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O capítulo faz uma análise dos desafios para a preservação do conjunto arquitetônico de tombamento federal do Centro Histórico de São Luís. A reflexão se inicia ponderando sobre os programas de intervenção urbanística para revitalização do patrimônio arquitetônico urbano através do exame de ações e projetos desenvolvidos nas sucessivas etapas de revitalização do conjunto arquitetônico, no intuito de analisar as diretrizes de atuação da gestão patrimonial.

Em seguida traz uma radiografia das modificações sociodemográficas ao longo de três décadas acerca das pessoas residentes e dos domicílios na área de tombamento federal através da construção de informações com a utilização de dados oriundos dos Agregados por Setores dos Censos Demográficos do IBGE.

Na parte final contrapõe as ações patrimoniais desenvolvidas em relação às modificações no tecido social da área de preservação histórica, com fins de subsidiar a reflexão sobre os desafios que se impõem para a manutenção do acervo tombado.

4.1. Diretrizes de Preservação e Revitalização

Conforme analisado no capítulo anterior, desde a década de 1980 ocorreram significativas mudanças na atuação do poder público no âmbito da área urbana em que se encontra o acervo histórico.

Neste ínterim também muitos foram os projetos e as propostas para preservar o acervo patrimonial tombado. Se no capítulo anterior foi apresentada a história da cidade e do processo de institucionalização do Centro Antigo de São Luís como área de preservação histórica, neste capítulo da tese será sopesado o esforço para manutenção do patrimônio tombado com a apresentação e debate sobre projetos e intervenções oriundas das diretrizes da política patrimonial planejada no âmbito do PPRCH.

Pela proposta, vemos o quanto a região parecia “caótica”, pela dificuldade de acesso, falta de limpeza pública e problemas na circulação dos veículos pelas ruas estreitas, entre outros. Neste momento, a proposta era atender necessidades do comércio praticado no Centro Histórico e construir alguma estrutura para receber turistas que visitavam a cidade No projeto também havia a ideia de devolver à Praia Grande uma vitalidade comercial que estava desaparecendo, sinais do esvaziamento econômico e social da área que vinha ocorrendo desde a década de 1970 (CAMÊLO, 2010, p. 143).

As políticas adotadas pela Coordenação do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís são derivadas dos “princípios que evoluíram a partir das diretrizes definidas na I Convenção Nacional do Projeto Praia Grande” (MARANHÃO, 1986, p. 18). Assim, a ações de preservação e promoção do patrimônio arquitetônico são orientadas nas seguintes políticas:

- Propiciar a permanência da população residente no Centro Histórico, através de um processo de gestão comunitária das questões relativas à habitação, tomando como base das ações da administração pública no setor.

- Intensificar as atividades de assistência e promoção social e consolidar instituições existentes na área que se dedicam ao atendimento da pessoa e da família.

- Incentivar as manifestações culturais e educacionais, mediante o estabelecimento de centros comunitários, de treinamento e de criatividade artística e o fortalecimento das instituições públicas e privadas existentes na área, dedicadas à ação e à difusão cultural, bem como apoiar as manifestações culturais e artísticas de indivíduos ou grupos comunitários residentes no Centro Histórico.

- Restaurar e preservar o patrimônio arquitetônico e ambiental urbano do Centro Histórico, reintegrando-os à dinâmica cultural e econômica da cidade, em condições adequadas de utilização e apropriação social.

- Promover a revitalização econômica do comércio varejista, especialmente de gêneros alimentícios regionais (hortifrutigranjeiros, pescado e secos e molhados), e artesanato e das atividades relacionadas ao turismo cultural. - Adequar as redes de utilidades, serviços e logradouros públicos – água, esgoto, drenagem, energia elétrica, telefone, limpeza urbana, transportes, saúde, segurança, praças e rede viária – de forma a beneficiar a população residente e aos usuários, propiciando uma ocupação mais coerente e diversificada no Centro Histórico.

- Dinamizar as atividades portuárias tradicionais, visando a revitalização das funções econômicas culturais mais representativas do Centro Histórico, relativas a pesca artesanal e ao transporte hidroviário de passageiros e carga.

- Contribuir para a e evolução do associativismo e para a consolidação das entidades de classe e demais associações existentes, de forma a garantir uma participação efetiva da comunidade no processo de preservação e revitalização do Centro Histórico.

- Garantir no âmbito da Comissão de Coordenação do Projeto Praia Grande, um processo permanente de reavaliação crítica do Programa de Preservação e Revitalização do Centro Histórico de São Luís, de forma a assegurar que todas as intervenções propostas sejam estabelecidas a partir das contribuições e reivindicações definidas por cada entidade participante e pelos representantes da comunidade.

- Assegurar o compromisso político da administração pública quanto a inclusão dos temas relativos a restauração e conservação dos bens culturais e dos concomitantes trabalhos de promoção social das comunidades, nos planos de governo federal, estadual e municipal, de forma a garantir o estabelecimento de uma filosofia governamental que se materialize através de programas de trabalho, em dotações orçamentárias e na alocação de recursos humanos e financeiros, compatíveis com a natureza e o volume das atividades e serviços que se fazem imprescindíveis à preservação do patrimônio e da memória cultural maranhense (MARANHÃO, 1986, p. 18-20).

Além destas dez diretrizes políticas, Andrès (2012, p. 74-77) afirma ainda sobre a existência na consecução do plano de trabalho desenvolvido “que o programa manteve ao longo de sua existência uma estrutura composta de 11 subprogramas criados para atender às políticas adotadas”.

Os referidos subprogramas (SILVA, 1997; ANDRÈS, 2012) foram eles o elemento canalizador de projetos planejados e implantados. I) Subprograma de Promoção Social e Habitação no Centro Histórico de São Luís; II) Subprograma de Restauração do Patrimônio Artístico e Arquitetônico; III) Subprograma de Recuperação da Infraestrutura e Serviços Públicos; IV) Subprograma de Prédios Públicos no Centro Histórico no Centro Histórico; V) Subprograma de Incentivo às atividades de Turismo Cultural; VI) Subprograma de Revitalização das Atividades Portuárias; VII) Subprograma de Recuperação do Patrimônio Ambiental Urbano; VIII) Subprograma de Recuperação da Arquitetura Industrial; IX) Subprograma de Gerenciamento, Planejamento e Administração; X) Subprograma de Pesquisa e Documentação; XI) Subprograma de Editoração e Divulgação. No programa de trabalho do PPRCH para o período 1987-1991 se observa os mencionados subprogramas e a existência de mais um, sendo específico para a 2ª etapa de obras do Largo do Comércio (MARANHÃO, 1986, p. 22).