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NOME FORMAÇÃO ATIVIDADES CARGOS NO GOVERNO OUTROS

O poder de controle da agenda

NOME FORMAÇÃO ATIVIDADES CARGOS NO GOVERNO OUTROS

Winston Fritsch

Economia e mestre em Engenharia pela UFRJ, com PhD em Economia pela Universidade de Cambridge

Atuou como professor dos Departamentos de Economia da UFRJ e PUC-RJ. Fez parte da equipe de economistas do Plano Real. Presidiu o banco Dresdner Bank, sócio do grupo Rio Bravo Investimentos e Managing Director do banco Lehman Brothers. Diretor Geral Executivo da Petra Energia.

Secretário de política econômica da Fazenda no Governo Itamar Franco

Edmar Bacha Economista

Participou da equipe econômica do Plano Real e foi diretor do Casa das Garças - instituição dedicada a estudos e debates de Economia, no Rio de Janeiro.

Presidente do BNDES no primeiro ano de Governo FHC

André Lara Resende

Economista formado pela PUC-Rio com PhD também em Economia pelo Massachusetts Institute of Technology

Trabalhou no Banco de Investimentos Garantia e no Unibanco. Fez parte da equipe do Plano Cruzado. Foi diretor do Banco Central do Brasil, participando da equipe econômica fundadora do Plano Real.

Atuou no governo FHC como Presidente do BNDES de abril a novembro de 1998

De tradicional família mineira de políticos. A começar pelo bisavô materno, João Pinheiro, governador de Minas Gerais em 1890 e provável candidato a sucessão presidencial de Afonso Pena. Seu avô de André, Israel Pinheiro, outro conhecido político mineiro, fora parlamentar constituinte em 1946, e o primeiro prefeito da capital federal Brasília, inaugurada por JK. último feito foi eleger- se governador em 1966 no Estado de Minas Gerais, naquela que havia sido a última eleição sob o multipartidarismo. O pai de André Lara Resende, Otto Lara Resende, não ocupou cargos públicos, mas era um conhecido escritor e colunista de jornais, tendo inclusive colaborado por vários anos com a Folha de São Paulo.

Perso Arida

Economista formado pela USP com PdD pelo Massachusetts Institute of Technology,

professor convidado do Institute for Advanced Study. Lecionou na USP e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) de 1980 a 1984, e foi professor visitante da Smithsonian Institution (EUA) de 1984 a 1985. Em 1992, doutourou-se no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Durante o governo do presidente José Sarney (1985-1989), Pérsio Arida atuou, em 1985, como secretário da Coordenação Econômica e Social.

Presidente do Banco Central de janeiro a junho de1995 (sucedido por Gustavo Loyola), também foi presidente do BNDES de 1993 a 1995.

Foi um dos idealizadores do Plano Cruzado. Foi casado com Elena Landau diretora de desestatização do BNDES a qual comandou as privatizações no Governo FHC. Em sociedade com Daniel Dantas cria o Banco Opportunity, deixando a instituição tempos depois. Em 2008 fundou o Banco BTG juntamente com André Esteves, sócios do Banco Pactual e diretores do Banco suíço UBS AG. Foi eleito economista do ano pela Ordem dos Economistas do Brasil em 2003

Pedro Malan

Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com PhD em Economia pela Universidade de Berkeley.

Foi presidente do conselho de administração do Unibanco entre 2004 e 2005 e presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itaú Unibanco, participando também do conselho administrativo da Globex, holding que controla o Ponto Frio, e da Alcoa Alumínios.

Presidente do Banco Central de 1993 a 1994, foi ministro da Fazenda de janeiro de 1995 a janeiro de 2003, nos dois mandatos do Governo FHC.

Considerado um nome forte dentro do Governo FHC, foi um dos cogitados durante as sondagens para a escolha de um candidato à presidência pelo PSDB para as eleições de 2002.

Gustavo Franco

Formado em Economia pela PUC- Rj, com mestrado pela mesma instituição e doutorado pela Universidade de Harvard

Participou da equipe de formulação do Plano Real. Atuou como professor, pesquisador e consultor em economia entre 1986 e 1993, especializando-se em inflação, estabilização, história econômica e economia internacional.

Foi diretor e presidente do Banco Central de 1997 a 1999, sendo substituído por Armínio Fraga.

Declarou ter sido o relator do Plano Real, bem como o idealizador do padrão bimonetário, que originou a URV.

Armínio Fraga

Formado em Economia pela PUC- RJ e mestrado pela mesma universidade, é doutor em Economia pela Universidade de Princeton. A trajetória de Armínio Fraga é detalhada no capítulo seguinte.

professor visitante do Departamento de Finanças da Wharton School, da Universidade da Pennsylvania, ministro da Economia, Fazenda e Planejamento do governo Fernando Collor de Melo. Trabalhou na firma de investimentos do empresário George Soros, em Nova Iorque, até janeiro de 1999. Foi também professor adjunto de relações internacionais da Universidade de Columbia.

Presidente do Banco Central de 1999 até o fim do mandato de FHC

Membro de diversas outras instituições relacionadas à área financeira, como JP Morgan e Unibanco, e de fóruns internacionais como o Grupo dos 30, o G7, que reunia os sete países mais ricos do mundo (posteriormente, G8, com a entrada da Rússia), o G50, que reúne os empresários mais bem sucedidos do continente americano, e o Financial Stability Forum. Também atuou em organizações não governamentais, como o Instituto Desiderata, o Fundo Comunitário Vera Pacheco e a Associação Saúde Criança Renascer.

Beny Parnes

Economista formado pela PUC-RJ, com mestrado pela mesma instituição e doutorado pela Universidade da Pensilvânia, com especialização em macroeconomia e finanças internacionais

Trabalhou para o banco BBM do Rio de Janeiro. De 1994 a 1995 foi funcionário do banco Matrix

Diretor do Banco Central na Diretoria de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil.

Teeve seu nome incluído na CPI do Banestado por acusação de remessa ilegal para paraíso fiscal nas Ilhas Bahamas.

Demósthenes Madureira de Pinho Neto

economista formado pela PUC-RJ é doutor em Economia pela Universidade da Califórnia (Berkeley).

Diretor Executivo do Itaú Unibanco. Foi professor de economia e finanças na PUC-RJ, FGV-SP e do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - IBMEC-SP. Atualmente é principal executivo da Brasil Warrant.

Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil de 1997 a 1999.

Herdeiro de uma tradicional família carioca. Envolveu-se no escândalo entre o Banco Central e os Bancos FonteCindam e Marka.

Edward Amadeo

Bacharel em Economia pela PUC- RJ, com PhD em Economia pela Universidade Harvard

Foi professor do Departamento de Economia da PUC-Rio entre 1985 e 1998 e professor visitante da Universidade de Notre Dame (EUA).

Ministro do Trabalho no Governo Fernando Henrique de 1998 a 1999 e posteriormente Secretário de Política Econômica da Fazenda de 1999 a 2001

Francisco Lopes

Formado em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em Economia pela FGV-RJ e pela Universidade Harvard, tem PdD em Economia também pela universidade norte- americana

Atuou como Superintendente do Instituto de Pesquisa (INPES) e do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA), e como professor do Departamento de Economia da PUC-RJ, da FGV-RJ e da Universidade de Brasília

Diretor de Política Econômica e monetária do BC entre 1995 e 1998, foi também Presidente do Banco Central em janeiro de 1999

Sócio fundador da Macrométrica, esteve envolvido com o escândalo entre Banco Central, FonteCindam e Marka

Ilan Goldfajn

Economista, com mestrado pela PUC-Rio e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT)

Professor do Departamento de Economia da PUC-RJ e diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa em Economia da Casa das Garças (IEPE/CdG)

Diretor de Política Econômica do Banco Central

Foi sócio da Gávea Investimentos, tendo ainda passagem como consultor pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e Nações Unidas e Universidade de Brandeis, em Massachussetts. Economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.

Assim, o perfil da própria Universidade define o caráter teórico das tomadas de decisão:

Como se sabe, ensina-se nessas universidades, a teoria econômica neoclássica, a abordagem monetarista da inflação, e a teoria da escolha racional, que formam a base intelectual do pensamento liberal moderno. O modelo de ciência econômica feito nos EUA é amplamente amparada em complexos teoremas matemáticos, num tipo de proposta científica que busca se aproximar de um conhecimento hard science, fundamentado nas ciências exatas e de uma abordagem científica que se pretende não- ideológica (BALIEIRO, 2008, p.32).

Vale ressaltar o que aponta Loureiro (2006). A autora chama atenção para a composição de uma equipe econômica voltada para a necessidade de enfrentar uma conjuntura de persistente inflação - o que exigia saberes técnicos aliados a novas soluções políticas. Contudo, mais do que saberes técnicos os nomes citados, representam além da hegemonia/soberania citadas, o encaminhamento da política econômica em direção a um interesse específico - o de mercado.

O fator internacionalização é muito relevante para o perfil do grupo e característico do desenvolvimento das escolas de Economia no país, estritamente relacionadas às necessidades nacionais, o que também justifica o peso dado aos economistas. A Economia acadêmica surge a princípio com o intuito de preencher quadros burocráticos do Estado em construção. Com forte influência do exterior subdividiu-se em três correntes: estruturalista - predominante no período dos anos 1950 e 1960 e durante a ditadura militar (1964-1985); liberal - a qual retoma espaço nos anos 1990 a partir do governo Collor se aprofundando no governo FHC, e marxista. Assim, antes de tudo pode-se dizer que houve um acirramento da racionalidade instrumental com o passar dos anos (PADILHA, 2011).

O peso dos economistas no governo também diz respeito às mudanças exigidas no âmbito da resolução de problemas do país. Entre o Império e a Primeira República os homens públicos eram notadamente provenientes dos cursos de Direito, no entanto, a formação humanista vai perdendo espaço diante da necessidade de resolução de problemas da nação (LOUREIRO, 2006, CANTU, 2009). O projeto de modernização transforma as necessidades e faz com que as formações mais técnicas, como as dos economistas, por exemplo, sejam consideradas mais relevantes para atender as novas funções do Estado.

Assim, este processo contribui para a emergência de uma nova elite no país, não mais política mas com um perfil burocrático - estes técnicos no Estado Novo tem

por tarefa alavancar a política desenvolvimentista planejada. É a partir deste momento que serão organizadas as primeiras universidades nas quais serão ofertados os cursos de Economia, Finanças, Contabilidade e Administração de Empresas (LOUREIRO, 1997; PADILHA, 2011) - os programas dos cursos, financiados tanto por empresários quanto pelo Estado voltam-se ao atendimentos dos interesses técnicos e burocráticos em jogo.

Posteriormente, com as reformulações ocorridas nos anos 1970 através da reforma universitária, a modernização da Ciência Econômica no Brasil promoveu a instalação de programas de pós-graduação, a expansão de cursos de Economia e a incorporação de padrões teóricos e metodológicos vigentes em países desenvolvidos, em particular, nos Estados Unidos, onde a concepção das finanças ligada à Economia é crescente. A modernização pretendida leva à internacionalização ou 'americanização' da produção acadêmica em Ciência Econômica devido tanto à atuação de professores americanos em cursos de pós-graduação quanto ao envio de professores e doutorandos ao exterior.

Neste movimento, dois centros destacam-se entre os mais internacionalizados, quais sejam Escola de Pós-Graduação em Economia da FGV e a PUC-Rio, enquanto a FEA/USP representou posição intermediária, o Instituto de Economia da Unicamp esteve entre o menos internacionalizados. Isto compreendido é possível entender os avanços da agenda liberal do Governo FHC e o enquadramento de suas políticas monetária e econômica (LOUREIRO, 1997, 2006; CANTU, 2009).

Nesse processo de fortalecimento da pauta neoliberal no Brasil ficou, portanto, evidente a participação do grupo hegemônico da PUC o qual, como visto pode ser compreendido neste espaço como um think tank, posteriormente institucionalizado com o nome de Casa das Garças, em 2003.

De acordo com Dixon (2008) os think tanks podem ser entendidos como organizações que se apresentam voluntariamente nos debates e fóruns de reflexão mas que, no entanto, procuram tornar-se vetores privilegiados do ativismo político de determinados intelectuais - transformando-se, portanto, em um importante instrumento para influenciar os domínios políticos e econômicos. No esforço de compreender como se dá a construção das ideias do neoliberalismo na academia e consequentemente sua disseminação ele busca ressaltar o papel desempenhado pelos

intelectuais dispostos nestas grandes instituições de pesquisa como os think tanks. Desta investigação conclui que o papel do intelectual é relevante, neste contexto, na medida em que não se trata apenas da construção de uma nova opinião mas sobretudo da uma construção de uma forma de pensar, de visões de mundo - um cenário muito mais complexo por depender do poder simbólico atribuído a cada um dos agentes em jogo.

Depende assim da construção de um senso comum, capaz de atribuir normalidade às formas de interpretação. Por isso, como aponta Dixon as abordagens são estruturadas a partir de dualidades que auxiliam na caracterização do ponto de vista concorrente como sendo negativo:

Dans ce travail intellectuel de reconstruction du sens commun, la disqualification des adversaires de tous ceux qui ne se plient pas joyeusement aux nouvelles contraintes supposées de la mondialisation, est de rigueur: Ils sont <<archaïques>>, <<corporatistes>>, <<irréalistes>>, <<irresponsables>>, <<utopistes>> (et l’utopie mènerait tout droit à la servitude totalitaire) (DIXON, 2008, p.14).

Esta questão faz vir à tona a estruturação da doxa, um senso comum que opera no campo e que contempla tudo o que é admitido como "sendo assim mesmo" (Thiry- Cherques, 2006, p.37) - tudo aquilo sobre o qual os agentes estão de acordo, a exemplo dos sistemas de classificação.

Ao analisar a doxa Pinto (2009) traça três regiões em que ocorre sua produção, demarcando as características daqueles que operam na sua elaboração - com isso busca captar as especificidades de cada um dos cenários e dos atores que nele atuam e as suas proximidades e formas de relação com a mídia e a política. O primeiro perfil traçado é o perfil da direita, é nele que se encontram os think tanks. Mais próximos do campo político atuam ao mesmo tempo como pensadores/pesquisadores e como agente de negócios, seus estudos são desenvolvidos com vistas à aplicabilidade construindo uma representação de mundo em consonância com as classes dirigentes.

Nos outros dois perfis traçados, Pinto (2009) chama a atenção para a maior proximidade entre aqueles que se encontra ao centro, não possuindo características fortemente demarcadas uma vez que neste espaço cabem grupos de ideologias diversas, tanto política quanto estratégica. Normalmente trabalham apenas assuntos em relevo na Sociedade, tendo portanto o ibope como ponto definidor das suas pautas.

À esquerda se encontram os intelectuais mais afastados do campo político e também da mídia, sendo a maior parte críticos de perfil esquerdista.

Medvetz (2013) ressalta a caraterística híbrida dos think tanks, uma vez que estruturam-se relacionados a diversos campos, por isso dependem de fundações e organismos governamentais, de redes de ação e de empresas que os financiam e que portanto, direcionam seus estudos, buscando também o reconhecimento dos jornalistas e de responsáveis políticos. Desse modo, os assuntos tratados pelos think tanks devem integrar as características de uma nota de assistência parlamentar, de uma contribuição universitária e a de um artigo da imprensa. Os think tanks em sua visão, devem portanto, montar misturas complexas de recursos ou formas de capital adotadas nos domínios dos campos acadêmico, político, econômico e midiático, dando a impressão ao mesmo tempo que são independentes de qualquer um destes.

Isto posto é possível compreender a lógica de estruturação da realidade que tem os think tanks como um de seus agentes. É possível compreender, a partir do seu processo de internacionalização, como as políticas construídas em âmbito internacional ganham força e se disseminam na Sociedade brasileira. O conceito de think tank trazido para a análise é fundamental para compreender o papel dos economistas dentro do governo e a disseminação de suas abordagens em outras esferas da Sociedade - dotadas de força repercutem no imaginário social e criam parâmetros de conduta e análises do que é bom ou ruim, moderno ou atrasado a partir dos dualismos com os quais opera. Este movimento é respaldado ainda por avaliações de contextos e criação de índices que dão veracidade aos padrões de conduta disseminados e neste contexto, ao qual a tese se dedica, são fundamentais para delimitar o espaço de ação do governo Lula recém-eleito.