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CAPÍTULO III – A IMERSÃO

3.3 Comunidades virtuais de aprendizagem – discussão em grupo

3.3.3 Moodle, a base do Ambiente Virtual de Ensino Aprendizagem

Martin Dougiamas, graduado em informática e em educação, ligado à gestão de informática do CMS Comercial WebCT na Universidade de Perth (Austrália), iniciou em meados da década de 90 o desenvolvimento de um software mais prático e eficaz para utilização em ambientes educativos e colaborativos on- line.

Em 1999, Martin licenciou um software chamado Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment). A primeira versão deste software foi lançada em agosto de 2002, apoiado em uma base pedagógica de abordagem social-construcionista da educação (DOUGIAMAS, 1999). Entre as premissas do desenvolvimento deste software está o desenho modular, permitindo a evolução rápida das funcionalidades, e ainda uma filosofia Open Source59 na distribuição e desenvolvimento. O conceito fundamental consiste em uma página, onde professores/tutores disponibilizam recursos e desenvolvem atividades com e para os alunos/colaboradores. Uma eventual metáfora para a página Moodle poderia ser a sala de aula ubíqua. A cada usuário registrado está associado um perfil e uma fotografia podendo se comunicar com qualquer outro, reforçando a componente social desta plataforma.

59 Open Source significa que o código fonte da aplicação é de domínio público e, portanto, pode ser

modificado para se ajustar aos requisitos. Significa também, normalmente, que as alterações feitas devem igualmente ser Open Source, não comercializáveis.

Segundo Legoinha, Pais e Fernandes (2006), atualmente o sistema possui milhares de usuários e developers60, sendo traduzido para mais de 73 línguas. O Moodle tem-se revelado interessante devido à flexibilidade, valor educativo e facilidade de utilização graças à interface simples e amigável, mesmo para os usuários menos experientes.

O ambiente utilizado - AVEA-CFM (Ambiente de Virtual de Ensino Aprendizagem – Centro de Ciências Físicas e Matemáticas – baseado no Moodle) – foi customizado a partir do momento que se optou pelo formato denominado “social”, onde são privilegiadas as ferramentas de interação como fóruns e chats. Esta ação objetivou focar a discussão dos colaboradores em torno de temas centrais, tornando mais fácil o acesso aos locais de registro e deixando o ambiente mais limpo. A outra opção de utilização do ambiente é baseada em uma lista de tópicos onde podem ser inseridos os mais diversos recursos, inclusive os fóruns e chats, gerando áreas de trabalho um pouco mais complexas. Nossa opção não limitou o uso dos recursos, pelo contrário, tornou-os mais organizados em função dos objetivos da pesquisa e dos fins para os quais o ambiente fora previsto.

Ilustração 5 - Tela de abertura do sistema AVEA-CFM

60 Desenvolvedores ou programadores – aqueles que customizam o ambiente, pois se trata de um

Entre as principais ferramentas colaborativas do ambiente virtual se destacam:

• Fórum – é uma ferramenta de discussão assíncrona por natureza, mas pode ter outro tipo de uso, como por exemplo uma mailing list, um blog, um wiki61 ou mesmo um espaço de reflexão sobre um determinado conteúdo. Os fóruns do Moodle podem ser estruturados de diversas maneiras (discussão geral, uma única discussão, sem respostas, etc.). As mensagens podem incluir anexos (imagens, documentos, vídeos,áudio). É uma ferramenta assíncrona.

• Chat – facilita a comunicação síncrona, através de pequenas mensagens, entre os participantes. Pode ser útil como espaço de esclarecimento de dúvidas, mas pode ter outros usos. Um dos recursos interessantes é o agendamento prévio de sessões de bate-papo sobre assuntos definidos pelo grupo.

• Pesquisas de opinião - pode ser usado de diversas formas, como coleta de opinião ou inscrição numa determinada atividade, sendo dado aos participantes a opção de escolher opções a partir de uma lista definida pelo professor coordenador do ambiente.

• Mensagens – permite a comunicação assíncrona entre dois participantes do ambiente. O professor pode abrir um diálogo com um participante, o participante pode abrir um diálogo com o primeiro e podem existir diálogos entre os dois, como no e-mail.

• Glossário - possibilita aos participantes criar dicionários de termos relacionados com os assuntos discutidos, bases de dados documentais ou de pastas, galerias de imagens ou até mesmo links que podem ser facilmente pesquisados. Cada entrada permite comentários e avaliação.

Em uma avaliação preliminar se percebe que o Moodle, assumido como principal responsável pela mediação entre os envolvidos na pesquisa, possui os recursos necessários para a promoção da interação telemática, estando disponível

61 Ferramenta do ambiente que permite a edição coletiva de documentos usando um sistema que não

em qualquer local conectado à Internet. Ainda não é possível dimensionar com o devido aprofundamento quais são os impactos que esta mediação virtual apresenta quando o ambiente virtual se transforma em um lócus de pesquisa. No entanto, quando se trata de sua utilização em sistemas blended-learning62 (ensino semi- presencial e misto – presencial + a distância) o docente/tutor necessita maior proximidade com o aluno, estruturação e atualização periódica dos módulos e a avaliação individualizada dos trabalhos apresentados. Se de um lado há uma reestruturação do papel do professor diante desta mediação tecnológica há, por outro lado, profundas mudanças no papel do aluno. Ambos reconhecem melhorias na aprendizagem, notadamente na organização e ritmo do trabalho, assim como melhoria da expressão escrita e vantagens na compreensão e assimilação dos conteúdos.

Diferentemente da utilização descrita aqui, de um modo geral os AVEA cumprem papel fundamental na mediação entre alunos, professores e tutores, possibilitando a estruturação dos moldes atuais dos sistemas de Ensino a Distância (EaD). No entanto, por ser considerado um elemento inovador, não é estranho o surgimento de diversos questionamentos sobre o seu grau de influência na efetivação dos processos de aprendizagem. Parte destes questionamentos se justifica pelo fato de que muitas organizações, responsáveis por cursos a distância, se limitam a transpor para o virtual adaptações do ensino feito presencialmente, favorecendo dentro do AVEA interações virtuais automáticas e frias, ou seja, por meio de formulários, rotinas, provas, e-mail e apenas alguns momentos de interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lugares diferentes) (MORAN, 2007). O debate está apenas em seu início e ainda deve gerar muitos frutos63. Neste trabalho fica registrada mais uma das possibilidades de uso dos recursos alocados nos ambientes virtuais, onde o espaço é utilizado de forma inovadora para a pesquisa sem perder a capacidade de interconectar pessoas que fisicamente estão separadas.

62 No Brasil tratado como bimodal.

63 Ver em Rezende et al. (2003) a descrição dos elementos de um ambiente virtual de aprendizagem