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Modos de resolução de identidade vocacional dos jovens institucionalizados

CAPÍTULO 5. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

5.1.2. Modos de resolução de identidade vocacional dos jovens institucionalizados

Nesta vertente metodológica indagou-se de que modo as variáveis idade, curso e regime da MTE (regime aberto, semiaberto e fechado) dos jovens participantes, se relacionam com as cinco dimensões da escala DISI-O: Realização da Identidade (RI), Identidade em Moratória (IM), Adopção de Identidade (AI), Difusão- Difusão (DD) e Difusão-Sorte (DS), nos jovens institucionalizados em cinco centros educativos portugueses, num universo de 11 cursos profissionais EFA.

Numa primeira fase de resultados e baseados nos pressupostos dos estudos anteriores com a escala DISI-O (e.g., Taveira, 1986; Taveira & Campos, 1987; Taveira, 2000), procedeu-se à análise de consistência interna das subescalas que constituem a escala DISI-O, recorrendo ao índice alpha Cronbach, o qual segundo Cortina (1993) oferece uma medida estável de fiabilidade.

Os valores de alpha encontrados, para cada dimensão da escala, são apresentados na Tabela 5.

133 Tabela 5.

Valores alpha Cronbach nas cinco dimensões DISI-O

Sabe-se que qualquer análise está sujeita a erros e, como tal, só o uso repetido do instrumento e a obtenção dos mesmos resultados, com grupos de participantes diferentes, possibilita maior convicção sobre a sua fiabilidade. Isto é, "um instrumento que repetidamente gera dados fiáveis pode dizer-se, com maior confiança, fiável" (Maroco & Garcia-Marques, 2006).

Neste caso, os valores de alfa que foram obtidos na aplicação da escala aos jovens participantes deste estudo (Tabela 5) vão ao encontro de estudos anteriores realizados em Portugal e que resultaram na adaptação da escala à população portuguesa (e.g., Taveira & Campos, 1987). Estes estudos revelaram valores de alpha muito satisfatórios para a existência de cinco dimensões RI, IM, AI, DD e DS (.89, .74, .85, .82, .62, respetivamente). Deste modo, de acordo com os valores anteriores e os obtidos através dos participantes, as subescalas da DISI-O revelaram-se fiáveis para avaliar os modos de resolução de identidade vocacional, uma vez que os valores alpha se situaram acima de .70 (Nunnally, 1978).

Nas restantes análises estatísticas, consideraram-se as técnicas estatísticas paramétricas e não paramétricas. Optou-se por recorrer ao teste paramétrico teste t de

Student para averiguar a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os

dois grupos etários dos participantes em relação às dimensões da escala DISI-O. Esta opção revela-se ajustada uma vez que os subgrupos que compõem os dois grupos etários são semelhantes em número de indivíduos, um menor ou igual a 16 anos (n = 69) e outro maior ou igual a 17 anos de idade (n = 67), não havendo a necessidade de analisar a normalidade da sua distribuição uma vez que o número de participantes em ambos os grupos é superior a 30 indivíduos (Burns & Burns, 2009; Kerr, Hall, & Kozub, 2002; Maroco, 2010).

Dimensões DISI-O alpha Cronbach Realização da Identidade (RI) .83 Identidade em Moratória (IM) .73 Adopção de Identidade (AI) .73

Difusão-Difusão (DD) .74

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Na Tabela 6, pode-se verificar os valores médios obtidos na aplicação da escala DISI-O indicam que os jovens participantes do estudo percecionavam a sua identidade vocacional na dimensão IM. Pode-se, igualmente, ler uma tendência para os jovens se percecionarem difusos (DD), bem como definidos (RI), em assuntos que envolvem opções ou escolhas vocacionais.

Tabela 6.

Distribuição dos valores médios das dimensões DISI-O por grupo etário Dimensões DISI-O Grupos etários n M DP

Realização da Identidade (RI) ≤16 ≥17 69 24.13 5.69

62 23.64 5.21

Identidade em moratória (IM) ≤16 ≥17 68 26.01 4.55

63 26.33 3.75

Adopção de Identidade (AI) ≤16 67 20.79 5.74

≥17 62 20.77 4.78

Difusão-Difusão (DD) ≤16 67 23.25 4.80

≥17 62 24.61 4.59

Difusão-Sorte (DS) ≤16 69 22.28 4.94

≥17 63 22.71 4.93

Apesar destas tendências observadas na Tabela anterior, o teste t de Student revelou não existirem diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios dos dois grupos etários em relação às dimensões da escala DISI-O. Pelo que, relativamente às dimensões RI, IM, AI, DD e DS da escala DISI-O o teste t, respetivamente, revelou: t (129) = .51, p = .61, t (129) = - .43, p = .66, t (127) = .02, p = .99, t (127) = - 1.64, p = .10; t (130) = -.49, p = .62.

No que concerne à análise das médias registadas de acordo com o curso frequentado e regime da MTE, não foi possível analisar a existência de diferenças significativas através da realização da ANOVA, uma vez que não se verificou o pressuposto da normalidade, relativamente à distribuição das médias nos diferentes grupos (Burns & Burns, 2009; Kerr, Hall, & Kozub, 2002; Maroco, 2010). Assim, recorreu-se à sua alternativa não paramétrica, através do teste Kruskal-Wallis.

A realização do teste Kruskal-Wallis revelou não existirem diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios registados pelos diferentes cursos em relação às dimensões DISI-O. Isto é, o curso frequentado parece não influenciar os modos de resolução de identidade dos jovens participantes.

135 Acerca da variável regime da MTE em relação às subescalas DISI-O, o teste

Kruskal-Wallis revelou existirem diferenças estatísticamente significativas (p < .05),

entre os valores médios registados pelos regimes aberto (M = 28.33, DP = 1.61), semiaberto (M = 23.33, DP = .59) e fechado (M = 25.14, DP = 1.06), relativamente à dimensão RI. Os resultados do teste Kruskal-Wallis, relativamente à dimensão IM, também revelaram existência de diferenças estatisticamente significativas entre os valores médios registados pelos regimes aberto (M = 30.50, DP = 1.38), semiaberto (M = 25.75, DP = .43) e fechado (M = 26.25, DP = .78). Relativamente às restantes dimensões DISI-O, o teste Kruskal-Wallis não identificou nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os regimes de cumprimento das MTE.

No resultados encontrados parece haver uma tendência dos jovens que estão em regimes abertos se percecionarem nos modos de resolução de identidade de realização e moratória.

5.3 Estudo 2

No Estudo 2 a análise de dados parte da seleção dos participantes realizada no Estudo 1 (ponto 4.3.1). Baseia-se nos dados recolhidos através das entrevistas semiestruturadas e da pesquisa documental realizada nos centros educativos.

Descrevem-se neste ponto os jovens que aceitaram e se disponibilizaram participar nesta vertente qualitativa do estudo, de acordo com os critérios de seleção abordados anteriormente (ponto 4.3.1). Igualmente, apresenta-se a análise de conteúdo, através de um sistema de categorias e subcategorias emergentes da análise do discurso dos jovens e dos dados conseguidos através da recolha documental.

Os dados complementares conseguidos através da recolha documental encontram-se infusos na caracterização dos participantes (5.2.1), uma vez que são elementares à descrição da trajetória de vida dos jovens e que descrevem com maior exatidão as atitudes dos participantes face ao processo da institucionalização.