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2 O INÍCIO DA ESCOLINHA: AÇÕES E CONTEXTOS

2.1 O COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ E SUAS TRANSFORMAÇÕES

O Colégio Estadual do Paraná possui uma história, que ao longo de rupturas e retomadas, possibilita compreender sua inserção nos diferentes contextos políticos e sociais do estado, desde meados do século XIX, até sua consolidação como principal instituição educativa, na primeira metade do século XX. Tanto os locais de suas diferentes sedes, bem como a legislação que organiza sua estrutura, sofreram constantes mudanças ao longo do tempo. Todavia, convencionou-se determinar a fundação do Colégio a partir da Lei nº 33, de 13 de março de 1846. O artigo 1º também criava e estabelecia as matérias a serem ensinadas:

Ficam creados dous licêos na provincia, um na cidade de Taobaté, e outro na de Coritiba, nos quaes se ensinaráõ as seguintes materias: grammatica latina, lingua franceza, philosophia racional e moral, historia geral especialmente do Brasil, Geographia, e geometria pratica, e noções geraes de mechanica applicada ás artes. (LEI nº 33, de 13/03/1846).36

Assinada pelo presidente da Província, Marechal Manuel da Fonseca de Lima e Silva (1793-1869), a regulação foi sancionada quando o atual estado do Paraná ainda era delimitado como comarca de Curitiba e Paranaguá, pertencente à Província de São Paulo.

No primeiro momento, o “Licêo” foi instalado em uma casa alugada no Largo da Matriz, onde hoje se situa a Praça Tiradentes. Um ano após a emancipação política, ocorrida a 19 de agosto de 1853, o Licêo ganha uma sede na rua da Assembleia, atual Rua Dr. Muricy. Com a Lei nº 456, de 12 de abril de 1876, a instituição passa a ser chamada de Instituto Paranaense. Em 1892, já no período Republicano, altera- se mais uma vez o nome para Gymnásio Paranaense. Em 1904, a 3ª sede é instalada na rua Borges de Macedo, atual Ébano Pereira, sendo no ano seguinte, por meio do decreto federal nº 5742 equiparado ao Gymnásio Nacional.

No ano de 1918, foi criado o Gymnásio Paranaense Internato, funcionando no Palacete Loureiro, localizado na esquina da Avenida Marechal Floriano com a rua Sete de Setembro. Em 1942, uma nova denominação surge pelo decreto nº 614, agora designado Colégio Paranaense – Externato. No ano seguinte, o decreto nº 11.232 fixa o nome da instituição como Colégio Estadual do Paraná.37

Em 1944, iniciam-se as obras do novo prédio. A sede atual do CEP, localizada no centro da cidade de Curitiba, foi inaugurada no dia 29 de março de 1950, pelo presidente da república Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) e pelo ministro da educação e cultura, Clemente Mariani (1900-1981).

Os periódicos da época buscavam expressar o clima de alegria e orgulho que tomou conta da população, mas também exaltar a administração responsável pelo empreendimento. O jornal A tarde, empenhou-se na descrição do novo edifício como reflexo de um governo eficiente:

Iniciada sua construção pelo saudoso interventor Manoel Ribas, teve os trabalhos, largamente incrementados no Governo Lupion que teve a glória de concluir êsse monumento que dignifica a administração. Muito se tem

36 Disponível em:< https://al.sp.gov.br/legislação > Acesso em 13/10/2018.

37 COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ: ensino fundamental, médio e profissional. Regimento Escolar. Curitiba: 2017.

falado sôbre as proporções gigantescas desse empreendimento que foi construido segundo os mais modernos moldes pedagógicos. Tendo uma capacidade para seis mil alunos, virá satisfazer, plenamente, os anseios de cultura da mocidade de de (sic) nossa terra. (A TARDE, 29/03/1950).38

Há o sentimento de admiração nas declarações divulgadas pelos mais diversos periódicos, enfatizando o governo, as proporções e as possibilidades do novo espaço. Tanto o maravilhamento com a estrutura, como a ligação de figuras políticas com o Colégio, serão aspectos que atravessarão as décadas, marcando uma forma de relacionamento da instituição com a sociedade.

38 PLASMANDO a cultura de nossa mocidade!. A Tarde, Curitiba, 29 mar. 1950. Plasmando a cultura de nossa mocidade! O Colégio Estadual do Paraná é o maior da America do Sul – Derrogando os principios obsoletos que entravavam o ensino – Caminhando para o futuro: A ação proficiente do atual governo tem se dirigido, de maneira especial, para o campo da educação. Nesse particular, inúmeras inovações foram feitas, atendendo a uma série de circunstancias que, em face de razões outras, não foram levadas, em consideração, nos governos anteriores. Assim, é-nos confortador o registro desse acontecimento singular sue (sic) é o ensino gratuito nos cursos primário, secundário e normal, no Paraná. A mocidade paranaense viu abrirem-se horizontes novos diante dos seus olhos, com a adoção de tal medida, por parte do Chefe do Executivo Estadual. Mas, para o observador menos atento, não pode fugir da percepção, o que se tem feito no interior paranaense, em pról da população rural. Ali, grupos escolares se constroem para não deixar as crianças sem o pão do saber. Escolas normais são criadas para que delas saiam novas professoras, que hão de ministrar aulas ás gerações futuras. Ginásios são entregues ás populações, para que neles se possam aperfeiçoar os homens que serão os construtores da maior grandeza de nossa terra. Faculdades surgem, no interior, dando a oportunidade áqueles que se hão de constituir em base da cultura e d inteligencia da gente futu (?) do Garaná (sic). Mas a par desse intenso trabalho, em pról da educação nosso povo, o atual govêrno do Estado dirigiu, também seus esforços num sentido o Colégio Estadual do Paraná. Iniciada sua construção pelo saudoso interventor Manoel Ribas, teve os trabalhos, largamente incrementados no Governo Lupion que teve a glória de concluir êsse monumento que dignifica a administração. Muito se tem falado sôbre as proporções gigantescas desse empreendimento que foi construido segundo os mais modernos moldes pedagógicos. Tendo uma capacidade para seis mil alunos, virá satisfazer, plenamente, os anseios de cultura da mocidade de de (sic) nossa terra. Devemos lembrar que os estudantes do Colégio Estadual do Paraná terão aulas gratuitas, segundo a lei, recentemente, sancionada pelo Governador Lupion. O Cine Teatro, existente no Colégio, tem uma lotação para mil e cinquenta pessoas e foi feito obedecendo aos ultimos preceitos da técnica de engenharia. À mocidade estudiosa, matriculada nesse estabelecimento, usufruirá de uma esplendida praça de esportes que possue campo de futebol, pistas de atletismo, cortes de tênis, canchas de basquetebol e voleibol, caixas de saltos e pistas para lançamento. As quarenta e oito salas de aula são amplas, com bastante luz e conforto. Existem, ainda, vinte e uma salas para professores e alunos. Tem séte gabinetes dentários e dois bem aparelhados gabinetes médico-dentários. Os três anfiteatros são construções que alevantam, ainda mais, todo esplendido dessa construção que nos orgulha. Ginásios os há em número de dois, feitos com esmero e proprios para os seus fins. Há, ainda, no Colégio Estadual do Paraná, um salão de festas, uma biblioteca e uma piscina olímpica, com iluminação sub- aquática. Há dificuldade, depois de percorrida essa construção, de se destacar uma particularidade. O todo, perfeito em seus mínimos detalhes, nos impressiona, causando nos espécie, pela magestosidade de suas linhas arquitetônicas. E (?) estudiosa do Paraná vai ter a oportunidade de haurir os conhecimentos que a tornarão uma das mais cultas de nosso país. É nesse prédio magnífico que o espírito em formação das crianças e dos rapazes de nossa terra vão buscar os ensinamentos necessários para sua formação moral e cultural. E, vivendo grande parte de suas vidas, dentro dessa obra gigantesca que é o Colégio Estadual do Paraná, os moços, sem dúvida, hão de dar o merecido valôr a êsse empreendimento que orgulha todo o Paraná. E êles, mais do que nenhum outro, curvados diante da grandiosidade dessa obra (?) que o povo do nosso Estado, pelo seu Govêrno, é capaz de realizar uma obra que imortaliza os seus construtores.