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A designação “necessidades educativas especiais” começou a ser utilizada e defendida no Relatório Warnock, de Maio de 1978, apresentado ao Parlamento do Reino Unido, pela Secretaria do Estado trazendo mudanças à Educação Especial e foi constituído para rever o atendimento a todos os deficientes, qualquer que seja a sua deficiência.

A nova designação, para Sousa (1998:53) “…de necessidades educativas especiais (Special Educational Needs) ganhou força ao ser utilizada e defendida no famoso Relatório

Warnock, de Maio de 1978, apresentado ao Parlamento do Reino Unido, pela Secretaria do Estado para a Educação e Ciência e a Secretaria do Estado para o País de Gales.”

Os investigadores, que elaboraram o relatório atrás referido, identificaram problemas de aprendizagem comuns às crianças consideradas normais, que frequentavam as escolas regulares e às crianças deficientes envolvidas em programas de educação especial. A escola deveria saber identificar e responder às diferentes necessidades dos seus alunos, independentemente de estas derivarem de deficiência ou de outra situação.

A equipa, que elaborou o relatório de Warnock começou por realizar uma análise minuciosa das práticas de ensino utilizadas em diferentes categorias de deficiência e dos problemas de aprendizagem existentes nas escolas de ensino regular.

O conceito de necessidades educativas especiais é definido por vários autores, iremos referenciar duas definições.

A primeira definição de necessidades educativas, que iremos mencionar é de Sola Martínez e outros (2006:25), que diz serem considerados alunos com necessidades educativas especiais, não só aqueles que apresentam determinadas limitações para a aprendizagem, com carácter mais ou menos fixo, mas também a todos aqueles que, de uma maneira pontual e por diferentes causas, podem necessitar ajuda para regular o encaminhamento, de uma maneira normal seu processo de aprendizagem.

O segundo autor mencionado por nós em relação ao conceito de necessidades educativas é Correia (2003:17-18), que considera os alunos com NEE aqueles que, por terem determinadas condições específicas, podem necessitar de serviços de educação especial durante parte ou todo o seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional.

O termo de necessidades educativas especiais é mais amplo, que o de integração escolar, como é referido por Sola Martínez e outros (2006:30) as necessidades educativas tanto permanentes como temporais não se apresentam com características pejorativas. Este novo termo contempla desde a relatividade conceptual, a origem das dificuldades de aprendizagem, que pode ser diversa e não necessariamente do sujeito, as implicações educativas enfocam desde uma perspectiva positiva, sendo o currículo

ordinário idêntico para todos os alunos e fomenta as adaptações curriculares individualizadas partindo do desenho curricular.

O aluno com NEE só é considerado como tal quando exibe determinadas condições específicas. São entendidas por condições específicas, como é referido por Correia (2003:18) o conjunto de problemáticas relacionadas com o autismo, a surdo-cegueira, a deficiência auditiva, a deficiência visual, os problemas motores, as perturbações emocionais graves, os problemas de comportamento, as dificuldades de aprendizagem, os problemas de comunicação, a multideficiência e os outros problemas de saúde (sida, diabetes, etc, …)

O aluno se apresenta as condições específicas atrás mencionadas deve ter direito a uma avaliação exaustiva, feita por um conjunto de profissionais de educação (EPEI), com o fim de lhe ser elaborada uma programação educacional individualizada que responda às suas necessidades.

O conceito de dificuldade de aprendizagem é relativo, de acordo com Bautista Jiménez (1993:9-10), surge quando um aluno tem uma dificuldade de aprendizagem significativamente maior do que a maioria dos alunos da sua idade, ou tem uma incapacidade que o impede de utilizar ou lhe dificulta o uso das instalações educativas geralmente utilizadas pelos seus companheiros.

Definimos o conceito de necessidades educativas especiais, relacionado com as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que determinados alunos possam precisar ao longo da sua escolarização, para conseguir o máximo crescimento pessoal e social.

Do conceito de dificuldade de aprendizagem derivam duas características relativas às dificuldades dos alunos, o seu carácter interactivo: as dificuldades de aprendizagem de um aluno têm uma origem fundamentalmente interactiva, dependendo tanto das condições pessoais do aluno como das características do contexto; e a sua relatividade, as dificuldades dele não podem conceber-se com carácter definitivo, nem de forma determinante, e dependerão das particularidades do aluno num dado momento e num dado contexto escolar.

Subjacente à definição de necessidades educativas especiais temos de considerar, como refere Rodrigues (2001:17) “O conceito e modelo de apoio subjacente

de «necessidades educativas especiais», avançado pelo relatório Warnock, que situa no currículo e não na colocação especializada a ênfase na educação de alunos, com deficiências”

A educação sofreu alterações, a Educação não é já só para alunos com condições de deficiência encontradas numa lógica médico-psicológica, mas para alunos com qualquer necessidade especial, conceito que engloba, desde o relatório de Warnock, todos os tipos e graus de dificuldades que se verificam em seguir o currículo escolar normal.

A responsabilidade da educação aumenta, como é mencionado por Warnock (1978:5), indicando os objectivos a longo termo da educação: aumentar os conhecimentos, experiências, entendimento imaginativo da criança, os seus valores morais e capacidade para o prazer, tornar o aluno capaz de entrar no mundo, depois da educação formal, enquanto participante activo na sociedade e contribuidor responsável capaz de atingir toda a independência possível.

Os investigadores identificaram problemas de aprendizagem comuns às crianças consideradas normais, como é referido por Gaspar (2009:15), que frequentavam as escolas regulares e às crianças deficientes envolvidas em programas de educação especial e chegaram à conclusão que, ao longo de toda a escolaridade básica, uma em cada cinco crianças apresentaria, em algum momento, necessidades educativas que implicavam a organização de medidas educativas adequadas.

Na década de oitenta do século XX e até hoje, a ideia de que o processo educativo das crianças e jovens com deficiência deve atender às suas necessidades especiais através de intervenções centradas na escola, onde um conjunto vasto de recursos educativos apoia o percurso escolar de todos os alunos

A ênfase das NEE é colocada na aprendizagem, sendo assim nos problemas de aprendizagem e nos recursos educativos, sem excluir que os alunos possam ter perturbações específicas vinculadas ao seu desenvolvimento. A tradicional classificação é reformulada e são identificadas as formas de necessidades educativas especiais.

As necessidades educativas especiais são referidas por Warnock (1978:41) como sendo “1.Necessidade de diferentes formas de acesso ao currículo através de equipamento

especial, facilidades ou recursos, modificação do meio ou técnicas especiais de ensino; 2.Necessidade de um currículo especial ou modificado; 3.Particular atenção à estrutura social e ao clima emocional em que a educação decorre.”

O conceito atrás referido não está relacionado com as patologias, mas com as diferentes necessidades de atendimento e intervenção educativa, não só em termos escolares, mas também de todos que intervenham no processo educativo dos alunos.

Um aluno com NEE significa, que apresenta algum problema de aprendizagem no decurso da sua escolarização e que exige uma atenção específica, incluindo maiores recursos educativos do que os utilizados com os companheiros da mesma idade. Incluindo-se todos os alunos com desempenho acima do esperado, assim como aqueles que tem um rendimento inferior.

Os limites da educação especial são ampliados, que agora inclui um maior número de alunos, que estão incorporados dentro do sistema educativo normal. Por outro lado, há a própria escola na maior parte dos problemas do aluno urgindo um encaminhamento de seus objectivos e havendo necessidade de uma reforma educativa. E finalmente, traçado a indissociável vinculação entre as necessidades educativas especiais e a provisão de recursos educativos para lhes fazer frente.

O conceito de aprendizagem mudou, antes considerava-se que a causa das dificuldades de um aluno estava apenas dentro dele, hoje considera-se que a escola tem também parte da culpa, na medida em que não se adapta às necessidades dessa criança.

No final dos anos 80 emerge nos Estados Unidos um movimento reformador, Regular Education Iniative, que ao longo de sucessivas actualizações tem criado estratégias de adaptação de forma a acolher as diferentes necessidades educativas dos alunos.

A Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais, organizada pela UNESCO em colaboração com o Governo de Espanha, em Junho de 1994, em Salamanca, baseia-se também na premissa da igualdade de oportunidades, além de oferecer uma perspectiva totalmente inclusiva.

Da Conferência atrás mencionada saiu uma Declaração Final, sendo esta subscrita por 95 países e organizações, despertando nos governos subscritores uma

grande determinação para o seu cumprimento, em contraste com muitas outras declarações do mesmo género.

O conceito de NEE é defendido na Declaração de Salamanca (1994:17), como abrangente de todas as crianças ou jovens cujas necessidades educativas se relacionem com deficiências ou dificuldades escolares e, consequentemente, têm necessidades educativas em algum momento da sua escolaridade. Incluindo as crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.

A definição atrás referida também inclui as crianças: com deficiência ou sobredotadas, de risco ou que trabalham, de populações nómadas, de minorias étnicas ou culturais e de grupos desfavorecidos ou marginais.

Há ainda outras características particulares, que foram consideradas, no conceito de NEE, como se pode verificar na Declaração de Salamanca (1994: 41) devem-se acomodar todas as crianças independentes de suas condições físicas, intelectuais, emocionais, linguísticas, ou outras. Isto deveria incluir as crianças talentosas ou deficientes, meninas, crianças trabalhadoras e de rua, crianças de áreas remotas que perderam seus pais por AIDS ou em guerra civil, crianças de minorias linguísticas, étnicas e crianças de outros grupos em desvantagem e marginalizados.

A natureza das necessidades educativas especiais é diversa. Podem ser originadas de problemas relacionais, na família, na escola, ou entre esses dois sistemas. Se for este o caso o carácter é, em princípio, pontual, a dificuldade pode deixar de existir, mas caso não seja devidamente encaminhada poderá tornar-se permanente, inserindo-se no desenvolvimento. As deficiências e perturbações ou alterações já incorporadas no crescimento do indivíduo, de forma primária ou secundária, tornam-se definitivas. Aqui a intervenção, além de privilegiar as potencialidades dos indivíduos, tem de evitar que se associem novas perturbações.

Podemos constatar, que a Conferência de Dakar (2000) reconhece e enfatiza a educação das crianças com necessidades especiais de aprendizagem, sem rotulá-las como deficientes, adoptando uma visão abrangente de necessidades especiais como sendo as necessidades de qualquer criança, que vive em desvantagem social e

económica, que a impeça de ter acesso à educação, ou seja excluída e ao currículo (fracasso académico).

O conceito de necessidades educativas especiais também tem sido sujeito a criticas e não tem tido o consenso geral. Segundo Sola Martínez e outros (2006:32-33), o conceito de necessidade educativa especial tem sido acusado de tratar de apresentar uma imagem excessivamente optimista da educação especial em primeiro lugar, por considerar que é um termo excessivamente vago que com frequência remete a busca de conceitos novos para sua adequada compreensão. Em segundo lugar se projecta com excessiva amplitude, tendo incluído todos os alunos com problemas de aprendizagem fundamentalmente na etapa da educação secundária.