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2.8-Processo de Elaboração de Adaptações Curriculares para Alunos com Necessidades Educativas Especiais

O Processo de elaboração das Adaptações Curriculares é para González (1995:28), uma estratégia educativa, que permite aos pais e ao professor adequar a oferta educativa comum, modelada no Projecto Curricular de Escola, a natureza e características das necessidades e possibilidades educativas de cada aluno.

Os âmbitos onde se enquadrariam as possibilidades de adaptação, segundo Sola Martínez (1995) centram-se nas seguintes fases do processo:

• Análise específica de “que o aluno não consegue aprender” – selecção de objectivos, conteúdos, estratégias,…;

• Analisar o que o aluno pode aprender;

• Potenciar capacidades do sujeito, com objectivos alcançáveis;

• Selecção, sequencialização e adaptação de conteúdos mais próximos, fáceis, executáveis e assimiláveis;

• Planear actividades motivadoras, fonte de aprendizagem,…; • Ajudas que devem prestar-se aos alunos;

• As estratégias metodológicas devem enfocar-se na integração do sujeito na aula;

• As estratégias organizativas serão envolventes a respeito de todas as anteriores e afectarão não somente o âmbito da aula, mas transcendem todas as dependências do centro.

As Adaptações Curriculares no âmbito organizativo. Podem referir-se à organização dos elementos pessoais e dos materiais. A respeito do primeiro, há -de ter-se em conta o professor tutor, alunos e professor de apoio.

De seguida apresentamos uma tabela, que é demonstrativa da Organização dos elementos pessoais nas ACIs:

Professor Tutor - Propiciar as relações estimulantes de comunicação professor/aluno.

- Manter uma atitude positiva e a aceitação do sujeito. Alunos -Estabelecer agrupamentos que permitam a interpretação.

- Programar tarefas de trabalho colaborativo. Professor de

Apoio

- Definir suas próprias competências e funções. - Estabelecer coordenação na tarefa educativa.

- Definir critérios conjuntos na planificação e na avaliação.

Tabela nº 19 – Organização dos elementos pessoais nas ACIs, adaptado de Sola Martínez e outros (2006:181)

Fase de avaliação inicial

A fase de avaliação inicial consiste em identificar o problema, tipo e graus, que apresenta o aluno. Nesta componente, que se denomina de conhecimento do aluno, é relacionado com a identificação do aluno, dos seus estilos de aprendizagem, dos seus interesses, das suas capacidades e necessidades com o fim de determinarmos os seus níveis actuais de realização académica e social (competências).

A avaliação inicial, de acordo com Correia (2008:61) prende-se com a avaliação preventiva, constituindo o seu primeiro nível, em que a intervenção é da única responsabilidade do professor titular de turma. Este professor começa por identificar os

alunos cujos problemas na aprendizagem lhe estão a causar insucesso escolar, é importante que o professor saiba identificar as crianças cuja realização escolar, numa ou mais áreas está a um nível tal, que pressuponha uma intervenção educacional.

Entende-se por avaliação inicial, uma avaliação formativa levada a cabo para fundamentar a tomada de decisões, o primeiro referente é o nível actual de competência curricular do aluno complementando com a síntese de uma avaliação psicopedagógica, onde o essencial é recolher dados capazes de explicar as causas pessoais, escolares, familiares, responsáveis pelo nível de competência curricular do aluno, assim como outro tipo de informação relevante para a compreensão da situação e planificação da resposta educativa mais adequada.

Tem de haver uma análise dos seus ambientes de aprendizagem académicos, socioemocionais, comportamentais e físicos. Nesta fase tem de haver uma observação/avaliação do aluno e dos seus ambientes de aprendizagem, cujo objectivo é o de identificar as suas competências.

Fase de proposta curricular

A fase de proposta curricular é mencionada por Sola Martínez e outros (2006:183), como devendo respeitar os seguintes itens:

• Deve-se estabelecer uma estreita relação entre os objectivos formulados e os meios oferecidos para os conseguir;

• É necessário ter em conta os critérios de avaliação de cada área fixados pela administração de cada aluno, ciclo e etapa. Não decidimos por uma metodologia activa, que potencie a participação do aluno em seu próprio desenvolvimento nas actividades de classe.

• Para as necessidades educativas especiais deve adoptar-se um enfoque globalizador estabelecendo o maior número possível de relações entre as diferentes áreas e entre estas e a realidade concreta do aluno;

• O estudo em volta da utilização como meio de ensino para a diversidade constitui um conteúdo de maior significado para o aluno e portanto fonte de interesse e motivação;

• O agrupamento do aluno está muito relacionado com as actividades em função da classe e do meio;

• A limitação na utilização da linguagem, distante de ser benéfica resulta prejudicial. É conveniente a utilização de diferentes tipos de linguagem alternando oral, escrita, mímica, ideográfica, expressão corporal,…;

• Há que diversificar os materiais, distanciar do livro de texto e recuperar materiais e trabalhos realizados pelos próprios alunos nas outras classes ou de outros alunos como parte das suas tarefas habituais;

• É importante contar com o apoio do professor de aula que em todo momento estará à disposição do desenvolvimento do programa.

Esta fase da planificação é referida por Correia (2005:20), que deve ter por base o currículo comum, pode ser elaborada ao nível do projecto educativo da escola, do ano que o aluno frequenta, do plano de acção inicial (avaliação preliminar) e do plano educativo individualizado (PEI) (avaliação compreensiva), cabendo a responsabilidade da sua elaboração a uma equipa de colaboração ou a uma equipa de programação educativa individualizada (EPEI), vulgarmente chamada de equipa multidisciplinar (EM), e nunca somente ao educador ou professor.

Fase de avaliação sumativa

Na fase de avaliação sumativa, conforme Sola Martínez e outros (2006:184) tem-se considerar os seguintes aspectos:

• Avaliar os conteúdos conceptuais, procedimentais e atitudionais; • Empregar alternativas nas provas de avaliação;

• Valorização por igual do trabalho individual e do grupo; • Valorizar o resultado e o processo;

• Ter em conta a autoavaliação e coavalição;

• No processo de promoção – Implicar todos os professores, os de apoio, os especialistas, a própria família do aluno e incluindo a inspecção.

Esta fase de avaliação é referida por Correia (2005:20) “… a da intervenção, ela congrega: uma preliminar de carácter preventivo, uma compreensiva de carácter educacional e uma outra de carácter transaccional.”

Em relação ao aspecto preventivo da intervenção, é mencionado pelo autor atrás citado (2005:20), que ela deve basear-se numa avaliação preliminar, centrando-se nas características do aluno, no seu nível de realização e nos ambientes de aprendizagem, tenha como objectivo minimizar ou suprimir as dificuldades iniciais do aluno, podendo concorrer para este fim a um conjunto de adaptações curriculares pouco significativas e de modificações ambientais adequadas.

Nesta fase de avaliação, no que diz respeito ao aspecto educativo, ela deve apoiar-se numa avaliação compreensiva, exaustiva e mais completa que a preliminar, que venha a permitir traçar um perfil do aluno com base no seu funcionamento global, nas suas características e necessidades e nos seus contextos de aprendizagem, e que pressuponha a elaboração de programações individualizadas que tenham por base a flexibilização curricular, podendo recorrer-se a adaptações curriculares generalizadas.

Nesta fase tendo em conta a planificação, a programação deve ser realizada por um conjunto de serviços, muitos deles especializados, ou seja uma equipa interdisciplinar.

Em relação à fase atrás referida há autores, que dão outra denominação como referem González Manjón e outros (1993:81), que denominam por medidas de promoção do aluno: como assinalam Ruiz e Bel (1988), um elemento fundamental, a explicitação das medidas adoptadas com a intenção de trabalhar activamente para a promoção do aluno até situações cada vez mais normalizadas tanto curricularmente como a nível de prazos estabelecidos.

É mencionado por Correia (2005:20), que aponta ainda uma quarta componente contínua muito distante das nossas escolas, que se prende com a preparação dos para o mundo do trabalho e com a sua inserção na sociedade.

Esta fase é denominada de transaccional, pelo autor (op.cit.) e diz respeito aos programas que são dirigidos a alunos que não estejam a atingir os objectivos do currículo comum e que, devido à sua idade (14 ou mais anos) e aos seus problemas geralmente acentuados, necessitam de um conjunto de medidas que possam facilitar a sua inserção na sociedade e no mundo laboral.

No caso dos alunos com NEE, esta planificação individualizada torna-se obrigatória e a interdisciplinaridade em todo o processo deve ser uma constante, não devendo constituir uma obrigação única do educador ou do professor de turma e do educador ou professor de educação especial.

A programação transaccional, segundo Correia (2005:21), que para além da interdisciplinaridade, exige também envolvimento comunitário, sem o qual será difícil atingir os objectivos propostos no plano de transição, ou seja, ela deve ajudar o aluno a propor um conjunto de objectivos que se prendam com as suas intenções de trabalho após a sua saída da escola.

É referido pelo autor (op.cit.), que ainda considera uma outra componente, denominada de reavaliação cujo objectivo é o de verificar se a programação educacional é considerada eficaz para responder às necessidades especiais do aluno.

De seguida apresentamos uma tabela, com as componentes básicas das ACIs:

Blanco e outros, (1992):

1. Dados relevantes para a tomada de decisões (informação sobre alunos, informação referida ao contexto familiar e social).

2. Necessidades educativas especiais (currículo, meios de acesso, grau de especialização das NEE).

3. Proposta de adaptação curricular.

- Adaptações de acesso ao currículo (valorização de NEE como a planificação das ACIs no centro e aula)

- Adaptações de elementos curriculares concretos. 4. Modalidades de apoio.

- Indicação de áreas de apoio. - Precisão de apoios.

- Responsabilidade assumida dos profissionais e demais elementos implicados. 5. Colaboração com a família.

6. Critérios de promoção do aluno. 7. Seguimento.

Ruiz e Bel, (1989):

• Dados de identificação: dados pessoais do aluno, família e escola como elemento importante do contexto.

• Primeira componente básica da tomada de decisões: nível actual de competências curriculares do aluno a respeito da área, áreas, outras condições influentes.

• Segunda componente: proposta curricular (quê, como, quando ensinar e avaliar) • Terceira componente: promoção o aluno.

Tabela nº 20 – As componentes básicas das ACIs, adaptado de Sola Martínez e outros (2006: 205)

Este problema é complexo como diz Correia (2008:90) e deverá passar pela elaboração de estratégias conjuntas, que conduzam à combinação de recursos, de modo a permitir maximizar o potencial dos alunos com NEE. Este processo é dinâmico, devendo compreender uma série de escolhas, entre as opções educativas oferecidas pela escola, com base nas preferências, interesses, capacidades e necessidades dos jovens com NEE, tendo em conta as opiniões das famílias e as exigências e as oportunidades da comunidade, que os virá a acolher.

2.9-Adaptação Curricular Individual e Programa de Desenvolvimento