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CAPITULO 2. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

2.3. O contexto da investigação

O projeto foi desenvolvido na Unidade de Convalescença da ULSM pertencente à RNCCI. A Unidade de Convalescença é uma unidade de internamento, integrada no Hospital Pedro Hispano, que tem por finalidade a avaliação e a

1ª fase Diagnóstico 2ª fase Planeamento da ação 3ª fase Implementação do planeado 4ª fase Avaliação 5ª fase Identificação do adquirido Promoção da autonomia da pessoa dependente para o autocuidado

87 reabilitação integral da pessoa com perda da autonomia para o autocuidado, numa perspetiva de intervenção multidisciplinar da pessoa com potencial de recuperação e que não necessita de cuidados hospitalares de agudos. Esta tipologia de unidade destina-se a internamentos com uma previsibilidade até 30 dias consecutivos, por cada internamento.

A Unidade de Convalescença da ULSM está situada no Hospital Magalhães Lemos, abriu em outubro de 2007 e assume-se como um recurso intermédio de apoio após internamento hospitalar. Dispõe de 22 camas divididas por 6 quartos individuais e 4 enfermarias com lotação de 4 camas. A área física considera um ginásio para a inoperação da fisioterapia, locais de convívio entre os clientes, sala de estar, sala de refeições e uma acessibilidade congruente com o uso de auxiliares de marcha e com as medidas de prevenção de quedas.

Foi nossa preocupação perceber previamente a motivação da equipa de enfermagem da Unidade de Convalescença, através do estabelecimento de contactos formais e informais com a responsável da unidade e com a direção de enfermagem do hospital, para a participação no projeto. No seguimento do respetivo interesse, procedemos à apresentação formal do projeto, ao representante da direção de enfermagem, responsável pelos programas de investigação e à equipa de enfermagem da unidade, merecendo o aval de todos os elementos e a garantia do respetivo envolvimento, sobretudo dos enfermeiros da Unidade de Convalescença, pois estes seriam necessariamente uma parte ativa no desenvolvimento da ação e da investigação. Em outubro de 2010 iniciou-se o estudo após aprovação pela Comissão de Ética da ULSM, no parecer nº 3148 (Anexo1).

Na Unidade de Convalescença, são admitidas pessoas com mais de 18 anos, que careçam de cuidados continuados, por dependência funcional, decorrente de processo de convalescença, em observância com a primazia do cliente e com a proximidade da sua área de domicílio6. Os clientes são provenientes de hospitais e/ ou de centos de

6 Entende-se por domicílio a residência particular, o estabelecimento ou a instituição onde habitualmente reside a pessoa em situação de dependência. Alínea 0 do artigo 3º, Decreto-Lei n.º 101 de 6 de Junho de 2006.

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centros de saúde, do Sistema Nacional de Saúde.

Os clientes na sua maioria encontravam-se em processo de restabelecimento, associado a situações patológicas decorrentes de doenças: do sistema osteoarticular e do tecido conjuntivo (artoplastia total ou parcial da anca e do joelho e a osteossíntese trocantérica ou subtrocantérica); do sistema cérebro vascular (acidente vascular cerebral); neoplasias e tumores malignos e doenças do aparelho respiratório.

A equipa de enfermeiros, no início do estudo era formada por 14 elementos do sexo feminino e 2 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 25 e os 48 anos. Dois dos enfermeiros tinham formação especializada, a enfermeira responsável da unidade em enfermagem médico-cirúrgica e o outro enfermeiro em enfermagem de reabilitação. Para o processo de documentação dos cuidados de enfermagem e como suporte ao processo de tomada de decisão, os enfermeiros utilizavam o Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE). O SAPE utiliza a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, versão β2 (CIPE® β2), que permite a uniformização dos termos e conceitos, associados à construção de enunciados de diagnóstico, intervenções de enfermagem e resultados de enfermagem.

Para além do SAPE, os enfermeiros da Unidade de Convalescença possuem outro recurso de documentação o “GestCare CCI”, que tem como finalidade endereçar as vertentes de referenciação e monitorização dos resultados, para além de reportar a possibilidade de produzir estatísticas a partir do histórico. O sistema permite o registo dos clientes por episódio de internamento na RNCCI. Os módulos de avaliação são nomeadamente:

Avaliação médica; avaliação enfermagem; avaliação social; risco de úlceras de pressão; avaliação de úlceras de pressão; instrumento de avaliação integrada (biopsicossocial); risco/avaliação diabetes, exames auxiliares de diagnóstico; registo de pensos e apósitos; registo de fármacos; reação adversa aos medicamentos; registo de infeção.

O facto de nesta unidade de cuidados o ambiente e a cultura serem já sensíveis a aspetos centrais para a promoção da autonomia e também existir uma estrutura informatizada de suporte à documentação do processo de enfermagem, fruto de

89 estudos anteriores centrados no desenvolvimento de sistemas de informação (Silva, 2006; Sousa, 2006), fundamentou a ideia de que este seria um contexto estratégico favorável.

Ao longo dos três anos em que decorreu a fase de trabalho de campo, surgiram pequenas mudanças de mobilidade na equipa de enfermagem, aspeto que não foi de todo facto de influência para o estudo, pois o grupo de enfermeiros que integraram a investigação manteve-se praticamente inalterado à exceção de um período em que um dos elementos esteve ausente por motivo de licença parental.

A prestação de cuidados na Unidade de Convalescença é garantida por uma equipa multidisciplinar das áreas de saúde e da ação social, determinada pela natureza dos cuidados a prestar, tendo em conta as necessidades de reabilitação dos clientes e a rápida reintegração no seu meio de vida com a maior autonomia possível. Pelo que a equipa multiprofissional para além da equipa de enfermeiros descrita integra também: dois médicos de clinica geral e familiar, um fisiatra, dois fisioterapeutas, uma assistente social, uma secretária clinica e dezasseis assistentes operacionais de ação médica. Se necessário, é possível o apoio do serviço de nutrição e de uma terapeuta da fala.

À sexta-feira realiza-se uma reunião multidisciplinar com o desígnio de partilhar e analisar o plano de intervenção semanal estabelecido por cada grupo profissional face às necessidades dos clientes internados.