na década de 60 o investigador russo Lev Pavlovtchi Matvéiev aprofundou os conhecimentos apresentados pelos teóricos até os anos 50 (os precursores) e apresentou um novo conceito de periodização (Forteza de La Rosa, 2001; Gomes, 2002; Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004).

No sistema original de Matvéiev que está baseada na utilização da dinâmica de variações ondulatórias do treino que em vias de aumento gradual de carga, podem ser retilíneas, escalonadas e ondulatórias, sendo a dinâmica ondulatória que possibilita melhorar a funcionalidade e a adaptação do atleta de alto nível. Essas ondas são de características baixas (microciclos), médias (mesociclos) e grande (macrociclo)

Matvéiev considerou o carácter ondulante das respostas biológicas face aos diferentes estímulos do treino e encontrou uma relação entre os ritmos de treino e a alternância cíclica das funções fisiológicas. Neste sentido, após esta constatação, atribuiu-se grande importância às componentes da carga, nomeadamente, o volume e a intensidade do treino geral e específico, visando a obtenção de uma periodização mais coerente com a aplicação intencional da carga de treino (Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004)

As oscilações ondulatórias fazem parte tanto da dinâmica do volume quanto da intensidade com particularidades de os valores máximos de cada uma não coincidirem. Esta dinâmica das ondas pode ser visualizada na figura 11, na qual o volume alcança o valor máximo do período preparatório e a intensidade no período competitivo.

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Estas oscilações possuem como objetivo proporcionar ao atleta nas competições a forma desportiva, que é o estado no qual o atleta está preparado para a obtenção de resultados desportivos. Este fenômeno é polifacetado, composto por predisposição ótima do aspecto físico, psíquico, técnico e tático para obtenção dos resultados, sendo somente com a existência de todos estes componentes possível à afirmação que o atleta se encontra em forma (Matvéiev, 1997, cit in Fortaleza e tal, 2007)

A aquisição, manutenção e a perda da forma acontecem em decorrência dos treinos, variando conforme a fase de desenvolvimento da forma, podendo ser dividido em três períodos, o preparatório que devem ser criadas e desenvolvidas premissas para o aparecimento da forma desportiva, e deve ser assegurada a sua consolidação, sendo esta primeira etapa subdividida em mais dois períodos: o de preparação geral e específica; o competitivo esta pode ter uma estrutura simples ou complexa, e o emprego de uma ou de outra depende do calendário de competições, das características do desporto e de outras circunstâncias. A orientação desta etapa é a obtenção do nível máximo de treino especial (para este ciclo) e para a sua manutenção, bem como para a conservação do nível de treino geral alcançado; e o de transição que deve possuir um caráter de descanso ativo, sendo alterada a forma e os conteúdos dos treinos. A duração destes períodos pode variar de 3 a 5 meses para o período preparatório, de 1 a 5 meses para o competitivo, e de 3 a 4 semanas para o período de transição.

A duração segundo Matvéiev (1997) não é imutável devendo ser equalizada conforme o desporto. Para exemplificar, no caso do futebol é adotada a estrutura complexa para o período de competição longa (de 4 a 5 meses) Neste caso pode-se utilizar a dinâmica de alternância do volume e da intensidade como na dinâmica geral do período preparatório, mas, ressalta Matvéiev (1997) em escalas reduzidas.

O Futebol, assim como os diferentes desportos, apresenta exigências especiais às capacidades físicas do atleta e requer a combinação especial das diversas qualidades físicas. O sucesso desportivo depende das capacidades especiais e também do nível geral das possibilidades funcionais do organismo (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004)

Neste sentido, o mesmo autor afirma que a preparação especial tem a sua base criada na preparação física geral, fundamentando-se no facto desta assegurar o desenvolvimento múltiplo da força, velocidade, resistência, flexibilidade e agilidade, que são necessárias como premissas e condições de aperfeiçoamento de um determinado desporto.

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Por outro lado, para Gomes (2004) nas asserções do autor referido, no processo de preparação física de carácter geral e especial do atleta, empregam-se todos os recursos da educação física, mas os exercícios físicos selecionados de forma especial assumem o papel principal, assim como a preparação tática e técnica do atleta que devem ser realizadas com estreita ligação. Portanto, a tática, nos jogos desportivos coletivos, pela sua riqueza influi consideravelmente nos resultados.

Na conceção de Matvéiev (1990, cit in Gomes 2004), a preparação técnica fornece os meios necessários à prossecução da competição desportiva, a preparação tática assegura a sua utilização correta, embora, em condições semelhantes, a tática seja o fator decisivo e a inteligência primordial para vencer no desporto.

Logo, Matvéiev considera que a preparação técnico-tática são componentes fundamentais do treino e que requerem para uma melhor assimilação dos fundamentos teóricos, além do treino, formas e métodos especiais, tais como conferências, vídeos, seminários, emprego de modelos táticos, leitura individual e outras formas de instrução e autoinstrução. De facto, não se esgota todo o conteúdo nem todas as formas da preparação do atleta no treino desportivo que deve ser complementado constantemente por outras formas de preparação.

A preparação do atleta é um processo multifacetado e multilateral. Neste sentido, a preparação física cria as premissas e condições para o cumprimento das tarefas na esfera da preparação técnico-tática. Deste modo, a correta estruturação do treino desportivo, a utilização dos meios e métodos mais eficazes e uma especialização adequada durante o ano e por vários anos, são fatores que influenciam a obtenção de resultados de alto nível no desporto considerado, e para a obtenção destes, todos os traços do treino desportivo são condicionados, ou seja, a elevação do nível de cargas, o sistema especial de alternância das cargas e do descanso, o seu carácter cíclico, etc… (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004)

Mas, para o mesmo autor, as leis objetivas do aperfeiçoamento desportivo requerem que o treino desportivo, sendo um profundo processo de especialização, contribua ao mesmo tempo para o desenvolvimento múltiplo. Deste modo, combinam-se de uma forma inseparável, na atualidade, a preparação geral e especial, de acordo com este princípio essencial, isto é, não se pode excluir do treino um só destes aspetos sem prejuízo para os resultados desportivos, existindo em cada caso uma certa relação que, quando alterada, provoca o retrocesso do aperfeiçoamento desportivo.

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Contudo, o facto de nas distintas etapas a preparação geral e especial terem que ser combinadas racionalmente, complica a constância da correlação ótima deste processo, do nosso ponto de vista, uma das grandes questões da metodologia do treino, para aqueles que concebem no Futebol esta divisão. Qual o momento exato de utilização e a relação ótima entre as duas etapas de preparação no Futebol?

Para Matvéiev (1990), cit in Gomes (2004) estas devem ser entendidas de uma forma dialética como a unidade dos contrários.

Segundo Matvéiev (1990), cit in Gomes 2004, devem-se criar situações periódicas em que o somatório do efeito de uma série de sessões de treino force o organismo a enfrentar grandes exigências com recuperação incompleta, visando desta forma o máximo da capacidade de trabalho do atleta. Tal regime de cargas de treino, baseando-se em dados experimentais e na experiência prática desportiva, pode considerar-se racional em certas condições. Nesta perspetiva, para Matvéiev (1990), não se pode aplicar esta regra forçosamente em cada treino, mas apenas a uma série de treinos, o que constitui uma grande carga total.

De facto, é possível aumentar o grau da carga por três vias (retilínea, escalonada e ondulatória), normalmente utilizando-se a dinâmica da carga ondulatória devido ao alto nível de exigências, que se coloca às possibilidades funcionais e de adaptação do organismo do atleta. Estas oscilações ondulatórias são inerentes tanto à dinâmica do volume como à dinâmica da intensidade das cargas. Neste sentido, a arte da estruturação do treino consiste, sobretudo, na combinação correta da dinâmica das cargas nos microciclos, estando a dinâmica da intensidade da carga relacionada com a dinâmica dos resultados desportivos (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004).

5.3.1.2. O Modelo de Treino Pendular

Os russos Arosiev, em conjunto com Kalinin, em 1971, foram os primeiros autores a propor a “estruturação pendular” do treino desportivo, e constitui-se numa tentativa de aperfeiçoamento do sistema proposto por Matvéiev. Baseia-se, em primeiro lugar, no caso de atletas que têm que entrar e sair da sua forma competitiva várias vezes no decorrer do ano desportivo (Forteza de La Rosa, 2001), tendo uma estrutura de treino segundo o princípio do pêndulo, caracterizado por uma acentuada alternância entre treino geral e treino específico (Galdón et al., 2002; Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004).

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Contudo, devido ao carácter agressivo da carga, a sua aplicação é apenas possível em períodos de tempo muito curtos, o que constitui um ponto fraco (Raposo, 2002 cit in Gomes, 2004) De facto, o modelo baseia-se na utilização de ciclos pequenos e médios e estrutura-se em função das competições.

Assim, uma vez que cada estrutura de treino se inicia com predominância do trabalho de natureza geral (Silva, 1998), e não pode existir a separação entre a predominância de cargas gerais numa primeira fase de treino e de carga específica na segunda (Forteza de La Rosa, 2001, cit in Gomes, 2004) Essa “alternância sistemática forma o que se chama de “pêndulo de treino” (Forteza de La Rosa, 2007, p.228)

Desta forma, quanto “menores são os pêndulos durante o processo de treino, maior será o número de vezes que o atleta estará em condições de competir eficazmente” (Forteza de La Rosa, 2007, p. 228).

O autor acima referido considera que na organização das cargas de treino deste modelo, se mantém a importância das cargas gerais de treino.

Segundo Forteza de La Rosa (2001), cit in Gomes, 2004, os ciclos gerais de trabalho que servem de base para os ciclos específicos e competitivos formulados por Matvéiev, ainda tornam este modelo dependente.

O treino nesse sistema conhecido como pêndulo é distribuído em dois microciclos (principal e regulador) na temporada anual (Gomes, 2002, cit in Gomes, 2004)

Garcia Manso et al (1996), cit in Gomes, 2004, consideram que nesta proposta se tenta, pela primeira vez, resolver as difíceis tarefas de preparação técnico-tática, o que a diferencia da planificação tradicional.

Os mesmos autores, cit in Gomes (2004) referem que o efeito do pêndulo, se fundamenta em dois postulados teóricos: o restabelecimento da capacidade de trabalho é mais eficaz quando não se trata de um descanso passivo, e sim de uma atividade contrastante; a sequência dos microciclos básicos e de regulação faz com que o organismo do desportista se restabeleça mais eficazmente e também seja submetido a ritmos elevados e reduzidos de sua capacidade de trabalho geral e especial.

5.3.1.3.Treino Estrutural/Altas Cargas de Treino

O Principal percursor deste tipo de modelo, foi Peter Tschiene, em que ele “organizou o que ele chama de “esquema estrutural de treino de altos rendimentos”, com o objetivo de

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conseguir com que o atleta mantenha um alto nível de rendimento durante todo o ciclo anual de competições.” (Forteza de La Rosa, 2007, p. 236)

As necessidades de frequência elevada de competição no desporto de Alto rendimento atual fizeram com que o modelo clássico de Matvéiev fosse considerado como insuficiente, fundamentalmente porque a concatenação e organização interna das cargas, de evolução lenta e gradual ao longo do macrociclo e baseado num volume de exercícios gerais e gerais/especiais importante, não permitiria mais do que dois, no máximo três, “picos” de forma por macrociclo (Alves, 2001).

O modelo de pretende solucionar a questão da profusão de momentos altos de forma exigida em modalidades cuja calendarização é de estrutura concentrada, o que significa que se integra ainda numa lógica de otimização da forma desportiva.

Neste sentido, este autor acentua a importância de uma preparação individualizada e específica, com índices de intensidade elevados durante toda a época de treino e o seu modelo visa a manutenção de um nível alto de rendimento durante todo o ciclo anual de competições, através da multiplicação dos momentos de otimização da forma desportiva.

O trabalho ao longo do ano é com uma elevada carga (é o micro forte) porque o atleta precisa manter-se bem qualificado em toda a temporada (Farto, 2002, cit in Lopes, 2004) Nesta periodização a periodização a diferença entre volume e intensidade é apenas de 20% (Silva, 2000, cit in Lopes, 2004) e a carga mínima das sessões é de 80% (CommetiI, 1999, cit

in Lopes, 2004) Isto é prescrito no período preparatório, competitivo e de transição.

Para o desportista aguentar essas cargas sucessivas, é recomendado um intervalo profilático (ativo ou passivo, é o micro fraco) após o micro forte e antes da competição (tendo também o micro competitivo) (Gomes, 2002, cit in Lopes, 2004), visando uma

supercompensação.

Sendo esta forma de organizar o treino bastante desgastante, Tschiene (1989), cit in Alves (2001), introduziu a necessidade de intervalos profiláticos entre a alta intensidade de trabalho como meio de recuperação ativa e a manutenção das capacidades de rendimento.

1. Fundamentação

 O atleta de alto rendimento depende do trabalho especial/específico para melhorar o seu desempenho.

 Ênfase na preparação específica implica ciclos curtos de trabalho intenso intercalados com ciclos de recuperação ativa.

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2. Estruturação do Macrociclo

 Forma ondulatória marcante

 Utilização prioritária de exercícios especiais e específicos

 Volume sofre pequena oscilação entre o período preparatório e o período competitivo (20%).

 Intensidade permanece elevada ao longo de todo o macrociclo

 Sistema controlado e frequente de competições como elemento fundamental para o desenvolvimento e estabilização da forma

 Controlo do treino frequente e rigoroso

 Intervalos “profiláticos” como meio de prevenir o sobre treino e assegurar capacidade de trabalho qualitativo

Figura 11 - Periodização para competidores de alto nível (Forteza, 2001, cit in Lopes, 2004)

Tschiene utiliza “um paradigma centrado na teoria da ação global do homem aplicado ao caso específico do treino desportivo porque a atividade humana, onde quer que se localize, tem um carácter global”, Tschiene (1989), cit in Alves (2001) e, cada vez que não levamos isso em conta, corremos o risco de promover o desenvolvimento parcial do atleta.

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Assim, a alternativa teórica sugerida por Tschiene (1989), cit in Alves (2001), sustenta que o desempenho de um sistema funcional (o desportista na sua especialidade) deve representar um fator de formação e de estímulo para o seu próprio desenvolvimento. Portanto, para que o atleta apresente um aumento constante e consistente do seu rendimento físico, ele deve treinar com exercícios intensos e participar frequentemente em competições, porque se os resultados específicos da ação (o desempenho em competição, por exemplo) faltarem por um período longo de tempo, os mecanismos coordenativos e integrativos presentes no organismo podem ser alterados permanentemente, prejudicando a capacidade de rendimento futuro do atleta.

Outro meio do competidor ter uma performance elevada ao longo da temporada no que esquema estrutural de cargas de alta intensidade é a participação em muitas disputas (Forteza de La Rosa, 2001cit in Lopes, 2004).

As referências citadas anteriormente não indicam a presença do mesociclo no modelo de Tschiene. Mas para organizar melhor a planificação do macrociclo do ano, recomenda-se a presença desse componente da periodização. Tendo um teste por mês, no início ou fim do mesociclo para o treinador identificar a qualidade das sessões. Logo existirá um microciclo de teste (Lopes, 2004).

O treino técnico e/ou tático geralmente é em alta intensidade, o mesmo ocorrendo com a sessão metabólica, predominando a sessão de velocidade. O treino de força neste modelo de periodização é composto pela musculação de força rápida e pelos saltos profundos, também podendo ocorrer sessões de força máxima e de força rápida de resistência (Lopes, 2004)

Na verdade, é a aplicação dos princípios da sobrecarga e da especificidade adaptativa numa inter-relação ótima que está aqui em causa, para com isso impedir que o equilíbrio se estabeleça precocemente no organismo do atleta restringindo a elevação do seu rendimento físico. Neste modelo, as fases gerais de preparação são reduzidas a um valor quase residual (Alves, 2001).

Tschiene (1989), cit in Alves (2001), recomenda, assim, o aumento da intensidade do exercício nas sessões diárias de treino ou a participação frequente em competições desportivas, acreditando que a solicitação física máxima, vivida constantemente pelo atleta, induzirá novos estados de adaptação com a consequente melhoria do rendimento físico.

Na opinião de Alves (2001), baseado na experiência de atletas de alto rendimento nas modalidades individuais, este modelo sistematiza a estruturação do treino de uma forma acentuadamente ondulatória, com fases breves de alto nível de carga e conteúdos

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especiais/específicos alternando com fases de recuperação e competição. Neste contexto, a existência de um número relativamente elevado de competições por macrociclo é um fator fundamental para a elevação do estado de forma do atleta e a obtenção de resultados de relevo.

5.3.1.4.Sinos Estruturais

A partir do modelo de Matvéiev os russos Arosiev e Kalinin propuseram a estruturação pendular, como esta estrutura é muito rígida De La Rosa (2001) propôs um modelo baseado na estrutura pendular, porém com uma proposta mais atual denominada de “Sinos estruturais”, assim chamada pelo seu idealizador o Prof. Dr. Armando Forteza De La Rosa.

Os sinos estruturais seguem os mesmos princípios da diferenciação entre as cargas gerais e específicas, porém em momento algum as cargas gerais estarão acima das cargas específicas, mesmo em momentos de carga especial mínima. Isso traz como consequência a rutura do processo de qualificação desportiva para as competições que se vão desenvolvendo no plano (Forteza De La Rosa, 2007, p.240)..

Segundo De La Rosa (2001) ainda não estamos em condições de elaborar uma nova teoria a respeito, mas sim fórmulas baseadas nas conceções metodológicas existentes, uma metodologia que permita, passo a passo, determinar o mais exatamente possível um sistema de planificação do treino.

5.3.2. Modelos contemporâneos

O aparecimento de novas formas de estruturar o treino, fundamenta-se nos avanços qualitativos que se verificaram na fase que denominamos como Tradicional (Garcia Manso et

al., 1996, cit in Gomes 2004).

López et al (2000), afirma que podemos distinguir dois grupos na planificação dos novos e modernos modelos:

- os que têm uma visão do desporto através das características do desporto; - os que a têm através das características de cada desportista.

Garcia Manso et al (1996) e Gomes (2002), cit in Gomes (2004) apresentaram quatro aspetos que caracterizam o planeamento contemporâneo: a individualização das cargas de treino justificada pela capacidade individual de adaptação do organismo; a concentração das cargas de trabalho da mesma orientação em períodos de curta duração de tempo; a tendência a

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um desenvolvimento consecutivo de capacidades, aproveitando o efeito residual de determinadas cargas de trabalho; e o incremento do trabalho específico no conteúdo de treino. Para López et al (2000), Verjoshanski é um teórico que tem em conta as características de cada desportista.

5.3.2.1. Treino por Blocos

De acordo com Forteza de La Rosa (2001), Verjoshanski apresentou uma estrutura de treino, em início dos anos 80, propondo grandes alterações na periodização do treino desportivo. Desta forma, a tendência do planeamento, ao longo desta década, foi influenciada pelo seu sistema de treino por blocos (Raposo, 2002), que se caracteriza pelo emprego concentrado do treino da força, como recurso para a consecução de melhores rendimentos na técnica, na velocidade ou nas chamadas capacidades especiais (Silva, 1998, cit in Gomes 2004) Esta forma de pensar o treino dos atletas foi proposto pelo autor principalmente para desportos característicos de força (Forteza De La Rosa et al, 2007).

O modelo de carga concentrada ou por blocos de Verchoshanski surgiu como mais uma reação ao modelo clássico de Matvéiev, desta vez e segundo Alves (2001), visando não a multiplicação de momento elevados de forma perante as exigências de calendário mas na previsão de uma necessidade de aplicação de sobrecarga em âmbitos de preparação especial/específica de nível mais elevado no atleta com anos de experiência e nível de adaptações consistente para se conseguir novas plataformas de supercompensação.

Esta forma de estruturação do treino, fundamenta-se “basicamente no caso de que o trabalho de força deve ser “concentrado” em um bloco de treino, para criar condições de melhoria posterior nos conteúdos do treino relacionado com o desenvolvimento técnico e das qualidades de velocidade do atleta. Essas condições são dados pelo chamado efeito de acumulação retardada de treino.” (Forteza De La Rosa et al, 2007, p. 229).

Ainda segundo o mesmo autor, ao contrário do modelo de Tschiene, o modelo por blocos não permitirá ao atleta a obtenção de um maior número de picos de forma mas imporá um regime de treino muito duro nas fases iniciais do macrociclo, onde o estado de sobre solicitação será a regra e não a exceção.

Assim, o modelo de periodização de Verchoshanski consiste na elaboração do macrociclo através de três blocos, com predomínio no trabalho de força porque esta teoria originalmente foi elaborada para saltadores do atletismo (triplo-salto e distância longas) (Garganta, 1993, cit in Lopes, 2004), onde exige muita força rápida.

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Assim, Alves (2001), afirma que a organização das cargas de treino no macrociclo deve levar em consideração três aspetos fundamentais: