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CAPÍTULO 4- Critérios de Noticiabilidade nas Redes Sociais: Decisões,

4.1 Facebook: Da Ascensão a Queda

4.1.1 O equilíbrio entre o interesse público e o interesse do público

É fato que as pessoas que curtem as diversas páginas do jornal formam conglomerados de públicos diferentes. Por isso, o gatekeeper pensa em selecionar diversas notícias de diferentes editorias para que consiga atender as expectativas dos leitores neste espaço e gerar a audiência. Ao mesmo tempo em que precisa refletindo o que está sendo repercutido, produzido e dado como prioridade por GauchaZH também devem oferecer um material que esteja condizente a um público que procura as redes sociais para se entreter.

Essa rede social precisa ser uma mistura de todos os conteúdos que estão sendo produzidos ao longo do dia. Um pouco de todas as editorias precisa entrar. Pois depende também de mostrar os índices de produtividade que o jornal possui. Os analistas procuram entender o que é considerado relevante jornalisticamente, como assuntos mais pesados,

relacionados a hard news e utilidade pública, por exemplo, mesmo sabendo que muitas vezes não vai render engajamento e índices de audiência no site de gauchazh.com. Mas se sentem na obrigação de postar pois precisam reconhecer a produção do jornal.

Ao mesmo tempo em que também precisam oferecer uma valorização na interação, no engajamento, no compartilhamento e no clique que pode ser conseguido através de uma matéria de soft news que está relacionada a maioria das vezes com entretenimento. Esse processo de seleção é de olhar, escolher e pensar no que as pessoas precisam e querem clicar. Muitas vezes é como se colocar no lugar do próprio leitor, imaginando como consumidor o que gostaria de ver na timeline do Facebook. Assim como decidir o que está sendo de importante hoje na redação e precisa ser noticiado conta a AC5.

Para a analista, o planejamento estratégico e a função atribuída as redes deve ser produzida a partir de um olhar clínico. Não se pode simplesmente abandonar os critérios editoriais da empresa, mas ela destaca que eles também são cobrados por números, sobre o que é entregue e o quanto ela rende de audiência. Por isso, considera que um dos maiores desafios está em condensar os critérios editoriais com relevância e obter uma audiência minimamente relevante no final do dia. Segundo o AC3

Além de estar publicando e agendando aquela fila de posts, a gente está visualizando o tempo todo o que as pessoas estão falando, o que elas estão realmente querendo ler. Nós vamos atrás e fazemos as matérias. Tanto que temos a nossa produção, nossos cases, e os posts de vídeos que viralizaram. Isso é importante para o jornal se incluir dentro do meio digital. A nossa função realmente é produzir informação pra mudar a sociedade e a realidade, mas acho que também tem que estar incluso naquilo que as pessoas querem ler e no que eles querem saber. (Relato de pesquisa)

Para o AC2, há casos em que eles sabem que as matérias não vão dar audiência, mas entendem esforço do repórter em realiza-la, ao mesmo tempo em que compreendem que coisas mais curiosas conseguem chamar a audiência. Eles escolhem publicar as duas notícias. Mas priorizarão a que dará mais audiência. Essa matéria com potencial de engajamento pode entrar em um horário melhor onde o público está mais ativo e a outra que possui relevância jornalística entra em um horário mais escondido, como por exemplo a noite. Porque apesar de tudo, eles precisam mostrar resultados. Assim como o AC3 que afirma que:

A gente tem meta, tem audiência, tem toda essa preocupação se cresceu a audiência do jornal e como está o alcance dele aqui no Rio Grande do Sul quanto no Brasil. Mas na minha cabeça é sempre um meio termo. Eu acho que a gente tem que buscar audiência mas precisamos dar as informações importantes também. Há matérias que

não vão dar cliques, audiência, engajamento mas são de relevância. (Relato de pesquisa)

Para a AC4, os critérios de noticiabilidade no Facebook devem ser equilibrados, mas se não postarem o entretenimento, os alcances não conseguem chegar a ninguém e não atingir o número esperado. Os consumidores desse espaço não querem consumir algo mais hard news, como por exemplo os assuntos de economia que não rendem, não serão priorizados. O comportamento da rede deve ser levado em conta acima do editorial, pois são uma equipe que também necessita mostrar resultado dentro da redação. Ao mesmo tempo em que ela entende a necessidade do equilíbrio:

Devo levar em consideração o que a redação considera. É claro que tem momentos que sou eu que escolho mas se é um assunto que está na Zero Hora, está na capa da gauchazh e os editores estão falando sobre isso, então é obvio que é um assunto importante. Não é porque eu considero que é, mas é porque a empresa apostou. A gente todo dia tem apostas que os editores nos mostram. Por mais que as vezes eu posso olhar a aposta e pensar que não vai render, eu preciso oferecer porque a empresa deu como aposta. (Relato de Pesquisa)

Dessa maneira, entendemos que os analistas buscam os índices de audiência com o compartilhamento de notícias de entretenimento, pois entendem que estrategicamente esse ato será rentável. Ele contribuirá para que no fechamento do dia as metas do seu trabalho será cumprida e como consequência haverá a valorização do seu posto de trabalho. Porém não descartam o compromisso e a responsabilidade em manter o que deve ser relevante como critério noticioso, mesmo que não seja tão benéfico em audiência, pois precisam manter os critérios de interesse público, ou muito mais do que isso, precisam transparecer a produção que o jornal tem contribuído para esse movimento.