Os documentos elaborados para o funcionamento das escolas estão na eficácia e utilidade da sua aplicação prática nas aulas. Para levar cabo na prática estes aspectos, é necessário desenvolver os diferentes pontos prefixados nos projectos. A aplicação das directrizes dos documentos gerais passa pelo desenho pormenorizado de todos e cada um dos elementos a desenvolver nas aulas, e decidir a programação não só na aplicação das directrizes gerais dos documentos, sem que é preciso mediante o desenho adequado prever todas as incidências de seu desenvolvimento.
A programação de aula, de acordo com Sola Martínez e outros (2006:166) precede a acção directa com o aluno, supõe um momento para adoptar as medidas necessárias a respeito das diferenças habituais e permite dar resposta às dificuldades de aprendizagem, quando estas se apresentem. Uma programação de aula deve estar também desenhada para que se antecipe a qualquer tipo de evento na aula e por tanto pode atender aos alunos de acordo com suas características, prestando-lhes em cada momento as ajudas precisas.
Os professores quando tem a tarefa das programações de aula devem ser consciente da diversidade própria da mesma para assumi-la como algo consubstancial no trabalho docente, evitando a homogeneização. Partindo da base da diversidade e
heterogeneidade nas classes, aborda-se com exactidão a tarefa da planificação do trabalho de aula.
A programação para a atenção à diversidade, conforme os autores (op.cit.) consiste em estabelecer as relações precisas entre os objectivos gerais e específicos da etapa com a realidade concreta da aula, estabelecendo nela os grupos de alunos de atenção preferencial em função das características dos mesmos e de suas necessidades de apoio. Este supõe o desenho de actividades e estratégias, que seguindo o currículo normalizado, se possam introduzir elementos de diferenciação na atenção individualizada daqueles alunos, que por suas características as requerem.
O desenho e desenvolvimento da programação, segundo Sola Martínez e outros (2006:167) contemplam dois aspectos de implicações; a respeito da aula em si mesma e aos sistemas de apoio.
1.A respeito da aula destacam:
• Seleccionar os objectivos didácticos, que se ajustem às aprendizagens que centram no currículo da etapa;
• Selecção, sequencialização e organização dos conteúdos como meio para conseguir tanto os Objectivos Gerais da Etapa como os específicos das correspondentes áreas em sua tripla vertente: conceptual, procedimental e atitudional;
• Desenho de actividades e experiências para desenvolver estratégias nos alunos e permitir a responsabilidade de sua própria aprendizagem na alínea do construtivismo significativo;
• Selecção e adequação de recursos e materiais válidos para a atenção á diversidade própria da aula;
• Flexibilização dos diferentes tempos de aprendizagem antecipando-se à necessidade de ajudas e apoios específicos.
2.Desde o ponto de vista dos sistemas de apoio estabelecer as estratégias previstas nos diferentes documentos (Projecto Educativo, Projecto Curricular de Agrupamento e Projecto Curricular de Turma), que facilitem a adaptação progressiva do currículo às necessidades educativas dos alunos na aula.
Nesta perspectiva, o professor é um dos elementos no desenvolvimento do projecto curricular de turma, cuja actuação, além do papel nem sempre reconhecido na definição do desenvolvimento pessoal e social dos alunos, se enquadra na tabela de seguida apresentada:
Contexto de realização
Projecto Curricular de Turma
Princípios Curriculares • Diferenciação da aprendizagem • Adaptação curricular →
• Operacionalização dos objectivos de aprendizagem, tendo em conta os objectivos curriculares.
• Sequencialização e gestão da extensão e da profundidade dos conteúdos.
• Organização de situações de aprendizagem: escolha de métodos, técnicas e actividades.
• Utilização e produção de materiais curriculares. • Manipulação dos recursos educativos.
• Implementação de procedimentos de avaliação.
Tabela nº 14 – Competências curriculares ao nível do contexto de realização adaptado de Pacheco (2001:103)
A partir do conhecimento dos alunos determinamos, requeremos em cada caso a ajuda técnica precisa dos serviços de orientação educativa, desenhando actuações concretas que há-de desenvolver os professores de apoio e os diferentes especialistas.
Os aspectos a ter em conta na planificação e desenvolvimento da programação, há-de materializar-se depois nas adaptações curriculares, assim com nas adequações curriculares, atendendo à diversidade.
Por adequações curriculares são entendidas por Pacheco (2008:37), aquelas que, de acordo com o parecer do conselho de docentes ou conselho de turma, conforme o nível de educação e ensino, se considere que têm como padrão o currículo comum, no caso da educação pré-escolar as que respeitem as orientações curriculares, no ensino básico as que não põem em causa a aquisição de competências terminais de ciclo e, no ensino secundário, as que não põem em causa as competências essenciais das disciplinas.
No Decreto-Lei nº3/2008, de 7 de Janeiro, no artigo 18º refere que, as adequações como podendo consistir na introdução de áreas curriculares específicas que não façam parte da estrutura curricular comum, nomeadamente leitura e escrita em Braille, orientação e mobilidade; treino de visão e a actividade motora adaptada entre outras.
De seguida apresentamos a tabela nº 15, onde constam os elementos curriculares para atender a diversidade:
D.C.B. • Para todos os alunos
P.E. • Contextualizado e compartido por professores, pais e alunos. • Em função da diversidade dos alunos.
• Com o fim de atender as individualidades.
• Planificando a actuação de todos os casos desde a interacção, reflexão, câmbios organizativos…
• Avaliando a própria actividade: - Inicial/processo/final.
-Aluno/professor.
P.C.A. Atendendo:
• As finalidades educativas especiais. • A interacção de todos os alunos. • Desenvolvimento individual.
• Os ajustes a capacidade, habilidade e possibilidades dos alunos. • Compatibilizando as necessidades individuais com os fins dos objectivos gerais.
• Expressão contextualizada no ecossistema. P.C.T. • Delimitação do tempo ano escolar.
• Identificação das necessidades específicas.
• Delimitação de objectivos, adaptação e sequencialização.
• Adequação das actividades e materiais. • Especificação de metodologias específicas.
• Planificação de ajudas desde o Plano de acção tutorial. • Delimitação de critérios de avaliação específicos. Programação de
aula
• Flexibilização das Previsões: objectivos, conteúdos, actividades, metodologias, critérios de avaliação.
• Plano de actuação individualizado. ACIs
PDI
• Procedimento do ajuste devagar.
• Organização de um plano alternativo em função das limitações do aluno. Tabela nº 15 – Elementos curriculares para atender a diversidade, adaptado de Sola Martínez e
outros (2006:169)