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Museu Adobe de Arte Digital (World Wide Web)

2. aplicações de computador

5.2.5 Museu Adobe de Arte Digital (World Wide Web)

O Museu Adobe de Arte Digital se propõe a criar exclusivamente na Internet um espaço para exibição e preservação de trabalhos digitais inovadores, tornando- se um canal de informação sobre a influência das mídias digitais na cultura e na sociedade25. Além deste, diversas outras instituições partiram para a

estratégia online. Um dos precursores desta discussão foi o Guggenheim Virtual Museum (FIG. 44), que, em 2000, foi projetado para alcançar influência mundial. Nesse período, as filiais da Fundação Solomon Guggenheim se e n c o n t r a v a m s o m e n t e n o s Estados Unidos e na Europa. Nesse museu exclusivamente online, as pessoas poderiam ter acesso ao acervo de todos os outros Guggenheim, como forma d e i n s t i g a r o e s p e c t a d o r a conhecer as obras reais expostas

em um segundo momento.

Na proposta do grupo Asymptote Architecture26, a pele do edifício

p o d e r i a s o f r e r m u t a ç õ e s eletrônicas influenciadas tanto pelos curadores quanto pelos visitantes que seriam também Capítulo 5 161 25 http://www.adobe.com/adobemuseum/ 26 http://www.asymptote-architecture.com/ ʊ Figura 44 – Átrio do GVM

Fonte: MERAZ, F.; MANUEL, J., 2008

FIGURA 45 – Átrio do Guggenheim New York Fonte: E-ARCHITECT, [n.d].

responsáveis por transformar a percepção da arte e a própria arquitetura do museu27.

O museu visava aproximar o “virtual” da arquitetura física. A experiência deveria deixar de ser exclusivamente uma consulta a uma página de Internet e se tornar um lugar a ser visitado, como afirma o arquiteto responsável, Hanni Rashid28. A arquitetura da versão online faz referência à sede nova iorquina da

fundação, projetada por Frank Lloyd Wright na década de 1950 (FIG. 45).

O Guggenheim Virtual nunca chegou a ser concluído e somente as intenções do projeto estão disponíveis. Se por um lado é difícil avaliar se tais intenções seriam realmente alcançadas, por outro o Guggenheim Virtual permanece como referência em museus digitais. O projeto gerou discussões quanto às potencialidades do museu dentro do espaço digital. O museu Adobe de Arte Digital, por sua vez, foi inaugurado em outubro de 2010. Seu vídeo introdutório descreve a dificuldade de se transformar o desejo de ter um museu disponível somente na Internet em realidade.

Para isso, voltou-se ao espaço construído de forma a analisar o que poderia tornar um museu digital mais crível, e neste sentido, mais físico. Com essa premissa, o projeto, que provavelmente não será construído, foi simulado em diversos importantes centros urbanos mundiais (FIG. 46).

O fato de o Museu da Adobe se

voltar ao espaço construído já é questionável por diversas razões, mas sobretudo a estratégia de ensaiar sua inserção em diferentes lugares. Se o museu deveria ser um espaço destinado somente à internet para divulgar o Museus Contemporâneos e o Uso das Tecnologias

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27 HASHID, H. In: MERAZ, F., & MANUEL, J. La expresión de una línea museística singular, 2008. 28 HASHID, H. In: MERAZ, F., & MANUEL, J. La expresión de una... 2008

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FIGURA 46 – Simulação de uma possível construção do museu digital.

potencial digital da arte, então os parâmetros do programa não deveriam ser diferentes do de um para o espaço físico, no qual se aplicam legislações construtivas específicas e parâmetros urbanos diferenciados constituem elementos de projeto? Além disso, testar o projeto em diversas cidades não empobreceria o conceito do museu, que ao invés de ser único e exclusivo, se encaixaria em paisagens diversas? Como uma arquitetura “virtual”, pode se submeter às regras já tão questionadas do star-system internacional, quando o espaço físico construído não é o seu objetivo final?

A organização hierárquica de suas áreas internas (o que configura um retrocesso se comparado ao Guggenheim Virtual) e a circulação através um átrio externo que permite o acesso às galerias mais altas do edifício e às torres dos arquivos com 50 andares, poderiam conferir ao projeto a sensação de grandiosidade. Entretanto, sem nenhuma referência humana, tal e s c a l a m o n u m e n t a l n ã o é perceptível e nem mensurável em andares. O guia do museu é um híbrido de um olho humano e um animal marítimo (o guia pode ser visto no canto direito da FIG. 47 ou 50).

A navegabilidade do museu é outro item a ser avaliado. Se o museu é visualmente organizado como um edifício construído, seria natural que possibilitasse a sua fruição de forma mais livre e dinâmica, mais próxima da experiência corporal, uma espécie de “caminhar”. Porém o espaço não pode Capítulo 5

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FIGURA 47– Menu de Navegação do Museu Fonte: MUSEU ADOBE DE ARTE DIGITAL [n.d].

FIGURA 48 – Tour Virtual pelo museu

ser visitado livremente, e toda a navegação na página do museu acontece através de links, e não por caminhamentos fluidos e contínuos (FIG. 48).

A partir dos links, o visitante pode acessar as sessões de comentários, as biografias dos artistas expostos, fazer um tour pelo prédio, a apresentação do museu, o mapa do prédio, a área de associação, a área de informação sobre o m u s e u e o c a l e n d á r i o ( d a

esquerda para a direita). Tomemos o tour virtual oferecido (FIG. 47) como exemplo. Ele consiste de um vídeo pré-editado contínuo no qual o guia híbrido acompanha o visitante pelo prédio. Nesta situação podemos afirmar que é impossível que qualquer nível de interação entre o guia híbrido e o visitante aconteça. A cada vez que o visitante fizer um tour, o material apresentado será o mesmo.

Como a visita virtual não permite o r e a l a c e s s o a o s d i f e r e n t e s cômodos do museu, a visita deve ser feita a partir de outros links. O mapa é uma figura estática e não oferece nenhum atalho para

acesso às exibições (FIG. 49). Este acesso se dá pelo link “Current Exhibitions” (FIG. 50). As diversas seções abertas à visitação estão expostas no saguão do edifício digital, e a partir de navegação simples, isto é, ao clicar a direita e à esquerda, o usuário pode alternar os totens promocionais que, se clicadas, levam às respectivas salas.

A possibilidade única de acesso engessa a visita e contraria as práticas correntes na Internet. Atualmente, páginas podem ser desenvolvidas facilmente Museus Contemporâneos e o Uso das Tecnologias

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FIGURA 49 – Mapa do Museu

Fonte: MUSEU ADOBE DE ARTE DIGITAL [n.d].

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FIGURA 50 – Captura da página “current Exhibitions” Fonte: MUSEU ADOBE DE ARTE DIGITAL [n.d].

por qualquer usuário, com ferramentas de blog tais como Wordpress, Blogspot, e podem oferecer diversos atalhos para o visitante.

Embora todas essas críticas tenham sido levantadas em relação ao Museu da Adobe, na sessão de comentários do site, porém, poucas pessoas questionam a função de tal museu. Como Dspeek, que aponta para a dificuldade de interagir e conversar com outras pessoas que estão no mesmo espaço.

THE_LAUGHING_MAN, por sua vez, afirma ser perturbador ler somente elogios ao museu sem que ninguém questione a credibilidade dessa “instituição”, embora ainda acredite no potencial do espaço. Será que com tantas restrições e com estrutura tão determinista, este museu será mesmo este lugar para a criatividade real, ou este lugar já existe em outras páginas, os quais usuários e produtores tem mais poder de ação?

Embora o Museu se proponha a promover uma experiência “corporificada” da visita digital, diversos pontos devem ser revistos, uma vez que a lógica arquitetônica inerente às leis da física e restrita apenas ao aspecto visual não necessariamente enriqueça o espaço digital. Quando o acesso às páginas se dá por links, por exemplo, todas as possibilidades de acesso se tornam extremamente deterministas.