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3. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE

3.1 OBJETO EMPÍRICO

3.1.2 O Estado de São Paulo (OESP)

O primeiro número do jornal Província de São Paulo foi lançado em 04 de janeiro de 1875 por Rangel Pestana e Américo de Campos, tendo como gerente José Maria Lisboa e, na redação, Lúcio de Mendonça, Gaspar da Silva e Joaquim Taques (cf. SODRÉ, 1999, p.226). Em 01 de janeiro de 1890 o nome do jornal é alterado para O Estado de São Paulo (OESP).

Cinco anos antes da alteração, Júlio de Mesquita ingressa na redação do jornal e, em 1891, assume sua direção política. O jornal passa pelas mãos de algumas pessoas antes de, em 1902, passar a ser propriedade única de Júlio de Mesquita. Ainda após esse período, em 1907, a

recorrer a declarações ‘inteligentes, famosas ou engraçadas’ para tornar o texto mais atraente; n) fazer com que o texto chegue a uma conclusão original (cf. NOVO, 1992, p.36).

empresa torna-se Sociedade Anônima; somente em 1914 volta a estar definitivamente sob comando da família Mesquita (cf. ibidem, p. 323).

Alguns posicionamentos do Estado destacam historicamente o jornal, como a campanha abolicionista e republicana e a presença de Euclides da Cunha em Canudos.

Numa iniciativa pioneira, que anuncia novos métodos de imprensa, o

Estado de São Paulo envia ao teatro dos acontecimentos um

correspondente - correspondente de guerra, a rigor [...] Euclides da Cunha acompanha a marcha das operações com a expedição militar destinada a liquidar Canudos, tido como reduto monarquista. (ibidem, p.269)

Em 1927 faleceu Júlio de Mesquita, passando a direção do jornal ao seu filho Júlio de Mesquita Filho. Segundo afirma Conti, “quem definiu a fisionomia política do jornal foi Júlio de Mesquita Filho, um intelectual, político e jornalista” (CONTI, 1999, p.615). Ele também destacou-se por engajar o jornal em campanhas como o movimento Constitucionalista de 1932 e a criação da Universidade de São Paulo, fundada em 1934.

Durante a ditadura de Getúlio Vargas, o jornal ficou sob intervenção por cinco anos, tempo em que Júlio de Mesquita Filho precisou exilar-se na Argentina (cf. CONTI, 1999, p.613). Sodré relata o acontecimento:

em março de 1940, a redação do Estado de São Paulo [grifo no original] foi ocupada pela polícia militar: acusando os proprietários e diretores de terem ali armas escondidas, o jornal foi tomado, reaparecendo diretamente subordinado ao DIP [Departamento de Imprensa e Propaganda], sob a direção de Abner Mourão (SODRÉ, 1999, p.382).

O jornal só foi restituído a Júlio de Mesquita Filho em seis de dezembro de 1945 (cf. ibidem, p.387). Foi no retorno do exílio que Júlio de Mesquita Filho colocou seu filho, Júlio de Mesquita Neto, para trabalhar no jornal. Com o falecimento do pai, Mesquita Neto assume a direção do jornal, que estava em pleno conflito contra a censura imposta pela ditadura militar. Censores atuaram fortemente entre 1968 e 1975 e cortaram, “no todo ou em parte, 1.136 reportagens de O Estado de S.

Paulo. No lugar das matérias vetadas, o jornal publicava trechos de Os lusíadas, de Camões”

Júlio de Mesquita Neto morreu em 5 de junho de 1993, aos 73 anos. Tendo trabalhado durante 48 anos no jornal, Mesquita Neto foi responsável pela criação da Agência Estado e recebeu diversos prêmios por sua luta pela liberdade de imprensa, especialmente durante a ditadura militar. Após sua morte, seu irmão Ruy Mesquita assumiu a direção de OESP.

3.1.2.1 Informações Atuais

Atualmente o Grupo Estado é composto por diversas empresas: O Estado de São Paulo, Jornal da Tarde, Rádio Eldorado, Estúdio Eldorado, OESP Gráfica, OESP Distribuição e Transportes, Agência Estado e Broadcast Teleinformática. O jornal O Estado de São Paulo é o terceiro em circulação no país, com 268.433 exemplares diários, ficando apenas atrás da FSP e do jornal Extra, das Organizações Globo, conforme pesquisa de 2002, já mencionada anteriormente.

Durante o período pesquisado o jornal publicava diariamente cinco cadernos: Geral (notícias nacionais e internacionais); Economia; Cidades (segurança, serviços e sociedade); Caderno

2 (cultura e entretenimento); e Esportes. Além dos cadernos diários, o jornal publicava ainda um

conjunto de 15 suplementos, em distintos dias da semana. Nas edições de segunda a sábado, eram publicados os seguintes suplementos: Informática, às segundas-feiras; Painel de Negócios e Viagem, às terças-feiras; Suplemento Agrícola, às quartas-feiras; Guia Caderno 2, e Estadão Sul, Estadão

Leste, Estadão Norte e Estadão Oeste (cadernos de circulação apenas na grande São Paulo com

notícias locais), às sextas-feiras; Estadinho (caderno infantil) e Suplemento Feminino, aos sábados. Já aos domingos, os seguintes cadernos acompanhavam o jornal: Autos; Casa & Família; Imóveis; e

Telejornal, com notícias sobre a televisão.

3.1.2.2 O artigo e a reportagem no Manual de OESP

A reportagem merece um tratamento mais detalhado no Manual de Redação e Estilo OESP. O verbete dedicado ao assunto inicia com uma explicação sobre a importância do gênero, que “pode ser considerada a própria essência de um jornal” (MARTINS FILHO, 1997, p.254). Explica também a diferença entre a reportagem e a notícia, dando ênfase ao fato dela apurar “não somente as origens do fato, mas suas razões e efeitos” (ibidem).

Depois, são apresentadas, em 15 itens, as instruções para que o repórter faça uma reportagem que “atenda às expectativas do leitor” (cf. ibidem). As instruções podem ser assim

resumidas: 1) escolha de abertura atraente; 2) iniciar texto com fato novo; 3) estruturar texto em começo, meio e fim; 4) ordenar os fatos de forma coerente; 5) fazer o máximo possível de anotações; 6) rigor na apuração dos fatos, conferir todos os detalhes, consultar especialistas e também o arquivo; 7) descrever o ambiente; 8) informar-se antes sobre o assunto; 9) traçar um roteiro para a coleta de dados; 10) traçar um roteiro para a redação do texto final; 11) usar a sensibilidade para ir além do indicado na pauta; 12) colher todas as versões do fato e apresentá-las ao leitor; 13) não confiar cegamente em informações obtidas por terceiros; 14) entrevistar mais de um especialista sobre o assunto; 15) consultar o arquivo antes de começar a preparar a reportagem para não repetir assuntos já explorados e apresentar ângulos novos (cf. ibidem, p.254-255).

Sobre a opinião do jornalista, o Manual chama a atenção logo no primeiro capítulo, o de Instruções Gerais: “lembre-se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais, dispensando comentários [grifo no original] no material noticioso” (ibidem, p.17). Entretanto, ainda no mesmo item, abre as possibilidades de exceção que recaem sobre os textos opinativos e interpretativos. O Manual considera que a opinião pode estar presente em

textos especiais assinados, em que se permitirá ao autor manifestar seus pontos de vista, e matérias interpretativas, em que o jornalista deverá registrar versões diferentes de um mesmo fato ou conduzir a notícia segundo linhas de raciocínio definidas com base em dados fornecidos por fontes de informação não necessariamente expressas no texto (ibidem).

Não dedica, contudo, nenhum outro verbete ao assunto.