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O corpus de imagens meméticas: critérios de compilação e tratamento

No documento Jaime de Souza Júnior (páginas 119-123)

Esquema 2 – Princípios constitutivos do processo de propagação de fenômenos

5 CORPORA E TRATAMENTO DOS DADOS

5.2 O corpus de imagens meméticas: critérios de compilação e tratamento

O corpus digital deste estudo compunha-se, inicialmente, de 134 imagens assim distribuídas: 128 imagens meméticas oriundas da página do fenômeno memético “Nana em desastres”, do site Tumblr.com, e 6 fotos que serviram de base para a propagação do fenômeno, provenientes do site Ego.globo.com. As imagens meméticas apresentam legendas bilíngues (Inglês e Português). O período de coleta data de 30/10/2012 (data de ocorrência do episódio que originou o fenômeno) até 07/11/2012 (data em que a página específica do fenômeno memético, no Tumblr.com, recebeu a última postagem inédita).

Para definir um recorte que possibilitasse nossa análise, seguimos o mesmo princípio que Souza Júnior (2013b) aplicou para analisar a funcionalidade de expressões meméticas por

meio do princípio analítico de produtividade funcional. Por esse viés, o autor objetivou explicar o padrão de propagação dos fenômenos meméticos.

Assim sendo, Souza Júnior (2012; 2013b) considerou como ponto de partida, e critério inicial de verificação por meio da produtividade funcional, a fixidez de forma/constituição das unidades de análise (i.e. expressões meméticas ou imagens meméticas, por exemplo). A partir desse padrão de forma/constituição identificado, fez-se necessário que se procedesse à análise dos propósitos veiculados no âmbito desse recorte, revelando-se daí a dimensão interna de propagação que influencia aquela que atua na dimensão externa de um complexo de memes na Rede. O autor (2013b) propôs, então, considerar as unidades de propagação dos fenômenos meméticos em igualdade de condições tanto no que se refere à forma e ao propósito – do ponto de vista da linguagem, facetas estas inerentes às práticas de produção e distribuição de linguagem, enquanto parte integrante do memeplexo linguístico-midiático que dá origem a tais unidades de propagação.

Sendo assim, das 128 imagens meméticas coletadas da rede social Tumblr, chegamos ao recorte de 49 destas. Elas se originaram a partir da imagem apresentada na figura 65, que veremos, a seguir. A foto localizada na figura 65 foi a que mais contribuiu para a propagação do fenômeno memético e, por isso, o corpus é formado por essas 49 imagens, conforme mostra o gráfico 1:

Gráfico 1: Imagens que foram mais utilizadas para a propagação do fenômeno memético

Neste estudo, guiado pela metodologia que chamaremos de análise propagatória, objetivamos investigar os graus de “reelaboração” de um determinado item fixo direcionados pelo princípio de “design” (DENNETT, 1995). Em nosso caso, tal reelaboração ocorreria

quando uma imagem fosse ressignificada para dar origem a novas imagens. Posto isso, o referido tipo de análise pode ser entendido como balizado por uma metodologia de natureza híbrida. Em primeiro lugar, é qualitativa, pois busca-se um entendimento sobre as questões levantadas nesta pesquisa, com base na interpretação tanto dos resultados obtidos como da própria aplicação das categorias para a análise linguística e visual, já que algumas classificações podem ter se originado na visão ou compreensão de mundo do autor da presente dissertação. Em segundo lugar, é quantitativa, pois, conjugando esforços com a Teoria Memética89, procura identificar, com base na frequência de ocorrência, se os referidos padrões iniciais (de forma e propósito) do item fixo investigado são mantidos ou não em suas replicações e/ou retransmissões subsequentes.

Busca-se determinar, por fim, os níveis de evolução da unidade investigada, pretendendo-se generalizar tais níveis, uma vez que essas referidas unidades têm papel importante, contribuindo para propagação do fenômeno em questão.

Através do corpus de 49 imagens meméticas serão analisadas as representações tanto de “Nana” quanto do termo “desastre”, a partir de uma perspectiva funcional (HALLIDAY, 1987) e multimodal (KRESS e VAN LEEUWEN, 2000). Tomamos como base as categorias já apresentadas em 4.1.

Desta maneira, investigamos os graus de “reelaboração” de um item fixo, a partir da metodologia de análise propagatória. Nessa concepção metodológica, primeiro, analisamos o padrão de construção (estruturação) e representação (propósitos multimodais) das imagens que deram origem ao fenômeno investigado. Desse modo, procuramos revelar, de modo empírico, a constituição e natureza do padrão inicial de replicação.

Os propósitos (de um ponto de vista da multimodalidade) foram expressos interpretando-se os recursos (enquanto unidades de informação multimodal passíveis de

“reelaboração”) de estruturação visual dessas imagens, previstos na Gramática do Design Visual (Kress e van Leeuwen, 2000), tais como:

(1) o que/quem aparece representado com mais ou menos destaque no Cenário;

(2) os recursos multimodais (enquanto opções de reelaboração) que são utilizados para dar mais ou menos destaque aos participantes representados;

(3) a natureza dos processos de representação;

(3.1) as relações vetoriais implicadas (ou não) nesses processos;

(4) as escolhas representacionais para “desastre”.

89 Como sugere Leal-Toledo (2013a), e com base na possibilidade de propagação não-algorítmica dos memes proposta por Dennett (1995).

Temos como padrão inicial a imagem mostrada na figura 65:

Figura 65: Padrão inicial de estruturação visual mais propagado do “Nana em desastres”. Disponível

em:<http://ego.globo.com/famosos/noticia/2012/10/nana-gouvea-registra-em-fotos-danos-do-furacao-sandy-em-ny.html> Acesso em: 25 jul. 2013.

1) Elemento de maior destaque no cenário: Nana

1.1) Categoria Composicional que corrobora tal destaque: Saliência por plano de alocação ( Nana está em primeiro plano; o “desastre” está em segundo plano).

2) Processo de Estruturação visual: Reacional 2.1) Relação vetorial:Não-transacional;

3) Participante representado por Nana: Reator (agente de um Processo Reacional);

3.1) Tipo de desastre mostrado no Cenário: furacão (fenômeno natural).

Em segundo lugar, de modo qualitativo e quantitativo, conjugando esforços com a Teoria Memética, procuramos identificar, com base na frequência de ocorrência, se os referidos padrões iniciais do item fixo investigado foram mantidos quanto à forma/estrutura (tipos de estruturação visual e seus elementos complementares) e propósito multimodal (como Nana é representada; e como e quais significados dos “desastres” são representados). Dessa maneira, examinamos padrões de evolução (ou não) em replicações e/ou retransmissões nas demais representações multimodais verificadas a partir das imagens meméticas propagadas pelos internautas.

No documento Jaime de Souza Júnior (páginas 119-123)